Segundo o dicionário [1], transfiguração vem do latim transfiguratione, e significa ato ou efeito de transfigurar(-se). Decompondo a palavra, temos o prefixo trans, que significa [2] além de, para além de, em troca de, através e o radical figuração, também do latim, figuratio, significando configuração, forma, figura. Assim, o termo “transfiguração” traduziria a ideia de uma forma que vai além, que vai através, que vai em troca de.
O dicionário ainda [1] nos esclarece que o termo transfiguração é “uma
mudança radical na aparência, no caráter, na forma; transformação,
metamorfose. Transformação espiritual que exalta ou glorifica. Estado
glorioso em que apareceu Cristo aos apóstolos sobre o monte Tabor”.
A transfiguração, portanto, traduz tanto uma transformação física
(mudança na aparência, na forma) como uma mudança mais sutil, no
caráter, na parte espiritual, e neste caso, uma transformação para o
bem, que exalta ou glorifica. Destaca-se ainda nesta definição a
passagem evangélica da Transfiguração de Jesus, que veremos
oportunamente neste texto.
Em O Livro dos Médiuns [3], no item 122, Allan Kardec nos define
transfiguração como fenômeno que “consiste na mudança do aspecto de um
corpo vivo”.
Pela definição de Kardec, a transfiguração é uma mudança de aspecto que
pode ser bem pequena, quase imperceptível ou ainda muito grande, como a
de Jesus, registrada pelos evangelistas.
Definido o termo, observa-se que a transfiguração pode ter efeitos
diferentes e, portanto, causas diversas. Neste estudo, sugerimos uma
classificação do fenômeno da transfiguração, baseada no critério da
causa.
Sobre as causas da transfiguração
Os sistemas de classificação surgiram para organizar o conhecimento e
são baseados em determinado critério, que, dentro do nosso nível de
conhecimento, não pode ser considerado como absoluto.
Neste estudo sobre transfiguração utilizamos como critério
classificatório a causa, ou seja, o que está promovendo a mudança do
aspecto de um corpo vivo, relembrando a definição de Kardec.
Encontramos assim três causas, que descrevemos a seguir.
Primeira causa: corpo físico
A primeira causa foi descrita por Kardec, no item 123 de O Livro dos
Médiuns [3], como sendo “simples contração muscular, capaz de dar à
fisionomia expressão muito diferente da habitual, ao ponto de tornar
quase irreconhecível a pessoa”.
Esse tipo de transfiguração baseado apenas em mudanças musculares no
corpo físico é a mais conhecida. Ao observarmos uma pessoa muito feliz,
costumamos utilizar a palavra “radiante”. Todo o semblante da pessoa se
modifica... É possível constarmos essa mudança registrada em fotos de
momentos muito felizes de nossa vida. Há que se considerar também que
nem sempre nossas emoções são tão sublimes; quando ficamos enfurecidos
há também mudança de fisionomia a ponto de nos tornarmos
irreconhecíveis. Naturalmente, esse tipo de mudança de aspecto para uma
aparência negativa, que assusta, devemos evitar.
Segunda causa: perispírito
A segunda causa para a transfiguração foi apresentada pelo Codificador
em O Livro dos Médiuns [3], ainda no item 123, e também em A Gênese [4]:
trata-se da teoria do perispírito ou a irradiação fluídica do
perispírito.
O que é perispírito?
Encontramos o termo “perispírito”, palavra criada por Allan Kardec, em
muitas obras da Codificação, aparecendo pela primeira vez em O Livro dos
Espíritos [5]. Nesta obra, os Espíritos Superiores informam que o
perispírito é “uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas ainda
bastante grosseira para nós (...). Tem a forma que o Espírito queira.”
Allan Kardec, comentando esta resposta, nos diz que o perispírito “serve
de envoltório ao Espírito propriamente dito”; e que, do mesmo modo que,
envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma, por comparação,
envolvendo o Espírito, há o perispírito.
Nós, como encarnados, ou seja, com um corpo físico, somos compostos por
três partes – a primeira, nós mesmos (Espírito); a segunda, um corpo
menos material que o corpo físico, mas ainda bastante grosseiro
(perispírito), e a terceira, o corpo físico. Quando desencarnamos,
deixamos o corpo físico e prosseguimos nossa jornada evolutiva sempre
sendo Espírito, envolvido por um corpo chamado perispírito.
O perispírito: suas propriedades e modificações
Em O Livro dos Médiuns [6], no seu capítulo VI, que trata das
manifestações visuais, no item 100, Allan Kardec propõem, entre outras
questões, a de número 21ª - Como pode o Espírito fazer-se visível?
“O princípio é o mesmo de todas as manifestações, reside nas propriedades do perispírito, que pode sofrer diversas modificações, ao sabor do Espírito.”
Na obra A Gênese [7], Kardec nos esclarece que o perispírito é o corpo
fluídico dos Espíritos e que a sua natureza está sempre de acordo com o
grau de adiantamento moral do Espírito. Este envoltório perispirítico se
modifica com o progresso moral que o Espírito realiza em cada
encarnação. Assim, esse corpo fluídico vai se modificando de acordo com a
elevação moral do Espírito: quanto mais evoluído, mais sutil, menos
denso é esse perispírito.
Além da modificação do perispírito de acordo com o seu nível evolutivo,
há alterações que podem ocorrer por influência do Espírito, dentro de um
mesmo nível evolutivo. Tal o princípio das manifestações físicas,
conforme nos esclareceram os Espíritos em O Livro dos Médiuns [6].
O perispírito de encarnados e desencarnados
Em Obras Póstumas [8], que é composto por estudos que Allan Kardec
estava fazendo enquanto encarnado e que foram reunidos e publicados após
a sua desencarnação, em sua Primeira Parte, abordando o tema
Manifestações dos Espíritos, no parágrafo 3º, item 22 – Transfiguração, o
Codificador nos diz que:
“O perispírito das pessoas vivas goza das mesmas propriedades que o dos Espíritos. Como já foi dito, o daquelas não se acha confinado no corpo: irradia e forma em torno deste uma espécie de atmosfera fluídica.”
Entendemos que, estando desencarnado, o que envolve o Espírito é o
perispírito, que tem diversas propriedades e pode sofrer modificações...
Segundo nos esclarece Kardec nesta passagem, o perispírito dos
encarnados irradia além do corpo físico e forma em torno deste corpo
físico uma espécie de atmosfera fluídica. Allan Kardec, neste mesmo
estudo em Obras Póstumas, havia exposto que o perispírito não se acha
encerrado nos limites do corpo como numa caixa. Pela sua natureza
fluídica, ele é expansível, irradia para o exterior e forma, em torno do
corpo, uma espécie de atmosfera, que o pensamento e a força de vontade
podem dilatar mais ou menos.
Após esse breve resumo sobreo o perispírito, voltemos a analisar a
segunda causa do fenômeno de transfiguração, a teoria do perispírito ou a
irradiação fluídica do perispírito. Em O Livro dos Médiuns [3],
Capítulo VII, item 123, o Codificador esclarece:
“Está admitido que o Espírito pode dar ao seu perispírito todas as aparências; que, mediante uma modificação na disposição molecular, pode dar-lhe a visibilidade, a tangibilidade e, conseguintemente, a opacidade.”
Da mesma maneira que nós, num laboratório, podemos manipular as
substâncias e dar-lhes propriedades diferentes das que tinham antes, o
Espírito pode modificar o perispírito, dando-lhe visibilidade, ou seja,
tornando-se visível, de acordo com as modificações que o Espírito faça
no seu perispírito. Pode também tornar-se tangível, isto é, passível de
ser tocado, e pode tornar-se opaco, não deixando que possamos ver
através dele.
Ainda no mesmo texto, Kardec nos diz:
“Figuremos agora o perispírito de uma pessoa viva (...) irradiando-se em volta do corpo, de maneira a envolvê-lo uma espécie de vapor. (...) Perdendo ele a sua transparência, o corpo pode desaparecer, tornar-se invisível, ficar velado (...)”
Quando Kardec refere-se a “uma pessoa viva”, entendemos “um encarnado”. O
perispírito do encarnado começa a se irradiar, porque ele não está
confinado no corpo físico. Essa irradiação forma, por comparação, uma
“nuvem de vapor”, e não conseguimos mais ver o corpo físico, que
desaparece no meio daquela “nuvem”.
Continua o Codificador, ainda na mesma referência já citada:
“Poderá então o perispírito mudar de aspecto, fazer-se brilhante, se tal for a vontade do Espírito e se este dispuser de poder para tanto.”
Assim, o fenômeno de transfiguração que tem por causa a irradiação
fluídica do perispírito ou a teoria do perispírito se processa da
seguinte forma: o perispírito de alguém encarnado se expande, se
irradia, cobre o seu corpo físico de modo a deixá-lo invisível e,
dependendo da vontade do Espírito e do seu grau evolutivo, o Espírito
(mesmo estando encarnado) pode torná-lo brilhante, pois, quanto mais
evoluído o Espírito, tanto maior o seu poder para operar modificações no
perispírito.
Ainda sobre a teoria do perispírito ou irradiação fluídica do
perispírito, Kardec explica, em A Gênese [4], capítulo XIV, que trata
dos fluidos, item 39:
“Pode a imagem real do corpo apagar-se mais ou menos completamente sob a camada fluídica, e assumir outra aparência; ou então, vistos através da camada fluídica modificada, os traços primitivos podem tomar outra expressão.”
O corpo físico é envolvido por uma camada fluídica – e utilizamos aqui a
comparação com a camada de vapor, e pode assumir outra aparência ou os
traços primitivos podem assumir outra expressão, quando olhamos através
daquela camada fluídica.
A palavra transfiguração no sentido de “uma forma que vai através”, “que
vai em troca de” fica mais compreensível quando entendemos o fenômeno
da expansão do perispírito e sua mudança de propriedades.
Ainda em A Gênese [4], Kardec conclui que:
“Se, saindo do terra-a-terra, o Espírito encarnado se identifica com as coisas do mundo espiritual, pode a expressão de um semblante feio tornar-se bela, radiosa e até luminosa; se, ao contrário, o Espírito é presa de paixões más, um semblante belo pode tomar um aspecto horrendo.”
Jesus, na transfiguração descrita nos Evangelhos, e não poderíamos supor
de outra maneira, dada a sua evolução, estava nessa condição de
Espírito que se identifica com as coisas do mundo espiritual – daí a
luminosidade, a transfiguração luminosa!
Do mesmo modo, de acordo com a nossa vontade, se estamos presos a
paixões más, tomamos um aspecto horrendo. Neste caso, não mais apenas
por uma contração muscular, não apenas um fenômeno do corpo físico, mas
temos a participação do perispírito se irradiando e promovendo, de
acordo com a vontade do Espírito, o aspecto determinado.
Terceira causa: perispírito, com atuação de outro Espírito
Em o Livro dos Médiuns [3], no Capítulo VII, que fala da Bicorporeidade e
da Transfiguração, no item 122 Kardec narra um fato, ocorrido em
Saint-Etienne, de 1858 a 1859. Diz ele:
“Uma mocinha, de mais ou menos 15 anos, gozava da singular faculdade de se transfigurar, isto é, de tomar, em dados momentos, todas as aparências de certas pessoas mortas. Tão completa era a ilusão, que os que assistiam ao fenômeno julgavam ter diante de si a própria pessoa, cuja aparência ela tomava, tal a semelhança dos traços fisionômicos, do olhar, do som da voz e, até da maneira particular de falar.”
Aqui observamos um fenômeno um pouco diferente do descrito
anteriormente. A mocinha não apenas mudava de aspecto físico, mas tomava
tanto o aspecto quanto outras características, como o som da voz e a
maneira particular de falar de outras pessoas, que já tinham
desencarnado (mortas), conforme o texto.
Kardec continua, na mesma referência já citada [3]:
“Tomou, em várias ocasiões, a aparência de seu irmão, que morrera alguns anos antes. Reproduzia-lhe não somente o semblante, mas também o porte e a corpulência. Um médico do lugar, testemunha que fora, muitas vezes, desses estranhos efeitos, pesou a moça no estado normal e no de transfiguração. (...) Verificou-se que no segundo estado o peso era quase o duplo do seu peso normal.”
Observando a narrativa vemos que ela tomava a aparência do irmão, que
tinha desencarnado alguns anos antes – ora, se era alguns anos antes, e
ela tinha 15 anos, podemos supor que os dois viveram juntos quando
encarnados, eram contemporâneos, não sendo possível que a moça tivesse
sido aquele seu irmão em uma encarnação passada. Logo, não era um
fenômeno apenas do encarnado, mas havia a interferência de um
desencarnado, no caso, seu irmão.
A atitude do médico do lugar, que também assistia ao fenômeno, foi
fundamental para nos auxiliar a entendê-lo melhor. Ele teve a ideia de
pesar a moça em seu estado normal e pesá-la quando estava transfigurada
no irmão e os pesos foram diferentes, de quase o dobro um do outro.
Como se explica isso?
Pela terceira causa do fenômeno da transfiguração que é a teoria do
perispírito ou da irradiação fluídica do perispírito com combinação de
fluidos de Espíritos diferentes.
Em o Livro dos Médiuns [3], mesmo capítulo, item 123, Kardec nos explica:
“Um outro Espírito, combinando os seus fluidos com os do primeiro, poderá, a essa combinação de perispíritos, imprimir a aparência que lhe é própria, de tal sorte que o corpo real desapareça sob um envoltório fluídico exterior, cuja aparência pode variar à vontade do Espírito.”
Lembremo-nos da teoria do perispírito ou irradiação fluídica do
perispírito: o perispírito do encarnado se expande, envolve todo o seu
corpo físico e, de acordo com a vontade da pessoa, pode tomar aparência
diversa da que tinha antes, pode até tornar-se luminoso. Neste caso, ao
expandir seu perispírito, este entra em combinação com o perispírito de
um desencarnado (no caso em análise, o perispírito da moça entra em
combinação com o perispírito do seu irmão), e o desencarnado passa a
assumir o comando da atividade, imprimindo àquela combinação de
perispíritos a sua aparência, de acordo com a sua vontade. Daí poder se
pesar a moça transfigurada e medir-se o peso do irmão, porque havia
combinação de fluidos.
Resumindo, segundo a classificação que se baseia no critério causa do
fenômeno de transfiguração, temos três causas diferentes: a simples
contração muscular, a irradiação fluídica do perispírito e a irradiação
fluídica do perispírito com combinação de fluidos de Espíritos
diferentes.
Sobre os tipos de transfiguração
Vale ressaltar que temos tipos, efeitos de transfiguração diferentes –
seria um outro tipo de classificação, conforme Kardec nos esclarece na
já citada Obras Póstumas [8], no item 22:
“O fenômeno da transfiguração pode operar-se com intensidades muito diferentes, conforme o grau de depuração do perispírito, grau que sempre corresponde ao da elevação moral do Espírito. Cinge-se às vezes a uma simples mudança no aspecto geral da fisionomia, enquanto que doutras vezes dá ao perispírito uma aparência luminosa e esplêndida.”
E é ainda em Obras Póstumas [8] que Kardec vem nos auxiliar na
imensidade de questões que surgem quando começamos estudar mais a fundo
os fenômenos de transfiguração, quando diz, agora no item 23:
“Estes fenômenos talvez pareçam singulares, mas somente por não se conhecerem ainda as propriedades do fluido perispirítico. Este é, para nós, um novo corpo, que há de possuir propriedades novas e que não se podem estudar senão pelos processos ordinários da Ciência, mas que não deixam, por isso, de ser propriedades naturais, só tendo de maravilhosa a novidade.”
Aí está um novo campo de estudos, o perispírito, que, como disse Kardec,
exige os processos ordinários da Ciência – ou seja, da mesma forma que
ninguém aprende biologia, ou mecânica quântica apenas por assistir a uma
palestra ou ler um livro, é necessário um pouco mais de dedicação, de
estudo, de pesquisa, para se aprofundar no conhecimento das propriedades
do fluido perispirítico.
Parece maravilhoso, e é algo mesmo de se deslumbrar um fenômeno deste
tipo, mas não é sobrenatural, pois está perfeitamente dentro das leis da
natureza, que nós ainda não conhecemos em plenitude.
A Transfiguração de Jesus
A Transfiguração mais importante, mais famosa que conhecemos é a narrada
pelos Evangelhos, a Transfiguração de Jesus. Este fenômeno é descrito
tanto por Marcos, no capítulo 9, versículos 2 a 9, por Lucas, também no
capítulo 9, versículos 28 a 36 e por Mateus, que foi a narrativa que
escolhemos, no capítulo 17, versículos 1 a 9. Segundo o texto de Mateus,
alguns dias antes Jesus começou a preparar os discípulos para os
acontecimentos de Jerusalém, e convidou Pedro, Tiago e João a subir a um
alto monte e, segundo a narrativa de Mateus:
“E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz.” (Mateus 17:2)
Pintura: The Transfiguration. Autor: Carl Heinrich Bloch. Ref.: http://www.carlbloch.org/
Jesus, o ser mais evoluído que já veio à Terra, podia, por sua vontade,
atuar no seu perispírito livremente. Neste momento narrado nos
Evangelhos, Jesus expandiu seu perispírito, que se mostrou brilhante,
tal qual deve ser o natural de todos os Espíritos evoluídos.
Encontramos este comentário em A Gênese [9], capítulo XV – os milagres do Evangelho, item 44:
“(...) De todas faculdades que Jesus revelou, nenhuma se pode apontar estranha às condições da humanidade e que se não encontre comumente nos homens, porque estão todas na ordem da Natureza. Pela superioridade, porém, da sua essência moral e de suas qualidades fluídicas, aquelas faculdades atingiam nele proporções muito acima das que são vulgares.”
Assim, tudo o que Jesus fez, podemos fazer (João 14:12), desde que nos melhoremos, nos aperfeiçoemos, pois tudo o que ele fez, não destruindo a lei, está na lei, está na Natureza.
Outros exemplos de transfiguração
Encontramos ainda outros exemplos de transfiguração na Bíblia.
“E aconteceu que, descendo Moisés do monte Sinai trazia as duas tábuas do testemunho em suas mãos, sim, quando desceu do monte, Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, depois que falara com Ele.” (Êxodo 34:29)
“Assim, pois, viam os filhos de Israel o rosto de Moisés, e que resplandecia a pele do seu rosto; e tornava Moisés a pôr o véu sobre o seu rosto, até entrar para falar com Ele.” (Êxodo 34:35)
Temos aqui um exemplo de transfiguração luminosa e duradoura, pois a
luminosidade de Moisés era tão aparente a ponto de ele ter de andar com
um véu sobre o rosto. Pela narrativa, após o contato com a
Espiritualidade superior, recebendo os dez mandamentos, Moisés estava
nessa condição que vimos anteriormente neste estudo, de sair do
terra-a-terra e se identificar com as coisas do mundo espiritual.
Transfiguração no plano espiritual
A transfiguração também ocorre no plano espiritual, já que é um fenômeno
relacionado ao perispírito e Espírito desencarnado também tem
perispírito. Alguns exemplos narrados pelo Espírito André Luiz, pela
mediunidade de Francisco Cândido Xavier:
Transfiguração de Alexandre [10]
“Nesse instante, Alexandre silenciou, mantendo-se, então, em muda rogativa. Admirado, comovido, notei que o generoso instrutor se transfigurava, ali, aos nossos olhos. Pela primeira vez, depois de meu retorno ao novo plano, observava acontecimento tão singular. Suas vestes tornaram-se de neve radiosa, sua fronte emitia intensa luz e de suas mãos estendidas evolavam-se raios brilhantes que, caindo sobre nós, pareciam infundir-nos estranho encantamento. Profunda emoção dominou-me o íntimo e quase todos nós, sem definir a causa daquelas divinas vibrações, chorávamos de alegria, contendo o peito opresso de júbilo inesperado.”
Transfiguração de Ismália e outros trabalhadores [11]
“Observando-a, por um momento, reparei que a esposa de Alfredo se transfigurara. Luzes diamantinas irradiavam de todo o seu corpo, em particular do tórax, cujo âmago parecia conter misteriosa lâmpada acesa.”“Em vista da ligeira pausa que imprimira a oração, observei a nós outros, verificando que o mesmo fenômeno se dava conosco, embora menos intensamente. Cada qual parecia, ali, apresentar uma expressão luminosa, gradativa.”“As senhoras que acompanhavam Ismália estavam quase semelhantes a ela, como se trajassem soberbos costumes (trajes) radiosos, em que predominava a cor azul. Depois delas, em brilho, vinha a luz de Aniceto, de um lilás surpreendente. (...), Vicente e eu, mostrávamos fraca luminosidade, a qual, porém, nos enchia de brilho intenso, considerando que a maioria dos cooperadores em serviço apresentava o corpo obscuro, como acontece na esfera carnal.”
Transfiguração em nós
Por fim, além de todo o conhecimento que vamos adquirindo a respeito do
perispírito, o fenômeno da transfiguração de Jesus traz algum outro
ensinamento para nós? Este questionamento foi feito para o benfeitor
Emmanuel, nos seguintes termos [12]:
“310 – A transfiguração do Senhor é também um símbolo para a Humanidade?Todas as expressões do Evangelho possuem uma significação divina e, no Tabor, contemplamos a grande lição de que o homem deve viver a sua existência, no mundo, sabendo que pertence ao Céu, por sua sagrada origem, sendo indispensável, desse modo, que se desmaterialize, a todos os instantes, para que se desenvolva em amor e sabedoria, na sagrada exteriorização da virtude celeste, cujos germes lhe dormitam no coração.”
Almejamos que este estudo sobre a transfiguração nos estimule cada vez
mais ao desenvolvimento de nós mesmos, ao nosso aperfeiçoamento, pela
prática do bem e do amor, conforme sempre nos ensina Nosso Mestre Jesus.
Bons estudos!
Carla e Hendrio
Referências bibliográficas:
[1] HOLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque. “Novo Aurélio Século XXI”. Verbete Transfiguração.
[2] Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [online], 2008-2013,
Verbete Trans- Disponíevl em: http://www.priberam.pt/dlpo/trans-
.Consultado em 26-09-2013.
[3] KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 2ª Parte, Cap. VII, Da bicorporeidade e da transfiguração. Itens 122, 123.
[4] KARDEC, Allan. A Gênese. Parte – Os Milagres. Cap. XIV – Os fluidos. Item 39.
[5] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questões 93 a 95.
[6] KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 2ª Parte, Cap. VII, Da bicorporeidade e da transfiguração. Itens 100.
[7] KARDEC, Allan. A Gênese. Parte – Os Milagres. Cap. XIV – Os fluidos. Itens 7 a 12.
[8] KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 1ª Parte, Manifestações dos Espíritos. §3º Transfiguração, itens 22 e 23.
[9] KARDEC, Allan. A Gênese. Parte – Os Milagres. Cap. XV – Os milagres do Evangelho. Itens 43-44.
[10] XAVIER, F. C. “Missionários da Luz” Pelo Espírito André Luiz. 25ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1994, capítulo 9.
[11] XAVIER, F. C. “Os Mensageiros” Pelo Espírito André Luiz. 15ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1983, capítulo 24.
[12] XAVIER, F. C. “O Consolador”. Pelo Espírito Emmanuel. 18ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1997, Questão 310.
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