Que é a Verdade?
“Eu
para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da
verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”. Disse-lhe
Pilatos: “Que é a verdade?” (João, 18:37).
Decorridos dois mil anos, essa inquirição de Pilatos a Jesus ainda ressoa em nossa consciência.
Que é a verdade? E Ele se calou,
talvez porque o legítimo Prefeito da província romana da Judéia não
contasse com acervo psíquico-moral para aceitar e compreender as
verdades emudecedoras que pudessem brotar dos lábios dúlcidos do
Mensageiro Divino.
A verdade de Jesus, naquele
tempo, não cabia em nossas almas, e ainda hoje não há espaço para ela.
Espíritos de terceira ordem na escala espírita – conforme nos ensina o
codificador da Doutrina Espírita Allan Kardec – somos incapazes de
aceitar a mensagem de Jesus, e vivê-la em sua plenitude e simplicidade.
Talvez pelo fato de ser tão simples, não conseguimos nos ajustar
emocionalmente ao seu intrincado valor moral.
Somos criaturas viventes no
século 21, atreladas ao falso intelectualismo, que nos afasta
sobremaneira do pensamento Crístico do primeiro século.
Jesus personifica a justiça, e nós amamos a injustiça porque andamos pari e passu com seus benefícios efêmeros.
Jesus expressa o amor absoluto, e somos símbolos, estereótipos e desenvolvemos arquétipos das paixões atrofiantes.
Jesus inspira liberdade, e estamos nos atrelando aos velhos conceitos de dominação e subjugação pela matéria e através da mente.
A verdade de Jesus ainda está presa aos lábios dele: ouça quem tiver ouvidos de ouvir.
Que é a verdade? E Jesus mais
uma vez contou com os emissários a fim de não violentar nossa mente, um
tanto quanto infantil. Aos surdos é preciso gradativamente acostumar-se
com o som.
Quando da vinda do Mestre ao
Orbe terrestre, contou com João, o Batista, para aplainar o caminho. Não
o Seu Caminho , mas o caminho ascensional daqueles que queriam seguir a
verdade.
E, mesmo assim, a verdade permanece abafada, conspurcada, camuflada e, por fim, distanciada do pensamento Crístico.
Que é a verdade? Clama a multidão oprimida e massacrada pela descrença e cientificismo do século 19.
As vozes do céu empreendem novos
esforços, novas luzes, novos caminhos. Jesus, na sua soberania de
Governador Espiritual da Terra, destaca para o trabalho árido e
renovador o pedagogo Hippolyte Léon Denizard Rivail, oferecendo a todos
que desejarem a mensagem imortalista e consoladora, capaz de libertar as
consciências, com as verdades universais.
O codificador Allan Kardec,
pseudônimo por ele adotado visando não vincular a Doutrina dos Espíritos
nascente a nenhuma personalidade, se vê em momentos angustiantes diante
dos caminhos a trilhar. Por onde começar? Pelas conclusões científicas
tão discutidas pelos homens da época ou pelas indagações filosóficas tão
em evidência no meio cultural? Pensaria ele: seria justo desligar a
doutrina dos espíritos do caráter religioso e consolador? Não.
A Doutrina Espírita, renovadora
por sua natureza, corporifica-se e estampada na primeira questão de O
Livro dos Espíritos a célebre interrogação: Que é Deus?
Desta forma, deixa o legado de
um patrimônio universal sobre a verdade, obrigando-nos a todos –
cientistas, filósofos, religiosos – a responder tal inquirição, não
fugindo à verdade, nunca dantes tão clara e profunda.
Que é a verdade? E o Espirito de
Verdade responde: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, sem usar de
violência ou precipitação, sem se arvorar em juiz ou defensor, sem
constranger ou afastar as criaturas de Deus. A Verdade é! Simplesmente
é…
Notas Bibliograficas:
Evangelho de João 18:37
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 1- Rio de Janeiro: Ed FEB, 2007
Nenhum comentário:
Postar um comentário