sexta-feira, 25 de julho de 2014

Mensagem sobre Evangelização infantil

Mensagem de Meimei aos cem anos de Evangelização.
 Abençoados sejamos todos nós que aqui nos reunimos, sob o amparo de Deus, nosso Pai celestial, e de Jesus, nosso guia.
 Que a paz do Senhor nos acompanhe a existência, onde quer que estejamos!
 No momento em que a Casa de Ismael comemora o Centenário da Evangelização Espírita da Criança, fomos tocados por este gesto que nos reporta aos dedicados confrades de todas as épocas, envolvidos na nobre tarefa espírita de educar as novas gerações.
 Constatamos que o trabalho de evangelização, em qualquer faixa etária, é o amor em ação, mas que pode, muitas vezes, escapar ao entendimento dos que ainda se encontram distantes do verdadeiro sentido da arte de educar, mesmo sendo pessoas imbuídas de boa vontade ou portadoras de significativa aquisição intelectual.
 Educar é ver mais além, projetar-se no futuro. Educar extrapola a aplicação de técnicas e recursos didáticos que, a despeito de serem legítimos e úteis, estão atrelados, em geral, a metodologia que no mundo priorizam o período que vai do berço ao túmulo, desconsiderando a imortalidade do Espírito. Neste contexto, percebemos que os usuais processos e métodos educativos selecionados revelam-se simplificadores por desconhecerem, intencionalmente ou não, as experiências reencarnatórias pretéritas do ser reencarnado e seus estágios no plano espiritual.
 Reconhecemos que estudiosos e pesquisadores da educação são almas devotadas, merecedoras de consideração e respeito porque trazem ao mundo – ainda tão focado nas necessidades transitórias da matéria – um pouco de luz e de esclarecimento, contribuindo para que a Humanidade se organize em melhores condições de vida. Contudo, falta-lhes em sua generalidade o empenho de investir na edificação moral do indivíduo e das coletividades, sendo-lhes mais fácil manterem-se acomodados na periferia do conhecimento humano que destaca a valorização da inteligência e prioriza o imediatismo da vida.
 Enquanto o ser humano não aprender, efetivamente, conjugar o verbo amar e reconhecer-se como filho de Deus e irmãos uns dos outros, os seus propósitos existenciais estarão voltados para a expansão intelectual, em detrimento dos valores morais. Para que a Humanidade alcance melhor patamar evolutivo, a educação deve associar inteligência e moralidade. Moralidade que extrapola teologias, normas e dogmas religiosos, por se fundamentar em prática do bem, que analisa de forma reflexiva as consequências das próprias ações individuais e que adota, como regra universal de convivência, a milenar orientação recordada por Jesus: “Fazer ao outro o que gostaria que o outro nos fizesse.” (1)
 Unidos em torno do ideal do bom entendimento mútuo, o indivíduo educado, intelecto e moralmente, se transforma em servidor da Humanidade e nem instrumento de Deus, contribuindo para que a fraternidade se estabeleça definitivamente no Planeta. Isto só irá acontecer se a educação viabilizar a transformação íntima do Espírito.
 A educação será considerada bem entendida e bem vivenciada se for capaz de educar integralmente o ser humano. Para atingir tal expectativa é preciso compreender a essência deste ensinamento do Mestre Nazareno, que permanece atemporal: “Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais.” (2)
 Com esta exortação, Jesus reserva na Boa Nova mais uma lição inestimável, asseverando  que não devemos impor obstáculos entre ele e as criancinhas, sejam elas Espíritos que se encontram nos primeiros anos da nova reencarnação, sejam almas que ainda jornadeiam nos estágios primários da evolução. Cuidar da criança, segundo o entendimento evangélico, se faz com afeto, atenção, respeito e muito amor.
 Vemos então, neste mundo de Deus, que o “cuidar evangélico” não se limita, a rigor, à dependência de recursos materiais disponíveis ou às teorias acadêmicas. A disponibilidade de recursos pode, em certas circunstâncias, até desfavorecer a educação sempre que estiver atrelada ao espírito da competitividade, da vaidade ou do individualismo. São condições desfavoráveis que, se instaladas no seio de uma comunidade, produzem resultados incontroláveis, no tempo e no espaço, com graves prejuízos aos processos evolutivos dos educandos.
 Como mecanismo de reflexão e de autoavaliação, observamos que os nossos equívocos do passado retornam ao presente, clamando por quitação das dívidas contraídas perante as leis divinas. Não nos enganemos, quando a cobrança chega delineia-se o momento propício para reparar falhas, corrigir decisões, reajustar o caminho. Conscientes da manifestação da lei de causa e efeito, como espíritas já detemos a compreensão de que é preciso sair da superfície do querer apenas fazer algo de bom, mas mergulhar na firma decisão de vivenciar a mensagem do Evangelho, garantindo compromisso com o amor, o elemento que fornece equilíbrio espiritual, em qualquer situação.
 Neste propósito, recordemos esta outra advertência do Cristo: “onde está o teu tesouro também está o teu coração.” (3) É válido, portanto, indagar: “Que tesouro esperamos encontrar na vida?” A resposta à pergunta fornece pistas do que já conquistamos, em termos de aprendizado do Evangelho, e o que precisa ser incorporado ao nosso patrimônio espiritual.
 Esses e outros ensinamentos do Mestre Nazareno assomem ao nosso coração diante da homenagem de um século de evangelização espírita da criança o cenário da Federação Espírita Brasileira. Excetuando as decisões do Alto, que vela por todos nós, a nossa FEB marcou, há cem anos, o início da evangelização espírita da criança, fazendo chegar aos pequeninos o Evangelho de Jesus à luz da Doutrina Espírita. Neste momento tão especial, pedimos então permissão aos irmãos e irmãs que envergam a vestimenta física para lembrar-lhes que é preciso caminharmos juntos, mantendo os passos alinhados aos propósitos do Evangelho de Jesus, visto que já se opera nos horizontes espirituais do Planeta uma profunda e radical transformação.
 Um número crescente de Espíritos que sofrem irão bater-lhes às portas, convocando-os à responsabilidade de oferecer-lhes um mundo melhor, regenerado, no qual o Cristo permanece no leme.
 Movimentos renovadores e progressistas, sob o amparo do Cristo, surgirão aqui e ali, disseminados pela moradia terrestre, voltados para a transformação moral da criatura humana. Fazem um apelo aos corações generosos que se dediquem a amenizar a dor e as necessidades do próximo, amparando-o, segundo os ditames do Evangelho: “alimenta a quem tem fome, dessedenta o que tem sede e veste ao que se encontra desnudo, visita o que está doente ou preso...” (4)
 Milhares de Espíritos endividados retornam às lides da vida física, confiantes de que serão amparados pela bondade do coração humano. Surgirão na vida de cada um vestidos da roupagem de crianças que imploram para não sofrerem ou provocarem qualquer tipo de abuso e traumas, condições que lhes inviabilizam o planejamento reencarnatório.
 Faz-se necessário, todavia, agir com cautela. Considerar que estamos diante de uma mudança gradativa que apenas se iniciou, mas não ignorar que pululam no mundo Espíritos comprometidos com as sombras, e que assim, possivelmente, se manterão após o renascimento no corpo físico. São almas que não se acham, ainda, aliadas à causa do Cristo, mas aos próprios interesses: surgirão em massa compacta, portadores de desenvolvida inteligência aplicada em diferentes áreas do saber.
 É preciso, então, não se deixarem levar pelas aparências, encaminhando tais Espíritos à segura orientação moral do Evangelho desde a idade precoce, a fim de auxiliá-los na própria melhoria espiritual. São Espíritos que estão e estarão renascendo confiantes no propósito de serem reeducados, de serem conduzidos ao bem, apoiados na palavra dos seguidores do Mestre – o qual, para muitos, ainda está longe do entendimento – e no carinho e na dedicação dos evangelizadores.
 Ante tais desafios, é imperioso alimentar a fé no Amor Maior que tudo sabe e tudo vela. Não cabe, portanto, qualquer manifestação de temor diante das provocações e arrazoados dos adversários do bem ou das dificuldades que vêm pela frente.
 Não temam! Espíritos peregrinos encontram-se muito próximos a vocês, ombreando-se aos obreiros dedicados e fieis.
 O desafio é grande, mas mantemos a confiança no Pai, recordando a exortação do valoroso Paulo de Tarso: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (5)
 O importante é cuidarmos das nossas crianças! Orientá-las com segurança e amor.
 No momento que a Casa de Ismael comemora Cem Anos de Evangelização Espírita da Criança, indicamos como sugestão nos manter atentos e sensibilizados ao sofrimento do próximo, abraçando com sincero afeto os seres frágeis que se encontram na infância. Precisamos agora, mais do que nunca, de menos teoria e mais sentimento.
 Guardemos a devida compreensão de que é preciso perseverar no bem, pois a palavra de ordem continua sendo a mesma que ecoa há mais de dois mil anos: doa amor.
 O trabalhador da evangelização deve, pois, e sob quaisquer condições, refletir a mensagem do Senhor, anteriormente citada: “Deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o reino dos céus.”
 Este é o nosso papel no mundo: conduzir as crianças a Jesus, a despeito das nossas imperfeições e das lutas e embates da Humanidade, características do atraso moral que nos encontramos.
 Todos nós, espíritas-cristãos, fomos convocados a trabalhar como servidores da seara do Cristo, agindo com simplicidade e humanidade, fraternidade e solidariedade, conscientes de que o próprio Jesus, nosso maior protetor abaixo de Deus, se colocou como um simples servidor.
 Congratulamo-nos, pois, com os evangelizadores do passado e do presente pelo trabalho em prol da evangelização espírita da criança, transmitindo-lhes a nossa singela e humilde homenagem.
 Com o coração colocado em cada palavra, registramos também o apreço, a gratidão e as saudações dos amigos do lado de cá que os acompanham na nobre tarefa de encaminhar as criancinhas para Jesus.
 Um fraternal abraço e paz no coração.
 Meimei

 Mensagem psicofônica recebida por Marta Antunes Moura – FEB, Brasília, 29/05/2014.