O propósito desta pagina é de compartilhar assuntos e ensinamentos da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec bem como a Lei do Amor e da caridade determinada por nosso Mestre Amado Jesus Cristo.
Hoje vivemos várias
vidas em uma. Muitas vidas em uma vida. Você sabe que através da
reencarnação temos a oportunidade de refazer coisas que fizemos no passado.
Tudo aquilo que ficou defeituoso, desajustado, exigindo reforma, nós podemos
consertar nesta vida. Mãos à obra, então!
Você acha sua vida
difícil? Ainda bem que não. Se você achasse sua vida difícil
você teria que mudar, porque a vida só muda se você mudar. Mas eu
entendo que você ache a vida agitada, turbulenta. Hoje nós vivemos
muito mais intensamente do que nas outras vezes em que estivemos passeando aqui
na Terra.
Tudo é muito mais
dinâmico, mais rápido, mais complexo. O que você levava cinco ou seis
ou dez reencarnações para fazer, você tem que fazer de uma vez só na sua vida
atual. O que você levou séculos pra experimentar hoje você
experimenta em alguns anos.
Na sua vida atual você
convive com muito mais pessoas do que jamais conviveu antes. Você se relaciona
com pessoas de várias origens e classes sociais diferentes. A maioria das
pessoas tem vários relacionamentos amorosos, e provavelmente essas relações não começaram nesta vida. Os novos modelos familiares, mais amplos e abertos, permitem que se conviva
intimamente com várias pessoas.
Todos nós
somos espíritos imortais testando as aptidões que adquirimos nestes últimos
milênios. Muitos de nós vem há
dezenas de vidas repetindo erros, encontrando dificuldades em superar algumas
falhas de caráter. Graças a Deus, nossas falhas não são todas as mesmas. As
minhas não são iguais às suas, as suas não são iguais às
dos outros. É assim que evoluímos. Pelo contraste que encontramos uns nos
outros. Você sempre vai encontrar alguém pior e alguém melhor do que
você. E, por mais insignificante que possa parecer a pessoa
com quem você conviva, ela sempre é melhor do que você em alguma coisa.
Todas as pessoas são melhores do que você em alguma coisa. E há alguma coisa em
que você é melhor do que todos. Nós nos complementamos, nós
precisamos uns dos outros pra crescer, pra aprender, pra evoluir, pra sermos
felizes.
Essa é provavelmente a primeira vez em que você tem tanta liberdade para
escolher o que fazer da sua vida.
Em suas vidas anteriores, quando você nasceu muitas coisas do seu futuro já
estavam praticamente determinadas. Hoje você pode escolher sua profissão, e a
maioria exerce várias profissões, tem vários empregos durante a vida. Você tem
liberdade para estudar, coisa que era praticamente inviável em suas vidas
anteriores. No decorrer da História, uns poucos privilegiados tinham acesso ao
estudo.
Se aumentaram suas
experiências, nesta vida, também aumentaram, e muito, as tentações. Talvez você
não goste desta palavra. Ela é pesada, antiquada, mas não encontrei outra
melhor. As tentações estão por toda parte. Os prazeres hoje
são muito mais disponíveis e intensos do que nas suas vidas anteriores.
Nunca houve
tantos prazeres materiais disponíveis. Prazeres da mesa, que estão
engordando a população humana em grande parte do mundo. Toda espécie de drogas
à disposição de quem quiser. Você tem ideia de como era raro encontrar drogas
no passado? Nunca houve um apelo consumista como existe hoje. A imensa oferta
de roupas, eletrônicos, bolsas, sapatos, automóveis e toda espécie
de bugigangas tem o poder de hipnotizar milhões de pessoas. Muita gente
vive em função de adquirir, de comprar. E nisso desperdiça suas energias, nisso
gastam seus melhores anos. Em momento algum o sexo esteve tão em
evidência como hoje. Nunca a oferta e disponibilidade de experiências sexuais
foi tão fácil, tão acessível.
Hoje há mais de tudo,
absolutamente tudo! Você vive muitas vidas em uma vida. Você vive uma
experiência extremamente intensa encarnado na Terra. E você não
pode deixar de tirar proveito disso. Lembre-se de que você não veio pra curtir
os prazeres da carne, os prazeres da matéria. Não há nada
de errado com eles, se houver limite de sua parte. Mas você veio aqui para
reorganizar suas relações com os outros, você veio aqui para se
rearmonizar consigo mesmo, você veio aqui para aprender a controlar seus pensamentos,
e isso inclui vencer esse monte de tentações. Não perca o seu passeio pela
Terra. Não se permita ter que voltar para recomeçar tudo em condições mais
complicadas…
(...) um homem se aproximou de Jesus e, lançando-se de joelhos a seus
pés, disse: Senhor, tem piedade do meu filho, que é lunático e sofre
muito, pois cai muitas vezes no fogo e muitas vezes na água.
Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não o puderam curar. – Jesus
respondeu, dizendo: Ó raça incrédula e depravada, até quando estarei
convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui esse menino. – E tendo
Jesus ameaçado o demônio, este saiu do menino, que no mesmo instante
ficou são. – Os discípulos vieram então ter com Jesus em particular e
lhe perguntaram: Por que não pudemos nós outros expulsar esse demônio? –
Respondeu-lhes Jesus: Por causa da vossa incredulidade. Pois em verdade
vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a
esta montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e
nada vos seria impossível. Mateus, 17:14-20
O Evangelho Segundo o
Espiritismo, no Cap. XIX, itens 1 a 5, nos fala sobre a cura de um
menino lunático por Jesus; o pai da criança conta que os discípulos não
foram capazes de curá-lo e Jesus os repreende e lhes explica que não
foram capazes de curá-lo por causa da sua incredulidade e lhes mostra
que se a sua fé fosse do tamanho de um grão de mostarda, não só seriam
capazes de curar, mas também de dizer à montanha: Transporta-te daí para
ali e ela se transportaria, e nada lhes seria impossível.
O exemplo que Jesus usa – o grão de mostarda, que é o menor grão que
existe, significa que não é necessária uma fé muito grande para
transportar uma montanha.
As montanhas de que Jesus fala aos discípulos são as dificuldades, as
tribulações que todos nós suportamos, independentemente da nossa posição
social.
A fé de que Jesus nos fala é a capaz de vencer os obstáculos, as
dificuldades; é a fé robusta, que nos dá a perseverança e a energia para
seguir em frente em direção de nossos objetivos, sejam eles quais
forem, não importa o tempo que levar.
Os exemplos dessa fé estão no Evangelho, nos diversos episódios das
curas que Jesus fez: dos paralíticos, dos cegos, dos leprosos, da mulher
que vertia sangue há mais de doze anos, da mulher encurvada, da sogra
de Pedro; por isso, ao final das curas, Jesus dizia: a tua fé te curou.
Com essas palavras, Jesus mostrava que a fé do doente atraía para si os
fluidos benéficos que emanavam do Mestre, fazendo com que ficasse
curado.
Nessa época, os discípulos ainda não acreditavam em si mesmos, por isso
não puderam curar o menino lunático. Após o Pentecoste eles entenderiam
as palavras de Jesus, abraçariam a missão que os aguardava e que os
faria seguir em frente, apesar de todas as dificuldades.
O mesmo acontece conosco; muitas vezes duvidamos de nós mesmos e de que
somos assistidos por Deus, porque a fé ainda não se consolidou dentro de
nós. Para que a fé crie raízes é preciso muito trabalho; precisamos
regar a semente da fé todos os dias, para que ela cresça forte, através
da prática do bem e das leis de Amor preconizadas por Jesus.
Quando temos fé, somos capazes de suportar os preconceitos, o egoísmo, as dificuldades; e o fanatismo, que leva à fé cega.
Felizes aqueles que dizem eu tenho fé porque sei e não porque acredito
no que me disseram ou no que me impuseram, pois a fé cega nos conduz ao
fanatismo.
A fé raciocinada é a única que nos torna capazes de resistir aos vícios
que nos prejudicam, às paixões e às ilusões da vida material. Essas são
as montanhas que barram o nosso caminho e que precisamos transpor para
progredir e nos tornarmos pessoas melhores.
Fé é sinônimo de confiança; ter fé é confiar em Deus, ter Esperança em dias melhores.
A fé sincera nos dá a paciência necessária para suportar as dificuldades.
A calma é um sinal de força e de confiança, enquanto o desespero é uma prova de fraqueza e de dúvida em nós mesmos e em Deus.
A fé e a humildade devem andar de mãos dadas; aquele que tem fé
coloca-se nas mãos de Deus e espera pacientemente que tudo o que não
depende dele se resolva.
O poder da fé levou os grandes cientistas a descobertas importantes para
a Humanidade, apesar da descrença de muitos. Graças a eles, nossos
filhos podem ser imunizados de várias doenças, antes mortais ou
incapacitantes.
O poder da fé em Deus nos é dado todos os dias por pessoas iguais a nós.
A confiança em Deus e em suas leis soberanas de amor e justiça nos torna
calmos e seguros de que nada devemos temer e nos faz suportar, com
paciência, todos os males que nos afligem.
É
de importância vital aos que lidam com o tratamento da obsessão,
descobrir as causas que levaram o paciente a cair sob o domínio do
Espírito obsessor que o atormenta. Sabemos, através dos ensinamentos de
Allan Kardec, que no fundo de todas as perturbações espirituais residem
as fraquezas morais do perturbado, as imperfeições da
sua alma, que são as portas de entrada para a influência estranha. Algo
parecido acontece com as doenças do corpo físico: quando elas se
instalam no organismo, a causa está geralmente nas fraquezas da
estrutura orgânica.
Em estudos realizados no Grupo Espírita Bezerra de Menezes, na cidade de
São José do Rio Preto, SP, onde foram examinados mais de 7 mil casos de
anormalidades comportamentais, causadas por Espíritos ou não, se
classificou as causas da obsessão como sendo provenientes de quatro
fontes distintas:
– Causa moral
– Causa cármica
– Contaminações
– Auto-obsessão
CAUSA MORAL.
Há duas situações que podem levar um paciente a ser vítima da obsessão
por razões morais: o Espírito imaturo e o Espírito mal orientado. No
primeiro caso, o da imaturidade espiritual, encontram-se pacientes
poucos adiantados moralmente, com o psiquismo ainda dominado por
pensamentos inferiores. A conduta dessas pessoas em torno de ações e
pensamentos infelizes atrai Espíritos imperfeitos que com elas se
afinizam. No começo da relação, verifica-se tão somente uma
interferência nas atitudes do indivíduo. Mais tarde, aparece um delicado
mecanismo de inter influenciação, onde as vontades e os desejos são
trocados entre perturbado e perturbador.
A seguir, a vontade do obsedado vai aos poucos sendo substituída pela do
obsessor, instalando-se o fenômeno obsessivo. Este tipo de obsessão é
comum e há situações em que seus portadores nem percebem que dividem sua
vida mental com um Espírito inferior. Nesse tipo de obsessão não há
grande chance de sucesso no tratamento. O que se pode conseguir é uma
melhoria relativa, pois não há como mudar bruscamente o estado evolutivo
de uma pessoa, fazendo-a entender conceitos que ainda não tem condições
de conceber.
Na segunda situação, a do Espírito mal orientado, encontram-se os
pacientes que tiveram educação deficitária no lar, na religião ou na
escola. A inferioridade do mundo terreno, seus costumes e sistemas
educativos estimulam no ser humano o desenvolvimento das paixões e o
afastam de Deus. Estruturas psicológicas mal orientadas provocam nas
pessoas condutas desregradas, levando-as a sintonizar com Espíritos
inferiores. Pelo mesmo mecanismo citado acima, forma-se o processo
obsessivo de fundo moral. Nesses casos, o tratamento será mais fácil,
pois trata-se de um problema que uma simples orientação bem conduzida
pode resolver.
CAUSA CÁRMICA.
Classificam-se como obsessões cármicas os casos de perturbações
relacionados com as vidas passadas de um paciente em desequilíbrio.
Carma é um termo que se refere à bagagem histórica do Espírito. É o
produto de todas as encarnações vividas pela entidade. A palavra “carma”
é de origem sânscrito (uma das mais antigas línguas da Índia), e
significa “ação”. Pode-se dizer, a grosso modo, que o carma é a ação do
Espírito em toda sua trajetória evolutiva, desde sua primeira
encarnação.
Denominam-se obsessões de “causa cármica”, aquelas em que as
perseguições observadas são oriundas do relacionamento entre obsedado e
obsessor, ocorridas em vidas passadas, neste ou noutros mundos.
É um tipo de obsessão provocada pela desarmonia de conduta entre duas ou
mais criaturas, gerando ódios, ressentimentos e vinganças que podem se
estender às vidas futuras. A lei de ação e reação, ou causa e efeito,
regula estes processos de ajuste entre as partes envolvidas, permitindo
que as conseqüências deste plantio mal feito, deem seus frutos com
vistas ao aprendizado de todos.
O comprometimento no passado, através das ligações vibratórias, atrai o
desafeto desencarnado que, vendo consumida a fase de infância de seu
inimigo, inicia sua influência maléfica sobre ele. No passar dos anos
instala-se a obsessão, apresentando maior ou menor gravidade, segundo as
circunstâncias que cercam cada caso.
CONTAMINAÇÕES.
Em A Gênese, Capítulo XIV, Allan Kardec fez um importante estudo sobre
os fluidos espirituais. Examinando suas colocações, pode-se concluir que
os ambientes materiais possuem uma espécie de atmosfera espiritual
criada pelas pessoas que vivem em relação com eles. Entende-se daí, que
os centros espíritas, os terreiros de Umbanda, as Igrejas, os lares, os
locais de trabalho e de diversões, constituem-se em verdadeiros núcleos
de magnetismo espiritual, criados pelos pensamentos dos que os
frequentam. Aprendemos que nesses ambientes, constituídos por pessoas
mais ou menos imperfeitas, associam-se Espíritos desencarnados com
tendências afins.
Nas investigações em torno da obsessão, realizadas no Grupo Espírita
Bezerra de Menezes, verificou-se que frequentadores de ambientes
espirituais onde predominam a presença de Espíritos inferiores
(terreiros primitivos, centros espíritas desajustados ou templos de
seitas estranhas), podem ficar contaminados com sua influência
magnética. Tal domínio se forma em virtude da sintonia mental dos
frequentadores, com os Espíritos que habitualmente vão nesses lugares.
Denominou-se essas obsessões de “contaminações”.
Nos casos dos terreiros ditos de Umbanda, os “consulentes” – como são
chamados ali os necessitados – quase sempre vão solicitar ajuda para a
solução de seus problemas materiais e amorosos. Nesses ambientes,
geralmente predominam os interesses imediatistas, ligados à vida
material e ninguém costuma tratar das questões morais, relativas ao
futuro do indivíduo como Espírito imortal.
Os Espíritos inferiores que frequentam esses ambientes ajudam as pessoas
a seu modo, interferindo em suas vidas, causando-lhes contrariedades ou
provocando certos efeitos materiais, com que iludem os que não possuem
conhecimento da verdade ensinada pelo Consolador. Quando um frequentador
se afasta desses lugares, a influência dos maus Espíritos nem sempre
cessa. Ao notarem que estão perdendo suas vítimas, podem instalar a
desarmonia emocional e mesmo material na vida dos envolvidos.
As obsessões causadas por contaminações são mais freqüentes do que se
imagina. Na região de São José do Rio Preto, SP, por exemplo, perfazem
40% do total dos casos examinados. As contaminações também podem ocorrer
através das atividades de centros espíritas mal orientados. Quando
pessoas novatas, sem estudo ou preparo, são colocadas em reuniões
mediúnicas para exercitar suas faculdades, é muito comum caírem sob o
domínio de Espíritos inferiores, terminando como vítimas da obsessão.
Grupos espíritas dominados por entidades ignorantes e malévolas são
verdadeiros focos de contaminação espiritual e psíquica, que prejudicam
os que vão buscar ajuda e orientação para suas vidas.
AUTO-OBSESSÃO.
Na auto-obsessão, a mente da pessoa enferma encontra-se numa condição
doentia semelhante às neuroses. É uma situação onde ela atormenta a si
mesmo com pensamentos dos quais não consegue se livrar. Há casos mais
graves em que o paciente não aceita que seu mal resida nele mesmo.
As causas deste tipo de obsessão residem nos problemas anímicos do
paciente, ou seja, nos seus dramas pessoais, dessa ou de outras
encarnações. São traumas, remorsos, culpas e situações provindas da
intimidade do seu ser, que prejudicam-lhe a normalidade psicológica.
Quando se examina esses casos através de médiuns educados, pode-se
encontrar Espíritos atrasados ou sofredores associados à vida mental dos
doentes. Mas, as comunicações indicam que eles estão ali por causa da
sintonia mental com o obsedado. Agravam seu mal, mas não são os
causadores dele.
A causa central desse tipo de obsessão reside no paciente, que se
auto-atormenta, numa espécie de punição a si mesmo. A mente de um
auto-obsedado é fechada em si mesma e é preciso abri-la para a vida
exterior, se quisermos ajudá-lo a livrar-se de sua prisão.
A psicoterapia convencional pode e deve ser utilizada no tratamento da
auto-obsessão. Juntando-se a ela a terapia espírita, fundamentada na
evangelização e no ascendente moral, pode-se obter resultados
satisfatórios. O tratamento abrirá a cadeia psíquica em que o indivíduo
se colocou, libertando-o da escravidão mental.
Allan Kardec tinha consciência e também
foi avisado pelos espíritos de que a teoria libertadora do Espiritismo
seria combatida por espíritos e homens interessados em manter a
humanidade ignorante, submissa e atrasada. Mergulhados nas imperfeições
derivadas de seu orgulho e egoísmo, sedentos por privilégios e
servilismo, cientes das grandes responsabilidades pessoais e do longo
trabalho de reconstrução de suas personalidades à qual deverão
empreender por livre vontade, resta-lhes a tentativa de atrapalhar,
atrasar o esforço alheio, pela ilusão de não se verem sozinhos no estado
de sofrimento a que se reduziram.
Em 1867, por meio de um médium em
profundo estado sonambúlico, Kardec ouviu dos espíritos uma longa
narrativa profética dos planos traçados para tentar destruir o doutrina
espírita. Desde os insultos e ameaças dos púlpitos até a difamação nos
órgãos de imprensa, todos os esforços se voltariam contra a doutrina da
liberdade. Mas um passo decisivo seria dado, revelou a profecia, quando
os inimigos pensaram sobre o Espiritismo:
“Antes que ele não esteja inteiramente
realizado, tratemos de desviá-la em nosso proveito” (Revista Espírita de
1867, página 167).
O plano estava mudado, ao invés de
atacar o espiritismo de fora, imitando o episódio histórico do cavalo de
Tróia, agora a tentativa seria ataca-lo por dentro, por meio daqueles
que participam do movimento de sua divulgação. Vejamos o que os
espíritos disseram à Kardec:
“Vereis se formarem reuniões espíritas,
cujo objetivo declarado será a defesa da doutrina, e o secreto será a
sua destruição; supostos médiuns terão as comunicações de comando
apropriadas ao oculto objetivo que se propõem; publicações que, sob o
manto do espiritismo, se esforçarão por demoli-lo; doutrinas que lhe
emprestarão algumas ideias, mas com o pensamento de suplantá-lo. Eis a
luta, a verdadeira luta a ser sustentada, e que será perseguida com
obstinação, mas da qual sairá vitorioso o mais forte” (Idem, ibidem).
O Espiritismo, de forma inédita e
definitiva, oferece uma teoria moral renovadora, transformadora.
Diferindo de todas as tradições religiosas em seus ensinamentos
metafísicos, ele afasta as ideias de queda, castigo divino, degeneração
do mundo, condenação, sofrimento como punição, enfim, toda a doutrina do
pecado. Em seu lugar oferece a verdadeira relação de Deus conosco como
sendo estabelecida pela mais plena liberdade. A moral é uma conquista do
esforço pessoal, da luta por renovar-se, o Espiritismo revela a
autonomia moral como lei fundamental do mundo espiritual. Contamos toda
essa história na obra Revolução Espírita – a teoria esquecida de Allan
Kardec.
Essa profecia de 1867 foi um alerta para
o futuro do movimento espírita. Falsas teorias, médiuns fascinados,
deturpações e mistificações seriam incorporadas ao discurso das tribunas
e letras dos artigos deturpando a mensagem original.
Kardec não sabia que a doutrina que
estabeleceu em suas obras iria atravessar o oceano e chegar amplamente
divulgada em terras brasileiras. No entanto, a profecia dos planos para
destruir o Espiritismo se fez plena e ampla por aqui, desde os tempos de
sua chegada no século 19.
Nem todos, porém, se calaram! Lideres e
estudiosos da doutrina espírita clamaram pela tese espírita da
liberdade, da educação, da autonomia moral, em defesa dos conceitos
fundamentais originários dos espíritos superiores. Avisaram aos
participantes do movimento espírita de que seria fundamental seguir as
orientações de Kardec na defesa do Espiritismo, como o alerta que o
mestre fez em 1865:
“É um dever para todos os espíritas
sinceros e devotados repudiar e desaprovar abertamente, em seu nome, os
abusos de todos os gêneros que poderiam comprometê-la, a fim de não lhes
assumir a responsabilidade. Pactuar com esses abusos seria tornar-se
cúmplice e fornecer armas aos nossos adversários” (Revista Espírita de
1865, p.20).
Kardec não entrava em polêmicas pueris, não dedicava seu tempo a tentar
convencer quem não combatia o Espiritismo, não respondia cartas
anônimas. Investia seu tempo em esclarecer os interessados, aqueles que
desejavam compreender mais profundamente essa doutrina. E não fugia do
debate quando os pontos fundamentais eram deturpados, ou os meios de
comunicação anunciavam inverdades:
“Há polêmica e polêmica; e há uma diante
da qual não recuaremos jamais, que é a discussão séria dos princípios
que professamos. Entretanto, aqui mesmo há uma distinção a fazer; se não
se trata senão de ataques gerais, dirigidos contra a Doutrina, sem
outro fim determinado que o de criticar, e da parte de pessoas que têm
um propósito de rejeitar tudo o que não compreendem, isso não merece que
deles se ocupe” (Revista Espírita de 1858, p. 199).
No século passado, os conselhos de
Kardec foram ouvidos por diversos estudiosos espíritas. Uma dessas vozes
conscientes, desses influentes líderes altivos, sinceros e dedicados à
causa espírita foi o filósofo Herculano Pires. Suas obras, conquistas
perenes de um trabalho árduo heculano_microfonee incansável e quase
solitário foi um exemplo, um modelo, uma inspiração para as novas
gerações de espíritas. Sua dedicação ao recobramento do Espiritismo tal
como proposto por Kardec tem se refletido nos trabalhos e estudos
conscientes de diversos pesquisadores, palestrantes e médiuns alertas e
atuantes do movimento espírita. Alguns puderam ouvir ao vivo a voz
firme, consoladora e determinada das palestras, aulas e programas
radiofônicos de Herculano. A grande maioria despertou o interesse e
mergulhou ávido nas obras de Kardec depois de ler os importantes livros
do maior filósofo espírita que tivemos. Herculano Pires é o patrono de
todos que atualmente lutam para romper as amarras deturpatórias nas
quais a divulgação espírita tem mergulhado.
Um alerta consciente foi dado por
Herculano na obra Curso Dinâmico de Espiritismo, diante das deturpações e
desvios que ele via ocorrer no meio espírita de seu tempo, e, vale
lembrar, fazendo eco à profecia de 1867 dada a Kardec que citamos acima:
“Todo espírita consciente de suas
responsabilidades humanas e doutrinárias está no dever intransferível de
lutar contra essas ondas de poluição espiritual que pesam na atmosfera
terrena. Ninguém tem o direito de cruzar os braços em nome de uma falsa
tolerância que os levará à cumplicidade. Os próprios e infelizes
corifeus e propagadores dessas teorias ridículas são os mais
necessitados de socorro. É legítima caridade repelir todas essas
fantasias em nome da verdade, mesmo que isso magoe os companheiros
iludidos” (Idem, p. 98).
Não se pode ficar quieto, aceitando as
coisas como estão, questionando-se: “o que se pode fazer? as coisas são
assim mesmo, não vale a pena mexer, só vai me trazer problemas”. Essa
tolerância é uma cumplicidade indesculpável. Não se pede o combate
direto, a caça às bruxas, não! A atitude de renovação não é essa falsa
defesa. Polêmicas que descambam para o personalismo, para a discussão
vazia e interminável nada acrescenta. Só demonstra desunião e
despreparo. Em verdade, essas são as armas da intolerância. Quando se
persegue e se denuncia indiscriminadamente se cria clima tenso, onde
ninguém tem razão e a causa fica à margem. Nessa situação lamentável,
todos acusam, sem que estejam certos ou errados. A real solução está na
reconstrução dos ensinamentos originais pela laboriosa recuperação e
pelo esclarecimento por meio do diálogo, do debate produtivo, da
tolerância, da liberdade de pensamento. Veja como Herculano alerta de
forma enfática e sem rodeios:
“A tolerância comodista dos que veem o
erro e se calam é crime que terá de ser pago no futuro. Quem pactua com o
erro para não criar problemas está, sem o saber, enleando-se nas teias
sombrias da mentira, compromissando-se com os mentirosos. E esse
compromisso é um desrespeito a todos os que se sacrificaram no passado e
se sacrificam no presente para ajudar a Humanidade na defesa dos seus
direitos evolutivos. Este é o momento grave da evolução terrena em que
não podemos esquecer a advertência de Jesus: Seja o teu falar sim, sim;
não, não. Multidões de criaturas foram sacrificadas no passado para que a
Humanidade se libertasse de seus enganos e pudesse encontrar os
caminhos limpos da verdade, ou seja, das coisas reais, verdadeiras, que
nos conduzem ao saber e à liberdade. Se trairmos hoje, comodistamente,
esses mártires inumeráveis, estaremos conspurcando a dignidade humana,
cobrindo de lixo as sendas da verdade abertas pelo Cristo e agora
reabertas pelo Espírito da Verdade através de Kardec” (Idem, ibidem).
E então, definindo claramente a melhor maneira de combater o
Espiritismo, como se propôs a demonstrar o título deste artigo, explica
Herculano Pires:
“Não há mais lugar para comodismos,
compadrismos, tolerâncias criminosas no meio espírita. Cada um será
responsável pelas ervas daninhas que deixar crescer ao seu redor. É essa
a maneira mais eficaz de se combater o Espiritismo na atualidade:
cruzar os braços, sorrir amarelo, concordar para não contrariar, porque,
nesse caso, o combate à doutrina não vem de fora, mas de dentro do
movimento doutrinário” (Idem, ibidem).
Para compreender esse estado de coisas
vale a pena a seguinte comparação que a esclarece. Vamos supor que o
governo detectasse que as ideias equivocadas espalhadas pela multidões
sobre a física estivessem prejudicando o desenvolvimento de nossa
sociedade. Um plano seria proposto para reverter a situação: ensinar
física por todos os meios de divulgação em mensagens simples e
objetivas, explicando os conceitos básicos da física moderna, de forma a
reverter os equívocos da cultura popular. Mas quem vai elaborar esses
ensinamentos? Os burocratas do governo? Os políticos? Os profissionais
da imprensa? Não! De forma alguma! Só seria possível construir um plano
coerente de ensino da física por quem tenha estudado profundamente essa
ciência. Nada mais coerente. De resto, a ação naufragaria.
O mesmo ocorre com o Espiritismo, que em
seu conteúdo tem a extensão e profundidade das demais ciências. Não
existem, porém, professores e especialistas no Espiritismo. Não há quem
se possa qualificar como tal. Diante da doutrina espírita somos todos
estudantes! Todavia, uma divulgação consciente e adequada do Espiritismo
só é possível depois de um estudo profundo de toda a obra de Kardec,
incluindo seus livros, a coleção da Revista Espírita, além do
conhecimento do contexto cultural francês do século 19, para que os
artigos e hipóteses apresentadas por Kardec façam sentido hoje, pois os
paradigmas das ciências mudaram muito nos últimos 150
anos.livro-curso-dinmico
Recomendamos a leitura de obras
complementares como as de Herculano, também. Elas são inspiradoras de
uma atitude corajosa e responsável diante da teoria espírita. Seu alerta
é atual e precisa ser divulgado, para que no futuro, com o Espiritismo
recuperado e conhecido pelas multidões, secundando a regeneração da
humanidade, torne esse estado de coisas descrito a seguir pelo filósofo
apenas um infeliz episódio do passado:
“Bastam esses fatos para nos mostrar que
o Espiritismo é o Grande Desconhecido dos próprios espíritas. E é por
isso, por causa dessa negligência imperdoável no estudo da doutrina, que
os próprios adeptos se transformaram em eficientes instrumentos de
combate ao Espiritismo. As pessoas de bom-senso e cultura se afastam
horrorizadas de um meio em que só poderiam permanecer em ritmo de
retrocesso ao condicionamento das crendices e do fanatismo. No campo
científico o nada não existe nem pode existir. E como a base da doutrina
é a Ciência, a sólida base dos fatos, a verdade incontestável e que o
nosso movimento espírita não tem base.
Se os espíritas conscientes não se
dispuserem a uma tentativa de reconstrução, de reerguimento desse
edifício em perigo, ficaremos na condição de nababos que desprezam as
suas riquezas por incompetência para geri-las. Temos nas mãos a Ciência
Admirável que o Espírito da Verdade propôs a Descartes e mais tarde
confiou a Kardec. Mas do que vale a ciência e o poder, a fortuna e a
glória, se não formos capazes de zelar por tudo isso e nem mesmo de
compreender o que possuímos? Nós mesmos abrimos o portal da muralha e
recolhemos, alegres e estultos, o Cavalo de Tróia em nossa fortaleza
inexpugnável”
(Curso Dinâmico de Espiritismo).
Allan Kardec. Da obra: O Livro dos Espíritos
Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.
Criou o Universo, que abrange todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais.
Os seres materiais constituem o mundo
visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo invisível ou
espírita, isto é, dos Espíritos.
O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo.
O mundo corporal é secundário; poderia
deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por isso se
alterasse a essência do mundo espírita.
Os Espíritos revestem temporariamente um invólucro material perecível, cuja destruição pela morte lhes restitui a liberdade.
Entre as diferentes espécies de seres
corpóreo, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos Espíritos
que chegaram a certo grau de desenvolvimento, dando-lhe superioridade
moral e intelectual sobre as outras.
A alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório.
Há no homem três coisas:
1°, o corpo ou ser material análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
2°, a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo;
3°, o laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.
Tem assim o homem duas naturezas: pelo
corpo, participa da natureza dos animais, cujos instintos lhe são
comuns; pela alma, participa da natureza dos Espíritos.
O laço ou perispírito, que prende ao
corpo o Espírito, é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a
destruição do invólucro mais grosseiro. O Espírito conserva o segundo,
que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal,
porém que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como
sucede no fenômeno das aparições.
O Espírito não é, pois, um ser abstrato,
indefinido, só possível de conceber-se pelo pensamento. É um ser real,
circunscrito, que, em certos casos, se torna apreciável pela vista, pelo
ouvido e pelo tato.
Os Espíritos pertencem a diferentes
classes e não são iguais, nem em poder, nem em inteligência, nem em
saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos
superiores, que se distinguem dos outros pela sua perfeição, seus
conhecimentos, sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e
por seu amor do bem: são os anjos ou puros Espíritos. Os das outras
classes se acham cada vez mais distanciados dessa perfeição,
mostrando-se os das categorias inferiores, na sua maioria eivados das
nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, etc. Comprazem-se
no mal. Há também, entre os inferiores, os que não são nem muito bons
nem muito mais, antes perturbadores e enredadores, do que perversos. A
malícia e as inconsequências parecem ser o que neles predomina. São os
Espíritos estúrdios ou levianos.
Os Espíritos não ocupam perpetuamente a
mesma categoria. Todos se melhoram passando pelos diferentes graus da
hierarquia espírita. Esta melhora se efetua por meio da encarnação, que é
imposta a uns como expiação, a outros como missão. A vida material é
uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam atingido a
absoluta perfeição moral.
Deixando o corpo, a alma volve ao mundo
dos Espíritos, donde saíra, para passar por nova existência material,
após um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual permanece em
estado de Espírito errante.
Tendo o Espírito que passar por muitas
encarnações, segue-se que todos nós temos tido muitas existências e que
teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, quer na Terra, quer
em outros mundos.
A encarnação dos Espíritos se dá sempre
na espécie humana; seria erro acreditar-se que a alma ou Espírito possa
encarnar no corpo de um animal.
As diferentes existências corpóreas do
Espírito são sempre progressivas e nunca regressivas; mas, a rapidez do
seu progresso depende dos esforços que faça para chegar à perfeição.
As qualidades da alma são as do Espírito
que está encarnado em nós; assim, o homem de bem é a encarnação de um
bom Espírito, o homem perverso a de um Espírito impuro.
A alma possuía sua individualidade antes de encarnar; conserva-a depois de se haver separado do corpo.
Na sua volta ao mundo dos Espíritos,
encontra ela todos aqueles que conhecera na Terra, e todas as suas
existências anteriores se lhe desenham na memória, com a lembrança de
todo bem e de todo mal que fez.
O Espírito encarnado se acha sob a
influência da matéria; o homem que vence esta influência, pela elevação e
depuração de sua alma, se aproxima dos bons Espíritos, em cuja
companhia um dia estará. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões, e
põe todas as suas alegrias na satisfação dos apetites grosseiros, se
aproxima dos Espíritos impuros, dando preponderância à sua natureza
animal.
Os Espíritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo.
Os não encarnados ou errantes não ocupam
uma região determinada e circunscrita; estão por toda parte no espaço e
ao nosso lado, vendo-nos e acotovelando-nos de contínuo.
É toda uma população invisível, a mover-se em torno de nós.
Os Espíritos exercem incessante ação
sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico. Atuam sobre a matéria e
sobre o pensamento e constituem uma das potências da Natureza, causa
eficiente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados ou mal
explicados e que não encontram explicação racional senão no Espiritismo.
As relações dos Espíritos com os homens
são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam
nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação.
Os maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos e assemelhar-nos a
eles.
As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas.
As ocultas se verificam pela influência boa ou má que exercem sobre nós,
à nossa revelia.
Cabe ao nosso juízo discernir as boas das más inspirações. As
comunicações ostensivas se dão por meio da escrita, da palavra ou de
outras manifestações materiais, quase sempre pelos médiuns que lhes
servem de instrumentos.
Os Espíritos se manifestam espontaneamente ou mediante evocação.
Podem evocar-se todos os Espíritos: os
que animaram homens obscuros, como os das personagens mais ilustres,
seja qual for a época em que tenham vivido; os de nossos parentes,
amigos, ou inimigos, e obter-se deles, por comunicações escritas ou
verbais, conselhos, informações sobre a situação em que se encontram no
Além, sobre o que pensam a nosso respeito, assim como as revelações que
lhes sejam permitidas fazer-nos. Os Espíritos são atraídos na razão da
simpatia que lhes inspire a natureza moral do meio que os evoca. Os
Espíritos superiores se comprazem nas reuniões sérias, onde predominam o
amor do bem e o desejo sincero, por parte dos que as compõem, de se
instruírem e melhorarem. A presença deles afasta os Espíritos inferiores
que, inversamente, encontram livre acesso e podem obrar com toda a
liberdade entre pessoas frívolas ou impelidas unicamente pela
curiosidade e onde quer que existam maus instintos. Longe de se obterem
bons conselhos, ou informações úteis, deles só se devem esperar
futilidades, mentiras, gracejos de mau gosto, ou mistificações, pois que
muitas vezes tomam nomes venerados, a fim de melhor induzirem ao erro.
Distinguir os bons dos maus Espíritos é
extremamente fácil. Os Espíritos superiores usam constantemente de
linguagem digna, nobre, repassada da mais alta moralidade, escoimada de
qualquer paixão inferior; a mais pura sabedoria lhes transparece dos
conselhos, que objetivam sempre o nosso melhoramento e o bem da
Humanidade. A dos Espíritos inferiores, ao contrário, é inconsequente,
amiúde trivial e até grosseira. Se, por vezes, dizem alguma coisa boa e
verdadeira, muito mais vezes dizem falsidades e absurdos, por malícia ou
ignorância. Zombam da credulidade dos homens e se divertem à custa dos
que os interrogam, lisonjeando-lhes a vaidade, alimentando-lhes os
desejos com falazes esperanças. Em resumo, as comunicações sérias, na
mais ampla acepção do termo, só são dadas nos centros sérios, onde
intima comunhão de pensamentos, tendo em vista o bem.
A moral dos Espíritos superiores se
resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o
que quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o
mal. Neste princípio encontra o homem uma regra universal de proceder,
mesmo para as suas menores ações.
Ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho, a
sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal,
prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste mundo, se desliga da
matéria, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo, se
avizinha da natureza espiritual; que cada um deve tornar-se útil, de
acordo com as faculdades e os meios que Deus lhe pôs nas mãos para
experimentá-lo; que o Forte e o Poderoso devem amparo e proteção ao
Fraco, porquanto transgride a Lei de Deus aquele que abusa da força e do
poder para oprimir o seu semelhante. Ensinam, finalmente, que, no mundo
dos Espíritos, nada podendo estar oculto, o hipócrita será desmascarado
e patenteadas todas as suas torpezas, que a presença inevitável, e de
todos os instantes, daqueles para com quem houvermos procedido mal
constitui um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de
inferioridade e superioridade dos Espíritos correspondem penas e gozos
desconhecidos na Terra.
Mas, ensinam também não haver faltas irremissíveis, que a expiação não
possa apagar. Meio de consegui-lo encontra o homem nas diferentes
existências que lhe permitem avançar, conformemente aos seus desejos e
esforços, na senda do progresso, para a perfeição, que é o seu destino
final.
Divaldo Pereira Franco, mais conhecido como Divaldo Franco ou simplesmente Divaldo (Feira de Santana, 5 de maio de 1927) é um professor, médium, filantropo e oradorespíritabrasileiro.
Divaldo é um verdadeiro "apóstolo do Espiritismo", com mais de
cinquenta anos devotados à mediunidade e a caridade, e mais de sessenta
como um importante orador espírita. Dos seus oitenta e nove anos,
sessenta e nove foram devotados à causa espírita e às crianças
excluídas, das periferias de Salvador, na Bahia. Para este último fim fundou, em 15 de agosto de 1952, junto com Nilson de Souza Pereira, a instituição de caridade Mansão do Caminho,
que ajuda diariamente cerca de seis mil pessoas e abriga mais de três
mil, centenas delas registradas como filhos do médium. Os direitos
autorais de seus mais de 250 livros psicografados, que já venderam mais
de oito milhões de exemplares, foram doados em cartório para esta e
outras instituições filantrópicas.[1][2][3]
Ainda que tenha uma alta produção e vendagem de livros psicografados,
e realize um grande trabalho filantrópico, é como conferencista e
missionário do Espiritismo no exterior que ele é mais conhecido.
Representado como peregrino ou o "Paulo de Tarso do Espiritismo", Divaldo já percorreu mais de 50 países divulgando a doutrina em palestras de ampla publicidade.[4]
Divaldo cursou a Escola Normal Rural de Feira de Santana, onde recebeu o diploma de Professor Primário em 1943. Trabalhou como escriturário no antigo IPASE, em Salvador, aposentando-se em 1980.
Desde a infância relata comunicar-se com os espíritos. Quando jovem, foi abalado pela morte de seus dois irmãos mais velhos, o que o deixou traumatizado e enfermo, sendo conduzido a diversos especialistas, na área da Medicina, sem, contudo, lograr qualquer resultado satisfatório. Nessa época conheceu a Sra. Ana Ribeiro Borges, que o conduziu à Doutrina Espírita, o que o teria libertado do trauma e trazido consolações, tanto para ele como para toda a sua família.
Divaldo dedicou-se, então, ao estudo do Espiritismo, ao tempo em que
foi aprimorando suas faculdades mediúnicas, pelo correto exercício e
continuado estudo do Espiritismo.
Transferiu residência para Salvador no ano de 1945, tendo feito concurso para o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (IPASE), onde ingressou a 5 de Dezembro de 1945, como escriturário.
Já espírita convicto, fundou o Centro Espírita Caminho da Redenção (CECR), em 7 de Setembro de 1947.
Em A Veneranda Joanna de Ângelis (Salvador: LEAL, 1987), escrito por Divaldo e Celeste Santos, constam biografias do médium baiano e de sua mentora espiritual, Joanna de Ângelis,
bem como informações sobre o trabalho educacional e assistencial
desenvolvido pela Mansão do Caminho, além de entrevistas com Divaldo e
relatos sobre reencarnações de Joanna de Ângelis.
Divaldo apresentou, desde jovem, diversas faculdades mediúnicas,
tanto de efeitos físicos quanto de efeitos intelectuais. Destaca-se,
dentre elas, no entanto, a psicografia.
Inicialmente, diversas mensagens foram escritas pelo seu intermédio,
sob a orientação dos benfeitores espirituais, até que um dia, ele
recebeu a recomendação para que fosse queimado o que escrevera até ali,
pois não passavam de simples exercícios.
Com a continuação, vieram novas mensagens assinadas por diversos
espíritos, dentre eles, Joanna de Ângelis, que durante muito tempo
apresentava-se como "um Espírito Amigo", ocultando-se no anonimato, à
espera do instante oportuno para se fazer conhecida. Joanna revelou-se
como sua orientadora espiritual, escrevendo inúmeras mensagens, num
estilo agradável, repassado de profunda sabedoria e infinito amor, que conforta aos mais diversos leitores e necessitados de diretriz espiritual.
Em 1964, Joanna de Ângelis selecionou várias das mensagens de sua autoria e enfeixou-as num livro, que recebeu o sugestivo título de Messe de Amor. Foi o primeiro livro que o médium publicou. Logo em seguida, Rabindranath Tagore ditou Filigranas de Luz.
O que se seguiu constitui-se hoje em um verdadeiro fenômeno editorial,
pois, em 31 anos de atividade como médium, teve publicados 240 títulos,
totalizando mais de quatro milhões e quinhentos mil exemplares, muitos
deles ocupando lugar de destaque na literatura, no pensamento e na religiosidade universal. Dessas obras, houve 80 versões para 15 idiomas (alemão, castelhano, esperanto, francês, italiano, polonês, tcheco, braille e outros). Os livros englobam uma grande variedade de estudos literários em prosas, romances e narrações, abrangendo temas filosóficos, doutrinários, históricos, infantis, psicológicos e psiquiátricos.
Nessas obras psicografadas, apresentam-se 211 alegados autores espirituais, além de Joanna de Ângelis, entre eles, Manoel Philomeno de Miranda, Victor Hugo, Amélia Rodrigues, Ignotus, Vianna de Carvalho, Carlos Torres Pastorino, Bezerra de Menezes, Rabindranath Tagore, João Cléofas, Eros e Simbá.
Por meio das obras de Joanna de Ângelis, Divaldo pôde alcançar o
reconhecimento não apenas entre os religiosos e espiritualistas, mas
também em outras linhas de conhecimento, como a psicologia e a parapsicologia. Isso se deu principalmente em função dos livros publicados na Série Psicológica, onde tratou dos malefícios das fugas da realidade e enfatizou a importância do autoconhecimento e autoenfrentamento.
A Série Psicológica foi escrita à luz dos pensamentos de Allan Kardec e de pesquisadores da psiquê humana, a exemplo de Carl Jung. Na referida série se encontram duas obras voltadas à psicologia transpessoal: Autodescobrimento (1995) e Triunfo Pessoal (2002).
A maioria das obras escritas por Divaldo Franco sob o comando de Joanna de Ângelis
almeja incentivar o autodescobrimento e facilitar a aplicação no dia a
dia dos ensinamentos morais de amor fraterno contidos nos Evangelhos e na Doutrina Espírita, incentivando o leitor a enfrentar as dificuldades cotidianas de modo mais prático e otimista.
Grande parte das obras ditadas a Divaldo por Joanna de Ângelis foi publicada pela Editora LEAL, de Salvador (BA), como por exemplo o de título Conflitos Existenciais
(LEAL, 2005), obra que analisa os principais conflitos do ser humano,
as suas causas, origens e formas de terapia - inclusive, estuda as
tentativas atuais de se preencherem os vazios existenciais, a exemplo de
relacionamentos efêmeros por meio da Internet.
Como orador, Divaldo começou a fazer palestras em 1947, difundindo a Doutrina Espírita e hoje apresenta uma histórica e recordista trajetória no Brasil
e no exterior, sempre atraindo multidões, com sua palavra inspirada e
esclarecedora, acerca de diferentes temas sobre os problemas humanos e
espirituais. Há vários anos, viaja em média 230 dias por ano, realizando
palestras e também seminários no Brasil e no mundo. Em um levantamento preliminar:
Mais de 11 mil conferências proferidas no Brasil e no exterior percorrendo mais de 62 países.
América: Esteve em 18 países, em mais de 119 cidades, onde realizou mais de 10.000 palestras, concedeu mais de 180 entrevistas de rádio e TV para cerca de 113 emissoras, inclusive por 3 vezes na Voz da América, a maior cadeia de rádio do continente. Recebeu cerca de 50 homenagens de vários países, destacando-se o honorífico título de Doutor Honoris Causa em Humanidades, concedido pela Universidade de Concórdia em Montreal, no Canadá, em 1991. Por 3 vezes fez palestras na ONU, no departamento de Washington e fez conferências em mais de 12 universidades do continente.
Europa:
Esteve em mais de 20 países, em mais de 80 cidades, onde realizou mais
de 500 palestras, concedeu mais de 50 entrevistas de rádio e TV para
cerca de 40 emissoras, tendo recebido homenagens de vários países; fez
conferência em cerca de 10 universidades europeias e, por 2 vezes, na
ONU, departamento de Viena.
África:
Esteve em mais de 5 países, em 25 cidades, realizando 150 palestras,
concedeu mais de 12 entrevistas de rádio e TV, em 11 emissoras; recebeu 4
homenagens.
Ásia: Esteve em mais de 5 países, em 10 cidades, realizando mais de 12 palestras.
Em 31 de agosto de 2000, a convite da ONU,
participou do Primeiro Encontro Mundial da Paz, reunião de cúpula com
líderes religiosos de expressão internacional para se discutir e
formular proposta de paz.
É considerado um dos maiores divulgadores do espiritismo no Brasil e
no exterior. Na península ibérica se destacou pela assistência ao
movimento espírita português e espanhol durante a ditadura fascista de
ambos os países.
Suas palestras promovem o pacifismo, estabelecem pontos de convergência entre a doutrina espírita e a ciência (principalmente a psicologia) e incentivam a busca constante pelo autoconhecimento, ancorada em conhecimentos sobre psicologia e doutrina espírita.
Recentemente (2006-2007), estreou no site da Mansão do Caminho o programa de entrevistasEncontro com Divaldo[1].
Divaldo, desde jovem, teve vontade de cuidar de crianças. Educou mais de 600 filhos, hoje emancipados, a maioria com família constituída e a própria profissão, como professores (magistério),
contadores, administradores, psicólogos, médicos, entre outros. Divaldo
possui ainda mais de 200 netos e bisnetos. Na década de 60 iniciou a
construção de escolas-oficinas profissionalizantes e de atendimento
médico. Hoje a Mansão do Caminho é um admirável complexo filantrópico que atende a 3.000 crianças e jovens carentes, na Rua Jayme Vieira Lima, 104 – Pau da Lima,
um dos bairros periféricos mais carentes de Salvador; tem 83.000 m² e
43 edificações. A obra é basicamente mantida com a venda de livros
mediúnicos, fitas e DVDs gravados nas palestras.
O Centro Espírita Caminho da Redenção administra, dentre outros, os seguintes órgãos assistenciais:
Mansão do Caminho (semi-internato para crianças e jovens carentes), fundado em 15 de agosto de 1952;
A Manjedoura (creche para crianças carentes de 2 meses a 3 anos de idade) ;
Escola Jesus Cristo (ensino fundamental), fundada em março de 1950;
Escola Allan Kardec (ensino fundamental), fundada em 1965;
Escola de Informática;
Escola de Educação Infantil Alvorada Nova, fundada em fevereiro de 1971 com o nome de Esperança;
Escola de Evangelização Nise Moacyr (evangelização espírita para público infantil);
Juventude Espírita Nina Arueira (evangelização e ensino espírita para o público jovem);
Caravana Auta de Souza (auxilia idosos e pessoas inválidas
portadoras de doenças irrecuperáveis e degenerativas);Casa da
Cordialidade (assiste a famílias carentes);
Centro de Saúde J. Carneiro de Campos;
Grupo Lygia Banhos (esclarecimento e consolo a comunidades carentes);
Livraria Espírita Alvorada Editora (LEAL- editora e gráfica).
Maio, 5: Nasce em casa humilde, filho de Francisco Pereira
Franco e Ana Alves Franco. Desde criança já demonstrava capacidade de
comunicar-se com o mundo espiritual.
1943
Recebe o diploma de professor primário pela Escola Normal Rural de Feira de Santana.
1945
Muda-se para Salvador;
Aprovado no concurso do IPASE (Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado).
1947
Começa a realizar conferências. Desde então, já realizou mais de
14 mil em mais de 1400 cidades (cerca de 500 destas no exterior, e 900
no Brasil).
Setembro, 7: funda o Centro Espírita Caminho da Redenção.
1949
Começa a atividade de psicografar.
1952
Agosto, 15: funda a Mansão do Caminho.
1964
Primeira obra psicografada. O livro Messe de Amor, série de mensagens de Joanna de Ângelis.
2000
Agosto: Participa do I Encontro Mundial pela Paz, a convite da ONU, onde vários religiosos debateram e elaboraram uma proposta para a paz no mundo.
Mais de 80 títulos de cidadania honorária conferidos por Estados e Municípios do Brasil (16 Capitais)
590 homenagens de entidades da sociedade civil organizada (148 de 64
cidades do Exterior, de 20 países, e 442 do Brasil, de 139 cidades)
Foi concedido a Divaldo Franco e a Nilson de Souza Pereira o Título
de "Embaixador da Paz no Mundo". Título concedido pela "Embassade
Universalle Pour la Paix" em Genebra, na Suíça, em 30 de dezembro de 2005,
passando Divaldo Franco a ser, a partir de então, o duocentésimo-quinto
"Embaixador da Paz no Mundo" e Nilson de Souza Pereira, o
duocentésimo-sexto.
Feito em estilo cordelístico, o poeta José Olívio Paranhos Lima publicou em 1993 um libreto em versos, contando a vida do médium, intitulado "Divaldo Franco, o baiano que virou cidadão do mundo". Algumas citações: