terça-feira, 28 de abril de 2015

Comandar sem desmandos?

Autoridade (Mandar ou Comanadar?)
O que é a autoridade? Existe diferença entre ela e o autoritarismo? Qual foi a lição de Jesus sobre o assunto? A autoridade verdadeiramente nos pertence? Será cobrado de nós, um dia, o uso que fazemos do nosso poder perante os demais?
  Uma das definições de autoridade é: “Direito ou poder de mandar”. [1]
 Todo agrupamento social – uma nação, cidade, empresa, um grupo familiar, a própria Casa Espírita... – necessita de um líder que exerça o poder com a finalidade de organizá-lo, dirigi-lo e mantê-lo.
 Porém, não é tão raro que o direito de mandar fascine aquele que o possui, distorcendo sua capacidade de pensar e agir, porque esse deslumbre faz com que o “poderoso”, intimamente, se coloque num pedestal e olhe, de cima para baixo, todos aqueles que dele dependem.
Analisando, historicamente, o uso da autoridade, por muito tempo prevaleceu na sociedade humana - salvo algumas exceções atuais - o exercício do poder contra a igualdade e a justiça, para a subordinação de indivíduos e povos. Ocorreram, então, os mais variados desmandos através da tirania e da opressão.  E isso porque as diretrizes sociais eram determinadas pelo indivíduo ou pelo povo mais forte, que estabelecia as regras em função dos próprios interesses. Aos menos fortes, não restava outra alternativa senão obedecer. O que vigorava, portanto, era a autoridade caracterizada pelo comando absoluto e a obediência irrestrita. Quem liderava não prestava contas senão aos seus superiores, se os tivesse, e sempre tinha a razão perante os seus inferiores. Era o autoritarismo, o despotismo ou o absolutismo.
O inconveniente, porém, é que, ainda hoje, prevalece esse tipo de comportamento em certas criaturas. Em seu desequilíbrio e “sede” de poder, impõem ordens e regras que, obedecidas passivamente, lhes trazem um enorme prazer e satisfação. Mas, em virtude do medo de perderem o respeito, acreditam que precisam ser temidas. E, para sustentarem o seu status de “poderosa”, costumam adotar uma postura fria, rígida, arrogante, altiva, ameaçadora, intransigente, intimidativa, enfim, de total desrespeito à pessoa do outro.
 Compreensível se torna, assim, a diferença entre a autoridade e o autoritarismo. A autoridade é a liderança necessária, na qual se exerce o poder com o objetivo de gerenciar – organizar, conduzir – o desenvolvimento e a harmonia do grupo. O autoritarismo se caracteriza pela tirania e opressão, em que se pratica o comando com fins egoísticos.
****
  Na questão 684 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Allan Kardec pergunta: “Que se deve pensar dos que abusam de sua autoridade, impondo a seus inferiores excessivo trabalho (afazeres, tarefas e exigências)?” 
 Resposta: “Isso é uma das piores ações. Todo aquele que tem o poder de mandar é responsável pelo excesso de trabalho que imponha a seus inferiores, porquanto, assim fazendo, transgride a lei de Deus.” [2]
 E essa subordinação da autoridade terrestre perante uma autoridade maior encontra-se enfaticamente ilustrada por uma passagem da vida do Cristo (Jo 19:10-11).
 Diante de seu julgamento, Pilatos diz a Jesus: "Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para crucificar?". E o Cristo lhe responde: "Nenhuma autoridade teríeis sobre mim, se de cima não te fosse dada.” [3]
 O próprio conceito de autoridade diverge nos dois casos. Para Pilatos e para o mundo, a autoridade é o Estado, o Chefe, o grupo que detém a força, faz as leis e impõe a ordem social. Mas, para Jesus, esta é uma autoridade secundária, porque a que comanda realmente é a autoridade da Lei de Deus, à qual todos estão igualmente sujeitos e que se serve da autoridade humana como um instrumento. Ou seja, a verdadeira autoridade não pertence aos indivíduos.
 Elucida o Espírito Emmanuel: “É justo, porém, salientar que a fortuna ou a autoridade são bens que detemos provisoriamente na marcha comum e que, nos fundamentos substanciais da vida, não nos pertencem.”  [4] 
 A autoridade de Pilatos realmente era grande. O destino dos homens, da região sob sua jurisdição, estava de fato em suas mãos. Ele tinha pleno poder não apenas para governar a Judéia, mas para atuar como um grande pretor, ou seja, um juiz que julgava os homens segundo o direito romano. Para pequenas causas, designava outros pretores, mas as grandes eram julgadas por ele mesmo. No caso em questão, esperava intimidar o condenado com sua autoridade. Porém, Jesus o chocou, afirmando que esta não vinha de Roma, mas do Alto. O Cristo até reconheceu a autoridade terrena de Pilatos, mas não deixou de ressaltar que existe um poder no universo do qual emanam todos os outros poderes.
Sendo assim, podemos afirmar que, através de Jesus, Deus estava ensinando aos homens que o poder mundano vale bem pouco diante de Suas determinações, e que o mais simples e humilde dos homens pode ser aquele de que Ele se utiliza como Seu mensageiro.
 Portanto, perante as leis de Deus, o poder terrestre, seja ele exercido na área que for, é temporariamente permitido. E o que é permitido, um dia, será cobrado. É este o ensinamento que nos traz o EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO:
A autoridade, da mesma forma que a fortuna, é uma delegação da qual serão pedidas contas àquele que dela se acha investido; não creiais que lhe ela lhe seja ela dada para lhe proporcionar o vão prazer de comandar; nem, assim como o creem falsamente a maioria dos poderosos da Terra, como um direito, uma propriedade. Deus, entretanto, lhes prova suficientemente que não é nem uma nem outra coisa, uma vez que lhas retira quando isso lhe apraz. Se fosse um privilégio ligado à sua pessoa, ela seria inalienável. Ninguém pode, pois, dizer que uma coisa lhe pertence, quando lhe pode ser tirada sem seu consentimento. Deus dá a autoridade a título de missão ou de prova quando isso lhe convém, e a retira da mesma forma.
 Todo aquele que é depositário da autoridade, de qualquer extensão que ela seja, desde o senhor sobre seu servo até o soberano sobre seu povo, não deve se dissimular que tem encargo de almas; ele responderá pela boa ou má direção que tiver dados aos seus subordinados, e as faltas que estes poderão cometer, os vícios a que serão arrastados, em consequência dessa direção ou de maus exemplos recairão sobre ele, enquanto que recolherá os frutos da sua solicitude para conduzi-los ao bem. .
(...) Ele (Deus) perguntará àquele que possui uma autoridade qualquer: Que uso fizeste dessa autoridade? Que mal detiveste? Que progresso fizeste? Se eu te dei subordinados não foi para fazer deles escravos da tua vontade, nem os instrumentos dóceis de teus caprichos e de tua cupidez; eu te fiz forte e confiei-te, e te confiei os fracos para os sustentar e os ajudar a subir até mim.
 O superior, que está compenetrado das palavras do Cristo, não despreza a nenhum daqueles que estão abaixo de si, porque sabe que as distinções sociais nada instituem diante de Deus.  [5]
****
 No entanto, existem muitos tipos de poder: o físico, o político, o financeiro, o intelectual, o pessoal, o espiritual, o moral...
Embora algumas pessoas o busquem em muitas de suas formas e expressões, Jesus só estava interessado naquele que não se impõe pelas circunstâncias ou à força, mas conquista-se. Esse é o verdadeiro poder, porque perdura.
 E o Cristo possuía um poder pessoal bastante intenso, porque influenciava as pessoas pela sua autoridade moral – porque fundamentada no exemplo – e pela sabedoria de que era portador. Detinha a capacidade única de transmitir confiança, sem ser confundido com um homem arrogante com necessidade de exercer controle sobre os demais.
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO nos traz mais essas considerações sobre aquele que usa de sua autoridade para contribuir com o desenvolvimento alheio:
 Se a ordem social colocou homens sob a sua dependência, ele os trata com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa de sua autoridade para erguer-lhes o moral e não para os esmagar com o seu orgulho; evita tudo o que poderia tornar a sua posição subalterna mais penosa. [6]
Esse é o uso da autoridade de forma produtiva, eficiente e respeitosa, porque firmeza, disciplina e ordem não são sinônimos de ditadura. A pessoa que comanda – ou manda –, necessita construir a sua autoridade e poder de forma a se tornar, pelo seu modo de ser e de agir, uma positiva referência aos demais. Ou, segundo as palavras do próprio O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO: “O homem não procura se elevar acima do homem, mas acima de si mesmo, aperfeiçoando-se.” [7]
É fácil de testar se estamos na presença de uma pessoa com verdadeiro poder pessoal. Diante dela não nos sentimos diminuídos ou intimidados, mas à vontade para nos mostrarmos quem realmente somos, no que acreditamos, que sentimentos alimentamos, na certeza de que não seremos criticados ou menosprezados em seu julgamento. Era isso o ocorria com Jesus! Ele não precisava que os outros se diminuíssem em sua presença; pelo contrário, eram as pessoas que se sentiam agraciadas e agradecidas em seu contato com ele.
 Com a Doutrina Espírita, podemos aprender que, perante a eternidade, a única força que tem real valor é a autoridade moral do Espírito, caracterizada pelo equilíbrio e elevação conscienciais.
Silvia Helena Visnadi Pessenda
sivipessenda@uol.com.br
REFERENCIAS:
[1] MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1998.
 [2] KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 100. ed. Araras, SP: IDE, 1996.
 [3] BÍBLIA. Português. Bíblia de estudo Almeida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
 [4] EMMANUEL (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Fonte viva. 12. ed.  Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. Cap. 60.
 [5] KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 195. ed. Araras, SP: IDE, 1996. Cap. XVII. Item 9.
 [6] Idem. Item 3.
 [7] Idem. Capítulo III. Item 10.
 NAZARETH, Joamar Zanolini. Um desafio chamado família. 1. ed. Araguari, MG: Minas Editora, 1999.

CURY, Augusto Jorge. O mestre da vida: análise da inteligência de Cristo. 30. ed. São Paulo: Academia de Inteligência, 2001.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Silência e serve

EM SILÊNCIO
“Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos do Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus.” – Paulo. (EFÉSIOS, 6:6.)
Se sabes, atende ao que ignora, sem ofuscá-lo com a tua luz.
Se tens, ajuda ao necessitado, sem molestá-lo com tua posse.
Se amas, não firas o objeto amado com exigências. 
Se pretendes curar, não humilhes o doente. 
Se queres melhorar os outros, não maldigues ninguém.
Se ensinas a caridade, não te trajes de espinhos, para que teu contacto não dilacere os que sofrem.
Tem cuidado na tarefa que o Senhor te confiou.
É muito fácil servir à vista. Todos querem fazê-lo, procurando o apreço dos homens.
Difícil, porém, é servir às ocultas, sem o ilusório manto da vaidade.
É por isto que, em todos os tempos, quase todo o trabalho das criaturas é dispersivo e enganoso. Em geral, cuida-se de obter a qualquer preço as gratificações e as honras humanas.
Tu, porém, meu amigo, aprende que o servidor sincero do Cristo fala pouco e constrói, cada vez mais, com o Senhor, no divino silêncio do espírito…
Vai e serve.
Não te deem cuidado as fantasias que confundem os olhos da carne e nem te consagres aos ruídos da boca. 
Faze o bem, em silêncio.
Foge às referências pessoais e aprendamos a cumprir, de coração, a vontade de Deus.

Espiritismo

 O dirigente espirita

 "O dirigente espírita nunca deve esquecer que se encontra revestido de um encargo que, embora nada seja entre os homens, é de grande importância perante Deus".
Esta afirmativa foi feita por Miguel Vives, um missionário que viveu em Barcelona no final do século passado, e que deixou preciosos ensinamentos de como se proceder em relação à direção do centro espírita.
  Dirigir uma casa espírita é tarefa das mais difíceis e requer de quem tem o encargo, além de um entendimento mais amplo das coisas, um profundo senso de responsabilidade.
Sabe-se que não é por acaso que algumas pessoas assumem esse posto. É corrente no meio espírita a idéia de que ninguém aceita essa tarefa de livre e espontânea vontade, mas levado pelas circunstâncias e por falta de trabalhadores que queiram "sacrificar-se". Por conta desse torto pensamento, em muitas situações o desempenho dessa missão se torna penoso e desgastante.
Muitos dirigentes chegam mesmo a declarar que estão no cargo apenas por falta de quem o substitua.
Parecem carregar pesado fardo, do qual querem se ver livres o mais rápido possível. Entendemos que os que assim procedem, infelizmente ainda não alcançaram a real compreensão sobre a missão de que estão imbuídos e tampouco a enorme oportunidade de crescimento que lhes foi dada pela Vida.
Nesse grave momento de descontrole por que passa a humanidade, o dirigente espírita deveria buscar compreender a importância do centro espírita. Se não tiver dentro de si os valores necessários para o cumprimento de sua tarefa, a casa sob sua responsabilidade poderá seguir por caminhos outros que não os dos núcleos onde se vivencia e ensina a mensagem cristã. Se os centros espíritas são a cátedra do Espírito de Verdade, muito mais razão terá quem o dirige de tentar chegar o mais perto possível desse entendimento, a fim de que possam os bons Espíritos efetivamente fazer uso dele, espargindo entre os homens a mensagem de esclarecimento e libertação.
 A função do dirigente espírita, portanto, é da mais alta gravidade diante de Deus.
Pois ele, mais que os outros trabalhadores espíritas, faz o papel do "sal que salga", conforme nos exorta Jesus, no seu inesquecível Sermão da Montanha. Entretanto, o sucesso de sua tarefa administrativa depende do seu preparo em muitos aspectos, primordialmente no campo do conhecimento doutrinário e de sua conduta moral. Ele deve ser antes de tudo o espelho, o exemplo que muitos tentarão seguir, a conduta que tantos procurarão imitar. Mas não somos santos, dirão os que vêem nisso um exagero. Decerto que não, mas essa mentalidade de pseudo-humildade é de suspeita modéstia. Esconde também um estado de acomodação bastante favorável para os que não querem esforçar-se em lutar por vencer suas más inclinações.
Dirigentes há, que exercem um papel para o qual não estão preparados e deixam crescer nos centros espíritas toda sorte de desvios, tanto doutrinários quanto morais, preparando inconscientemente um campo perfeito para a ação nefasta dos Espíritos atrasados.
Diremos mais: serão casas que acabam sendo dirigidas por essas entidades, que sob nomes pomposos se locupletam em mantê-las no atraso, envolvendo as pessoas que ali estão (trabalhadores e freqüentadores), em fantasias, ilusões e fascinações. Enganam-se os que pensam que tais desvios ocorrem somente em casas mais simples ou menores. Hoje, observam-se essas distorções disseminadas por todo o Movimento Espírita. Os jornais, os folhetos, os programas e eventos espíritas dão exemplo disso a todo instante. Quem tem olhos de ver, que veja.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Encontrando o caminho

No Rumo da Luz

"Progredir é condição normal dos seres espirituais e a perfeição relativa ao fim que lhes cumpre alcançar." A GÊNESE Capítulo 11º - Item 9.
Mágoa injustificada nubla a face da tua alegria. Agasalhando-a, concedes tempo precioso a argumentação íntima desnecessária que te gasta em combate inútil.
Reclamas, porque companheiros levianos usaram do teu nome, fazendo-te co-autor de infâmias ou porque, infelizes, se referem maldosamente às tuas expressões, envenenando teus melhores conceitos, culminando por coroarem de espinhos os teus mais alentados sonhos.
Sofres, porque desejas esclarecer, pretendendo silenciar a boca da calúnia com o esparadrapo da inocência.
Consideras que as informações depreciadoras te prejudicam o trabalho tanto quanto a difamação pode corporificar-se em "verdades aceitas".
O desânimo sulca a gleba onde aras, habilmente instilado pela tua invigilância.
Reserva-te, porém, cuidados especiais.
Acautela-te, não em relação ao que digam, ao que pensem, ao que creiam os que te cercam, mas, em referência a ti mesmo.
As agressões de fora não atingem realmente a quem busca a verdade e a ela se afervora, vivendo-a, quanto possível, nas províncias do mundo interior.
Não te justifiques nem procures esclarecer.
A verdade dispensa explicações. Simples, é persuasiva, cativando aqueles que a sintonizam.
Policia as palavras e confia na lição do tempo que fará se defrontem as informações e os fatos, ensejando panoramas legítimos.
Tem em mente que segues no rumo da luz, e que nada te poderá deter. Elegeste a vida verdadeira!
Uma grande mazela para o espírito é a impaciência.
O tempo, na Terra, é companheiro infatigável, do qual ninguém foge, nem se consegue furtar. Inexoravelmente ele gasta o granito, reverdesce o deserto e doa aridez ao solo fértil.
"O tempo é a sucessão das coisas" (*).
Tudo modifica sem pressa nem agitação.
Todas as pessoas que, por esta ou aquela razão se destacam neste ou naquele mister são rigorosamente fiscalizadas, tornando-se do domínio público.
Criam escola sem o desejarem; fazem-se modelo sem o pensarem; ficam atormentadas sem o perceberem.
Se realizam para um ideal superior não têm tempo para as questiúnculas, incidentes inevitáveis de fácil superação. - Seguem em frente, para além.
Se, todavia, laboram para si mesmas, empenhadas na divulgação do nome e da obra, perdem-se nas cercanias da estrada e desajustam-se, feridas por suscetibilidades e bagatelas ridículas.
Ninguém fica indene, quando trabalha, à maledicência e à astúcia dos ociosos.
Todos lhes sofrem a perseguição gratuita nascida nas fontes do despeito e da aflição invejosa que os macera.
Age, portanto, fervoroso e confiante.
Os que te amam compreenderão sempre os teus atos: não esperam de ti mais do que és, mais do que tens, mais do que podes dar. Choram com as tuas lágrimas, sorriem com as tuas alegrias, ajudam-te sempre na dificuldade ou no triunfo.
Os que te detestam fazem-se mais adversos quer os esclareças ou não.
Utilizando um argumento justo crerão que és vivaz; aplicando uma evasiva te chamarão hipócrita; sacrificado, dirão que te exibes nas roupas da falsa humildade; tranquilo, zombarão, nomeando-te como explorador irresponsável.
Intentar mudar a face das coisas a golpes de precipitação seria como pretender avançar no futuro, anulando a sabedoria que os minutos assinalam.
Produze preocupado com o objetivo de fazer o melhor ao teu alcance e, na certeza de que agradar a todos é positivamente ambição descabida, não pretendas realizá-la.
Retornando aos sítios queridos de Cafarnaum, depois de realizar os mais sublimes labores e sucessos junto aos corações humanos em desalinho, o Mestre foi inquirido ardilosamente por aqueles que desejavam "surpreendê-lo nalguma palavra", para terem meios de O aniquilar.
"É lícito pagar o tributo a César, ou não?"
"Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse:
Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo".
"E eles lhe apresentaram um dinheiro."
-"De quem é esta efígie e esta inscrição?"- Indagou o Senhor.
- "De César." - responderam.
- "Dai, pois, a César - retrucou o Rabi - o que é de César, e a Deus o que é de Deus". (1)
Sem retoque no ensino que há vinte séculos rutila como advertência insofismável, dá a tua quota de amor, abnegação e trabalho a Deus, na seara onde hoje serves sob os auspícios do Espiritismo e demora-te sereno, porquanto os aficionados de César terão sempre meios para te perturbarem, desejosos de dificultarem tuas aspirações superiores com o Pai.
(1) Mateus 22 - 17 a 21.
(*) A Gênese - Capítulo 6º - Item 2. - Notas da Autora espiritual.
FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito e Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 55.