quinta-feira, 21 de julho de 2016
FENÔMENOS ESPÍRITAS WILLIAM CROOKES
Fenômenos
espíritas observados por William Crookes
Durante
os anos de 1870-73 e publicações pela primeira vez no "Quartely
Journal, of Science", de janeiro de 1874.
Assim
como um viajante que explora um país longínquo, cujas maravilhas
não fôssem até então conhecidas senão por
notícias e contos de caráter vago e pouco exato, assim, desde
quatro anos procedo assiduamente a pesquisas em uma região das ciências
naturais que oferece ao homem de ciência um solo quase virgem.
Do
mesmo modo que o viajante percebe nos fenômenos naturais de que pode ser
testemunha a ação das fôrças governadas por leis
naturais, onde outros não vêem senão a intervenção
caprichosa de deuses ofendidos, assim me esforcei por esboçar a operação
das leis e das fôrças da natureza onde outros não têm
visto mais que a ação de sêres sobrenaturais, sem dependência
de qualquer lei e sem obediência a qualquer fôrça senão
a da sua livre vontade.
O
viajante, nas suas excursões longínquas, depende inteiramente
da boa vontade e da proteção dos chefes e dos que exercem a medicina
no meio das tribos entre as quais para; igualmente, nas minhas pesquisas, não
somente recebi em grau assinalado o auxílio dos que possuíam os
podêres especiais, que eu procurava examinar, mas ainda contraí
sólidas e sérias amizades com muitos homens, reputados diretores
de opinião, e dêles recebi a hospitalidade.
Como
o viajante envia a seu país, quando acha ocasião para isso, uma
narração concisa dos seus progressos, narração que
é recebida muitas vêzes com a incredulidade ou a zombaria, porque
necessàriamente essa narração não tem nenhuma ligação
com tudo o que lhe pôde dar origem; também, em duas ocasiões,
reuni e publiquei fatos que me pareciam admiráveis e precisos, mas tendo
deixado de descrever as suas fases preliminares - o que teria sido necessário
para conduzir o espírito público à apreciação
do fenômeno e para mostrar que êle se ligava a outros fatos observados
- êsses fatos também não somente encontraram a incredulidade,
mas ainda deram origem a muitas apreciações malévolas.
E,
enfim, como o viajante que, tendo terminado as suas explorações,
volta aos seus antigos colaboradores, e reúne tôdas as suas notas,
classifica-as, e as põe em ordem a fim de dar ao público uma narração
encadeada, assim, chegando ao têrmo desta investigação,
classifiquei e reuni tôdas as minhas observações espalhadas,
para as apresentar ao público sob a forma de um volume.
Os
diversos fenômenos que venho atestar são tão extraordinários
e tão inteiramente opostos aos mais enraizados pontos do credo cientifico
- entre outros a universal e invariável ação da fôrça
de gravitação - que mesmo agora, recordando-me dos detalhes de
que fui testemunha, há antagonismo em meu espirito entre minha razão,
que diz ser isso cientificamente impossível, e o testemunho de meus sentidos
da vista e do tato - testemunho corroborado pelos sentidos de tôdas as
pessoas presentes que me dizem não serem testemunhos mentirosos visto
que êles depõem contra as minhas idéias preconcebidas (As
considerações seguintes são de tal modo importantes que
não posso abster-me de citar. Acham-se em carta particular de um velho
amigo, a quem enviei uma exposição de alguns destes fatos. A alta
posição que ele ocupa no mundo, sábio duplica o valor da
opinião que exprime no tocante à tendência dos cientistas.
"Não posso, diz êle, encontrar resposta razoável aos
fatos que me expandes. "E
é coisa curiosa que mesmo eu, qualquer que seja a tendência e o
desejo que tenha de crer no Espiritualismo, qualquer que seja a minha fé
no vosso poder de observação e na vossa perfeita sinceridade,
experimento como uma necessidade de ver por mim mesmo, e me é de todo
penoso pensar que tenho necessidade de muitas provas. "Digo penoso, porque
vejo que não há razão que possa connvencer um homem, a
menos que o fato se repita tão freqüentemente, que então
a impressão pareça tornar-se um hábito de espirito, um
velho conhecimento, uma coisa conhecida desde tão longo tempo que se
não possa mais duvidar dela."E' um dos lados curiosos do espírito
humano, e os homens de ciência o possuem em alto grau - mais que os outros,
creio eu. " E' por isso que não devemos dizer sempre que um homem
é desleal só porque resiste por muito tempo à evidência.
"A velha muralha das crenças deve ser abatida à fôrça
de golpes").
Supor
que uma espécie de loucura ou de ilusão vem dominar subitamente
um grupo de pessoas inteligentes e sensatas, que estão de acôrdo
sôbre as menores particularidades e detalhes dos fatos de que são
testemunhas, parece-me mais incrível do que os próprios fatos
que êles atestam.
O
assunto é muito mais difícil e mais vasto do que parece.
Há
cêrca de quatro anos tive a intenção de consagrar um ou
dois meses somente ao trabalho de certificar-me se certos fatos maravilhosos,
dos quais eu tinha ouvido falar, poderiam sustentar a prova de um exame rigoroso.
Mas
tendo logo chegado à mesma conclusão, como todo pesquisador imparcial,
isto é, que "havia alguma coisa aí", não podia
mais, eu, estudante das leis da natureza, recusar-me a continuar nessas pesquisas,
qualquer que fôsse o ponto a que elas me pudessem conduzir.
Foi
assim que alguns meses se tornaram em alguns anos, e, se eu pudesse dispor de
todo o meu tempo, é possível que as experiências ainda prosseguissem.
Mas
outros assuntos de interêsse científico e prático reclamam
agora a minha atenção; e como não posso consagrar a tais
pesquisas o tempo que seria preciso e que mereceriam; como tenho plena confiança
que daqui a alguns anos os homens de ciência estudarão êsse
assunto; como as ocasiões que possuo não são tão
propícias quanto o eram há algum tempo, porque então o
Sr. D. D. Home gozava boa saúde, a Srta. Kate Fox (agora a Sra. Jencken)
não estava absorvida pelas suas ocupações domésticas
e maternas; por todos êsses motivos, vejo-me obrigado a suspender, neste
momento, as minhas investigações.
Para
obter franco acesso junto às pessoas plenamente dotadas da faculdade
sôbre as quais se baseiam as minhas experiências, era preciso um
crédito maior do que aquêle de que um investigador científico
pode dispor.
Para
os seus adeptos mais convencidos, o Espiritismo é uma religião.
Os médiuns, em muitos casos, membros da família, são guardados
com grande cuidado, o que só com dificuldade um estranho compreenderia.
Crendo seriamente e conscienciosamente na verdade de certas doutrinas que repousam
sôbre o que se lhes afigura como manifestações miraculosas,
êsses adeptos parecem acreditar que a presença de um investigador
científico é uma profanação do santuário.
Por favor pessoal, fui admitido mais de uma vez a assistir a reuniões
que ofereciam antes o aspecto de uma cerimônia religiosa do que de uma
sessão de Espiritismo.
Mas
ser admitido, por favor, uma ou duas vêzes, como um estranho teria sido
autorizado a assistir aos mistérios d'Elêusis, ou um pagão
a contemplar o santo dos santos, não é o meio de confirmar os
fatos e descobrir-lhes as leis. - Satisfazer a curiosidade é bem diferente
do proceder a uma busca sistemática. - Quanto a mim, procuro sempre a
verdade.
Em
algumas ocasiões me permitiram, é certo, fazer verificações
e impor condições; mas somente uma ou duas vêzes me foi
possível fazer sair a sacerdotisa do seu santuário, e, em minha
própria casa, rodeado de amigos, aproveitar a ocasião de pôr
à prova os fenômenos dos quais fui testemunha em outros lugares,
em condições menos concludentes (Nesta memória não
dou exemplos desses casos excepcionais e não tiro deles nenhum argumento.
Sem esta explicação poder-se-ia crer que a maior parte dos fatos
que acumulei, foram sobretudo obtidos nas poucas ocasiões das quais aqui
trato, e, naturalmente se objetaria que há insuficiência de exame
por falta de tempo).
Ás
minhas observações a êsse respeito aparecerão na
obra que publicarei.
Seguindo
o plano que adotei em outras circunstâncias - plano que, embora contrariando
muito as idéias preconcebidas de certos críticos, me parecia,
por boas razões, aceitável aos leitores do Quartely Journal of
Science, - tinha eu a intenção de apresentar os resultados de
meu trabalho sob a forma de um ou dois artigos para êsse jornal. Mas,
revendo as minhas notas, achei tal riqueza de fatos, tal superabundância
de provas, tão esmagadora massa de testemunhos, que, para as pôr
tôdas em ordem, era preciso encher vários números do Quartely.
É
mister, pois, que atualmente me limite a dar um esbôço dos meus
trabalhos, reservando para outra ocasião as provas e os detalhes mais
amplos.
O
meu fim principal será, pois, fazer conhecer a série das manifestações
que se produziram em minha casa, em presença de testemunhas dignas de
fé, e sob as condições dos mais severos exames que pude
imaginar. Demais, cada fato que observei é corroborado por pessoas independentes,
que o observaram em outros tempos e em outros lugares.
Ver-se-á
que todos êsses fatos têm o caráter mais surpreendente, e
que parecem inteiramente inconciliáveis com tôdas as teorias conhecidas
da ciência moderna.
Tendo-me
assegurado da sua realidade, seria uma covardia moral negar-lhes o meu testemunho,
só porque as minhas publicações precedentes foram ridicularizadas
por críticos e outras pessoas que nada em absoluto conheciam do assunto,
e que tinham bastante critério para ver e julgar por si mesmas se êsses
fenômenos eram ou não verdadeiros.
Direi
simplesmente tudo o que vi e o que me foi provado por experiências repetidas
e verificadas, e "tenho ainda necessidade de que me demonstrem não
ser razoável esforçar-se uma pessoa por descobrir as causas de
fenômenos inexplicados".
Primeiro
que tudo devo retificar um ou dois erros que se acham implantados profundamente
no espírito público. Um, o de ser a escuridão essencial
à produção dos fenômenos. Isso não é
exato. Exceto alguns casos nos quais a escuridão tem sido uma condição
indispensável, como, por exemplo, nos fenômenos de aparições
luminosas e em alguns outros, tudo o que narro produziu-se à luz.
Nos
poucos casos em que os fenômenos descritos foram produzidos na escuridão,
tive muito cuidado de os mencionar; demais, quando alguma razão particular
exigia a extinção da luz, os resultados que se manifestaram estiveram
em condições de contrôle tão perfeitos que a supressão
de um dos nossos sentidos não pôde realmente enfraquecer a prova
fornecida.
Outro
êrro corrente consiste em crer que as manifestações só
se podem produzir a certas horas e em certos lugares - em casa do médium,
ou em horas combinadas previamente - e partindo dessa suposição
errônea tem-se estabelecido uma analogia entre os fenômenos chamados
espíritas e os passes dos prestidigitadores e mágicos que operam
nos teatros, os quais se cercam de tudo o que pertence à sua arte.
Para
fazer ver quanto tudo isso está longe de ser verdadeiro, não tenho
necessidade senão de dizer que, afora algumas raras exceções,
as centenas de fatos que me preparo para atestar, para serem imitados pelos
meios físicos ou mecânicos conhecidos, desafiariam a habilidade
de um Houdin, de um Bosco, de um Anderson, protegida por todos os recursos de
máquinas engenhosas e da sua prática de longos anos. Essas centenas
de fatos, produziram-se na minha própria casa, nas épocas por
mim designadas, e em circunstâncias que excluiam absolutamennte o emprêgo
e o auxílio do mais simples instrumento.
Um
terceiro êrro é êste: que o médium deve escolher a
sua roda de amigos e companheiros que podem assistir à sessão;
que êsses amigos devem crer firmemente na verdade da doutrina, seja qual
fôr, que o médium enunciar; que se imponham às pessoas de
espírito investigador condições tais que impeçam
completamente tôda observação cuidadosa e facilitem a superstição
e a fraude.
A
isso posso responder afirmando que à exceção de alguns
casos mui pouco numerosos de que se tratou em um parágrafo precedente,
caso que os motivos de exclusão, quaisquer que fôssem, não
serviam certamente de véu para o embuste, compus eu mesmo a minha roda
de amigos, introduzi todos os incrédulos que me convieram, e geralmente
impus condições escolhidas com cuidado por mim mesmo, para evitar
tôda possibilidade de fraude.
Tendo-me
assenhoreado pouco a pouco de algumas condições que facilitavam
a produção dos fenômenos, as minhas pesquisas foram geralmente
coroadas de igual êxito, e mesmo, em muitos casos, tive êxito superior
ao que foi obtido em outras ocasiões, onde, em virtude de falsas idéias
sôbre a importância de algumas práticas insignificantes,
as condições impostas podiam tornar menos fácil a descoberta
da fraude.
Eu
disse que a escuridão não é essencial. Entretanto, é
fato bem conhecido que, quando a fôrça é fraca, a luz muito
viva exerce uma ação que contraria alguns fenômenos.
A
fôrça do Sr. Home é bastante forte para subjugar essa influência
contrária; assim, êle não admite escuridão nas suas
sessões.
Afirmo
que, exceto duas vêzes em que, para algumas experiências, a luz
foi suprimida, tudo que testemunhei foi produzido por êle em plena claridade.
Tive
diversas ocasiões de experimentar a ação da luz provinda
de diferentes fontes e de côres variadas: - a luz do Sol, luz difusa,
luar, gás, lâmpada, vela, luz elétrica, luz amarela, homogênea,
etc.
Os
raios que contrariam as manifestações parece serem os da extremidade
do espectro.
Vou,
agora, proceder à classificação dos fenômenos que
observei, indo dos mais simples aos mais complexos, e dando ràpidamente,
em cada capítulo, uma exposição sumária de alguns
dos fatos que vou expor.
Os
meus leitores deverão bem lembrar-se que, à exceção
dos casos especialmente designados, as manifestações se realizavam
em minha casa, à luz, e somente em presença de amigos meus e do
médium.
No
volume, que eu tenho em projeto, proponho-me a dar com minúcias tôdas
as verificações que fiz, tôdas as precauções
que tomei em cada ocasião, e os nomes de tôdas as testemunhas.
Nesta memória tratarei delas superficialmente.
1
- MOVIMENTO DE CORPOS PESADOS COM CONTATO MAS SEM ESFORÇO MECÂNICO
Eis
uma das formas mais simples dos fenômenos que observei. Ela varia em grau,
desde o tremor de um aposento e do seu conteúdo, até a elevação
ao ar de um corpo pesado, quando a mão está colocada em cima.
Pode-se objetar que, ao se tocar uma coisa que está em movimento, é
possível empurrá-la, atraí-la, ou levantá-la; provei,
por experiência, que em casos numerosos isso não se verifica; mas,
a título de provas, ligo pouca importância a esta classe de fenômenos,
e só os menciono como preliminares de outros movimentos do mesmo gênero,
produzidos, porém, sem contato.
Êsses
movimentos, posso mesmo dizer, os fenômenos da mesma natureza, são
geralmente precedidos de um resfriamento do ar, todo especial, que chega, algumas
vêzes, a tornar-se um vento bem pronunciado. Sob a sua influência
vi fôlhas de papel elevarem-se, e o termômetro baixar de vários
graus. Em outras ocasiões, das quais mais tarde darei pormenores, não
notei nenhum movimento real de ar, mas o frio foi tão intenso que só
posso compará-lo ao que se sente quando se tem a mão a algumas
polegadas do mercúrio gelado.
2
- FENÔMENO DE PERCUSSÃO E OUTROS SONS DA MESMA NATUREZA
O
nome popular de pancadas dá uma idéia muito falsa dêsse
gênero de fenômenos.
Por
diferentes vêzes, durante as minhas experiências, ouvi pancadas
delicadas, como produzidas pela ponta de um alfinete; uma cascata de sons penetrantes
como os de qualquer máquina de indução em plena atividade;
detonações no ar, ligeiros ruídos metálicos agudos;
estalidos como os que se ouvem quando uma máquina de fricção
está em atividade; sons que pareciam arranhadelas; gorjeios como os de
um pássaro, etc.
Êsses
ruídos, que verifiquei com quase todos os médiuns, têm cada
um sua particularidade especial.
Com
o Sr. Home, são mais variados; mas, quanto à fôrça
e regularidade, não encontrei absolutamente ninguém que pudesse
aproximar-se da Senhora Kate Fox.
Durante
vários meses, tive o prazer de em inúmeras ocasiões verificar
os fenômenos variados que se produziam em presença desta senhora,
e foram êsses ruídos que especialmente estudei.
É
geralmente necessário, com os outros médiuns, para uma sessão
regular, que todos fiquem sentados e em silêncio, mas com a Sra. Fox parece-lhe
simplesmente necessário colocar a mão sôbre qualquer parte,
para que sons ruidosos aí se façam ouvir, como que triplo choque,
e algumas vêzes, com bastante fôrça para serem ouvidos através
de vários aposentos.
Ouvi-os
assim produzirem-se em uma árvore, num grande quadro de vidro, em um
arame esticado, numa membrana distendida, em um tamboril, sôbre a cobertura
de uma carruagem, e no tablado de um teatro. Ainda mais, o contato imediato
nem sempre é necessário; ouvi êsses ruídos saírem
do soalho, das paredes, etc., quando a médium tinha as mãos e
os pés ligados, quando estava em pé sôbre uma cadeira, quando
se achava em uma balança suspensa do teto, quando estava encerrada em
uma gaiola de ferro, e quando em letargia numa poltrona. Ouvi-os sôbre
os vidros de uma harmônica, senti-os sôbre os meus próprios
ombros e sob as minhas mãos. Ouvi-os sôbre
uma fôlha de papel segura entre os meus dedos, por uma extremidade de
fio passado num canto dessa fôlha.
Com
pleno conhecimento das numerosas teorias que foram apresentadas antes, sobretudo
na América, para explicar êsses sons, experimentei-os de tôdas
as maneiras que pude imaginar, até não mais ser possível
furtar-me à convicção de que eram bem reais e que não
se produziam pela fraude ou por meios mecânicos.
Uma
questão importante impõe-se à nossa atenção:
êsses movimentos e êsses ruídos são governados por
uma inteligência? Desde o comêço das minhas pesquisas, verifiquei
que o poder que produzia êsses fenômenos não era simplesmente
uma fôrça cega, mas que uma inteligência os dirigia, ou pelo
menos lhes estava associada; assim os ruídos de que acabo de falar foram
repetidos em número determinado; tornaram-se fortes ou fracos, e, a meu
pedido, ressoaram em diferentes lugares; por um vocabulário de sinais,
convencionados previamente, foram respondidas perguntas e dadas comunicações
com maior ou menor exatidão.
A
inteligência que governa êsses fenômenos é algumas
vêzes manifestamente inferior à do médium, e está
muitas vêzes em oposição direta aos seus desejos. Quando
se tomava a determinação de fazer alguma coisa, que não
podia ser considerada muito razoável, contínuas comunicações
eram dadas para induzir a refletir de novo .
Essa
inteligência é, algumas vêzes, de tal caráter, que
nos vemos forçados a crer não provenha de nenhuma das pessoas
presentes .
Eu
poderia dar vários exemplos, como prova dessas alegações,
porém, mais tarde, quando tratar da origem dessa inteligência,
o assunto será discutido mais a fundo.
3
- MOVIMENTOS DE OBJETOS PESADOS COLOCADOS A CERTA DISTÂNCIA DO MÉDIUM
Os
exemplos em que os corpos pesados, tais como mesas, cadeiras, canapés,
se põem todos em movimento, sem o contato do médium, são
muito numerosos.
Indicarei
resumidamente alguns dêles, dos mais surpreendentes.
A
minha própria cadeira descreveu em parte um círculo, não
estando os meus pés repousados no soalho.
Sob
as vistas de todos os assistentes, uma cadeira veio lentamente de um canto,
distante da sala, o que tôdas as pessoas presentes confirmaram; em certa
ocasião, uma poltrona chegou até ao lugar em que nos achávamos
sentados, e, a meu pedido, retrocedeu lentamente, à distância de
cêrca de três pés.
Durante
três sessões consecutivas, uma pequena mesa moveu-se lentamente
pelo meio da sala, nas condições que eu tinha expressamente preparado,
a fim de responder a qualquer objeção que se pudesse levantar
contra êsse fato.
Obtive,
várias vêzes, a repetição de uma experiência,
que a comissão da Sociedade Dialética considerou como concludente,
a saber: o movimento de uma pesada mesa em plena luz, quando as costas das cadeiras
estavam voltadas para a mesa, e as pessoas ajoelhadas em suas cadeiras, com
as mãos apoiadas nas costas, e sem tocar a mesa.
Uma
vez, êsse fato produziu-se durante o tempo em que eu ia e voltava, procurando
ver como cada um estava colocado.
4
- MESAS E CADEIRAS ELEVADAS DO CHÃO SEM NINGUÉM LHES TOCAR
Quando
manifestações dêsse gênero são expostas, faz-se
geralmente esta consideração:
"Por
que são somente as mesas e as cadeiras que produzem tais efeitos?
"Por
que essa propriedade é particular aos móveis?"
Poderei
responder que só faço observar e narrar os fatos e que não
entro nos porquês - mas é claro que, se em uma sala de jantar comum,
um corpo pesado, inanimado, deve elevar-se acima do soalho, não pode
ser outro senão uma mesa ou uma cadeira.
Tenho
numerosas provas de que essa propriedade não é particular somente
aos móveis; mas, como para as outras demonstrações experimentais,
a inteligência ou a fôrça, qualquer que seja, que produz
êsses fenômenos, só pode servir-se dos objetos que acha apropriados
ao fim.
Em
cinco ocasiões diferentes, uma pesada mesa de sala de jantar elevou-se
de algumas polegadas a um pé e meio acima do soalho, e em condições
especiais que tornavam a fraude impossível.
Em
outra ocasião, uma pesada mesa elevou-se acima do soalho, em plena luz,
enquanto eu segurava os pés e as mãos do médium.
Ainda
outra vez, a mesa elevou-se do solo, não somente sem que lhe tocassem,
mas ainda nas condições que eu tinha previamente preparado, de
maneira a pôr fora de dúvida a prova dêsse fato.
5
- ELEVAÇÃO DE CORPOS HUMANOS
Êstes
fatos produziram-se quatro vêzes em minha presença, na escuridão.
A
fiscalização sob a qual se realizaram foi inteiramente satisfatória,
ao menos tanto quanto se pode julgar; mas a demonstração pela
vista, de um fato igual, é tão necessária para destruir
as nossas idéias preconcebidas "sôbre o que é naturalmente
possível ou não", que só mencionarei aqui os casos
em que as deduções da razão foram confirmadas pelo sentido
da visão.
Certa
vez, vi uma cadeira, na qual uma senhora se achava sentada, elevar-se a várias
polegadas do solo. Uma outra vez, para afastar tôda suposição
de que essa elevação era produzida pela própria senhora,
ela ajoelhou-se sôbre a cadeira, de tal modo que os quatro pés
desta eram visíveis para nós, e a cadeira elevou-se cêrca
de três polegadas, ficou suspensa durante dez segundos, mais ou menos,
e em seguida desceu lentamente. Uma outra vez ainda, dois meninos, em duas ocasiões
diferentes, elevaram-se do chão com as suas cadeiras, em pleno dia e
sob as mais satisfatórias condições, pois eu estava de
joelhos e não perdia de vista os pés da cadeira, observando que
ninguém podia tocá-los.
Os
casos mais notáveis de elevação de que fui testemunha realizaram-se
com o Sr. Home.
Em
três ocasiões diferentes, vi-o elevar-se completamente acima do
soalho da sala.
A
primeira vez, estava êle sentado em um canapé; a segunda, de joelhos
sôbre uma cadeira, e a terceira, de pé.
De
cada vez, tive tôda a liberdade possível para observar o fato,
no momento em que êle se produzia.
Há,
pelo menos, cem casos bem verificados de elevação do Sr. Home,
produzidos em presença de muitas pessoas diferentes; e ouvi mesmo da
bôca de três testemunhas: o conde de Dunraven, lord Lindsay e o
capitão C. Wynne, a narração dos casos mais notáveis
dêsse gênero, acompanhados dos menores incidentes.
Rejeitar
a evidência dessas manifestações, equivale a rejeitar todo
o testemunho humano, qualquer que seja, pois que não há fato,
na história sagrada ou na profana, que se apóie sôbre provas
mais decisivas.
O
número de testemunhas que confirmam as elevações do Sr.
Home é enorme.
Seria
muito para louvar que alguém, cujo testemunho fôsse reconhecido
como concludente pelo mundo científico (se é que existe alguém
cujo testemunho em favor de semelhantes fenômenos possa ser admitido),
quisesse, séria e pacientemente, estudar êsse gênero de fatos.
Muitas
testemunhas oculares dessas elevações vivem ainda, e não
recusariam, certamente, atestá-las. Mas daqui a alguns anos será
muito difícil, senão impossível, obter diretamente essas
provas.
6
- MOVIMENTO DE DIVERSOS OBJETOS SEM CONTATO
Sob
êste título, proponho-me descrever alguns fenômenos especiais
de que fui testemunha. Só posso indicar aqui alguns fatos dos mais salientes,
de que todos se lembrem bem, produzidos em condições tais que
qualquer artifício se tornava impossível. Atribuir êsses
resultados à fraude é absurdo, pois lembrarei ainda aos meus leitores
que o que refiro não foi executado em casa do médium, mas em minha
própria casa, onde era inteiramente impossível preparar-se antecipadamente
qualquer truque.
Um
médium, circulando em minha sala de jantar, não podia, estando
eu sentado em outra parte da sala, com várias pessoas que o observávamos
atentamente, fazer tocar, por fraude, uma harmônica que eu segurava em
minha mão, com as teclas para baixo, ou fazer flutuar essa mesma harmônica
aqui e ali na sala, enquanto ela tocava durante todo o tempo.
Não
podia trazer consigo um aparelho para agitar
as cortinas das janelas, ou elevar as venezianas até oito pés
de altura; dar nó em um lenço e colocá-lo em um canto distante
da sala; vibrar notas, a distância, em um piano; projetar um porta-cartas
através do aposento; levantar uma garrafa e um cálice acima da
mesa; fazer erguer-se um colar de coral numa das extremidades; fazer mover um
leque e abanar os assistentes, ou ainda pôr em movimento um pêndulo
encerrado em uma vitrina, solidamente prêsa à parede.
7
- APARIÇÕES LUMINOSAS
Estas
manifestações, sendo um tanto fracas, exigem, em geral, que o
aposento não esteja iluminado.
Tenho
apenas necessidade de lembrar aos meus leitores que, em iguais condições,
tomei tôdas as precauções convenientes para evitar que lançassem
mão de óleo fosforado, ou de outros meios.
Demais,
muitas dessas luzes eram de natureza tal que não pude chegar a imitá-las
por meios artificiais.
Sob
as mais rigorosas condições de exame, vi um corpo sólido,
luminoso por si mesmo, pouco mais ou menos do volume e da forma de um ôvo
de perua, flutuar, sem ruído, pelo meio do aposento, elevar-se, por momentos,
mais alto do que poderia fazer qualquer dos assistentes que se apoiasse sôbre
a ponta dos pés, e depois descer, vagarosamente, para o soalho.
Êsse
objeto foi visível durante mais de dez minutos, e, antes de desaparecer,
bateu três vêzes na mesa, com ruído semelhante ao de um corpo
duro e sólido.
Durante
êsse tempo o médium estava prostrado em um canapé e parecia
inteiramente insensível.
Vi
pontos luminosos saltarem de um e outro lado e repousarem sôbre a cabeça
de diferentes pessoas; tive resposta a questões que havia formulado,
por meio de clarões de luz brilhante, que se produziram diante do meu
rosto, e em certo número de vêzes por mim prefixado.
Vi
centelhas arremessarem-se da mesa ao teto e em seguida recaírem sôbre
a mesa com ruído muito distinguível.
Obtive
uma comunicação alfabética por meio de clarões luminosos
que se produziam no ar, diante de mim, e no meio dos quais eu passava a mão.
Vi
uma nuvem luminosa flutuar em cima de um quadro. Sempre sob as mais rigorosas
condições de exame, aconteceu-me mais de uma vez que um corpo
sólido, fosforescente, cristalino, fôsse pôsto em minha mão
por outra que não pertencia a nenhuma das pessoas presentes.
Em
plena luz, vi uma nuvem luminosa pairar sôbre um heliotrópio colocado
em cima de uma mesa, ao nosso lado, quebrar-lhe um galho, e trazê-lo a
uma senhora, e, em algumas ocasiões, percebi uma nuvem semelhante condensar-se
sob nossos olhos, tomando uma forma de mão e transportar pequenos objetos.
Mas isso pertence antes à classe dos fenômenos que se seguem.
8
- APARIÇÕES DE MÃOS, LUMINOSAS POR SI MESMAS, OU VISíVEIS
A LUZ ORDINÁRIA
Sentem-se
muitas vêzes contatos de mãos durante as sessões às
escuras, ou em condições em que não é possível
vê-las. Raramente tenho visto essas mãos.
Não
darei aqui exemplos em que os fenômenos são produzidos na escuridão,
escolherei porém alguns dos casos numerosos em que vi essas mãos
em plena luz.
Pequena
mão de muito bela forma elevou-se de uma mesa da sala de jantar e deu-me
uma flor; apareceu e depois desapareceu três vêzes, o que me convenceu
de que essa aparição era tão real quanto a minha própria
mão.
Isto
se passou à luz, em minha própria sala, estando os pés
e as mãos do médium seguros por mim, durante êsse tempo.
Em
outra ocasião, uma pequena mão e um pequeno braço, iguais
aos de uma criança, apareceram agitando-se sôbre uma senhora que
estava sentada perto de mim.
Depois,
a aparição veio a mim, bateu-me no braço, e puxou várias
vêzes o meu paletó.
Outra
vez, um indicador e um polegar foram vistos arrancando as pétalas de
uma flor que estava na botoeira do Sr. Home, e depositou-as diante de várias
pessoas, sentadas perto dêle.
Várias
vêzes, eu mesmo e outras pessoas observamos mão estranha comprimindo
as teclas de uma harmônica, ao passo que, no mesmo momento, víamos
as mãos do médium, que algumas vêzes eram seguras pelas
pessoas que se achavam perto dêle.
As
mãos e os dedos não me pareceram sempre sólidos e de pessoa
viva.
Algumas
vêzes, é preciso dizer, ofereciam antes a aparência de nuvem
vaporosa, condensada em parte, sob a forma de mão.
Todos
os que se achavam presentes não a percebiam igualmente bem. Por exemplo,
quando se vê mover uma flor ou qualquer outro pequeno objeto, um dos assistentes
notará um vapor luminoso pairar em cima; um outro descobrirá uma
mão de aparência nebulosa, enquanto outros apenas verão
a flor em movimento.
Vi
mais de uma vez, primeiro, um objeto mover-se, depois uma nuvem luminosa que
parecia formar-se ao redor dêle, e, enfim, a nuvem condensar-se, tomar
forma e transformar-se em mão, perfeitamente acabada. Nesse momento,
tôdas as pessoas presentes podiam ver essa mão. Nem sempre ela
é uma simples forma, pois algumas vêzes parece perfeitamente animada
e graciosa: os dedos movem-se e a carne parece ser tão humana quanto
a de qualquer das pessoas presentes.
No
punho e nos braços torna-se vaporosa e perde-se em uma nuvem luminosa.
Ao
contato, essas mãos parecem algumas vêzes frias como o gêlo,
e mortas; outras vêzes me pareceram quentes e vivas, e apertaram a minha
com a firmeza de um velho amigo.
Retive
uma dessas mãos, bem resolvido a não deixá-la escapar.
Nenhuma tentativa, nenhum esfôrço foi feito para fazer-me largar
a prêsa, mas pouco a pouco essa mão pareceu dissolver-se em vapor,
e foi assim que ela se libertou da prisão.
9
- ESCRITA DIRETA
É
esta a expressão empregada para designar a escrita que não é
produzida por nenhuma das pessoas presentes.
Obtive
várias vêzes palavras e comunicações escritas em
papel marcado com o meu sinete particular, e, sob as mais rigorosas condições
de contrôle, ouvi na escuridão o ranger do lápis a mover-se
sôbre o papel.
As
precauções, previamente tomadas por mim, eram tão grandes
que eu estava perfeitamente convencido como se eu houvesse visto os caracteres
se formarem. Mas, como o espaço não me permite entrar em tôdas
as minúcias, limitar-me-ei a citar os casos nos quais meus olhos, tão
bem quanto os meus ouvidos, foram testemunhas da operação.
O
primeiro fato, que citarei, produziu-se, é certo, em uma sessão
às escuras, mas o seu resultado não foi menos satisfatório.
Eu
estava sentado perto da médium, a Sra. Fox; não haviam outras
pessoas presentes, além de minha mulher e uma senhora nossa parenta,
e eu segurava as mãos da médium com uma das minhas, enquanto que
seus pés estavam sôbre os meus.
Diante
de nós, sôbre a mesa, havia papel, e a minha mão livre segurava
o lápis.
Mão
luminosa desceu do teto da sala e, depois de ter pairado perto de mim durante
alguns segundos, tomou-me o lápis, escreveu ràpidamente numa fôlha
de papel, abandonou o lápis e, em seguida, elevou-se acima das nossas
cabeças, perdendo-se pouco a pouco na escuridão.
O
meu segundo exemplo pode ser considerado um insucesso.
"Um
grande revés ensina muitas vêzes mais do que a experiência
mais bem sucedida."
Essa
manifestação se realizou à luz, em minha própria
sala, e somente em presença do Sr. Home e de alguns amigos íntimos.
Várias
circunstâncias, das quais é inútil fazer a narração,
me tinham mostrado que o poder do Sr. Home era muito forte essa noite. Exprimi,
pois, o desejo de ser testemunha, nesse momento, da produção de
uma comunicação escrita, do modo por que antes eu tinha ouvido
narrar por um dos meus amigos.
Imediatamente
nos deram a seguinte comunicação alfabética: "Experimentaremos".
Colocamos
algumas fôlhas de papel e um lápis no meio da mesa, e, então,
o lápis ergueu-se apoiando-se sôbre a ponta, avançou para
o papel com saltos mal seguros, e caiu. Depois, tornou a levantar-se e a cair
ainda. Uma terceira vez se esforçou, mas sem obter melhor resultado.
Depois,
dessas três tentativas infrutíferas, uma pequena régua,
que se achava ao lado sôbre a mesa, resvalou para o lápis e elevou-se
a algumas polegadas acima da mesa, o lápis levantou-se de nôvo,
apoiou-se na régua, e ambos fizeram esfôrço para escrever
no papel. Depois de terem experimentado três vêzes, a régua
abandonou o lápis e voltou ao seu lugar; o lápis tornou a cair
sôbre o papel, e uma comunicação alfabética nos disse:
"Experimentamos satisfazer o vosso pedido, porém, está acima
do nosso poder".
10
- FORMAS E FIGURAS DE FANTASMAS
Esses
fenômenos são os mais raros de todos os de que fui testemunha.
As condições necessárias à sua aparição
dir-se-iam tão delicadas, e é preciso tão pouca coisa para
contrariar a manifestação, que só tive raríssimas
ocasiões de os ver em condições satisfatórias. Mencionarei
dois dêsses casos.
Ao
cair do dia, durante uma sessão do Sr. Home, em minha casa, vi agitarem-se
as cortinas de uma janela que estava cêrca de oito pés de distância
do Sr. Home.
Uma
forma sombria, obscura, meio transparente, semelhante a uma forma humana, foi
vista por todos os assistentes, em pé, perto da janela da sacada, e essa
forma agitava a cortina com a mão. Enquanto a olhávamos, desapareceu,
e as cortinas deixaram de se mover.
O
caso que se segue é ainda mais surpreendente. Como no caso anterior,
o Sr. Home era o médium. Uma forma de fantasma avançou de um canto
da sala, foi tomar uma harmônica, e em seguida deslizou ligeira pela sala,
tocando êsse instrumento.
Essa
forma foi visível, durante vários minutos, por tôdas as
pessoas presentes, ao mesmo tempo que se via também o Sr. Home. O fantasma
aproximou-se de uma senhora que estava sentada a certa distância dos demais
assistentes, e, a um pequeno grito dessa senhora, desapareceu.
11
- CASOS PARTICULARES PARECENDO INDICAR A AÇÃO DE UMA INTELIGÊNCIA
EXTERIOR
Ficou
já provado que êsses fenômenos são governados por
uma inteligência. É muito importante conhecer a fonte dessa inteligência.
É
do médium, de uma das pessoas presentes que estão no aposento,
ou antes essa inteligência estará fora dêles? Sem querer,
presentemente, pronunciar-me de modo positivo sôbre êsse ponto,
posso dizer que, ao verificar que em muitos casos a vontade e a inteligência
do médium parece terem muita ação sôbre os fenômenos,
observei também vários casos que parece mostrarem, de maneira
concludente, a ação de uma inteligência exterior e estranha
a todas as pessoas presentes ( Desejo que se compreenda bem o sentido das minhas
palavras: não quero dizer que a vontade e a Inteligência do médium
se empreguem ativamente de uma maneira consciente ou desleal à produção
dos fenômenos, mas que acontece algumas vêzes que as suas faculdades
parece agirem de maneira inconsciente).
O
espaço não me permite dar àqui todos os argumentos que
se podem apresentar para provar essas asserções, mas entre grande
número de fatos mencionarei resumidamente um ou dois.
Em
minha presença vários fenômenos se produziram ao mesmo tempo,
sendo que a médium não os conhecia todos. Cheguei a ver a Sra.
Fox escrever automàticamente uma comunicação para um dos
assistentes, enquanto uma outra comunicação sôbre outro
assunto lhe era dada para uma outra pessoa por meio do alfabeto e por "pancadas".
Durante todo êsse tempo a médium conversava com uma terceira pessoa,
sem o menor embaraço, sôbre assunto completamente diferente dos
outros dois.
Caso,
talvez, mais surpreendente, é o seguinte: durante uma sessão com
o Sr. Home, a pequena régua, de que já falei, atravessou a mesa
para vir a mim, em plena luz, e deu-me uma comunicação, batendo-me
em uma das mãos.
Eu
soletrava o alfabeto e a régua batia nas letras necessárias; a
outra extremidade da régua repousava na mesa, a certa distância
das mãos do Sr. Home.
As
pancadas eram tão claras e tão precisas, e a régua estava
tão evidentemente sob a influência de um poder invisível
que lhe dirigia os movimentos, que eu disse: "A inteligência que
dirige os movimentos desta régua pode mudar o caráter dos seus
movimentos, e dar-me por meio de pancadas, em minha mão, uma comunicação
telegráfica com o alfabeto Morse?"
Tenho
todos os motivos para crer que o alfabeto Morse era inteiramente desconhecido
das pessoas presentes, e eu mesmo não o conhecia perfeitamente. Mal acabava
de pronunciar aquelas palavras, o caráter das pancadas mudou; mas a comunicação
continuou da maneira que eu tinha pedido. As letras foram-me dadas ràpidamente,
de modo que não pude apanhar senão uma ou outra palavra, e, por
conseguinte, essa comunicação se perdeu; mas, eu tinha visto o
bastante para convencer-me de que na outra extremidade da régua havia
um bom operador de Morse, qualquer que êle fôsse.
Ainda
outro exemplo: uma senhora escrevia automàticamente por meio da prancheta;
experimentei descobrir o meio de provar que o que ela escrevia não era
devido à ação inconsciente do cérebro. A prancheta,
como o fazia sempre, afirmava que, ainda que fôsse posta em movimento
pela mão e pelo braço dessa senhora, a inteligência que
a dirigia era a de um ser invisível, que se servia do cérebro
da senhora como de um instrumento de música, e fazia, assim, mover-lhe
os músculos.
Disse
eu, então, a essa inteligência: "Vê o que há
neste aposento? - Sim, escreveu a prancheta. -Vês êste jornal e
podes lê-lo? acrescentei, colocando o dedo sôbre um número
do Times que estava em uma mesa atrás de mim, mas sem olhá-la.
- Sim, respondeu a prancheta. - Bem, disse eu, se podes vê-lo, escreve
a palavra que está agora coberta por meu dedo, e dar-te-ei crédito".
A prancheta começou a mover-se lentamente, e com alguma dificuldade escreveu
a palavra "however". Voltei-me e vi que a palavra however estava coberta
pela extremidade do meu dedo.
Quando
fiz essa experiência, tinha evitado, de propósito, olhar para o
jornal, sendo impossível à senhora, embora o tentasse, ver uma
só das palaavras impressas, porque estava assentada perto de uma mesa,
além de que o jornal estava sôbre outra, que se achava atrás
de mim, e o meu corpo interceptava-lhe a vista.
12
- MANIFESTAÇÕES DIVERSAS DE CARÁTER COMPLEXO
Sob
êste título me proponho fazer conhecer algumas das manifestações
que, por causa do seu caráter complexo, não podem ser classificadas
diferentemente. Entre mais de doze fatos, escolherei dois. O primeiro produziu-se
em presença da Senhora Kate Fox, e para torná-lo inteligível
é preciso que entre em alguns pormenores.
A
Sra. Fox tinha-me prometido dar uma sessão em minha casa, numa noite
de primavera do ano passado; enquanto eu a esperava, uma senhora nossa parenta,
e os meus dois filhos mais velhos, um de catorze anos e o outro de onze, achavam-se
na sala de jantar, onde as sessões sempre se realizavam, e eu mesmo me
achava só na minha biblioteca, ocupado em escrever. Ouvindo uma carruagem
parar e a campainha tocar, abri a porta à Sra. Fox, e conduzi-a logo
para a sala de jantar, porque me disse ela que, não podendo demorar-se
muito, não subiria; colocou numa cadeira o seu chapéu e o chale.
Dirigindo-me então para a porta da sala de jantar, mandei que meus dois
filhos fôssem para a biblioteca estudar as suas lições;
fechei a porta, dei volta à chave, e conforme meu hábito, durante
as sessões, meti a chave no bolso.
Sentamo-nos.
A Sra. Fox ficou à minha direita e a outra senhora, à esquerda.
Recebemos logo uma comunicação alfabética convidando-nos
a apagar o gás; apagamo-lo, ficando em escuridão completa e durante
a qual mantive, em uma das minhas, as mãos da Sra. Fox. Quase no mesmo
instante uma comunicação nos foi dada nestes têrmos: "Vamos
prouzir um fenômeno que vos dará a prova do nosso poder",
e, quase imediatamente depois, ouvimos todos o tilintar de uma companhia, não
estacionária, mas que ia e vinha de todos os lados, na sala: ora perto
da parede, ora outra vez em um canto distante; ora me tocava na cabeça,
em seguida batia no soalho: depois de ter assim soado, na sala, durante pelo
menos cinco minutos, a campainha caiu sôbre a mesa, muito perto das minhas
mãos.
Enquanto
durou o fenômeno, ninguém se moveu e as mãos da Sra. Fox
ficaram perfeitamente imóveis. Eu pensava que não podia ser a
minha campainha que tocava, pois a tinha deixado em minha biblioteca, (Pouco
tempo antes de a Sra, Fox chegar, tive necessidade de um livro, que se achava
no canto de uma prateleira; a campainha estava sôbre o livro e eu a tinha
pôsto de lado para poder retirá-lo. Êste pequeno incidente
me assegurava que a campainha estava na biblioteca. O gás iluminava vivamente
o corredor para o qual dava a porta da sala de jantar, de tal maneira que esta
porta não podia abrir-se sem deixar a luz penetrar na sala onde nos achávamos;
demais, para abri-la, havia só uma chave, e eu a tinha no bolso.
Acendi
uma vela.
Não
havia dúvida; era realmente uma campainha que estava sôbre a mesa,
diante de mim. Fui direto à biblioteca; de um relance vi que a campainha
não estava mais onde devia achar-se.
Perguntei,
então, a meu filho mais velho: "Sabes onde está minha campainha?
- Sim, papai, respondeu-me, ei-la: e apontava o lugar onde eu a tinha deixado.
Pronunciando estas palavras, êle levantou os olhos e continuou assim:
- Não, ela não está ali, mas estava há bem pouco
tempo, - Que queres dizer? Que alguém veio buscá-la? - Não,
disse êle, ninguém entrou; mas tenho certeza de que ela estava
ali, porque logo que nos fizestes sair da sala de jantar, a fim de virmos para
aqui, J. .. (o mais moço de meus filhos) começou a tocá-la
com tanta fôrça que eu não podia estudar minhas lições,
e lhe disse que parasse". J. confirmou estas palavras e acrescentou que
depois de ter tocado a campainha a tinha colocado no mesmo lugar.
O
segundo caso, que vou narrar, verificou-se à luz, em um domingo à
noite, em presença do Senhor Home e de alguns membros de minha família,
somente, minha mulher e eu tínhamos passado o dia no campo, e trouxemos
de lá algumas flôres que havíamos colhido. Chegando a casa,
entregamo-las à criada para pô-las na água. O Sr. Home chegou
logo depois, e todos nos dirigimos para a sala de jantar. Quando nos sentamos,
a criada trouxe as flôres que tinha pôsto em um vaso; coloquei-as
no meio da mesa, cuja toalha tinha sido retirada: era a primeira vez que o Sr.
Home via estas flores.
Depois
de obtidas muitas manifestações, a conversa veio cair sôbre
certos fatos que pareciam não se poderem explicar senão admitindo
que a matéria podia realmente passar através de uma substância
sólida. A êsse propósito a comunicação, que
segue, nos foi dada alfabeticamente: "É impossível a matéria
passar através da matéria, mas vamos mostrar o que podemos fazer".
Esperamos
em silêncio; uma aparição luminosa foi logo vista pairando
sôbre o ramalhete de flôres; depois, à vista de todos, uma
haste de erva da China, de 15 polegadas de comprimento, que ornamentava o centro
do ramalhete, elevou-se lentamente do meio das outras flôres e, em seguida,
desceu à mesa defronte do vaso, entre êste e o Sr. Home; chegando
à mesa, esta haste não se demorou, mas atravesssou-a em linha
reta, e todos a vimos muito bem até passar por completo.
Logo
depois da desaparição da erva, minha mulher, que estava sentada
ao lado do Sr. Home, viu, entre ela e êle, mão estranha que vinha
de debaixo da mesa e que segurava a haste da erva com a qual lhe bateu duas
ou três vêzes sôbre os ombros, com um ruído que todos
ouviram; depois depositou a erva no soalho e desapareceu. Só duas pessoas
viram a mão, porém, todos os assistentes perceberam o movimento
da erva. Enquanto isso se passava, podiam todos ver as mãos do Sr. Home
colocadas tranqüilamente sôbre a mesa, que estava diante dêle.
O lugar em que a erva desapareceu ficava a 18 polegadas daquele em que estavam
as suas mãos; a mesa era uma das de sala de jantar, com molas, abrindo-se
por meio de um parafuso: não era elástica, e a reunião
das duas partes formava uma estreita fenda no meio: foi através desta
fenda que a erva passara; medi-a e achei que tinha apenas 1/8 de polegada de
largura. A haste da erva era demasiadamente grossa para que pudesse passar através
desta fenda sem se quebrar; entretanto, todos a tínhamos visto passar
por ali, sem dificuldade, docemente, e, examinando-a em seguida, vimos que ela
não oferecia a mais ligeira marca de pressão ou de arranhão.
13
- TEORIAS EXPOSTAS PARA EXPLICAREM OS FENÔMENOS OBSERVADOS
Primeira
teoria. -
Os fenômenos são todos resultantes de fraudes, de hábeis
disposições mecânicas ou de prestidigitação;
os médiuns são impostores, e os assistentes são imbecis.
É
evidente que esta teoria não pode explicar senão muito pequeno
número de fatos observados. Admito de boa vontade que, entre os médiuns
que tem aparecido diante do público, existam muitos impostores consumados,
que se aproveitam do gôsto do público para as sessões espíritas,
a fim de encher a bôlsa de dinheiro, ganho sem dificuldade; que haja outros
que, não tendo para enganar nenhum interêsse pecuniário,
sejam levados à fraude pelo único desejo, parece, de adquirir
notoriedade.
Achei-me
em presença de vários desses embustes: alguns eram muito engenhosos;
os outros eram tão grosseiros, que não há uma pessoa testemunha
de fenômenos reais que se deixasse enganar.
Um
investigador dêsse gênero de fatos, que no começo de suas
pesquisas encontra uma dessas burlas, desgosta-se, e é natural que, ou
em particular, ou pela voz da imprensa, emita suas opiniões, e englobe
na mesma condenação tôda espécie de "médiuns".
Com
um médium verdadeiro, acontece que os primeiros fenômenos, que
se observam, parecem geralmente provenientes de ligeiros movimentos da mesa
e de fracas pancadas sob os pés ou as mãos do médium: êsses
efeitos, concordo, são muito fáceis de imitar pelo médium
ou por qualquer outra pessoa sentada à mesa. Se, como acontece algumas
vêzes, não se produz nada, o observador céptico retira-se
firmemente convencido de que, já tendo com a sua penetração
sem igual descoberto que o médium enganava, êste tem receio de
praticar outras fraudes em sua presença.
Escreverá,
pois, aos jornais; explicará a fraude, e, provàvelmente, expandir-se-á
em sentimentos de comiseração à vista do triste espetáculo
de pessoas que, inteligentes em aparência, se deixam levar pelo êrro
que êle descobriu ao primeiro golpe de vista.
Há
enorme diferença entre as sortes de um escamoteador de profissão
que, cercado de aparelhos, auxiliado por certo número de pessoas ocultas
e de comparsas, iludem pela destreza e ligeireza de mãos, em seu próprio
teatro, e os fenômenos que se produzem em presença do Sr. Home,
em plena luz, num aposento particular que, até ao comêço
da sessão, foi ocupado sem interrupção por mim e por meus
amigos, que não somente não teriam favorecido a menor fraude,
mas ainda observavam de parte tudo o que se passava. Ainda mais: o Sr. Home
foi muitas vêzes examinado antes e depois das sessões, a seu próprio
pedido. Durante as manifestações mais notáveis eu lhe segurava
por vêzes as mãos e colocava os meus pés sôbre os
seus; não propus uma só vez modificar as disposições
para tornar a fraude menos possível, sem que êle não consentisse
imediatamente, e, muitas vêzes mesmo, chamou a atenção para
os meios de contrôle que se podiam empregar
.
Falo
sobretudo do Sr. Home, porque tem muito mais fôrça que os outros
médiuns com os quais fiz experiências; mas, com todos, tomei precauções
suuficientes para que a fraude fôsse riscada da lista das explicações
possíveis.
Que
se não esqueça que uma explicação, para ser admissível,
deve satisfazer a tôdas as condições do problema; não
é lógico, pois, que uma pessoa, que talvez só tenha visto
alguns fenômenos inferiores. diga: "suponho que tudo isso é
burla", ou mais: "tenho visto como essas peloticas podem ser executadas".
Segunda
teoria.. -
As pessoas, que assistem a uma sessão, são vítimas de uma
espécie de loucura ou de ilusão e se persuadem de que se produzem
fenômenos que não existem realmente.
Terceira
teoria..
- Tudo isso é o resultado da ação consciente e inconsciente
do cérebro.
Estas
duas teorias só podem evidentemente abraçar uma muito pequena
parte dos fenômenos, e elas mesmas não os explicam senão
de maneira improvável; elas podem ser refutadas em poucas palavras.
Chego
agora às teorias "espirituais". É preciso lembrar que
a palavra "espírito" é empregada em um sentido muito
vago pelo maior número de pessoas.
Quarta
teoria. -
Os fenômenos produzidos são resultantes do espírito do médium,
que se associa talvez ao espírito de tôdas as pessoas presentes
ou de algumas somente.
Quinta
teoria. -
São devidos à ação dos maus espíritos ou
demônios, que se manifestam como querem e da maneira como lhes apraz,
a fim de destruírem o Cristianismo e de perderem as almas dos homens.
Sexta
teoria. -
São produzidos por certa classe de sêres que vivem na Terra, mas
imateriais, invisíveis aos nossos olhos, e todavia capazes, em certos
casos, de manifestarem a sua presença. Em todos os países e em
tôdas as épocas, têm sido conhecidos sob o nome de gênios
(o que não quer dizer que sejam necessàriamente maus), gnomos,
fadas, duendes, diabretes, anões, etc.
Sétima
teoria. -
As manifestações são devidas à intervenção
dos mortos: é a teoria espiritual por excelência.
Oitava
teoria. -
A da fôrça psíquica que é antes um complemento das
teorias 4, 5, 6 e 7 do que uma teoria por si mesma.
Segundo
ela, supõe-se que o médium ou o círculo das pessoas reunidas
para formar um todo, possui uma
fôrça, um poder, uma influência, uma virtude ou um dom, por
meio dos quais sêres inteligentes podem produzir os fenômenos observados.
Quanto ao que podem ser êsses sêres inteligentes, é matéria
para
outras teorias.
O
que há de certo, é que um médium possui uma qualquer coisa
que um ser comum não possui. Dai um nome a essa qualquer coisa; chamai-lhe
X, se quiserdes, embora o Sr. Serjeant Cox a denomine fôrça psíquica.
Êsse assunto tem sido tão mal compreendido que julgo acertado dar
a explicação seguinte, servindo-me das próprias palavras
do Senhor Serjeant Cox:
A
teoria da fôrça psíquica nada mais é do que a simples
verificação do fato quase indiscutível atualmente: o de
que, em certas condições, ainda imperfeitamente fixadas, e a certa
distância ainda indeterminada, promana do corpo de certas pessoas, dotadas
de uma organização nervosa especial, uma fôrça que,
sem o contato dos músculos ou do que a êles se ligue, exerce uma
ação à distância, produz visivelmente o movimento
de corpos sólidos e nêles faz vibrar sons. Como a presença
de uma tal organização é necessária à produção
dos fenômenos, é razoável concluir que essa fôrça
procede desta organização por um meio ainda desconhecido. Assim
como o próprio organismo é movido e dirigido interiormente por
uma fôrça que é a alma, ou é governado pela Alma,
Espírito ou Inteligência (dai-lhe o nome que quiserdes) que constitui
o ser individual a que chamamos homem; também é razoável
concluir que a fôrça que produz o movimento, além dos limites
do corpo, é a mesma que o executa dentro dos seus limites. E, assim como
se vê muitas vêzes a fôrça exterior dirigida por uma
inteligência, também é razoável concluir que a inteligência
que dirige a fôrça exterior é a mesma que a governa interiormente.
É a esta fôrça que dei o nome de fôrça psíquica,
porque êste nome define bem a energia que, em minha opinião, tem
sua fonte na Alma ou Inteligência do homem.
Quase
inteiramente de acôrdo com aquêles que adotam esta teoria da fôrça
psíquica, como sendo o agente pelo qual os fenômenos se produzem,
eu não pretendo afirmar que tal fôrça não possa ser
algumas vêzes captada e dirigida por alguma outra Inteligência que
não seja a da fôrça psíquica.
Os
mais fervorosos espiritualistas admitem em realidade a existência da fôrça
psíquica sob o nome de todo impróprio de magnetismo, com o qual
ela não tem a menor relação, pois êles afirmam que
os espíritos dos mortos não podem executar os atos que se lhes
atribui senão por meio da fôrça magnética do médium,
isto é, dessa fôrça psíquica.
A
diferença entre os partidários da fôrça psíquica
e os "do espiritualismo consiste nisso: - que sustentam aquêles não
se ter ainda provado senão de maneira insuficiente que existe um outro
agente de direção que não a inteligência do médium,
e que se trata dos espíritos dos mortos; ao passo que os espiritualistas
aceitam como artigo de fé, sem pedir mais provas, que são os espíritos
dos mortos os únicos agentes da produção de todos os fenômenos.
Assim,
a controvérsia se reduz a uma pura questão de fato, que não
se poderá resolver senão por laboriosa série de experiências
e pela reunião de grande número de fatos psicológicos:
será êsse o primeiro dever que terá a cumprir a Sociedade
de Psicologia atualmente em organização. (...)
William
Crookes
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