Espiritismo, Doutrina espírita, Kardecismo[nota 1] ou Espiritismo kardecista[3][4][5][6][7][8] é uma doutrina religiosa e filosófica mediúnica ou moderno espiritualista. Foi criada (segundo seus adeptos, "codificada") pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, usando o pseudônimo Allan Kardec.[9][10][11][12][13][14] Depois de observar e analisar as mesas girantes, a incorporação e outros "fenômenos mediunicos", os quais ele afirmava serem causados por inteligências incorpóreas ou imateriais, os espíritos,[15] Kardec definiu o espiritismo como "a doutrina fundada sobre a existência, as manifestações e o ensino dos espíritos".[12] Segundo ele,[16][17] o espiritismo aliaria ciência, filosofia e religião,
buscando uma melhor compreensão não apenas do universo tangível
(científico), mas também do universo a esse transcendente (religião).[9][10][18][19][20] O termo Spiritisme foi criado por Kardec em 1857[4][21][22][23] para definir o corpo de ideias reunidas em seu "O Livro dos Espíritos"[24][25] e destacar as diferenças do espiritismo para o espiritualismo.[13]
A doutrina espírita é baseada em cinco "obras básicas", chamadas de Codificação Espírita, publicada por Kardec entre 1857 e 1868. A codificação é composta por O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.[26] Somam-se ainda as chamadas obras "complementares", como O Que é o Espiritismo?, Revista Espírita e Obras Póstumas.[27]
Mesmo não sendo reconhecido como ciência,[15] seus adeptos consideram-no uma doutrina de cunho científico-filosófico-religioso voltada para o aperfeiçoamento moral do homem e acreditam na possibilidade de comunicação com os espíritos através de médiuns.[28][29] O espiritismo também é conhecido por influenciar e promover um movimento social de instituições de caridade e saúde, que envolve milhões de pessoas em dezenas de países.[23][30][31]
Apesar de ser uma religião completa e autônoma apenas no Brasil,[13][31][32] o espiritismo tem se expandido e, segundo dados do ano 2005, conta com cerca de 15 milhões de adeptos espalhados entre diversos países,[33] como Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Bélgica[34] Estados Unidos, Japão, Alemanha, Argentina, Canadá,[35] e, principalmente, Cuba, Jamaica e Brasil, sendo que este último tem a maior quantidade de adeptos no mundo.[6][36] No entanto, vale frisar que é difícil estipular a quantidade existente de espíritas, pois as principais estipulações sobre isso são baseadas em censos demográficos em que se é perguntado qual a religião dos cidadãos, porém nem todos os espíritas interpretam o Espiritismo como religião.[37][38]
Contudo, a utilização do termo, cuja raiz é comum a diversas nações ocidentais de origem latina[41][42] ou anglo-saxônica,
fez com que ele fosse rapidamente incorporado ao uso cotidiano para
designar tudo o que dizia respeito à alegada comunicação com os
espíritos. Assim, por espiritismo, entendem-se hoje as várias
doutrinas religiosas e/ou filosóficas que crêem na sobrevivência dos
espíritos à morte dos corpos, e, principalmente, na possibilidade de se
comunicar com eles, casual ou deliberadamente, via evocações ou
espontaneamente[43]. Essa apropriação do termo cunhado por Kardec, por parte de adeptos de outras tradições espiritualistas, é criticada pelos seguidores contemporâneos do pedagogo francês, que o reivindicam para designar a sua doutrina específica[44][45].
O termo "kardecista" é repudiado por parte dos adeptos da doutrina que reservam a palavra "espiritismo" apenas para a doutrina tal qual codificada por Kardec, afirmando não haver diferentes vertentes dentro do espiritismo, e denominam correntes diversas de "espiritualistas"[46]. Estes adeptos entendem que o espiritismo, como corpo doutrinário, é um só, o que tornaria redundante o uso do termo "espiritismo kardecista". Assim, ao seguirem os ensinamentos codificados por Allan Kardec nas obras básicas (ainda que com uma tolerância maior ou menor a conceitos que não são estritamente doutrinários, como a apometria), denominam-se simplesmente "espíritas", sem o complemento "kardecista".[46] A própria obra desaprova o emprego de outras expressões como "kardecista", definindo que os ensinamentos codificados, em sua essência, não se ligam à figura única de um homem, como ocorre com o cristianismo ou o budismo, mas a uma coletividade de espíritos que eles acreditam que se manifestaram através de diversos médiuns naquele momento histórico, e que se esperava que continuassem a comunicar, fazendo com que aquele próprio corpo doutrinário se mantivesse em constante processo evolutivo. Outra parcela dos adeptos, no entanto, considera o uso do termo "kardecismo" apropriado.[47] O uso deste termo é corroborado por fontes lexicográficas como o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa[48], o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa[49], o Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa[50] e o Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa.[51]
As expressões nasceram da necessidade de alguns em distinguir o "espiritismo" (como originalmente definido por Kardec) dos cultos afro-brasileiros, como a Umbanda. Estes últimos, discriminados e perseguidos em vários momentos da história recente do Brasil, passaram a se autointitular espíritas (em determinado momento com o apoio da Federação Espírita Brasileira[52]), num anseio por legitimar e consolidar este movimento religioso, devido à proximidade existente entre certos conceitos e práticas destas doutrinas. Seguidores mais ortodoxos de Kardec, entretanto, não gostaram de ver a sua prática associada aos cultos afro-brasileiros, surgindo assim o termo "espírita kardecista" para distingui-los dos que passaram a ser denominados como "espíritas umbandistas".[carece de fontes]
Na filosofia antiga também há exemplos: nos Diálogos de Platão, este fala sobre o daimon ou gênio que acompanharia Sócrates[57][58].
Muitos espíritas adotam a data de 31 de março de 1848 (início dos acontecimentos mediúnicos na residência das Irmãs Fox em Hydesville, EUA) como o marco inicial das modernas manifestações mediúnicas, alegadamente mais ostensivas e frequentes do que jamais ocorrera, o que levou muitos pesquisadores a se debruçarem sobre tais fenômenos.[59] No entanto, para Sir Arthur Conan Doyle e vários outros espíritas, o marco inicial das modernas manifestações mediúnicas foi na verdade Emanuel Swedenborg, polímata sueco do século XVII. Segundo Conan Doyle, a espiritualidade de Swedenborg marcou o início da era em que fenômeno mediúnico deixou de ter caráter esporádico, para transformar-se numa espécie de "invasão espiritual organizada" na Terra.[60]
Em 1855, o professor Denizard Rivail, que depois adotou o pseudônimo de Allan Kardec, pretendia investigar o fenômeno que muitas pessoas afirmavam ter experimentado na época, das mesas girantes ou dança das mesas, em que mesas e objetos em geral pareciam animar-se com uma estranha vitalidade. Apesar de iniciais afirmações bastante duvidosas em relação ao fenômeno "Eu crerei quando vir e quando conseguirem provar-me que uma mesa dispõe de cérebro e nervos, e que pode se tornar sonâmbula; até que isso se dê, deem-me a permissão de não enxergar nisso mais que um conto para dormir em pé",[66] assegura-se que após dois anos de pesquisas, não tinha constatado um motivo para englobar todos os acontecimentos dessa ordem no âmbito das falácias e/ou charlatanices. Pessoalmente convencido não só da realidade do fenômeno, que considerou essencialmente real apesar das mistificações existentes, mas também acreditando que eles eram realmente causados por influência de espíritos, Rivail, passou a promover novos métodos de estudo para a identificação deste e outros fenômenos do tipo mas sagrou-se principalmente a divulgar suas concepções sobre consequências ético-morais a eles relacionadas[67].
Quanto à sua formação, foi discípulo de Pestalozzi (discípulo por sua vez de Rousseau) e membro de diversas sociedades acadêmicas.[23][66][69]
O seu principal intuito como espírita era dar algum suporte à
espiritualidade humana numa época em que a ciência avançava a passos
largos e as religiões perdiam cada vez mais adeptos. Kardec julgava ter
encontrado um novo modo de pensar o real, que uniria, de forma
ponderada, a ascendente ciência e a decadente religião. Analisou relatos
de inúmeras ocorrências mediúnicas espalhadas pela Europa e Estados
Unidos, unificando as informações que interpretou a fim de codificar
esse tipo de prática e os ensinamentos transmitidos.[64] Assim, Kardec defendia que fazia uso do empirismo científico para investigar os fenômenos, da racionalidade filosófica para dialogar com o que presumiu serem espíritos e analisar suas proposições, e buscou extrair desses diálogos consequências ético-morais
úteis para o ser humano. Surgia aí, mais precisamente em 18 de abril de
1857, a doutrina espírita, sistematizada na primeira edição de O Livro dos Espíritos[67].
Nos Estados Unidos, desde os primórdios de seu aparecimento, o Espiritismo tem sido mais comumente denominado "Moderno Espiritualismo", em face da introdução de um caráter científico-filosófico-religioso novo nas ideias já existentes do espiritualismo. Nos países de língua inglesa, assim como boa parte da Europa, o espiritismo ainda é considerado, primordialmente, uma ciência de observação dos fenômenos espiritualistas (uma espécie de "espiritualismo científico ou experimental") e, muito menos, como uma religião.[70] O Espiritualismo norte-americano e inglês evoluiu de forma bem diferente do que é conhecido como Espiritismo ou Doutrina Espírita, conforme codificado por Allan Kardec.[71]
Apesar da crença que supostos espíritos ou gênios movimentavam as mesas, experimentos científicos de Michael Faraday publicados em 1853 mostraram que os movimentos eram causados pelo efeito ideomotor e descartaram as explicações paranormais para o fenômeno das mesas girantes.[77] O efeito ideomotor também causa os movimentos observados no chamado tabuleiro ouija e na "brincadeira do copo",[78] nos quais os participantes movimentam marcadores involuntariamente sobre letras e números e também atribuem os movimentos a supostos espíritos ou gênios.[79]
Kardec, analisando esses fenômenos, concluiu que não havia nada de convincente neste método para os céticos, porque se podia acreditar num efeito da eletricidade, cujas propriedades eram pouco conhecidas pela ciência de então. Foram então utilizados métodos para se obter respostas mais desenvolvidas por meio das letras do alfabeto: a mesa batendo um número de vezes corresponderia ao número de ordem de cada letra, chegando, assim, a formular palavras e frases respondendo às perguntas propostas.[80] Kardec concluiu que a precisão das respostas e sua correlação com a pergunta não poderiam ser atribuídas ao acaso.[57] O ser misterioso que assim respondia, quando interrogado sobre sua natureza, declarou que era um espírito ou gênio, deu o seu nome e forneceu diversas informações a seu respeito.
Posteriormente o fenômeno diminuiu de popularidade e chegou a tornar-se anedótico.[81][82]
Por volta da mesma época Victor Hugo e Gerard de Nerval[83] tornam-se crentes nas mesas girantes. Victor Hugo, durante seu exílio na ilha de Jersey (1851-1855) participou de inúmeras sessões de mesas girantes com seu amigo Auguste Vacquerie e passou a acreditar que havia entrado em contato com espíritos de falecidos, inclusive sua filha Léopoldine (morta por afogamento) e grandes escritores como Shakespeare, Dante, Racine e Molière.[84][85][86][87] Diante de experiências com as mesas, Victor Hugo se converteu ao espiritismo e, em 1867, clamou que a ciência deveria dar atenção e seriedade para os fenômenos das mesas: "A mesa girante ou falante foi bastante ridicularizada. Falemos claro. Esta zombaria é injustificável. Substituir o exame pelo menosprezo é cômodo, mas pouco científico. Acreditamos que o dever elementar da Ciência é verificar todos os fenômenos, pois a Ciência, se os ignora, não tem o direito de rir deles. Um sábio que ri do possível está bem perto de ser um idiota. Sejamos reverentes diante do possível, cujo limite ninguém conhece, fiquemos atentos e sérios na presença do extra-humano, de onde viemos e para onde caminhamos".[87][88][89][90].[57][91][92][93][94]
Psiquiatra e parapsicólogo espírita[nota 3] brasileiro da Universidade Federal de Juiz de Fora, Alexander Moreira-Almeida faz ampla divulgação de suas pesquisas, com resultados que suportam dogmas da doutrina espírita como a mediunidade.[103][104][105][106][107] Ele analisou a veracidade de cartas psicografadas por Chico Xavier.[108][109][110][111]
A investigação científica dos fatos e causas dos pretensos fenômenos mediúnicos é objeto de intenso estudo, principalmente pela pseudociência[143] da parapsicologia.[144][145][146] Investigações científicas sobre mediunidade e outros "fenômenos espirituais" defendidos pelo Espiritismo ocorreram/ocorrem inclusive em âmbito universitário,[147][148][149] mas apesar de muitos cientistas, inclusive renomados,[60][150][151] já terem afirmado que evidenciaram a existência de fenômenos do tipo em suas pesquisas, através do método científico a existência de espíritos não encontra-se estabelecida, tampouco provada.[152][153]
Existe certamente uma diversidade de alegadas práticas que vêm suscitando curiosidade dos pesquisadores de "fenômenos espirituais" em geral - a exemplo a psicografia, desdobramento espiritual,[154] experiência de quase morte, Fenómeno da voz eletrónica, retrocognição, premonição, incorporação, psicofonia, psicometria[155], xenoglossia[156], obsessão espiritual, medicina espiritual, clarividência, clariaudiência, poltergeist, psicopictografia, fotografia espírita[157], filmagem espírita, ectoplasmia[158], telepatia, psicoquinesia, levitação, radiestesia, etc.[159][160]
Frente a essa diversidade de fenômenos é que Kardec, no preâmbulo de "O que é o Espiritismo", afirma que o espiritismo "é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal", e é dentro dessa perspectiva é que define-se o que naquele momento se chamou de "ciência espírita"[nota 4], tendo esta por objeto central de estudo o espírito e por metodologia um conjunto de princípios teórico-metodológicos próprios que, ao menos em definição, far-se-iam sempre compatíveis com o estabelecido pela ciência propriamente dita - via método científico[nota 5].
É fazendo-o sempre com base nos princípios metodológico-teóricos acima definidos, sempre esmerando-se em distinguir os acontecimentos que considerava legítimos daqueles verossímeis de charlatanismo e daqueles oriundos da simples imaginação superexcitada pela fé, que Kardec analisou, na "Revue Spirite" (Revista espírita) - dirigida por ele até sua morte - vários dos relatos de fenômenos aparentemente mediúnicos oriundos de diversas partes do mundo[114].
É diante do acima exposto que mostra-se importante frisar que o termo "ciência", quando associado ao espiritismo, transcende a "ciência" que se encontra atrelada a cadeiras como física, química, biologia ou qualquer das demais cadeiras que integram as ditas ciências naturais - ou mesmo as ciências sociais - áreas últimas também condizentes, ao menos em princípio, com a definição estrita de "ciência", onde um estudo científico - uma teoria científica - deve necessariamente obedecer a todas as delimitações e restrições definidas pelo método científico. Ressalta-se assim que os aludidos fatos defendidos pelos seguidores da doutrina como verídicos, embora tenha sobrevivido ao escrutínio de veracidade mediante testes definidos pela metodologia própria à doutrina, não sobrevivem os escrutínios condizentes apenas com o método científico, e nenhum deles implicou, até a presente data, fato científico propriamente dito. Mesmo esforçando-se para manter-se em consonância com essa, espiritismo não é, frente ao rigor da definição, ciência.[nota 6][nota 7][161][162]
Allan Kardec buscou certamente incorporar o método científico na metodologia inerente ao fundar o Espiritismo, contudo não restringiu os pilares da Doutrina à ciência, definindo-a também sobre pilares da religião e filosofia; e é por não tê-lo seguido de forma única que muitos céticos classificam o Espiritismo como uma pseudociência ou superstição[152][153]. Mesmo não considerados ciência em sentido estrito, justamente por serem sustentados também por pilares filosófico-religiosos, os fenômenos espíritas foram e ainda são, contudo, objetos de estudos para um número bem expressivo de pesquisadores (mais notoriamente médicos e parapsicólogos)[150][163][164][165][166] ao redor do mundo; e dentre estes, muitos alegaram/alegam inclusive dispor de fortes evidências para corroborar de forma bem próxima à científica estrita vários dos princípios espíritas.[150][151][167][168] Por exemplo, há uma pesquisa efetuada mundialmente pelo falecido professor de psiquiatria canadense da Universidade da Virgínia, Ian Stevenson, desde os anos 1960 até 2007, com mais de três mil estudos de casos, que segundo ele, fornecem evidências que sugerem não apenas a existência de espíritos como também a mediunidade, o desdobramento espiritual e a reencarnação, nomeadamente com a publicação de Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação (1966).[169][170][171][172] Os médicos psiquiatras Jim Tucker e Bruce Greyson continuam o trabalho de Stevenson relacionado a espiritualidade.[173]
O norte-americano Dr. Raymond Moody é outro cientista muito aclamado por seus estudos que defendem conceitos espíritas, ele é autor do best seller Vida Depois da Vida e é considerado o principal responsável pelo surgimento do interesse popular nas experiências de quase morte.[95][174][175]
Mesmo que estudados por várias personalidades de renome que acabaram por contribuir de outras formas, significativas ou não, à ciência em sua acepção moderna, as metodologias utilizadas pelas correntes espíritas são até hoje diferentes ou transcendem o método científico, e por tal o espiritismo permanece, hoje mais do que outrora, notoriamente muito mais atrelado às religiões do que às academias científicas propriamente ditas.[176]
Concluindo-se que o Espiritismo tenha importado, a fim de estruturar seu corpo de conhecimento, muito da metodologia científica, mostra-se importante ressaltar que ele desenvolve-se sobre princípios que transcendem os rigores dessa metodologia, de forma que vários dos resultados e fenômenos dentro do Espiritismo entendidos como válidos perante sua metodologia própria não se sustentam frente à metodologia científica - essa estabelecida com base e princípios certamente mais rigorosos e restritivos. Quando o termo ciência é usado com acepção estrita (acadêmica), tais extrapolações ao método científico, embora internamente úteis ao validarem vários preceitos da doutrina, impedem a classificação do Espiritismo como ciência; e essa doutrina não constitui cadeira científica, mesmo compartilhando com a ciência de outrora o estudo de vários fenômenos, e nela encontrando-se por vezes referências frequentes a vários cientistas de renome. O termo ciência a vigorar junto ao espiritismo caracteriza-se por acepção lata e não estrita na grande maioria dos casos, sobretudo na atualidade.[carece de fontes]
Muitos cientistas e intelectuais renomados empenharam-se em investigações sobre a mediunidade e suas implicações para as relações mente-cérebro, entre eles: Allan Kardec, Alfred Russel Wallace, Alexandre Aksakof, Cesare Lombroso, Camille Flammarion, Carl Jung, Cesare Lombroso, Charles Richet, Gabriel Delanne, Frederic Myers, Hans Eysenck, Henri Bergson, Ian Stevenson, J. J. Thomson, J. B. Rhine, James H. Hyslop, Johann K. F. Zöllner, Lord Rayleigh, Marie Curie, Oliver Lodge, Pierre Curie, Pierre Janet, Théodore Flournoy, William Crookes, William James e William McDougall.[177][178]
A Classificação internacional de doenças (CID) em sua décima atualização, a CID-10, prevê, em seu item F.44.3 os chamados "Estados de transe e de possessão", definidos como:
A expressão "possessão" figura no referido item da CID com acepção que remete aos estados de agitação demasiada, de agressividade ou mesmo de fúria; e mediante tal acepção a leitura do item associado em íntegra implica, nitidamente, o não reconhecimento da tal causa "espiritual" (vide alínea). Argumento em favor da asserção inicial deriva também do fato de que o reconhecimento de tal causa pela Organização Mundial de Saúde implicaria a inserção compulsória dessa na CID bem como a necessidade de tratamento ou acompanhamento específicos visto serem tais estados de "possessão" prontamente reconhecidos, antes de mais nada pelos próprios espiritualistas, como situações muitas vezes prejudiciais à saúde do "possuído" e que requerem por tal tratamento ou mesmo acompanhamento "espiritual" imediato, tratamentos esses certamente fornecidos - segundo suas crenças - pelos referidos grupos ou autoridades religiosas capacitadas junto aos seus templos ou ambientes de reuniões; contudo não definidos, estabelecidos, tampouco cogitados pela Organização Mundial de Saúde.[185][186][187]
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em sua quarta revisão (1994), incluiu advertência contra a interpretação equivocada de experiências espirituais ou religiosas como transtornos mentais e distinguiu dos transtornos mentais uma outra categoria de problemas classificados como “outras circunstâncias que podem ser foco de atenção clínica”, incluindo-se a isto uma subcategoria específica denominada “problemas espirituais ou religiosos”, para a orientação de profissionais da saúde no diagnóstico e tratamento de alguns possíveis problemas não-patológicos dos pacientes.[188]
Em resumo, embora evoluindo gradualmente e já reconhecendo a influência do estado de espírito na saúde e bem-estar,[189] verifica-se que, sendo uma cadeira científica, a medicina mantém-se alinhada com a metodologia científica, e a existência de espíritos ainda transcende também a medicina moderna.[152][153] Contudo, em virtude do crescente reconhecimento da importância do estado de espírito à saúde, notórias instituições científicas, como a The World Psychiatric Association, American Psychological Association, American Psychiatric Association e Royal College of Psychiatrists, possuem seções dedicadas à relação entre saúde e espiritualidade.[189] Segundo a American Medical Association, em 1992, 2% de todas as escolas médicas dos EUA ofereciam cursos relacionados à espiritualidade. Em 2004 esse número cresceu para 67%, o que significa que dos 150 cursos de medicina lá existentes, 100 deles incluíam no currículo algum conteúdo relacionado à espiritualidade e medicina.[190]
A relação do Espiritismo em si com a medicina é profunda, estando presente em muitos livros espíritas e havendo inclusive a Associação Médico-Espírita Internacional, que congrega associações médico-espírita de diversos países.[191] O Espiritismo constitui um amplo movimento internacional de instituições de caridade e saúde, como se constata principalmente através da existência de tais associações, inúmeros hospitais e centros espíritas e uma notória promoção da psiquiatria e da homeopatia.[23][192][193]
O médico e político Dr. Bezerra de Menezes, espírita, escreveu o clássico livro "A Loucura sob Novo Prisma", buscando principalmente relacionar a questão dos transtornos mentais com o Espiritismo e assim promover a aplicação de meios mais eficazes de tratamento no campo da saúde mental.[194]
Atualmente o psiquiatra e parapsicólogo Dr. Alexander Moreira-Almeida, coordenador da Seção de Espiritualidade, Religiosidade e Psiquiatria da World Psychiatric Association, é um dos principais nomes no estudo científico da relação entre saúde e experiências espirituais, principalmente a mediunidade.[178][195][196]
Para os espíritas que aceitam o binômio Kardec-Roustaing, Jesus teve um corpo "fluídico" no orbe terrestre devido a ser um espírito puro e, portanto, a gênese desse corpo fora por sua vontade psico-magnética, caracterizando-o como agênere[271]. Já os espíritas que não aceitam a obra Os Quatro Evangelhos, coordenada por Roustaing, acreditam que Jesus possuía um corpo material igual a de qualquer ser humano encarnado, tendo sua gênese, também, sido igual. Isto é, pela fusão de espermatozoide e óvulo.[272][273][274][275]
Além disso "Os Quatro Evangelhos", de Roustaing, explicam que os espíritos que faliram pelo ateísmo, pelo orgulho e pelo egoísmo encarnaram em mundos primitivos como criptógamos carnudos (animais), o que representa a doutrina da metempsicose, que não é aceita pelo Espiritismo, haja vista que a doutrina da reencarnação afirma que o Espírito somente reencarna no reino hominal (Humanidade), após sua evolução pelos reinos mineral, vegetal e animal, para os quais não retornará mais.[276]
A doutrina espírita é baseada em cinco "obras básicas", chamadas de Codificação Espírita, publicada por Kardec entre 1857 e 1868. A codificação é composta por O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.[26] Somam-se ainda as chamadas obras "complementares", como O Que é o Espiritismo?, Revista Espírita e Obras Póstumas.[27]
Mesmo não sendo reconhecido como ciência,[15] seus adeptos consideram-no uma doutrina de cunho científico-filosófico-religioso voltada para o aperfeiçoamento moral do homem e acreditam na possibilidade de comunicação com os espíritos através de médiuns.[28][29] O espiritismo também é conhecido por influenciar e promover um movimento social de instituições de caridade e saúde, que envolve milhões de pessoas em dezenas de países.[23][30][31]
Apesar de ser uma religião completa e autônoma apenas no Brasil,[13][31][32] o espiritismo tem se expandido e, segundo dados do ano 2005, conta com cerca de 15 milhões de adeptos espalhados entre diversos países,[33] como Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Bélgica[34] Estados Unidos, Japão, Alemanha, Argentina, Canadá,[35] e, principalmente, Cuba, Jamaica e Brasil, sendo que este último tem a maior quantidade de adeptos no mundo.[6][36] No entanto, vale frisar que é difícil estipular a quantidade existente de espíritas, pois as principais estipulações sobre isso são baseadas em censos demográficos em que se é perguntado qual a religião dos cidadãos, porém nem todos os espíritas interpretam o Espiritismo como religião.[37][38]
Índice
Etimologia e usoEditar
Ver artigo principal: Espiritismo (termo)
O termo espiritismo (do francês antigo "spiritisme", onde "spirit": espírito + "isme": doutrina) surgiu como um neologismo, mais precisamente uma palavra-valise, criada pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (conhecido por Allan Kardec) para nomear especificamente o corpo de ideias por ele sistematizadas em "O Livro dos Espíritos" (1857)[39].“ | Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocábulos; espiritual, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia.[...] Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria.[40] | ” |
O termo "kardecista" é repudiado por parte dos adeptos da doutrina que reservam a palavra "espiritismo" apenas para a doutrina tal qual codificada por Kardec, afirmando não haver diferentes vertentes dentro do espiritismo, e denominam correntes diversas de "espiritualistas"[46]. Estes adeptos entendem que o espiritismo, como corpo doutrinário, é um só, o que tornaria redundante o uso do termo "espiritismo kardecista". Assim, ao seguirem os ensinamentos codificados por Allan Kardec nas obras básicas (ainda que com uma tolerância maior ou menor a conceitos que não são estritamente doutrinários, como a apometria), denominam-se simplesmente "espíritas", sem o complemento "kardecista".[46] A própria obra desaprova o emprego de outras expressões como "kardecista", definindo que os ensinamentos codificados, em sua essência, não se ligam à figura única de um homem, como ocorre com o cristianismo ou o budismo, mas a uma coletividade de espíritos que eles acreditam que se manifestaram através de diversos médiuns naquele momento histórico, e que se esperava que continuassem a comunicar, fazendo com que aquele próprio corpo doutrinário se mantivesse em constante processo evolutivo. Outra parcela dos adeptos, no entanto, considera o uso do termo "kardecismo" apropriado.[47] O uso deste termo é corroborado por fontes lexicográficas como o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa[48], o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa[49], o Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa[50] e o Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa.[51]
As expressões nasceram da necessidade de alguns em distinguir o "espiritismo" (como originalmente definido por Kardec) dos cultos afro-brasileiros, como a Umbanda. Estes últimos, discriminados e perseguidos em vários momentos da história recente do Brasil, passaram a se autointitular espíritas (em determinado momento com o apoio da Federação Espírita Brasileira[52]), num anseio por legitimar e consolidar este movimento religioso, devido à proximidade existente entre certos conceitos e práticas destas doutrinas. Seguidores mais ortodoxos de Kardec, entretanto, não gostaram de ver a sua prática associada aos cultos afro-brasileiros, surgindo assim o termo "espírita kardecista" para distingui-los dos que passaram a ser denominados como "espíritas umbandistas".[carece de fontes]
HistóriaEditar
Ver também: Espiritualismo e Cronologia do espiritismo
Primeiras observaçõesEditar
Segundo seguidores e simpatizantes da Doutrina Espírita, os fenômenos mediúnicos seriam universais e teriam sempre existido, inclusive com fartos relatos na Bíblia[nota 2]. Entre outros, os espíritas citam como exemplos mediúnicos bíblicos a proibição de Moisés à prática da "consulta aos mortos", que seria uma evidência da crença judaica nessa possibilidade, já que não se interdita algo irrealizável[54]; a consulta de Saul, primeiro rei do antigo Reino de Israel, à Bruxa de Endor, em I Samuel 28:1-25, que vê e ouve o Espírito desencarnado de Samuel, o último dos juízes de Israel e o primeiro dos profetas registrados na história do seu povo; a comunicação de Jesus com Moisés e Elias no Monte Tabor na Transfiguração de Jesus (Mateus 17:1-9)[55][56].Na filosofia antiga também há exemplos: nos Diálogos de Platão, este fala sobre o daimon ou gênio que acompanharia Sócrates[57][58].
Muitos espíritas adotam a data de 31 de março de 1848 (início dos acontecimentos mediúnicos na residência das Irmãs Fox em Hydesville, EUA) como o marco inicial das modernas manifestações mediúnicas, alegadamente mais ostensivas e frequentes do que jamais ocorrera, o que levou muitos pesquisadores a se debruçarem sobre tais fenômenos.[59] No entanto, para Sir Arthur Conan Doyle e vários outros espíritas, o marco inicial das modernas manifestações mediúnicas foi na verdade Emanuel Swedenborg, polímata sueco do século XVII. Segundo Conan Doyle, a espiritualidade de Swedenborg marcou o início da era em que fenômeno mediúnico deixou de ter caráter esporádico, para transformar-se numa espécie de "invasão espiritual organizada" na Terra.[60]
Allan KardecEditar
Durante o século XIX houve uma grande onda de manifestações mediúnicas nos Estados Unidos[61][62] e na Europa[63]. Estas manifestações consistiam principalmente de ruídos estranhos, pancadas em móveis e objetos que se moviam ou flutuavam sem nenhuma causa aparente. No final dos anos 1840 destacou-se o suposto caso das Irmãs Fox, nos EUA[64][65].Em 1855, o professor Denizard Rivail, que depois adotou o pseudônimo de Allan Kardec, pretendia investigar o fenômeno que muitas pessoas afirmavam ter experimentado na época, das mesas girantes ou dança das mesas, em que mesas e objetos em geral pareciam animar-se com uma estranha vitalidade. Apesar de iniciais afirmações bastante duvidosas em relação ao fenômeno "Eu crerei quando vir e quando conseguirem provar-me que uma mesa dispõe de cérebro e nervos, e que pode se tornar sonâmbula; até que isso se dê, deem-me a permissão de não enxergar nisso mais que um conto para dormir em pé",[66] assegura-se que após dois anos de pesquisas, não tinha constatado um motivo para englobar todos os acontecimentos dessa ordem no âmbito das falácias e/ou charlatanices. Pessoalmente convencido não só da realidade do fenômeno, que considerou essencialmente real apesar das mistificações existentes, mas também acreditando que eles eram realmente causados por influência de espíritos, Rivail, passou a promover novos métodos de estudo para a identificação deste e outros fenômenos do tipo mas sagrou-se principalmente a divulgar suas concepções sobre consequências ético-morais a eles relacionadas[67].
“ | O verdadeiro Espírita não é aquele que crê nas manifestações, mas aquele que aproveita o ensinamento dado pelos Espíritos. De nada serve crer, se a crença não o faz dar um passo à frente no caminho do progresso, e não o torna melhor para o seu próximo | ” |
Nos Estados Unidos, desde os primórdios de seu aparecimento, o Espiritismo tem sido mais comumente denominado "Moderno Espiritualismo", em face da introdução de um caráter científico-filosófico-religioso novo nas ideias já existentes do espiritualismo. Nos países de língua inglesa, assim como boa parte da Europa, o espiritismo ainda é considerado, primordialmente, uma ciência de observação dos fenômenos espiritualistas (uma espécie de "espiritualismo científico ou experimental") e, muito menos, como uma religião.[70] O Espiritualismo norte-americano e inglês evoluiu de forma bem diferente do que é conhecido como Espiritismo ou Doutrina Espírita, conforme codificado por Allan Kardec.[71]
As mesas girantesEditar
Ver artigo principal: Mesas girantes
Ver também: Efeito ideomotor
Segundo seus biógrafos, Allan Kardec foi convidado por Fortier, um amigo estudioso das teorias de Franz Anton Mesmer, a verificar, observar e analisar o fenômeno chamado de mesas girantes, um tipo de sessão espírita popular no século XIX.[72][73][74]
As primeiras manifestações de mesas girantes observadas por ele
aconteceram por meio de mesas se levantando e batendo, com um dos pés,
um número determinado de pancadas e respondendo, desse modo, sim ou não, segundo fora convencionado, a uma questão proposta.[24][72][75][76]Apesar da crença que supostos espíritos ou gênios movimentavam as mesas, experimentos científicos de Michael Faraday publicados em 1853 mostraram que os movimentos eram causados pelo efeito ideomotor e descartaram as explicações paranormais para o fenômeno das mesas girantes.[77] O efeito ideomotor também causa os movimentos observados no chamado tabuleiro ouija e na "brincadeira do copo",[78] nos quais os participantes movimentam marcadores involuntariamente sobre letras e números e também atribuem os movimentos a supostos espíritos ou gênios.[79]
Kardec, analisando esses fenômenos, concluiu que não havia nada de convincente neste método para os céticos, porque se podia acreditar num efeito da eletricidade, cujas propriedades eram pouco conhecidas pela ciência de então. Foram então utilizados métodos para se obter respostas mais desenvolvidas por meio das letras do alfabeto: a mesa batendo um número de vezes corresponderia ao número de ordem de cada letra, chegando, assim, a formular palavras e frases respondendo às perguntas propostas.[80] Kardec concluiu que a precisão das respostas e sua correlação com a pergunta não poderiam ser atribuídas ao acaso.[57] O ser misterioso que assim respondia, quando interrogado sobre sua natureza, declarou que era um espírito ou gênio, deu o seu nome e forneceu diversas informações a seu respeito.
Posteriormente o fenômeno diminuiu de popularidade e chegou a tornar-se anedótico.[81][82]
Por volta da mesma época Victor Hugo e Gerard de Nerval[83] tornam-se crentes nas mesas girantes. Victor Hugo, durante seu exílio na ilha de Jersey (1851-1855) participou de inúmeras sessões de mesas girantes com seu amigo Auguste Vacquerie e passou a acreditar que havia entrado em contato com espíritos de falecidos, inclusive sua filha Léopoldine (morta por afogamento) e grandes escritores como Shakespeare, Dante, Racine e Molière.[84][85][86][87] Diante de experiências com as mesas, Victor Hugo se converteu ao espiritismo e, em 1867, clamou que a ciência deveria dar atenção e seriedade para os fenômenos das mesas: "A mesa girante ou falante foi bastante ridicularizada. Falemos claro. Esta zombaria é injustificável. Substituir o exame pelo menosprezo é cômodo, mas pouco científico. Acreditamos que o dever elementar da Ciência é verificar todos os fenômenos, pois a Ciência, se os ignora, não tem o direito de rir deles. Um sábio que ri do possível está bem perto de ser um idiota. Sejamos reverentes diante do possível, cujo limite ninguém conhece, fiquemos atentos e sérios na presença do extra-humano, de onde viemos e para onde caminhamos".[87][88][89][90].[57][91][92][93][94]
Continuadores da Doutrina EspíritaEditar
São continuadores da doutrina e de fundamental importância para sua expansão: Arthur Conan Doyle,[96] Albert de Rochas, Alexandre Aksakof, Amalia Domingo Soler, Bezerra de Menezes, Camille Flammarion, Cairbar Schutel, Cesare Lombroso, Chico Xavier, Deolindo Amorim, Divaldo Franco, Ernesto Bozzano, Eurípedes Barsanulfo, Gabriel Delanne, Gustave Geley, Herculano Pires, Hernani G. Andrade, Hermínio C. Miranda, Léon Denis, Oliver Lodge, Raul Teixeira, Paul Gibier, Vera Kryzhanovskaia, Waldo Vieira (até 1965),[97] William Crookes,[98][99][100][101] Yvonne Pereira, Zilda Gama, entre outros.[57][95]Psiquiatra e parapsicólogo espírita[nota 3] brasileiro da Universidade Federal de Juiz de Fora, Alexander Moreira-Almeida faz ampla divulgação de suas pesquisas, com resultados que suportam dogmas da doutrina espírita como a mediunidade.[103][104][105][106][107] Ele analisou a veracidade de cartas psicografadas por Chico Xavier.[108][109][110][111]
PrincípiosEditar
Nascido no século XIX, no dia 18 de Abril de 1857, com a publicação de O Livro dos Espíritos,
o Espiritismo se estruturou a partir de pretensos diálogos
estabelecidos com espíritos desencarnados que, se manifestando por meio
de médiuns, discorreram sobre temas científicos, religiosos e
filosóficos sob a ótica da moral cristã, ou seja, tendo por princípio o
amor ao próximo, trazendo à luz novas perspectivas sobre diversos temas
de grande relevância filosófica e teológica[24][72]. Desta forma foi estabelecido um dos preceitos básicos do espiritismo que é a importância da caridade, (Lema: Fora da caridade não há salvação)[112] entendida como sendo a benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros e perdão das ofensas[113].
O Espiritismo pretende chegar à compreensão da realidade mediante a integração entre as três formas clássicas de conhecimento[114][115], que seriam a ciência, a filosofia e a religião. A doutrina espírita se propõe, assim, a estabelecer um diálogo entre as três, visando à obtenção de uma forma original que, a um só tempo, fosse mais abrangente e mais profunda, para desta forma melhor compreender a realidade.[18][116] Kardec sintetiza o conceito com a célebre frase: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão em todas as épocas da humanidade”[117].
Segundo o filósofo espírita Herculano Pires, "Filosofia Espírita, como disse Kardec, pertence genericamente ao que costumamos chamar Filosofia Espiritualista, porque a sua visão do Universo não se prende à Matéria, mas vai até o Espírito, que considera como causa de tudo o que percebemos no plano material. Englobando na sua interpretação cosmológica a Ciência Espírita, e tendo como conseqüência a Religião Espírita, a Filosofia Espírita encerra em si mesma toda a doutrina."[68][116]
É importante ressaltar ainda que, quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que os elementos integrantes do universo natural - matéria e radiação - acreditando assim em quaisquer entidades transcendentes ao universo tangível é, por definição, espiritualista, independente de sua religião, sendo, portanto, o espiritualismo enquanto oposição ao materialismo, o pilar fundamental da maioria das doutrinas religiosas. No caso do espiritismo, a principal diferença entre esta doutrina e a maioria das demais religiões é sua crença na possibilidade de comunicação entre o mundo corporal e o mundo espiritual, contudo, a fé nesta possibilidade de comunicação gera grande confusão por parte dos leigos entre a doutrina espírita e as religiões afro-brasileiras, contudo, cada uma delas possui origens completamente distintas umas das outras[24].
Allan Kardec, em "Obras Póstumas", propõe que o espiritismo seja uma doutrina natural, passível de ser interpretada ou não como religião pelos homens, isto é, capaz de colocar o homem – ou o espírito – diretamente em relação com Deus[118]
O Espiritismo pretende chegar à compreensão da realidade mediante a integração entre as três formas clássicas de conhecimento[114][115], que seriam a ciência, a filosofia e a religião. A doutrina espírita se propõe, assim, a estabelecer um diálogo entre as três, visando à obtenção de uma forma original que, a um só tempo, fosse mais abrangente e mais profunda, para desta forma melhor compreender a realidade.[18][116] Kardec sintetiza o conceito com a célebre frase: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão em todas as épocas da humanidade”[117].
Segundo o filósofo espírita Herculano Pires, "Filosofia Espírita, como disse Kardec, pertence genericamente ao que costumamos chamar Filosofia Espiritualista, porque a sua visão do Universo não se prende à Matéria, mas vai até o Espírito, que considera como causa de tudo o que percebemos no plano material. Englobando na sua interpretação cosmológica a Ciência Espírita, e tendo como conseqüência a Religião Espírita, a Filosofia Espírita encerra em si mesma toda a doutrina."[68][116]
É importante ressaltar ainda que, quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que os elementos integrantes do universo natural - matéria e radiação - acreditando assim em quaisquer entidades transcendentes ao universo tangível é, por definição, espiritualista, independente de sua religião, sendo, portanto, o espiritualismo enquanto oposição ao materialismo, o pilar fundamental da maioria das doutrinas religiosas. No caso do espiritismo, a principal diferença entre esta doutrina e a maioria das demais religiões é sua crença na possibilidade de comunicação entre o mundo corporal e o mundo espiritual, contudo, a fé nesta possibilidade de comunicação gera grande confusão por parte dos leigos entre a doutrina espírita e as religiões afro-brasileiras, contudo, cada uma delas possui origens completamente distintas umas das outras[24].
Allan Kardec, em "Obras Póstumas", propõe que o espiritismo seja uma doutrina natural, passível de ser interpretada ou não como religião pelos homens, isto é, capaz de colocar o homem – ou o espírito – diretamente em relação com Deus[118]
Fundamentos principaisEditar
A doutrina espírita, de modo geral, fundamenta-se nos seguintes pontos (princípios):[24][119]- Existência e unicidade de Deus, rejeitando o dogma da Santíssima Trindade (Conforme está na primeira questão de "O Livro dos Espíritos" - "Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas". Também é algo e não alguém[120]);
- O universo é criação de Deus, incluindo todos os seres racionais (Jesus, por exemplo) e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais, que por sua vez, todos estão destinados a lei do progresso;
- Existência e imortalidade do espírito, compreendido como individualidade inteligente da Criação Divina que está ligado ao corpo físico através de um conectivo "semimaterial" denominado de perispírito;
- Volta do espírito à matéria (reencarnação), tantas vezes quanto necessário, como o mecanismo natural para se alcançar o aperfeiçoamento material e moral. No entanto, para a doutrina, a perfeição que a Humanidade é suscetível atingir é relativa pois apenas Deus possui a perfeição absoluta, infinita em todas as coisas. Os espíritas rejeitam a crença na metempsicose[121];
- Conceito de "criação igualitária" de todos os espíritos, "simples e ignorantes" em sua origem, e destinados invariavelmente à perfeição, com aptidões idênticas para o bem ou para o mal, dado o livre-arbítrio[122];
- Possibilidade de comunicação entre os espíritos encarnados ("vivos") e os espíritos desencarnados ("mortos"), por meio da mediunidade (também denominada comunicabilidade dos espíritos). Essa comunicação é realizada com o auxílio de pessoas com determinadas capacidades - os médiuns como, por exemplo, na chamada "escrita automática" (psicografia).[123];
- Lei de causa e efeito, compreendida como mecanismo de retribuição ética universal a todos os espíritos, segundo a qual nossa condição atual é resultado de nossos atos passados e nossos pensamentos, palavras e atos constroem diariamente nosso futuro (Quem semeia o bem, colhe o bem. Quem semeia o mal, colhe o mal)[124];
- Pluralidade dos mundos habitados materiais e espirituais: a Terra não é o único planeta com vida inteligente no universo, bem como os planetas possuem mundos espirituais habitados (por exemplo, Umbral, colônias espirituais[125] e os planos espirituais superiores);
- Jesus, criado por Deus, é o guia e modelo para toda a humanidade.[126] Segundo o espiritismo, a moral cristã contida nos evangelhos canônicos é o maior roteiro ético-moral de que o homem possui, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela humanidade.[113]
- Fora da caridade não há salvação. Para o espiritismo[24] a caridade consiste em benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros e perdão das ofensas[113].
- A noção de continuidade da responsabilidade individual por toda a existência do espírito;
- Progressividade do princípio espiritual dentro do processo evolutivo em todos os níveis da natureza;
- Ausência total de hierarquia sacerdotal;
- Abnegação na prática do bem, ou seja, não se deve cobrar pela prática da caridade, nem o fazer visando a segundas intenções. Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do evangelho: “Dai de graça o que de graça recebestes”;
- Uso de terminologia e conceitos próprios, como, por exemplo, perispírito, mediunidade, centro espírita[128];
- Total ausência de exorcismos, fórmulas, palavras sacramentais, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais, amuletos, talismãs, culto ou oferenda a imagens ou altares, danças, procissões ou atos semelhantes, paramentos, andores, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso e fumo, práticas exteriores ou quaisquer sinais materiais[129];
- Ausência de rituais institucionalizados, a exemplo de batismo[130], culto ou cerimônia para oficializar casamento[131];
- Incentivo ao respeito para com todas as religiões e opiniões[132].
- Ter uma fé raciocinada, rejeitando a fé cega que não utiliza o raciocínio lógico em suas crenças[133].
Obras básicas e complementaresEditar
Ver artigo principal: Obras básicas do espiritismo
A seguir são apresentadas algumas das principais obras publicadas por Allan Kardec:[134]Primeiramente as Obras básicas do espiritismo ou Codificação EspíritaEditar
-
- O Livro dos Espíritos
Ver artigo principal: O Livro dos Espíritos
O Livro dos Espíritos[135], publicado em 1857, nele estão contidos os princípios fundamentais da Doutrina Espírita-
- O Livro dos Médiuns
Ver artigo principal: O Livro dos Médiuns
O Livro dos Médiuns[136], ou "Guia dos Médiuns e dos Evocadores", foi publicado em 1861
e versa sobre o caráter experimental e investigativo do espiritismo,
visto como ferramenta teórico-metodológica para se compreender uma "nova
ordem de fenômenos", até então jamais considerada pelo conhecimento
científico: os fenômenos ditos espíritas ou mediúnicos, que teriam como
causa a intervenção de espíritos na realidade física.-
- O Evangelho Segundo o Espiritismo
Ver artigo principal: O Evangelho Segundo o Espiritismo
O livro O Evangelho Segundo o Espiritismo[137], publicado em 1864, avalia os evangelhos canônicos
sob a óptica da doutrina espírita, tratando com atenção especial a
aplicação dos princípios da moral cristã e de questões de ordem
religiosa como a prática da adoração, da prece e da caridade.-
- O Céu e o Inferno
Ver artigo principal: O Céu e o Inferno
O livro O Céu e o Inferno[138],
ou "A Justiça Divina segundo o Espiritismo", foi publicado em 1865 e
compõe-se de duas partes: na primeira, Kardec realiza um exame crítico
da doutrina católica sobre a transcendência, procurando apontar contradições filosóficas e incoerências com o conhecimento científico superáveis, segundo ele, mediante o paradigma
espírita da fé raciocinada. Na segunda, constam dezenas de diálogos que
teriam sido estabelecidos entre Kardec e diversos espíritos, nos quais
estes narram as impressões que trazem do além-túmulo.-
- A Gênese
Ver artigo principal: A Gênese
O livro A Gênese[139],
ou "Milagres e as Predições segundo o Espiritismo", foi publicado em
1868 e aborda diversas questões de ordem filosófica e científica, como a
criação do universo, a formação dos mundos, o surgimento do espírito e a
natureza dos ditos milagres, segundo o paradigma espírita de compreensão da realidade.Além destas obras, outras são adicionadas como complementaresEditar
-
- O Que é o Espiritismo?
Ver artigo principal: O Que é o Espiritismo?
O livro O Que é o Espiritismo?, publicado em 1859, é uma introdução didática sobre o espiritismo[140].-
- Revue Spirite
Ver artigo principal: Revue Spirite
O periódico Revue Spirite(em português Revista Espírita),
voltado exclusivamente a assuntos relacionados ao Espiritismo, foi
fundado por Kardec e dirigido por ele até a data de seu falecimento
(1869). Já teve a participação de várias personalidades expoentes da
doutrina e atualmente sua publicação é trimestral[141].-
- Obras Póstumas
Ver artigo principal: Obras Póstumas
O livro Obras Póstumas,
publicado postumamente em janeiro de 1890, pelos dirigentes da
Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, trata-se de uma compilação de
escritos inéditos do codificador da doutrina espírita, Allan Kardec,
com anotações sobre os bastidores da criação da doutrina e que auxiliam a
sua compreensão [142].Relação com a ciênciaEditar
Método Cientifico e "Ciência Espírita"Editar
Ver também: Espiritismo científico
A investigação científica dos fatos e causas dos pretensos fenômenos mediúnicos é objeto de intenso estudo, principalmente pela pseudociência[143] da parapsicologia.[144][145][146] Investigações científicas sobre mediunidade e outros "fenômenos espirituais" defendidos pelo Espiritismo ocorreram/ocorrem inclusive em âmbito universitário,[147][148][149] mas apesar de muitos cientistas, inclusive renomados,[60][150][151] já terem afirmado que evidenciaram a existência de fenômenos do tipo em suas pesquisas, através do método científico a existência de espíritos não encontra-se estabelecida, tampouco provada.[152][153]
Existe certamente uma diversidade de alegadas práticas que vêm suscitando curiosidade dos pesquisadores de "fenômenos espirituais" em geral - a exemplo a psicografia, desdobramento espiritual,[154] experiência de quase morte, Fenómeno da voz eletrónica, retrocognição, premonição, incorporação, psicofonia, psicometria[155], xenoglossia[156], obsessão espiritual, medicina espiritual, clarividência, clariaudiência, poltergeist, psicopictografia, fotografia espírita[157], filmagem espírita, ectoplasmia[158], telepatia, psicoquinesia, levitação, radiestesia, etc.[159][160]
Frente a essa diversidade de fenômenos é que Kardec, no preâmbulo de "O que é o Espiritismo", afirma que o espiritismo "é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal", e é dentro dessa perspectiva é que define-se o que naquele momento se chamou de "ciência espírita"[nota 4], tendo esta por objeto central de estudo o espírito e por metodologia um conjunto de princípios teórico-metodológicos próprios que, ao menos em definição, far-se-iam sempre compatíveis com o estabelecido pela ciência propriamente dita - via método científico[nota 5].
É fazendo-o sempre com base nos princípios metodológico-teóricos acima definidos, sempre esmerando-se em distinguir os acontecimentos que considerava legítimos daqueles verossímeis de charlatanismo e daqueles oriundos da simples imaginação superexcitada pela fé, que Kardec analisou, na "Revue Spirite" (Revista espírita) - dirigida por ele até sua morte - vários dos relatos de fenômenos aparentemente mediúnicos oriundos de diversas partes do mundo[114].
É diante do acima exposto que mostra-se importante frisar que o termo "ciência", quando associado ao espiritismo, transcende a "ciência" que se encontra atrelada a cadeiras como física, química, biologia ou qualquer das demais cadeiras que integram as ditas ciências naturais - ou mesmo as ciências sociais - áreas últimas também condizentes, ao menos em princípio, com a definição estrita de "ciência", onde um estudo científico - uma teoria científica - deve necessariamente obedecer a todas as delimitações e restrições definidas pelo método científico. Ressalta-se assim que os aludidos fatos defendidos pelos seguidores da doutrina como verídicos, embora tenha sobrevivido ao escrutínio de veracidade mediante testes definidos pela metodologia própria à doutrina, não sobrevivem os escrutínios condizentes apenas com o método científico, e nenhum deles implicou, até a presente data, fato científico propriamente dito. Mesmo esforçando-se para manter-se em consonância com essa, espiritismo não é, frente ao rigor da definição, ciência.[nota 6][nota 7][161][162]
Allan Kardec buscou certamente incorporar o método científico na metodologia inerente ao fundar o Espiritismo, contudo não restringiu os pilares da Doutrina à ciência, definindo-a também sobre pilares da religião e filosofia; e é por não tê-lo seguido de forma única que muitos céticos classificam o Espiritismo como uma pseudociência ou superstição[152][153]. Mesmo não considerados ciência em sentido estrito, justamente por serem sustentados também por pilares filosófico-religiosos, os fenômenos espíritas foram e ainda são, contudo, objetos de estudos para um número bem expressivo de pesquisadores (mais notoriamente médicos e parapsicólogos)[150][163][164][165][166] ao redor do mundo; e dentre estes, muitos alegaram/alegam inclusive dispor de fortes evidências para corroborar de forma bem próxima à científica estrita vários dos princípios espíritas.[150][151][167][168] Por exemplo, há uma pesquisa efetuada mundialmente pelo falecido professor de psiquiatria canadense da Universidade da Virgínia, Ian Stevenson, desde os anos 1960 até 2007, com mais de três mil estudos de casos, que segundo ele, fornecem evidências que sugerem não apenas a existência de espíritos como também a mediunidade, o desdobramento espiritual e a reencarnação, nomeadamente com a publicação de Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação (1966).[169][170][171][172] Os médicos psiquiatras Jim Tucker e Bruce Greyson continuam o trabalho de Stevenson relacionado a espiritualidade.[173]
O norte-americano Dr. Raymond Moody é outro cientista muito aclamado por seus estudos que defendem conceitos espíritas, ele é autor do best seller Vida Depois da Vida e é considerado o principal responsável pelo surgimento do interesse popular nas experiências de quase morte.[95][174][175]
Mesmo que estudados por várias personalidades de renome que acabaram por contribuir de outras formas, significativas ou não, à ciência em sua acepção moderna, as metodologias utilizadas pelas correntes espíritas são até hoje diferentes ou transcendem o método científico, e por tal o espiritismo permanece, hoje mais do que outrora, notoriamente muito mais atrelado às religiões do que às academias científicas propriamente ditas.[176]
Concluindo-se que o Espiritismo tenha importado, a fim de estruturar seu corpo de conhecimento, muito da metodologia científica, mostra-se importante ressaltar que ele desenvolve-se sobre princípios que transcendem os rigores dessa metodologia, de forma que vários dos resultados e fenômenos dentro do Espiritismo entendidos como válidos perante sua metodologia própria não se sustentam frente à metodologia científica - essa estabelecida com base e princípios certamente mais rigorosos e restritivos. Quando o termo ciência é usado com acepção estrita (acadêmica), tais extrapolações ao método científico, embora internamente úteis ao validarem vários preceitos da doutrina, impedem a classificação do Espiritismo como ciência; e essa doutrina não constitui cadeira científica, mesmo compartilhando com a ciência de outrora o estudo de vários fenômenos, e nela encontrando-se por vezes referências frequentes a vários cientistas de renome. O termo ciência a vigorar junto ao espiritismo caracteriza-se por acepção lata e não estrita na grande maioria dos casos, sobretudo na atualidade.[carece de fontes]
Muitos cientistas e intelectuais renomados empenharam-se em investigações sobre a mediunidade e suas implicações para as relações mente-cérebro, entre eles: Allan Kardec, Alfred Russel Wallace, Alexandre Aksakof, Cesare Lombroso, Camille Flammarion, Carl Jung, Cesare Lombroso, Charles Richet, Gabriel Delanne, Frederic Myers, Hans Eysenck, Henri Bergson, Ian Stevenson, J. J. Thomson, J. B. Rhine, James H. Hyslop, Johann K. F. Zöllner, Lord Rayleigh, Marie Curie, Oliver Lodge, Pierre Curie, Pierre Janet, Théodore Flournoy, William Crookes, William James e William McDougall.[177][178]
MedicinaEditar
Ver também: Tratamento espiritual e Terapia de vidas passadas
Em termos de Medicina, indivíduos com sintomas como audição ou visão de espíritos já foram apontados como sendo portadores de transtornos mentais mas há muito, com as atualizações da Classificação internacional de doenças, a Medicina reconhece que esses sintomas não possuem necessariamente causas patológicas.[179] É importante também lembrar que a Organização Mundial de Saúde
define "saúde" como o "estado de completo bem-estar físico, mental e
social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade",[180] definição que não sofreu emendas desde a fundação da Organização, em 1948[181].A Classificação internacional de doenças (CID) em sua décima atualização, a CID-10, prevê, em seu item F.44.3 os chamados "Estados de transe e de possessão", definidos como:
- "Transtornos caracterizados por uma perda transitória da consciência de sua própria identidade, associada a uma conservação perfeita da consciência do meio ambiente."
- "Devem aqui ser incluídos somente os estados de transe involuntários e não desejados, excluídos aqueles de situações admitidas no contexto cultural ou religioso do sujeito.[182]
A expressão "possessão" figura no referido item da CID com acepção que remete aos estados de agitação demasiada, de agressividade ou mesmo de fúria; e mediante tal acepção a leitura do item associado em íntegra implica, nitidamente, o não reconhecimento da tal causa "espiritual" (vide alínea). Argumento em favor da asserção inicial deriva também do fato de que o reconhecimento de tal causa pela Organização Mundial de Saúde implicaria a inserção compulsória dessa na CID bem como a necessidade de tratamento ou acompanhamento específicos visto serem tais estados de "possessão" prontamente reconhecidos, antes de mais nada pelos próprios espiritualistas, como situações muitas vezes prejudiciais à saúde do "possuído" e que requerem por tal tratamento ou mesmo acompanhamento "espiritual" imediato, tratamentos esses certamente fornecidos - segundo suas crenças - pelos referidos grupos ou autoridades religiosas capacitadas junto aos seus templos ou ambientes de reuniões; contudo não definidos, estabelecidos, tampouco cogitados pela Organização Mundial de Saúde.[185][186][187]
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em sua quarta revisão (1994), incluiu advertência contra a interpretação equivocada de experiências espirituais ou religiosas como transtornos mentais e distinguiu dos transtornos mentais uma outra categoria de problemas classificados como “outras circunstâncias que podem ser foco de atenção clínica”, incluindo-se a isto uma subcategoria específica denominada “problemas espirituais ou religiosos”, para a orientação de profissionais da saúde no diagnóstico e tratamento de alguns possíveis problemas não-patológicos dos pacientes.[188]
Em resumo, embora evoluindo gradualmente e já reconhecendo a influência do estado de espírito na saúde e bem-estar,[189] verifica-se que, sendo uma cadeira científica, a medicina mantém-se alinhada com a metodologia científica, e a existência de espíritos ainda transcende também a medicina moderna.[152][153] Contudo, em virtude do crescente reconhecimento da importância do estado de espírito à saúde, notórias instituições científicas, como a The World Psychiatric Association, American Psychological Association, American Psychiatric Association e Royal College of Psychiatrists, possuem seções dedicadas à relação entre saúde e espiritualidade.[189] Segundo a American Medical Association, em 1992, 2% de todas as escolas médicas dos EUA ofereciam cursos relacionados à espiritualidade. Em 2004 esse número cresceu para 67%, o que significa que dos 150 cursos de medicina lá existentes, 100 deles incluíam no currículo algum conteúdo relacionado à espiritualidade e medicina.[190]
A relação do Espiritismo em si com a medicina é profunda, estando presente em muitos livros espíritas e havendo inclusive a Associação Médico-Espírita Internacional, que congrega associações médico-espírita de diversos países.[191] O Espiritismo constitui um amplo movimento internacional de instituições de caridade e saúde, como se constata principalmente através da existência de tais associações, inúmeros hospitais e centros espíritas e uma notória promoção da psiquiatria e da homeopatia.[23][192][193]
O médico e político Dr. Bezerra de Menezes, espírita, escreveu o clássico livro "A Loucura sob Novo Prisma", buscando principalmente relacionar a questão dos transtornos mentais com o Espiritismo e assim promover a aplicação de meios mais eficazes de tratamento no campo da saúde mental.[194]
Atualmente o psiquiatra e parapsicólogo Dr. Alexander Moreira-Almeida, coordenador da Seção de Espiritualidade, Religiosidade e Psiquiatria da World Psychiatric Association, é um dos principais nomes no estudo científico da relação entre saúde e experiências espirituais, principalmente a mediunidade.[178][195][196]
Relação com outras religiõesEditar
Não há consenso entre os espíritas sobre o Espiritismo ser ou não uma religião,[37][38]
apesar da doutrina constar como religião em pesquisas demográficas. A
causa disto é o tríplice aspecto do Espiritismo que permite
classificá-lo como uma doutrina que faz um alinhamento
"ciência-filosofia-religião",[9][10][18][19][20] desta forma um conhecimento triplo que permite a união dessas três formas de pensamento. O médium e filantropo espírita Chico Xavier define e completa a ideia da seguinte forma — De
maneira que se tirarmos a religião do Espiritismo fica um corpo sem
coração, se tirarmos a ciência fica um corpo sem cabeça e se tirarmos a
filosofia fica um corpo sem membros.'[38][197] No preâmbulo do livro "O Que É o Espiritismo?", Allan Kardec afirma que o
Espiritismo é, ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina
filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se
estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas
as consequências morais que emanam essas mesmas relações. Há ainda
quem conteste o aspecto religioso do Espiritismo, contudo no livro
publicado pelo codificador, intitulado "O Espiritismo na sua mais
simples expressão",[17][198] claramente ele assegura: Do
ponto de vista religioso o Espiritismo tem por base as verdades
fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma, a imortalidade, as
penas e as recompensas futuras, sendo, porém, independente de qualquer
culto em particular. Seu objetivo é provar àqueles que negam, ou que
duvidam, que a alma existe, que ela sobrevive ao corpo e que sofre, após
a morte, as consequências do bem e do mal que praticar durante a vida
corpórea: o objetivo de todas as religiões.[68].
Kardec ainda esclarece que Espiritismo é religião no Discurso de
Abertura da Sessão Anual Comemorativa do dia dos Mortos (Sociedade de
Paris, 1º de novembro de 1868), em que diz: Se é assim, perguntarão,
então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No
sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos
por isto, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e
da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre
bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza.[199]
No Congresso Espírita Internacional realizado em Paris em 1925 foi proposto a retirada do aspecto religioso do Espiritismo, mas o importante filósofo espírita francês Léon Denis se opôs a isso com tenacidade, mesmo com sua já fraca condição física de saúde.[57] Para Denis o Espiritismo não era a "religião do futuro", mas sim o "futuro da religiões".[200]
A posição oficial da Igreja Católica proíbe terminantemente aos seus fiéis assistir a sessões mediúnicas realizadas ou não com auxílio de médiuns espíritas - mesmo que estes pareçam ser honestos ou piedosos - quer interrogando os espíritos e ouvindo suas respostas, quer assistindo por mera curiosidade. Posições similares têm as religiões protestantes.[carece de fontes]
A Doutrina Espírita, por sua vez, afirma respeitar todas as religiões e doutrinas, e valorizar todos os esforços para a prática do bem e diz trabalhar pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens,[201] embora rejeite firmemente, reitere-se, dogmas fundamentais das outras religiões monoteístas; no caso particular do cristianismo, destacam-se o da divindade de Cristo, o da Santíssima Trindade, o da salvação/justificação pela graça (mais que pelas obras/esforços individuais), e o da existência e importância da Igreja como entidade espiritual, não apenas humana[202],
Os espiritistas (tradução muito usada durante as primeiras décadas do século XX para o neologismo francês spirite) ou espíritas, afirmam-se cristãos e atribuem à doutrina espírita o caráter de uma doutrina cristã, já que consideram seguir os ensinamentos morais de Jesus. Entretanto, essa associação entre o espiritismo e o cristianismo é contestada pelas religiões de tradição judaico-cristã, sob a alegação de que, embora partilhem de valores morais semelhantes, a rejeição espírita a diversos dogmas bíblicos e teológicos preconizados por elas inviabilizaria a conceituação do espiritismo como cristão.[carece de fontes]
Os espíritas fundamentam sua defesa do caráter cristão da doutrina espírita no fato de Allan Kardec defender que a moral cristã, isenta dos dogmas de fé a ela associados, seria o que de mais próximo a um código de ética divino e racional o homem possui. Os espíritas argumentam que os dogmas foram elaborados ao longo dos séculos pela Igreja Católica, não sendo, por isso, necessário segui-los para ser cristão. Além disso, o item 625 d'O Livro dos Espíritos afirma ser Jesus o maior exemplo moral de que dispõe a humanidade, apesar de o espiritismo negar a ele qualquer carácter efetivamente divino.[203]
A professora Dora Incontri, pós-doutorada pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, também defende o caráter cristão da doutrina espírita, apontando, na proposta estruturada por Allan Kardec, um novo modelo de religião, alheio a dogmas, fórmulas, hierarquias sacerdotais e baseado eminentemente no aspecto ético-moral do indivíduo. Considera ainda Jean-Jacques Rousseau e Johann Heinrich Pestalozzi como os dois grandes precursores da ideia de uma "religiosidade natural", predominantemente moral, e defende que "evidenciou-se com a publicação de "O Evangelho segundo o Espiritismo" e de "O Céu e o Inferno" que, embora não o confessasse, ele [Kardec] estava fazendo uma nova leitura do Cristianismo".[204]
«"Bem aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus"» (Mateus 5:3). No entender da doutrina espírita, Jesus promete o reino dos céus aos simples e humildes em referência as qualidades morais do indivíduo.[205]
«"Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados." "Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados." "Bem aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que é deles o reino dos céus"» (Mateus 5:4-10). Segundo o espiritismo, somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. A fé no porvir pode consolar e infundir paciência no espírito que suporta as diversas anomalias terrestres com calma e resignação. Todavia não justifica as causas da diversidade dos males, das desigualdades entre o vício e a virtude, das deformidades e dos flagelos naturais. As vicissitudes da vida podem dividir-se em duas partes de acordo com a ótica espírita: umas tem suas explicações na vida presente, enquanto outras se encontram fora desta vida. Esta ultima causa na visão espírita é explicada pela pluralidade das existências em que o espírito encarnado paga os males que cometeu em vidas anteriores.[206]
«"Bem aventurados os que têm puro o coração, porquanto verão a Deus"» (Mateus 5:8). A pureza do coração assemelha-se ao princípio da simplicidade e humildade, que exclui toda ideia de orgulho e de egoísmo. Segundo o espiritismo, o emblema de pureza que Jesus toma pela infância não deve ser tomado ao pé da letra, "Então lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai que venham a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele", Marcos 10:13-15. O espírito da criança não podendo ainda manifestar suas tendências para o mal, representa, momentaneamente, a imagem da inocência e da candura assemelhando-se aos espíritos puros. Contudo, as ações [boas ou más] tomadas pelo espírito antes de encarnar irão refletir, pouco a pouco, no seu comportamento como espírito encarnado. Portanto, na medida em que o espírito encarnado vai desenvolvendo sua estrutura física, desenvolve também sua estrutura psíquica que encontra as características comportamentais correspondentes a conduta real do próprio espírito.[207]
«"Bem aventurados os brandos, por que possuirão a Terra"» (Mateus 5:5). «"Bem-aventurados os pacíficos, por que serão chamados filhos de Deus"» (Mateus 5:9). Segundo o espiritismo, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei.[208]
«"Bem aventurados os que são misericordiosos, por que obterão misericórdia"» (Mateus 5:7). A misericórdia consiste no perdão das ofensas, para a doutrina espírita o sacrifício que mais apraz a Deus é a reconciliação com os adversários, conforme está em Mateus 5:23-24.[209]
Segundo o espiritismo, toda a moral cristã se resume neste axioma:
Para a doutrina espírita, entretanto, a reencarnação foi confundida pelo nome de ressurreição, que significa literalmente "voltar à vida", resultando as diversas causas de anfibologia. A crença de que o homem poderia reviver é antiga e fazia parte dos dogmas judeus, porém não era determinado de que maneira o fato iria ocorrer, pois apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e de sua ligação com o corpo.[212] Segundo alguns adeptos do espiritismo, o apostolo Paulo na citação anterior, desvenda a duvida referente à ressurreição e desfaz a crença da volta do espírito no corpo que já está morto para morrer segunda vez no mesmo, sobretudo quando os elementos da matéria orgânica já se acham dispersos e absorvidos pelo tempo, pois todos os homens morrem apenas uma vez a cada existência corpórea.[213][214] Afirmam ainda que o "juízo" refere-se ao estado individual (não coletivo) que sucede a morte do corpo (erraticidade).[215] Embora não resolva profundamente o problema da ambiguidade diversas passagens bíblicas enfatizam a reencarnação, segundo o espiritismo, em Jó 14:10-14[nota 11], Marcos 6:14-16, Marcos 9:11-13 e João 3:1-12.
A lei do progresso está intimamente ligada à reencarnação e a lei de causa e efeito. A doutrina espírita explica que, sendo o espírito dotado de livre-arbítrio, este responderá pelo bem ou mal que proporcionar a si mesmo e aos outros. A lei de causa e efeito procura explicar os acontecimentos da vida atribuindo um motivo justo que gera uma consequência proveitosa para o espírito. Através da reencarnação o espírito pode provar as experiências adquiridas na pratica do bem ou reparar o mal que praticou em anteriores encarnações.[carece de fontes]
Já para a doutrina espírita, a Bíblia não condena a prática mediúnica em si, pois esta seria fundamentada em um fenômeno natural. A condenação bíblica seria, na verdade, a mesma do movimento espírita: condena-se o uso dos recursos mediúnicos para finalidades frívolas, fraudulentas ou com objetivos de ganhos materiais ou econômicos do médium, já que a mediunidade deve ser gratuita, com o único objetivo de exercer a caridade (vide #Primeiras observações)[222].
Ao mesmo tempo, a postura da Doutrina Espírita propõe que se avaliem os textos bíblicos, quando verdadeiramente originais, de forma crítica, levando em conta o seu patamar simbólico, em função dos recursos vocabulares e figuras de linguagem disponíveis à época, em ensinamentos dirigidos a um povo simples e sem repertório, e, consequentemente, desprovido das complexidades e riquezas linguística, cultural e material necessárias para a compreensão de conceitos que nem mesmo o homem atual, como todas as suas aquisições intelectuais, é capaz de compreender em toda a sua profundidade.[56].
No Congresso Espírita Internacional realizado em Paris em 1925 foi proposto a retirada do aspecto religioso do Espiritismo, mas o importante filósofo espírita francês Léon Denis se opôs a isso com tenacidade, mesmo com sua já fraca condição física de saúde.[57] Para Denis o Espiritismo não era a "religião do futuro", mas sim o "futuro da religiões".[200]
A posição oficial da Igreja Católica proíbe terminantemente aos seus fiéis assistir a sessões mediúnicas realizadas ou não com auxílio de médiuns espíritas - mesmo que estes pareçam ser honestos ou piedosos - quer interrogando os espíritos e ouvindo suas respostas, quer assistindo por mera curiosidade. Posições similares têm as religiões protestantes.[carece de fontes]
A Doutrina Espírita, por sua vez, afirma respeitar todas as religiões e doutrinas, e valorizar todos os esforços para a prática do bem e diz trabalhar pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens,[201] embora rejeite firmemente, reitere-se, dogmas fundamentais das outras religiões monoteístas; no caso particular do cristianismo, destacam-se o da divindade de Cristo, o da Santíssima Trindade, o da salvação/justificação pela graça (mais que pelas obras/esforços individuais), e o da existência e importância da Igreja como entidade espiritual, não apenas humana[202],
CristianismoEditar
Ver também: Perspectiva espírita sobre Jesus
A doutrina espírita adota a moral cristã[nota 8], apesar de suas concepções teológicas diferenciadas. Para os espíritas, nome dado aos seguidores do Espiritismo, Jesus Cristo se trata do espírito mais elevado a já ter encarnado na Terra[126],
bem como o modelo de conduta para o auto-aperfeiçoamento humano, tendo
provado, pela prática da caridade absoluta e pela sua própria encarnação, que o homem pode suportar as provas necessárias para a sua elevação espiritual.[carece de fontes]Os espiritistas (tradução muito usada durante as primeiras décadas do século XX para o neologismo francês spirite) ou espíritas, afirmam-se cristãos e atribuem à doutrina espírita o caráter de uma doutrina cristã, já que consideram seguir os ensinamentos morais de Jesus. Entretanto, essa associação entre o espiritismo e o cristianismo é contestada pelas religiões de tradição judaico-cristã, sob a alegação de que, embora partilhem de valores morais semelhantes, a rejeição espírita a diversos dogmas bíblicos e teológicos preconizados por elas inviabilizaria a conceituação do espiritismo como cristão.[carece de fontes]
Os espíritas fundamentam sua defesa do caráter cristão da doutrina espírita no fato de Allan Kardec defender que a moral cristã, isenta dos dogmas de fé a ela associados, seria o que de mais próximo a um código de ética divino e racional o homem possui. Os espíritas argumentam que os dogmas foram elaborados ao longo dos séculos pela Igreja Católica, não sendo, por isso, necessário segui-los para ser cristão. Além disso, o item 625 d'O Livro dos Espíritos afirma ser Jesus o maior exemplo moral de que dispõe a humanidade, apesar de o espiritismo negar a ele qualquer carácter efetivamente divino.[203]
A professora Dora Incontri, pós-doutorada pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, também defende o caráter cristão da doutrina espírita, apontando, na proposta estruturada por Allan Kardec, um novo modelo de religião, alheio a dogmas, fórmulas, hierarquias sacerdotais e baseado eminentemente no aspecto ético-moral do indivíduo. Considera ainda Jean-Jacques Rousseau e Johann Heinrich Pestalozzi como os dois grandes precursores da ideia de uma "religiosidade natural", predominantemente moral, e defende que "evidenciou-se com a publicação de "O Evangelho segundo o Espiritismo" e de "O Céu e o Inferno" que, embora não o confessasse, ele [Kardec] estava fazendo uma nova leitura do Cristianismo".[204]
O conceito bíblicoEditar
Sermão da MontanhaEditar
As bem-aventuranças são 9 ensinamentos que Jesus proferiu no Sermão da Montanha, segundo o Novo Testamento (Mateus 5:1-12). Para o espiritismo estes ensinamentos são de grande importância, a seguir serão apresentados sobre a óptica espírita.«"Bem aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus"» (Mateus 5:3). No entender da doutrina espírita, Jesus promete o reino dos céus aos simples e humildes em referência as qualidades morais do indivíduo.[205]
«"Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados." "Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados." "Bem aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que é deles o reino dos céus"» (Mateus 5:4-10). Segundo o espiritismo, somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. A fé no porvir pode consolar e infundir paciência no espírito que suporta as diversas anomalias terrestres com calma e resignação. Todavia não justifica as causas da diversidade dos males, das desigualdades entre o vício e a virtude, das deformidades e dos flagelos naturais. As vicissitudes da vida podem dividir-se em duas partes de acordo com a ótica espírita: umas tem suas explicações na vida presente, enquanto outras se encontram fora desta vida. Esta ultima causa na visão espírita é explicada pela pluralidade das existências em que o espírito encarnado paga os males que cometeu em vidas anteriores.[206]
«"Bem aventurados os que têm puro o coração, porquanto verão a Deus"» (Mateus 5:8). A pureza do coração assemelha-se ao princípio da simplicidade e humildade, que exclui toda ideia de orgulho e de egoísmo. Segundo o espiritismo, o emblema de pureza que Jesus toma pela infância não deve ser tomado ao pé da letra, "Então lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai que venham a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele", Marcos 10:13-15. O espírito da criança não podendo ainda manifestar suas tendências para o mal, representa, momentaneamente, a imagem da inocência e da candura assemelhando-se aos espíritos puros. Contudo, as ações [boas ou más] tomadas pelo espírito antes de encarnar irão refletir, pouco a pouco, no seu comportamento como espírito encarnado. Portanto, na medida em que o espírito encarnado vai desenvolvendo sua estrutura física, desenvolve também sua estrutura psíquica que encontra as características comportamentais correspondentes a conduta real do próprio espírito.[207]
«"Bem aventurados os brandos, por que possuirão a Terra"» (Mateus 5:5). «"Bem-aventurados os pacíficos, por que serão chamados filhos de Deus"» (Mateus 5:9). Segundo o espiritismo, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei.[208]
«"Bem aventurados os que são misericordiosos, por que obterão misericórdia"» (Mateus 5:7). A misericórdia consiste no perdão das ofensas, para a doutrina espírita o sacrifício que mais apraz a Deus é a reconciliação com os adversários, conforme está em Mateus 5:23-24.[209]
Segundo o espiritismo, toda a moral cristã se resume neste axioma:
“ | Fora da caridade não há salvação. | ” |
ReencarnaçãoEditar
Para boa parte das religiões cristãs, a reencarnação está em desconformidade aos ensinamentos da Bíblia, a ressurreição, ao conceito de salvação e do eterno suplício.[210][211] Exemplificam a passagem do apostolo Paulo que determina o estado de toda a humanidade após a morte. "E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo..." (Hebreus 9:27). Concluindo que o "juízo" refere-se a "condição final" em que todos os humanos serão julgados, vivos e mortos, estes últimos ressuscitarão.[carece de fontes]Para a doutrina espírita, entretanto, a reencarnação foi confundida pelo nome de ressurreição, que significa literalmente "voltar à vida", resultando as diversas causas de anfibologia. A crença de que o homem poderia reviver é antiga e fazia parte dos dogmas judeus, porém não era determinado de que maneira o fato iria ocorrer, pois apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e de sua ligação com o corpo.[212] Segundo alguns adeptos do espiritismo, o apostolo Paulo na citação anterior, desvenda a duvida referente à ressurreição e desfaz a crença da volta do espírito no corpo que já está morto para morrer segunda vez no mesmo, sobretudo quando os elementos da matéria orgânica já se acham dispersos e absorvidos pelo tempo, pois todos os homens morrem apenas uma vez a cada existência corpórea.[213][214] Afirmam ainda que o "juízo" refere-se ao estado individual (não coletivo) que sucede a morte do corpo (erraticidade).[215] Embora não resolva profundamente o problema da ambiguidade diversas passagens bíblicas enfatizam a reencarnação, segundo o espiritismo, em Jó 14:10-14[nota 11], Marcos 6:14-16, Marcos 9:11-13 e João 3:1-12.
Lei do ProgressoEditar
O Juízo Final, representa, segundo a doutrina espírita, o processo de "Regeneração da Humanidade", no qual a Terra sofrerá uma lenta transformação físico-moral, em que se separarão os espíritos que desejam seguir o caminho do bem daqueles que permanecerem no mal — evento simbolizado na Parábola do Julgamento das Nações em Mateus 25:31-46,[216] e pela Parábola do Trigo e do Joio em Mateus 13:24-30.[217][218] Todavia, essa desagregação não fará com que os "espíritos imperfeitos" permaneçam eternamente no sofrimento situação semelhante encontrada em Lucas 15:1-32,[219][220] pois tudo que há no universo está destinado à lei do progresso.[221]A lei do progresso está intimamente ligada à reencarnação e a lei de causa e efeito. A doutrina espírita explica que, sendo o espírito dotado de livre-arbítrio, este responderá pelo bem ou mal que proporcionar a si mesmo e aos outros. A lei de causa e efeito procura explicar os acontecimentos da vida atribuindo um motivo justo que gera uma consequência proveitosa para o espírito. Através da reencarnação o espírito pode provar as experiências adquiridas na pratica do bem ou reparar o mal que praticou em anteriores encarnações.[carece de fontes]
MediunidadeEditar
Ver artigo principal: Mediunidade
As religiões de matriz judaico-cristã entendem que, com a Lei dada a Moisés no Antigo Testamento,
Deus teria interditado à antiga Israel as comunicações com o mundo dos
espíritos e o uso de poderes "sobrenaturais" por eles concedidos. "…
não haverá no meio de ti ninguém que faça passar pelo fogo seu filho ou
sua filha, que interrogue os oráculos, pratique adivinhação, magia,
encantamentos, enfeitiçamentos, recorra à adivinhação ou consulte os
mortos (necromancia)" (Deuteronômio 18:10-14). Afirmam ainda que essa proibição teria sido confirmada no Novo Testamento, pelas referências contidas nos Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos aos "espíritos impuros". A citação do apóstolo Paulo em Gálatas 5:20, afirma que quem pratica "feitiçaria" (ou bruxaria, pois o termo grego usado é farmakía) … não herdará o Reino de Deus". [carece de fontes]Já para a doutrina espírita, a Bíblia não condena a prática mediúnica em si, pois esta seria fundamentada em um fenômeno natural. A condenação bíblica seria, na verdade, a mesma do movimento espírita: condena-se o uso dos recursos mediúnicos para finalidades frívolas, fraudulentas ou com objetivos de ganhos materiais ou econômicos do médium, já que a mediunidade deve ser gratuita, com o único objetivo de exercer a caridade (vide #Primeiras observações)[222].
Ao mesmo tempo, a postura da Doutrina Espírita propõe que se avaliem os textos bíblicos, quando verdadeiramente originais, de forma crítica, levando em conta o seu patamar simbólico, em função dos recursos vocabulares e figuras de linguagem disponíveis à época, em ensinamentos dirigidos a um povo simples e sem repertório, e, consequentemente, desprovido das complexidades e riquezas linguística, cultural e material necessárias para a compreensão de conceitos que nem mesmo o homem atual, como todas as suas aquisições intelectuais, é capaz de compreender em toda a sua profundidade.[56].
SimbologiaEditar
O Espiritismo não possui um símbolo oficial e prioriza uma linguagem denotativa, no entanto, o ramo de videira
presente em O Livro dos Espíritos - única gravura usada por Kardec na
Codificação Espírita - é considerado pela doutrina como a imagem
metafórica perfeita da relação entre o espírito e o corpo-humano, devido
a esse trecho:[223]
“ | Porás no cabeçalho do livro a cepa que te desenhamos, porque é o emblema do trabalho do Criador. Aí se acham reunidos todos os princípios materiais que melhor podem representar o corpo e o espírito. O corpo é a cepa; o espírito é o licor; a alma ou espírito ligado à matéria é o bago. O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e tu sabes que só mediante o trabalho do corpo o Espírito adquire conhecimentos. | ” |
OrganizaçõesEditar
Federação Espírita BrasileiraEditar
Ver artigo principal: Federação Espírita Brasileira
A Federação Espírita Brasileira é uma entidade de utilidade pública[224]
que foi fundada em 2 de janeiro de 1884, no Rio de Janeiro.
Constitui-se em uma sociedade civil, religiosa, educacional, cultural e
filantrópica, que tem por objeto o estudo, a prática e a difusão do
Espiritismo[225] em todos os seus aspectos, com base nas obras da codificação
de Allan Kardec e nos Evangelhos canônicos. O Departamento Editorial da
Federação Espírita Brasileira possui um catálogo de mais de 400 títulos
que passam de 40 milhões de livros vendidos. Todos inspirados na
Codificação Kardequiana: romances, mensagens, contos, crônicas, textos
científicos e filosóficos, vídeos, apostilas e CDs de canções espíritas.[carece de fontes]Conselho Espírita InternacionalEditar
Ver também: Conselho Espírita Internacional
O Conselho Espírita Internacional
(CEI) é um organismo resultante da união das associações
representativas dos movimentos espíritas nacionais e atualmente possui
35 países associados. Foi constituído em 28 de novembro de 1992 em
Madrid, na Espanha. Seus objetivos são:[carece de fontes]- Promoção da união solidária e fraterna das instituições espíritas de todos os países e a unificação do movimento espírita mundial;
- Promoção do estudo e da difusão da Doutrina Espírita em seus três aspectos básicos, quais sejam o científico, o filosófico e o religioso;
- Promoção da prática da caridade material e moral, conforme ensina a Doutrina Espírita.
Confederação Espírita Pan-AmericanaEditar
Ver também: Confederação Espírita Pan-Americana
A Confederação Espírita Pan-Americana,
fundada em 5 de outubro de 1946 na Argentina, é uma instituição
internacional, que congrega majoritariamente espíritas da América
Latina. A CEPA possui instituições adesas e filiadas em diversos países,
e defende uma visão laica
a respeito do espiritismo. A organização assume posicionamentos
polêmicos entre os espíritas, como a desvinculação entre a doutrina e o
cristianismo e a necessidade de se atualizar o espiritismo em face da
ciência. Desde o dia 13 de outubro de 2000, a sede da CEPA passou a ser
Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A atuação da CEPA no Brasil se dá,
principalmente, através de eventos promovidos por instituições adesas,
como o Fórum do Livre Pensar Espírita e o Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita[227].Associação Médico-Espírita InternacionalEditar
Ver também: Associação Médico-Espírita do Brasil
A Associação Médico-Espírita Internacional
(AME – INTERNATIONAL) foi fundada a 4 de junho de 1999, em São Paulo,
Brasil. A associação tem como missão congregar as Associações
Médico-Espíritas dos diversos países e tem como finalidade o estudo da
Doutrina Espírita e de sua fenomenologia, tendo em vista a sua relação e
integração com os campos da Ciência, em particular da Medicina, da
Filosofia e da Religião. Para cumprir essa missão, estimula ou apóia a
realização de estudos, cursos, experiências e pesquisas científicas,
visando a aplicação do paradigma médico-espírita. Atualmente a
AME-INTERNATIONAL possui 9 países integrados e tem realizado inúmeros
eventos em vários países dos continentes americano e europeu.[228]Espiritismo no mundoEditar
De 1857, ano do lançamento do Livro dos Espíritos, a 1869, ano do
falecimento de Kardec, o Espiritismo conseguiu 7 milhões de adeptos.[229] Segundo dados do ano 2005, o Espiritismo possui cerca de 15 milhões de adeptos ao redor do mundo,[230] e segundo dados do ano 2010, o Brasil - país com mais adeptos[6][231] - conta com cerca de 3,8 milhões de espíritas.[232][233] O Conselho Espírita Internacional (CEI) tem 36 países membros, sendo eles: Alemanha, Angola, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, El Salvador, Espanha, Estados Unidos, França, Guatemala, Holanda, Honduras, Irlanda[234], Itália, Japão, Luxemburgo[235], México, Moçambique[236], Noruega, Nova Zelândia, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Reino Unido, Suécia, Suíça, Uruguai e Venezuela.[237] Outra organização espírita internacional, a Confederação Espírita Pan-americana, reúne instituições espíritas e delegados de 13 países como Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, Espanha, Estados Unidos, França, Guatemala, Honduras, México, Porto Rico, República Dominicana e Venezuela.[238][239][240]
No Brasil, segundo o Censo demográfico de 2010, o Espiritismo cresceu do ano de 2000 até 2010, com um expressivo aumento de mais de 60% de seguidores, passando de 2,3 milhões para 3,8 milhões de seguidores,[232] tendo a maioria destes, idades entre 50 e 59 anos (3,1%), e na comparação com as demais posições em relação a religião, tendo o maior número de pessoas com taxa de alfabetização (98,6%), ensino superior completo (31,5%) e rendimento acima de 5 salários mínimos (19,7%), além das menores percentagens de indivíduos sem instrução (1,8%) e com ensino fundamental incompleto (15,0%).[233]
Teve através de Bezerra de Menezes[243] e Chico Xavier[244] a oportunidade de se popularizar pelo país, espalhando seus ensinamentos por grande parte do território brasileiro. Hoje, o Brasil é o que reúne o maior número de espíritas em todo o mundo[245]. A Federação Espírita Brasileira – entidade de âmbito nacional do movimento espírita – congrega aproximadamente dez mil instituições espíritas[246], espalhadas por todas as regiões do país. Há várias associações espíritas brasileiras de profissionais específicos, como a Associação Médico Espírita do Brasil, Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas, Associação Brasileira de Magistrados Espíritas, Associação Brasileira de Artistas Espíritas, Cruzada dos Militares Espíritas, etc.[57]
Em 2010, o Brasil possuía cerca de 3,8 milhões de espíritas, de acordo com o último censo demográfico[247] de autoria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, realizado no mesmo ano. Com efeito, o IBGE trata os termos Kardecismo e Espiritismo como equivalentes em sua classificação censitária.[248]
Terceiro maior grupo religioso do País, os espíritas são, também, o segmento social que têm maior renda e escolaridade, segundo os dados do mesmo Censo. Os espíritas têm sua imagem fortemente associada à prática da caridade. Eles mantêm em todos os estados brasileiros asilos, orfanatos, escolas para pessoas carentes, creches e outras instituições de assistência e promoção social.[57] Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, é uma personalidade bastante conhecida e respeitada no Brasil.[249] É o autor francês mais lido no país, seus livros já venderam mais de 25 milhões de exemplares em todo o território brasileiro. Se forem contabilizados os demais livros espíritas, todos decorrentes das obras de Kardec, o mercado editorial brasileiro espírita ultrapassa 4.000 títulos já editados e mais de 100 milhões de exemplares vendidos[250]. A temática espírita constitui o mercado editorial literário de maior sucesso no Brasil, sendo que os livros espíritas lideram o ranking dos mais vendidos nas principais livrarias do país[57][251].
Segundo dados do Ministério das Religiões, no ano de 2011 em Cuba havia 400 centros espíritas e mais 200 sendo registrados, tornando Cuba, o segundo país mais espírita do mundo, por número de centros. A Associação Médico Espírita de Cuba contém o maior número de militantes na Associação Médico-Espírita Internacional.[254]
No Brasil, segundo o Censo demográfico de 2010, o Espiritismo cresceu do ano de 2000 até 2010, com um expressivo aumento de mais de 60% de seguidores, passando de 2,3 milhões para 3,8 milhões de seguidores,[232] tendo a maioria destes, idades entre 50 e 59 anos (3,1%), e na comparação com as demais posições em relação a religião, tendo o maior número de pessoas com taxa de alfabetização (98,6%), ensino superior completo (31,5%) e rendimento acima de 5 salários mínimos (19,7%), além das menores percentagens de indivíduos sem instrução (1,8%) e com ensino fundamental incompleto (15,0%).[233]
BrasilEditar
Ver artigo principal: História do espiritismo no Brasil
O Espiritismo chegou ao Brasil em 1865 segundo relatos da FEB (Federação Espírita Brasileira), porém há divergências desta opinião[241] conforme relatado abaixo:“ | Conquanto desde 1853 os jornais do país já registrassem reuniões familiares para a produção de fenômenos mediúnicos, o Espiritismo codificado por Allan Kardec só desembarca no Brasil por volta de 1860 com os primeiros exemplares de O Livro dos Espíritos. É no ano de 1860 que surge o primeiro livro espírita publicado no Brasil: Os Tempos são chegados, do professor francês Casimir Lieutuad, obra pioneira que abre caminho para a introdução do espiritismo no Brasil[242]. | ” |
Em 2010, o Brasil possuía cerca de 3,8 milhões de espíritas, de acordo com o último censo demográfico[247] de autoria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, realizado no mesmo ano. Com efeito, o IBGE trata os termos Kardecismo e Espiritismo como equivalentes em sua classificação censitária.[248]
Terceiro maior grupo religioso do País, os espíritas são, também, o segmento social que têm maior renda e escolaridade, segundo os dados do mesmo Censo. Os espíritas têm sua imagem fortemente associada à prática da caridade. Eles mantêm em todos os estados brasileiros asilos, orfanatos, escolas para pessoas carentes, creches e outras instituições de assistência e promoção social.[57] Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, é uma personalidade bastante conhecida e respeitada no Brasil.[249] É o autor francês mais lido no país, seus livros já venderam mais de 25 milhões de exemplares em todo o território brasileiro. Se forem contabilizados os demais livros espíritas, todos decorrentes das obras de Kardec, o mercado editorial brasileiro espírita ultrapassa 4.000 títulos já editados e mais de 100 milhões de exemplares vendidos[250]. A temática espírita constitui o mercado editorial literário de maior sucesso no Brasil, sendo que os livros espíritas lideram o ranking dos mais vendidos nas principais livrarias do país[57][251].
- Capitais com maior percentagem de espíritas
# | Capital | % da população espírita |
---|---|---|
1 | Florianópolis | 7,3% |
2 | Porto Alegre | 7,1% |
3 | Rio de Janeiro | 5,9% |
4 | São Paulo | 4,7% |
5 | Goiânia | 4,3% |
6 | Belo Horizonte | 4,0% |
7 | Campo Grande | 3,6% |
8 | Recife | 3,6% |
9 | Brasília | 3,5% |
10 | Cuiabá | 3,5% |
CubaEditar
Após a legalização das religiões em Cuba, houve um renascimento do Espiritismo, que vinha ocorrendo no país cubano desde o século XIX[253].Segundo dados do Ministério das Religiões, no ano de 2011 em Cuba havia 400 centros espíritas e mais 200 sendo registrados, tornando Cuba, o segundo país mais espírita do mundo, por número de centros. A Associação Médico Espírita de Cuba contém o maior número de militantes na Associação Médico-Espírita Internacional.[254]
Temática espírita na mídia audiovisualEditar
Esta é uma lista das principais obras não-literárias com temática espírita[255] (a lista completa dessas obras encontra-se na página anexa, logo acima):
CinemaEditar
- Joelma 23º Andar (1979), filme brasileiro dirigido por Clery Cunha e protagonizado por Beth Goulart, baseado na obra "Somos Seis" psicografada por Chico Xavier. É o primeiro no país com temática espírita e o único que retratou o incêndio do Edifício Joelma que deixou 179 mortos e mais de 300 feridos (1 de fevereiro de 1974);
- O Médium (1983), filme brasileiro dirigido por Paulo Figueiredo que narra a história de Adriano Jordão, um médico auxiliado espiritualmente em suas cirurgias;[carece de fontes]
- O Espiritismo - De Kardec aos Dias de Hoje (1995), filme brasileiro com atuação de Ednei Giovenazzi no papel de Allan Kardec e narrado por Aracy Balabanian, traz uma visão geral sobre os preceitos básicos da Doutrina Espírita e sua contribuição para o progresso e a felicidade do ser humano. O filme abrange desde as obras que compõem a Codificação do Espiritismo por Kardec ao Movimento Espírita do momento em que foi oficialmente lançado;[carece de fontes]
- Eurípedes Barsanulfo - Educador e Médium (2006), filme brasileiro do gênero documentário, dirigido por Oceano Vieira de Melo e narrado pelo ator Lima Duarte. Conta a história de Eurípedes Barsanulfo, um grande expoente do Espiritismo e da Educação Escolar no País;[carece de fontes]
- Bezerra de Menezes - O Diário de um Espírito (2008), filme brasileiro dirigido por Glauber Filho e Joe Pimentel. Narra a história de Bezerra de Menezes, conhecido como "o médico dos pobres" e "o Kardec brasileiro". Nas 27 semanas em que esteve em cartaz, de agosto de 2008 a março de 2009, foi visto por mais de 500 mil espectadores[256];
- Chico Xavier (2010), filme brasileiro protagonizado por Nelson Xavier e Ângelo Antônio. Narra a biografia do mais famoso e aclamado médium brasileiro Chico Xavier, tendo alcançado a marca de 3,5 milhões de espectadores nos cinemas[256];
- Nosso lar (2010), filme brasileiro dirigido por Wagner de Assis, com base no livro homónimo ("Nosso Lar") psicografado por Chico Xavier, retrata a vida após a morte na colônia espiritual Nosso Lar. Com trilha sonora composta por Philip Glass, foi distribuído pela 20th Century Fox. Alcançou a marca de mais de 4 milhões de espectadores nos cinemas[257];
- As Cartas Psicografadas por Chico Xavier (2010), filme brasileiro do gênero documentário, dirigido por Cristiana Grumbach mostrando o testemunho de famílias que receberam notícias de seus entes queridos falecidos por meio de cartas psicografadas por Chico Xavier. Foi selecionado para participar da mostra competitiva do 3º Festival Paulínia de Cinema, para o 38º Festival de Cinema de Gramado e para a 5ª Mostra de Cinema de Ouro Preto[258];
- O Último Romance de Balzac (2010), filme brasileiro dirigido por Geraldo Sarno, baseado na obra do psicólogo Osmar Ramos Filho chamada "O Avesso de um Balzac Contemporâneo", que consiste em uma análise positiva do livro "Cristo Espera por Ti" psicografado por Waldo Vieira, cuja autoria é atribuída ao espírito de Honoré de Balzac[259];
- As Mães de Chico Xavier (2011), filme brasileiro dirigido por Glauber Filho e Halder Gomes, com roteiro dos mesmos diretores baseado no livro "Por Trás do Véu de Ísis", de Marcel Souto Maior. Narra a história de três mães que, após perderem os filhos, recorrem a Chico Xavier na esperança de receberem mensagens do plano espiritual;[carece de fontes]
- O Filme dos Espíritos (2011), filme brasileiro com o roteiro livremente baseado em "O Livro dos Espíritos" (a 1ª obra da Codificação Espírita). Conta a história do psiquiatra Bruno Alves (Reinaldo Rodrigues), que após perder a mulher vitimada por um câncer, se vê completamente abalado e com vontade de se suicidar até que entra em contato com "O Livro dos Espíritos" iniciando uma jornada em busca de sua felicidade a partir da compreensão da vida espiritual pelo Espiritismo;[carece de fontes]
- E a Vida Continua... (2012), filme brasileiro dirigido por Paulo Figueiredo, com base no livro homônimo ("E a Vida Continua...") psicografado por Chico Xavier. Narra a trajetória do casal Ernesto e Evelina após a morte física.
Seriados de TVEditar
- The Dead Zone (2001), produzida pela Lionsgate Television e pela CBS Paramount Network Television cujos temas principais são os fenômenos paranormais experiência de quase-morte, psicometria, premonição e retrocognição. O seriado baseia-se no livro homônimo escrito por Stephen King e no filme homônimo dirigido por David Cronenberg[260];
- Medium (2005), produzida pela NBC cuja personagem principal utiliza sua mediunidade como auxílio a um promotor público na resolução de crimes. O seriado baseia-se na vida da médium norte-americana Allison DuBois, sobretudo em sua obra "Don't Kiss Them Good-Bye"[261];
- Ghost Whisperer (2005), produzida pela CBS cuja personagem principal - uma médium - auxilia espíritos com "assuntos inacabados" a "fazer a travessia" para a "luz". O seriado baseia-se nas atividades do médium norte-americano James Van Praagh, um dos seus produtores;[carece de fontes]
- A Cura (2010), microsseriado exibido e produzido pela Rede Globo que retrata o protagonista Selton Mello no papel de um médium de cura que exerce cirurgias espirituais[262];
- Chico Xavier (2011), microsseriado biográfico exibido e co-produzido pela Rede Globo com produção da Lereby exibido entre 25 e 28 de janeiro a partir do filme homônimo. O seriado conta a trajetória do médium e filantropo Chico Xavier, o maior divulgador do Espiritismo no País;
- A Gifted Man (2011), produzida pela CBS em que um renomado médico cirurgião viúvo tenta mudar sua personalidade após passar a interagir com o espírito de sua falecida ex-esposa[263].
TelenovelasEditar
- Somos Todos Irmãos (1966), produzida pela extinta TV Tupi e inspirada no romance espírita A Vingança do Judeu[264] psicografado pela médium russa Vera Kryzhanovskaia;
- A Viagem (1975), produzida pela TV Tupi e inspirada nos romances espíritas Nosso Lar e E a Vida Continua... psicografados por Chico Xavier desenvolvendo uma trama complexa abordando os conceitos de mediunidade, morte, obsessão espiritual, reencarnação e outros. A Rede Globo concebeu um remake dela em 1994[265];
- O Profeta (1977), produzida pela extinta TV Tupi e também com um remake concebido em 2006 pela Rede Globo, mostra o personagem principal como um médium capaz inclusive de predizer o futuro[266];
- Anjo de Mim (1996), produzida pela Rede Globo, buscou mostrar a reencarnação e a terapia de vidas passadas por uma ótica espírita[265];[carece de fontes]
- Alma Gêmea (2005), produzida pela Rede Globo, narra a história de um casal cuja relação amorosa atravessou reencarnações[266];
- Escrito nas Estrelas (2010), produzida pela Rede Globo, apresenta muitos temas espíritas tais como a reencarnação, a evolução dos espíritos e a mediunidade[267];
- Amor Eterno Amor (2012), produzida pela Rede Globo, apresenta forte presença do Espiritismo com inúmeras cenas retratando práticas mediúnicas[268].
- "Além do Tempo" (2015), produzida pela Rede Globo, abordou a reencarnação dos personagens principais, do século XIX aos dias atuais, em uma chance dos personagens acabarem com as rivalidades da vida passada.[269][270]
DissidênciasEditar
RoustainguismoEditar
Ver artigo principal: Jean-Baptiste Roustaing
Desde o século XIX, mais notavelmente na França e no Brasil, existem
conflitos de opinião entre os espíritas, ditos, equivocadamente,
"kardecistas", e os denominados "roustainguistas", consoante a admissão
ou não dos postulados da obra "Os Quatro Evangelhos ou Revelação da
Revelação", coordenada por Jean-Baptiste Roustaing, principalmente
acerca da gênese do corpo de Jesus e da queda espiritual, que provocaria
a primeira encarnação nos espíritos que faliram.[carece de fontes]Para os espíritas que aceitam o binômio Kardec-Roustaing, Jesus teve um corpo "fluídico" no orbe terrestre devido a ser um espírito puro e, portanto, a gênese desse corpo fora por sua vontade psico-magnética, caracterizando-o como agênere[271]. Já os espíritas que não aceitam a obra Os Quatro Evangelhos, coordenada por Roustaing, acreditam que Jesus possuía um corpo material igual a de qualquer ser humano encarnado, tendo sua gênese, também, sido igual. Isto é, pela fusão de espermatozoide e óvulo.[272][273][274][275]
Além disso "Os Quatro Evangelhos", de Roustaing, explicam que os espíritos que faliram pelo ateísmo, pelo orgulho e pelo egoísmo encarnaram em mundos primitivos como criptógamos carnudos (animais), o que representa a doutrina da metempsicose, que não é aceita pelo Espiritismo, haja vista que a doutrina da reencarnação afirma que o Espírito somente reencarna no reino hominal (Humanidade), após sua evolução pelos reinos mineral, vegetal e animal, para os quais não retornará mais.[276]
Racionalismo cristãoEditar
Ver artigo principal: Racionalismo cristão
Na cidade brasileira de Santos, em 1910 surgiu uma dissidência do movimento espírita, que se denominou "Espiritismo Racional e Científico Cristão" e, posteriormente, Racionalismo cristão, sistematizada por Luís de Matos e Luís Alves Tomás[277].RamatizismoEditar
Ver artigo principal: Ramatis
No Brasil, desde a segunda metade da década de 1950, alguns centros espíritas seguem a doutrina ditada pelo espírito Ramatis (corporificada sobretudo nas obras psicografadas por Hercílio Maes).
Distinguem-se dos centros espíritas tradicionais em função da maior
ênfase ao universalismo (origem comum das religiões) e ao estudo
comparado de religiões e filosofias espiritualistas ocidentais e
orientais. Nota-se também a influência mais acentuada de correntes de
pensamento orientais (tais como o budismo e o hinduísmo) e a proximidade com a cosmogonia do espiritualismo universalista[278].ConscienciologiaEditar
Ver artigo principal: Conscienciologia
Após o fim da parceria com o médium Chico Xavier em 1968, o médium Waldo Vieira inicia pesquisa própria sobre o fenômeno denominado "projeção da consciência"
(no Espiritismo referido como "desdobramento espiritual").
Consequentemente, em 1987 sistematiza o movimento de cunho
paracientífico chamado Conscienciologia.[97][279]Renovação CristãEditar
Ver artigo principal: Renovação Cristã
Surgida no Brasil, também como uma dissidência do movimento espírita,
desde setembro de 2002. Sem deixar de seguir a Doutrina Espírita,
afirma fazê-lo com maior seriedade do que o movimento brasileiro em si,
argumento usado para o afastamento[280].Ver tambémEditar
- Cronologia do espiritismo
- Lista de religiões reencarnacionistas
- Antoinismo
- Arte espírita
- Conscienciologia
- Críticas ao espiritismo
- Espiritismo no Brasil
- Emanuel Swedenborg
- Emmanuel (espírito)
- O Espírito da Verdade (espiritismo)
- Legião da Boa Vontade
- Literatura espírita
- Marcel Souto Maior
- Mesmerismo
- Metapsíquica
- Moderno Espiritualismo
- Parapsicologia
- Pedagogia espírita
- Perspectiva espírita sobre Jesus
- Principais grupos religiosos
- Publius lentulus
- Relação entre religião e ciência
- Religiões no Brasil
- Teosofia
- Transcomunicação instrumental
- Umbanda
NotasEditar
- ↑ A Enciclopédia de Parapsicologia, Metapsíquica e Espiritismo definia Kardecismo da seguinte forma: "KARDECISMO (de Kardec + ismo). Teoria pessoal de Allan Kardec acerca do Espiritismo. Como muito bem acentua o Dr. Canuto Abreu, em excelente e corajoso trabalho, Espiritismo é a "doutrina dos Espíritos contida integralmente no "Livro do Espíritos" e Kardecismo é uma "obra humana, pessoal, particular". Logo mais abaixo, acrescenta: Lançando a luz espírita sobre os ensinamentos de Jesus, Kardec pôde compreender o Evangelho. Pela mesma forma qualquer outro código sagrado da antiguidade. A maneira pessoal de Kardec entender os ensinamentos de Jesus é que se chama Kardecismo. Portanto, para o cristão, o Espiritismo é um complemento do cristianismo; para o budista, um complemento do budismo. O Alcorão segundo o Espiritismo mostrará aos muçulmanos aspectos novos do profetismo. Terminando: Distingamos, pois, Kardecismo de Espiritismo. Este é uma doutrina geral, que serve para todos os povos. É a doutrina da Era Nova. O Kardecismo é uma doutrina particular que só interessa ao cristão. Interessa, por isso, quase à metade da população do mundo. O Espiritismo interessa, porém, à totalidade."[1] Definição afim havia sido publicada em 1936 na Revista de Metapsíquica.[2]
- ↑ Deste tempos antigos, como em I Samuel 9:9 ("(Antigamente em Israel, indo alguém consultar a Deus, dizia assim: Vinde, e vamos ao vidente; porque ao profeta de hoje, antigamente se chamava vidente)."), e como prática corrente, como em I Samuel 10:6-24 ("E o Espírito do SENHOR se apoderará de ti, e profetizarás com eles, e tornar-te-ás um outro homem. (...)". Conforme o contexto, constituía-se numa prática arriscada, como ilustrado em II Crônicas 16:7-10.
- ↑ "Nasceu em família espírita, realiza palestras, participa de grupos de estudo e de atividades como assistência a enfermos."[102]
- ↑ Atualmente existem estudiosos espíritas no Brasil que preferem denominar como fenomenologia espírita o estudo e as pesquisas que se referem aos fenômenos do espírito e da mente humana.
- ↑ Existem várias e várias áreas do conhecimento em que os métodos científicos tradicionais não podem ser aplicados - ou cujos métodos transcendem os definidos pela metodologia científica - e como exemplo pode-se citar a própria Filosofia. Em ambos os casos tais áreas nunca se caracterizam como áreas de estudo científicas, e no caso particular da filosofia e correlatos, a ciência geralmente responde de forma enfática: "Ciência é o que você sabe. Filosofia é o que você não sabe" (Bertrand Russell); "A filosofia da ciência é tão útil para o cientista quanto a ornitologia para os pássaros" (Richard Feynman) - conforme relatado por Simon Singh - Big Bang (pág. 459. Vide referências).
- ↑ "A ciência só pode determinar o que é, não o que deve ser, e fora de seu domínio permanece a necessidade de juízos de valor de todos os tipos" (Albert Einstein); "O homem domina a natureza não pela força, mas pela compreensão. É por isto que a ciência teve sucesso onde a magia fracassou: porque ela não buscou um encantamento para lançar sobre a natureza" (Jacob Bronowski). Ambas as citações conforme relatado por SINGH, Simon - Big Bang - (pág. 459)
- ↑ "... qualquer teoria em Física científica é sempre provisória, no sentido de que é apenas uma hipótese, você nunca pode prova-la em definitivo. Não importa quantas vezes os resultados das experiências estejam de acordo com algumas teorias, não se pode ter a certeza de que na próxima vez o resultado não irá contradizê-las. Por outro lado, você pode refutar uma teoria por encontrar uma única observação que não concorde com as suas previsões" - Stephen Hawking - Conforme publicado em Uma breve história do tempo
- ↑ Léon Denis escreveu: "O ideal que proclamam as vozes do mundo invisível não é diferente daquele do fundador do cristianismo". René Kopp também escreveu: "O Espiritismo será cristão ou nada será". Mais detalhes sobre esta percepção podem ser obtidos em O Espiritismo Cristão.
- ↑ O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap.15, Fora da Caridade não há salvação, O mandamento maior -Texto Bíblico- "Mas, os fariseus, tendo sabido que ele tapara a boca aos saduceus, se reuniram; e um deles, que era doutor da lei, foi propor-lhe esta questão, para o tentar: -Mestre, qual o grande mandamento da lei? - Jesus lhe respondeu: Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito. -Esse o maior e o primeiro mandamento. -E aqui está o segundo, que é semelhante ao primeiro: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. -Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos." (Mateus 22:34-40)
- ↑ O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap.15, Fora da Caridade não há salvação, Necessidade da caridade, segundo Paulo (o apostolo) -Texto Bíblico- "Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine; -Ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse a fé possível, até o ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. -E, quando houver distribuído os meus bens para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso de nada me serviria. A caridade é paciente; é branda e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária, nem precipitada; não se enche de orgulho; -não é desdenhosa; não cuida de seus interesses; não se agasta, nem se azeda com coisa alguma; não suspeita mal; não se rejubila com a injustiça, mas se rejubila com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre. Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem; mas, dentre elas, a mais excelente é a caridade." (I Coríntios 13:1-7 e 13)
- ↑ O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap.4, Ninguém poderá ver o reino de Deus se não nascer de novo, Ressurreição e Reencanação -Texto Bíblico- "Quando o homem está morto, vive sempre; acabando os dias da minha existência terrestre, esperarei, porquanto a ela voltarei de novo." (JOB, cap. XIV, vv. 10,14) (ID. Versão da Igreja grega) -Texto Bíblico- "Mas, quando o homem há morrido uma vez, quando seu corpo, separado de seu espírito, foi consumido, que é feito dele? -Tendo morrido uma vez, poderia o homem reviver de novo? Nesta guerra em que me acho todos os dias da minha vida, espero que chegue a minha mutação." (Jó 14:10-14) (ID. Tradução de Le Maistre de Sacy) -Texto Bíblico- "Quando o homem morre, perde toda a sua força, expira. Depois, onde está ele? -Se o homem morre, viverá de novo? Esperarei todos os dias de meu combate, até que venha alguma mutação?" (Jó 15:10-14) (ID. Tradução Protestante de Osterwald)
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- ↑ Allan, Kardec (2013). O que é o Espiritismo (PDF).
Para responder, desde já e sumariamente, à pergunta formulada no título
deste opúsculo, diremos que: O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma
ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática
ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos;
como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam
dessas mesmas relações. Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é uma
ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como
de suas relações com o mundo corporal. (Brasília: Federação Espírita
Brasileira). p. 40. Consultado em 5 de setembro de 2015. line feed character character in
|notas=
at position 101 (Ajuda) - ↑ a b O Espiritismo na sua expressão mais simples, publicado por Allan Kardec em 15 de janeiro de 1862, Capítulo I – O Espiritismo na sua Expressão mais Simples, "Histórico do Espiritismo", página 15.
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«(...)os adeptos do espiritismo possuem as maiores proporções de
pessoas com nível superior completo (31,5%) e taxa de alfabetização
(98,6%), além das menores percentagens de indivíduos sem instrução
(1,8%) e com ensino fundamental incompleto (15,0%). O espiritismo também
foi uma das religiões que apresentaram crescimento (65%) desde o Censo
realizado em 2000: passaram de 1,3% da população (2,3 milhões) em 2000
para 2% em 2010 (3,8 milhões).(...)Também na posição mais alta quando se
analisa rendimento, 19,7% dos espíritas se declararam no grupo das
pessoas com rendimento acima de 5 salários mínimos.» line feed character character in
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Ligações externasEditar
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- Federação Espírita Brasileira
- Federação Espírita Portuguesa
- Portal Doutrina Espírita
- TV Mundial de Espiritismo
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- Allan Kardec. «O Livro dos Espíritos» (PDF).
- Allan Kardec. «O Livro dos Médiuns» (PDF).
- Allan Kardec. «O Evangelho Segundo o Espiritismo» (PDF).
- Allan Kardec. «O Céu e o Inferno» (PDF).
- Allan Kardec. «A Gênese» (PDF).
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