Mensagem de Meimei aos cem anos de Evangelização.
Abençoados sejamos todos nós que aqui
nos reunimos, sob o amparo de Deus, nosso Pai celestial, e de Jesus, nosso
guia.
Que a paz do Senhor nos acompanhe a
existência, onde quer que estejamos!
No momento em que a Casa de Ismael
comemora o Centenário da Evangelização Espírita da Criança, fomos tocados por
este gesto que nos reporta aos dedicados confrades de todas as épocas,
envolvidos na nobre tarefa espírita de educar as novas gerações.
Constatamos que o trabalho de
evangelização, em qualquer faixa etária, é o amor em ação, mas que pode, muitas
vezes, escapar ao entendimento dos que ainda se encontram distantes do
verdadeiro sentido da arte de educar, mesmo sendo pessoas imbuídas de boa
vontade ou portadoras de significativa aquisição intelectual.
Educar é ver mais além, projetar-se no
futuro. Educar extrapola a aplicação de técnicas e recursos didáticos que, a
despeito de serem legítimos e úteis, estão atrelados, em geral, a metodologia
que no mundo priorizam o período que vai do berço ao túmulo, desconsiderando a
imortalidade do Espírito. Neste contexto, percebemos que os usuais processos e
métodos educativos selecionados revelam-se simplificadores por desconhecerem,
intencionalmente ou não, as experiências reencarnatórias pretéritas do ser
reencarnado e seus estágios no plano espiritual.
Reconhecemos que estudiosos e
pesquisadores da educação são almas devotadas, merecedoras de consideração e
respeito porque trazem ao mundo – ainda tão focado nas necessidades
transitórias da matéria – um pouco de luz e de esclarecimento, contribuindo
para que a Humanidade se organize em melhores condições de vida. Contudo,
falta-lhes em sua generalidade o empenho de investir na edificação moral do
indivíduo e das coletividades, sendo-lhes mais fácil manterem-se acomodados na
periferia do conhecimento humano que destaca a valorização da inteligência e
prioriza o imediatismo da vida.
Enquanto o ser humano não aprender,
efetivamente, conjugar o verbo amar e reconhecer-se como filho de Deus e irmãos
uns dos outros, os seus propósitos existenciais estarão voltados para a
expansão intelectual, em detrimento dos valores morais. Para que a Humanidade
alcance melhor patamar evolutivo, a educação deve associar inteligência e
moralidade. Moralidade que extrapola teologias, normas e dogmas religiosos, por
se fundamentar em prática do bem, que analisa de forma reflexiva as
consequências das próprias ações individuais e que adota, como regra universal
de convivência, a milenar orientação recordada por Jesus: “Fazer ao outro o que
gostaria que o outro nos fizesse.” (1)
Unidos em torno do ideal do bom
entendimento mútuo, o indivíduo educado, intelecto e moralmente, se transforma
em servidor da Humanidade e nem instrumento de Deus, contribuindo para que a
fraternidade se estabeleça definitivamente no Planeta. Isto só irá acontecer se
a educação viabilizar a transformação íntima do Espírito.
A educação será considerada bem entendida
e bem vivenciada se for capaz de educar integralmente o ser humano. Para
atingir tal expectativa é preciso compreender a essência deste ensinamento do
Mestre Nazareno, que permanece atemporal: “Deixai vir a mim as criancinhas e
não as impeçais.” (2)
Com esta exortação, Jesus reserva na Boa
Nova mais uma lição inestimável, asseverando que não devemos impor
obstáculos entre ele e as criancinhas, sejam elas Espíritos que se encontram
nos primeiros anos da nova reencarnação, sejam almas que ainda jornadeiam nos
estágios primários da evolução. Cuidar da criança, segundo o entendimento
evangélico, se faz com afeto, atenção, respeito e muito amor.
Vemos então, neste mundo de Deus, que o
“cuidar evangélico” não se limita, a rigor, à dependência de recursos materiais
disponíveis ou às teorias acadêmicas. A disponibilidade de recursos pode, em
certas circunstâncias, até desfavorecer a educação sempre que estiver atrelada
ao espírito da competitividade, da vaidade ou do individualismo. São condições
desfavoráveis que, se instaladas no seio de uma comunidade, produzem resultados
incontroláveis, no tempo e no espaço, com graves prejuízos aos processos evolutivos
dos educandos.
Como mecanismo de reflexão e de
autoavaliação, observamos que os nossos equívocos do passado retornam ao
presente, clamando por quitação das dívidas contraídas perante as leis divinas.
Não nos enganemos, quando a cobrança chega delineia-se o momento propício para
reparar falhas, corrigir decisões, reajustar o caminho. Conscientes da
manifestação da lei de causa e efeito, como espíritas já detemos a compreensão
de que é preciso sair da superfície do querer apenas fazer algo de bom, mas
mergulhar na firma decisão de vivenciar a mensagem do Evangelho, garantindo
compromisso com o amor, o elemento que fornece equilíbrio espiritual, em
qualquer situação.
Neste propósito, recordemos esta outra
advertência do Cristo: “onde está o teu tesouro também está o teu coração.” (3)
É válido, portanto, indagar: “Que tesouro esperamos encontrar na vida?” A
resposta à pergunta fornece pistas do que já conquistamos, em termos de
aprendizado do Evangelho, e o que precisa ser incorporado ao nosso patrimônio
espiritual.
Esses e outros ensinamentos do Mestre
Nazareno assomem ao nosso coração diante da homenagem de um século de
evangelização espírita da criança o cenário da Federação Espírita Brasileira.
Excetuando as decisões do Alto, que vela por todos nós, a nossa FEB marcou, há
cem anos, o início da evangelização espírita da criança, fazendo chegar aos
pequeninos o Evangelho de Jesus à luz da Doutrina Espírita. Neste momento tão
especial, pedimos então permissão aos irmãos e irmãs que envergam a vestimenta
física para lembrar-lhes que é preciso caminharmos juntos, mantendo os passos
alinhados aos propósitos do Evangelho de Jesus, visto que já se opera nos
horizontes espirituais do Planeta uma profunda e radical transformação.
Um número crescente de Espíritos que
sofrem irão bater-lhes às portas, convocando-os à responsabilidade de
oferecer-lhes um mundo melhor, regenerado, no qual o Cristo permanece no leme.
Movimentos renovadores e progressistas,
sob o amparo do Cristo, surgirão aqui e ali, disseminados pela moradia
terrestre, voltados para a transformação moral da criatura humana. Fazem um
apelo aos corações generosos que se dediquem a amenizar a dor e as necessidades
do próximo, amparando-o, segundo os ditames do Evangelho: “alimenta a quem tem
fome, dessedenta o que tem sede e veste ao que se encontra desnudo, visita o
que está doente ou preso...” (4)
Milhares de Espíritos endividados
retornam às lides da vida física, confiantes de que serão amparados pela
bondade do coração humano. Surgirão na vida de cada um vestidos da roupagem de
crianças que imploram para não sofrerem ou provocarem qualquer tipo de abuso e
traumas, condições que lhes inviabilizam o planejamento reencarnatório.
Faz-se necessário, todavia, agir com
cautela. Considerar que estamos diante de uma mudança gradativa que apenas se
iniciou, mas não ignorar que pululam no mundo Espíritos comprometidos com as
sombras, e que assim, possivelmente, se manterão após o renascimento no corpo
físico. São almas que não se acham, ainda, aliadas à causa do Cristo, mas aos
próprios interesses: surgirão em massa compacta, portadores de desenvolvida
inteligência aplicada em diferentes áreas do saber.
É preciso, então, não se deixarem levar
pelas aparências, encaminhando tais Espíritos à segura orientação moral do
Evangelho desde a idade precoce, a fim de auxiliá-los na própria melhoria
espiritual. São Espíritos que estão e estarão renascendo confiantes no
propósito de serem reeducados, de serem conduzidos ao bem, apoiados na palavra
dos seguidores do Mestre – o qual, para muitos, ainda está longe do
entendimento – e no carinho e na dedicação dos evangelizadores.
Ante tais desafios, é imperioso
alimentar a fé no Amor Maior que tudo sabe e tudo vela. Não cabe, portanto,
qualquer manifestação de temor diante das provocações e arrazoados dos
adversários do bem ou das dificuldades que vêm pela frente.
Não temam! Espíritos peregrinos
encontram-se muito próximos a vocês, ombreando-se aos obreiros dedicados e
fieis.
O desafio é grande, mas mantemos a
confiança no Pai, recordando a exortação do valoroso Paulo de Tarso: “Se Deus é
por nós, quem será contra nós?” (5)
O importante é cuidarmos das nossas
crianças! Orientá-las com segurança e amor.
No momento que a Casa de Ismael comemora
Cem Anos de Evangelização Espírita da Criança, indicamos como sugestão nos
manter atentos e sensibilizados ao sofrimento do próximo, abraçando com sincero
afeto os seres frágeis que se encontram na infância. Precisamos agora, mais do
que nunca, de menos teoria e mais sentimento.
Guardemos a devida compreensão de que é
preciso perseverar no bem, pois a palavra de ordem continua sendo a mesma que
ecoa há mais de dois mil anos: doa amor.
O trabalhador da evangelização deve,
pois, e sob quaisquer condições, refletir a mensagem do Senhor, anteriormente
citada: “Deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o reino dos céus.”
Este é o nosso papel no mundo: conduzir
as crianças a Jesus, a despeito das nossas imperfeições e das lutas e embates
da Humanidade, características do atraso moral que nos encontramos.
Todos nós, espíritas-cristãos, fomos
convocados a trabalhar como servidores da seara do Cristo, agindo com
simplicidade e humanidade, fraternidade e solidariedade, conscientes de que o
próprio Jesus, nosso maior protetor abaixo de Deus, se colocou como um simples
servidor.
Congratulamo-nos, pois, com os
evangelizadores do passado e do presente pelo trabalho em prol da evangelização
espírita da criança, transmitindo-lhes a nossa singela e humilde homenagem.
Com o coração colocado em cada palavra,
registramos também o apreço, a gratidão e as saudações dos amigos do lado de cá
que os acompanham na nobre tarefa de encaminhar as criancinhas para Jesus.
Um fraternal abraço e paz no coração.
Meimei
Mensagem psicofônica recebida por Marta
Antunes Moura – FEB, Brasília, 29/05/2014.
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