O dirigente
espirita
"O dirigente espírita nunca
deve esquecer que se encontra revestido de um encargo que, embora nada seja
entre os homens, é de grande importância perante Deus".
Esta afirmativa foi feita por Miguel Vives, um missionário que viveu em
Barcelona no final do século passado, e que deixou preciosos ensinamentos de
como se proceder em relação à direção do centro espírita.
Dirigir uma casa espírita é
tarefa das mais difíceis e requer de quem tem o encargo, além de um entendimento
mais amplo das coisas, um profundo senso de responsabilidade.
Sabe-se que não é por acaso que algumas pessoas assumem esse posto. É
corrente no meio espírita a idéia de que ninguém aceita essa tarefa de livre e
espontânea vontade, mas levado pelas circunstâncias e por falta de
trabalhadores que queiram "sacrificar-se". Por conta desse torto
pensamento, em muitas situações o desempenho dessa missão se torna penoso e
desgastante.
Muitos dirigentes chegam mesmo a declarar que estão no cargo apenas por
falta de quem o substitua.
Parecem carregar pesado fardo, do qual querem se ver livres o mais
rápido possível. Entendemos que os que assim procedem, infelizmente ainda não
alcançaram a real compreensão sobre a missão de que estão imbuídos e tampouco a
enorme oportunidade de crescimento que lhes foi dada pela Vida.
Nesse grave momento de descontrole por que passa a humanidade, o
dirigente espírita deveria buscar compreender a importância do centro espírita.
Se não tiver dentro de si os valores necessários para o cumprimento de sua
tarefa, a casa sob sua responsabilidade poderá seguir por caminhos outros que
não os dos núcleos onde se vivencia e ensina a mensagem cristã. Se os centros
espíritas são a cátedra do Espírito de Verdade, muito mais razão terá quem o
dirige de tentar chegar o mais perto possível desse entendimento, a fim de que
possam os bons Espíritos efetivamente fazer uso dele, espargindo entre os
homens a mensagem de esclarecimento e libertação.
A função do dirigente espírita,
portanto, é da mais alta gravidade diante de Deus.
Pois ele, mais que os outros trabalhadores espíritas, faz o papel do
"sal que salga", conforme nos exorta Jesus, no seu inesquecível
Sermão da Montanha. Entretanto, o sucesso de sua tarefa administrativa depende
do seu preparo em muitos aspectos, primordialmente no campo do conhecimento
doutrinário e de sua conduta moral. Ele deve ser antes de tudo o espelho, o
exemplo que muitos tentarão seguir, a conduta que tantos procurarão imitar. Mas
não somos santos, dirão os que vêem nisso um exagero. Decerto que não, mas essa
mentalidade de pseudo-humildade é de suspeita modéstia. Esconde também um
estado de acomodação bastante favorável para os que não querem esforçar-se em
lutar por vencer suas más inclinações.
Dirigentes há, que exercem um papel para o qual não estão preparados e
deixam crescer nos centros espíritas toda sorte de desvios, tanto doutrinários
quanto morais, preparando inconscientemente um campo perfeito para a ação
nefasta dos Espíritos atrasados.
Diremos mais: serão casas que acabam sendo dirigidas por essas
entidades, que sob nomes pomposos se locupletam em mantê-las no atraso,
envolvendo as pessoas que ali estão (trabalhadores e freqüentadores), em
fantasias, ilusões e fascinações. Enganam-se os que pensam que tais desvios
ocorrem somente em casas mais simples ou menores. Hoje, observam-se essas
distorções disseminadas por todo o Movimento Espírita. Os jornais, os folhetos,
os programas e eventos espíritas dão exemplo disso a todo instante. Quem tem
olhos de ver, que veja.
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