sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Caminho para a felicidade? EMPATIA

Empatia: caminho para a felicidade

Quando deparamos com uma pessoa que se encontra no “fundo do poço” e oferecemos a ela a nossa ajuda dizendo-lhe que “se precisar de ajuda é só contar comigo” e seguimos adiante…, neste caso estamos expondo apenas a nossa simpatia em relação ao outro.
Mas, quando tomamos a atitude de, além de oferecer ajuda, descemos até onde a pessoa se encontra e levamos a ela a nossa companhia fraterna, oferecendo-lhe e entregando-lhe o “ombro amigo”, colocando-nos no lugar dela, envolvendo o nosso coração no estado de miséria em que ela se encontra, apresentando-lhe propostas de soluções…, aí sim, neste caso estamos praticando a empatia.
Ser empático é colocar-se no lugar do outro, principalmente nos momentos mais difíceis por que o outro está passando.
É chorar com o outro a fim de ajudá-lo a aliviar as dores, colocando-se na condição de sustentáculo e de apoio para que o outro encontre forças necessárias para entender e compreender os benefícios dos momentos de aflição para o fortalecimento do entendimento e da compreensão do sentido da vida e da busca da felicidade.
Podemos utilizar desse recurso denominado “empatia” nas diversas situações da vida e nos mais variados segmentos da sociedade, assim vejamos:
1) Perante um colega de trabalho, recém chegado na empresa, quando nos colocamos à sua disposição e repassamos a ele os nossos conhecimentos e experiências adquiridas num determinado setor ou função, sem medo de que um dia ele possa se sobressair a ponto de se tornar o nosso chefe no futuro.
2) Quando estamos numa concorrência, a exemplo da conquista de um emprego ou de uma promoção profissional, ou de uma prova de vestibular, desejamos o sucesso para todos e torcemos para todos os concorrentes, indistintamente, e que vençam o certame aqueles que realmente alcançarem o merecido merecimento.
3) Quando na chefia de equipe, ou de equipes, possamos demonstrar a nossa liderança, com ênfase nas resoluções de conflitos, colocando-nos no lugar daqueles que se encontram em dificuldades diversas, resolvendo caso a caso de forma pacífica, nos parâmetros do bom senso.
4) Fazermos ao outro somente aquilo que desejamos fosse feito para nós mesmos, de acordo com a recomendação do Mestre Jesus para o bem de todos nós.
5) Evitarmos a sonegação de impostos, entendendo e compreendendo que essa atitude pode prejudicar as pessoas e até ao próprio sonegador, tendo em vista que faltarão recursos financeiros para a aplicação nos serviços de saúde e escolas públicas, etc.
6) Denunciar os descasos do poder público para com a população menos favorecida financeira e economicamente, ajudando-a na busca de soluções de melhoria para a sua comunidade e para as outras na mesma situação.
7) Honrar pai e mãe, no sentido de nos colocarmos no lugar deles, reconhecendo o que eles fizeram por nós, dando-nos a oportunidade da vida encarnada, dos primeiros passos e das primeiras palavrinhas balbuciadas, da educação e dos exemplos de vida.
Muito importante: atender e socorrer os pais em suas necessidades, principalmente quando estiverem na velhice, dando-lhes o devido apoio material e espiritual, colocando-nos no lugar deles e reconhecendo o que eles fizeram por nós, mesmo que apenas a oportunidade de existirmos… (Vide capítulo XIV de O Evangelho segundo o Espiritismo, sobre a passagem evangélica de Mateus 19: 18 e 19, Marcos 10: 19 e Lucas 18: 20)
Os exemplos são inesgotáveis, mas os listados acima já nos dão uma ideia dos benefícios da prática da empatia.
Então, caro leitor, dos exemplos acima percebemos que realmente a empatia é um dos caminhos eficazes para o sucesso e para a felicidade.
Pois, se é da lei da natureza que “é dando que se recebe” e que recebemos justamente aquilo que damos…
Logo, quem dá compreensão recebe compreensão; quem promove as pessoas, recebe promoção espiritual e promoção no trabalho e na vida como um todo, tornando-se uma pessoa cada vez melhor para a vida e para si mesmo e para os outros que estão a sua volta e os a distância.
Aquele que se envolve no bem da comunidade, com toda a certeza terá a comunidade defendendo-lhe onde e quando for necessário.
Aliás, a prática da empatia é oportunidade divina para desenvolvermos o desprendimento, a misericórdia, a satisfação de estarmos sendo úteis a alguém, a alegria de viver e de conviver, promovendo-nos ao estado de felicidade possível na Terra, conforme previsto na questão 920 de O Livro dos Espíritos.
Trata-se da felicidade moral, da consciência tranquila, que traz longevidade no sentido de qualidade de vida.
Pensemos nisso e reflitamos a respeito do tema exposto neste artigo.
Paz a todos!!!
Hyero Gonçalves
hyero.cap@gmail.com

Empatia

Jesus era uma pessoa empática? No que consiste a empatia? Ela consegue melhorar nossas relações interpessoais? É-nos possível seu aprendizado?


Jesus, ao dizer: Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11:28) [1],  posicionou-se como alguém que acolhe o outro em suas dores e dificuldades,  fazendo isso, no entanto, de uma maneira muito especial.

Segundo os Evangelhos, Ele nunca desprezou quem quer que fosse. Sempre acolheu, entendeu, valorizou, consolou e encorajou todos aqueles que, de uma forma ou de outra, solicitavam Sua atenção e ajuda. Também, jamais puniu as criaturas em seus deslizes: primeiro porque compreendia a fragilidade e falibilidade inerentes à condição humana  e, segundo, porque vislumbrava nos erros uma possibilidade de aprendizagem e mudança interior dos próprios faltosos.

A sua disposição para com os outros foi tão intensa e marcante, que o Evangelho de Mateus registra como sendo essas as Suas palavras: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para vossas almas.”  (11:29-30)

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A exemplo do Cristo, quando um indivíduo deseja verdadeiramente socorrer o outro em seus embaraços e dificuldades, é necessário que adote uma postura de acolhimento e compreensão, nunca de condenação. Mas para que esse comportamento se torne viável, dentre as virtudes necessárias, é imprescindível deixar-se conduzir também pela empatia.

Segundo definição, a empatia é um “estado de espírito no qual uma pessoa se identifica com outra, presumindo sentir o que esta está sentindo.” [2]

Empatia é, portanto, sinônimo de uma profunda e penetrante compreensão entre as pessoas, e ninguém na História evidenciou-a de maneira tão enfática quanto Jesus. Como exemplo disso, temos Seu encontro com uma mulher samaritana, junto ao poço de Jacó, na cidade de Sicar. (Jo 4:5-30)

Ao estabelecer com ela um breve diálogo, Jesus percebeu os conflitos que aquela criatura carregava n’alma, porém, não a condenou por ela já haver tido cinco maridos, mesmo reconhecendo que o atual companheiro também não se encontrava na condição de cônjuge.   

Para que ela pudesse matar sua sede – não a física, mas a moral e emocional – ofereceu-lhe “água viva”. Naquele tempo, o termo referia-se à água corrente ou de manancial. Assim, o Cristo a utilizava como símbolo para enfatizar o que a sua ajuda podia fazer àquele que crê: “aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.”

E qual foi a reação da mulher samaritana após esse encontro? Dirigiu-se à cidade e disse a algumas pessoas que foi encontrando pelo caminho: “Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?” – isto é, um enviado de Deus, um profeta como Moisés. Ouvindo isso, “saíram, pois, da cidade e vieram ter com ele.”

Muito embora Jesus fosse realmente um enviado de Deus para cumprir uma missão de grande relevância, a Sua capacidade de penetrar na problemática do outro e, empaticamente, perceber suas dores e aflições, era bastante grande. A palavra empatia, derivada do gregoempátheia, que significa “entrar no sentimento”, era uma de Suas características dominantes, daí a força dessa comunhão de sentimentos.

Mas, a compreensão e a não condenação do comportamento alheio não implica pactuar com o outro – ou seja, ser conivente, ou concordar com suas escolhas e opções. Tal compreensão significa saber dizer, no momento mais propício, a palavra que acalma, encoraja e alerta, contribuindo para que o outro avalie melhor e entenda mais completamente os dilemas morais e conflitos emocionais que ainda prevalecem em seu ser.

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A empatia – essa capacidade de ver e sentir pela ótica do outro – está, dessa forma, intrinsecamente associada à generosidade nos julgamentos.

No entanto, julgar uma ação é diferente de julgar o indivíduo que erra. Posso julgar e considerar, por exemplo, a prostituição moralmente errada, mas não devo julgar a criatura prostituída. E por que não devo proceder dessa maneira? Porque, ao julgar a pessoa, inevitavelmente lavro sentenças: errada, culpada, pecaminosa...

O Espírito Joanna de Ângelis adverte:

A questão do julgamento das faltas alheias constitui um grave cometimento de desumanidade em relação àquele que erra.
O problema do pecado pertence a quem o pratica, (...).
A tolerância, em razão disso, a todos se impõe (...), compreendendo as dificuldades do caído, enquanto lhe distende mãos generosas para o soerguer.
O julgamento pessoal, que ignora as causas geradoras dos problemas, demonstra o primitivismo moral do homem ainda “lobo” do seu irmão.
(...) Tem compaixão de quem cai. A consciência dele será o seu juiz.  [3]

Quando não usamos da benevolência nas apreciações que fazemos das atitudes de alguém, pensamos “a respeito dele”. E qual a proposta da atitude empática? Pensar e sentir “com ele”. 

Obviamente, o julgamento recriminador não favorece em nós um estado de receptividade emocional. E, com essa barreira íntima que nós mesmos estabelecemos, não prestamos a devida atenção às pessoas e nem participamos de suas situações, notadamente com relação ao amparo que deveria ou que poderia ser ofertado por nós.

O Evangelho segundo o Espiritismo enfatiza:

A censura lançada sobre a conduta de outrem pode ter dois motivos: reprimir o mal ou desacreditar a pessoa cujos atos se criticam: este último motivo não tem jamais desculpa, porque é da maledicência e da maldade. O primeiro pode ser louvável, e torna-se mesmo um dever em certos casos, uma vez que disso deve resultar um bem, e sem isso o mal não seria jamais reprimido na sociedade; o homem, aliás, não deve ajudar o progresso de seu semelhante? [4]

Assim, quando nos ocorrer a necessidade de censurar alguém, torna-se imprescindível conduzir nossa crítica de forma a despertar, alertar e ajudar aquela pessoa. Pode ser que ela não esteja plenamente consciente da gravidade de suas escolhas e opções e, assim, um alerta de nossa parte poderá ser de extrema relevância! Pode acontecer de seu discernimento talvez se encontrar prejudicado por falsas expectativas e determinadas ilusões. De quanta valia não poderá representar a colaboração de uma percepção diferenciada de nosso ponto de vista?

Fiquemos com as conselhos do escritor espírita Jason de Camargo, quanto ao desenvolvimento do sentimento empático:  

Como a empatia conduz a pessoa a um estado de solidariedade e esta virtude é o caminho para extirpar o egoísmo, é interessante desenvolvê-la da melhor maneira possível. Veja, a seguir, alguns passos:
– A base da empatia é a autoconsciência. Significa dizer que o conhecimento de nossas próprias emoções auxiliará a perceber as emoções e os sentimentos dos outros.
 – Observe os outros com os olhos de bondade. Acompanhe seus gestos, sua voz e suas expressões corporais com pensamentos de bondade.
 – Tente entender o porquê de seus atos; eles refletem sua situação interior. Como agiríamos no seu lugar? Tente vestir sua pele.
– Seja interessado e amigo. Suas ações muitas vezes escondem as preocupações internas;
– Habitue-se a ver com os olhos da alma, para que você  possa ver o que a alma do outro está sentindo. [5]


Silvia Helena Visnadi Pessenda



REFERÊNCIAS

[1] Bíblia de Estudo Almeida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

[2] Michaelis: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1998.

[3] ÂNGELIS, Joanna de (espírito); FRANCO, Divaldo Pereira (psicografado por). Jesus e atualidade. Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada. Cap. 5.

[4] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa195. ed. Araras, SP: IDE, 1996. Cap. X, item 13.

[5] CAMARGO, Jason deEducação dos sentimentos. 5. ed. Porto Alegre: Letras de Luz, 2003. Cap. 12.

ÂNGELIS, Joanna de (espírito); FRANCO, Divaldo Pereira (psicografado por). O homem integral. Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada.

HAMMED (espírito); SANTO NETO, Francisco do Espírito (psicografado por). A imensidão dos sentidos. 3. ed. Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 2000.

______. Os prazeres da alma. 1. ed. Catanduva, SP: Boa Nova Editora. 2003.

______. Renovando Atitudes2. ed. Catanduva, SP: Boa Nova Editora. 1997.

MIRANDA, Hermínio C. Diálogo com as sombras: teoria e prática da doutrinação. 16. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. 2002. 

NOVAES, Adenáuer Marcos Ferraz de. Psicologia do espírito. 1. ed. Salvador, BA: Fundação Lar Harmonia, 2000.

______. Psicologia do evangelho. 2. ed. Salvador, BA: Fundação Lar Harmonia, 2001.


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