terça-feira, 8 de maio de 2018

O espirito da verdade e Allan Kardec

Verdade Libertadora

Realizado o estudo do Evangelho no lar de Josef Jackulack, na noite de 5 de junho, em Viena, Áustria, o tema foi:
“Não ponhais a candeia debaixo do alqueire”, capítulo XXIV, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, após o qual a Mentora espiritual escreveu a presente mensagem.

A verdade sempre predomina.


O culto à mentira é dos mais danosos comportamentos a que o indivíduo se submete. Ilusão do ego, logo se dilui ante a linguagem espontânea dos fatos. Responsável por expressiva parte dos sofrimentos humanos, fomenta a calúnia que lhe é manifestação grave e destrutiva – a infâmia, a crueldade…
A maledicência é-lhe filha predileta, por expressar-lhe os conteúdos perturbadores, que a imaginação irrefreada e os sentimentos infelizes dão curso.
Além desses aspectos morais, a mentira não resiste ao transcurso do tempo. Sem alicerce que a sustente, altera a sua forma ante cada evento novo e de tal maneira se modifica, que se desvela. Por ser insustentável, quem se apóia na sua estrutura frágil padece insegurança contínua.
Porque é exata na sua forma de apresentar-se, a verdade é o inimigo normal da mentira. Enquanto a primeira esplende ao sol dos acontecimentos e exterioriza-se sem qualquer exagero, a segunda é maneirosa, prefere a sombra e comunica-se com sordidez. Uma é fruto da realidade; a outra, da fantasia, que não medita nas consequências de que se reveste.
A mentira teme o confronto com a verdade. Aloja-se nas sombras, espraia-se, às escondidas, e encontra, infelizmente, guarida.
A verdade jamais se camufla; surge com força e externa-se com dignidade. Não tem alteração íntima, permanecendo a mesma em todas as épocas. Ninguém consegue ocultá-la, porque, semelhante à luz, irradia-se naturalmente. Nem sempre é aceita, por convidar à responsabilidade. Amiga do discernimento, é a pedra angular da consciência de si mesmo, fator ético-moral da conduta saudável.
Enquanto a mentira viger, a acomodação, o crime afrontoso ou sob disfarce, o abuso do poder e a miséria de todo tipo predominarão na Terra exaltando os fracos, que assim se farão fortes, os covardes, que se tornarão estóicos, os astutos, que triunfarão em detrimento dos sábios, dos nobres e dos bons…
Face a tais logros, que propicia, não obstante efêmeros, os seus famanazes e cultuadores detestam e perseguem a verdade. Não medem esforços para impelir-lhe a propagação, por saberem dos resultados que advirão com o seu estabelecimento entre as criaturas.
São baldas, porém, tão insanas atitudes.
A verdade espera… Seus opositores enfermam, envelhecem e morrem, enquanto ela permanece.
A mentira é de breve existência. Predomina por um pouco, esfuma-se e passa…
(…) Jesus, em proposta admirável, afirmou: Busca a verdade e a verdade te libertará.
Ninguém tem o direito de ocultar a verdade, qual se fosse uma luz que devesse ficar escondida. Onde se encontre, irradia claridade e calor.
O seu conhecimento induz o portador a apresentá-la onde esteja, a divulgá-la sempre. Pelos benefícios que proporciona, estimula à participação, à solidariedade, difundindo-a. (…)

Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Sob a Proteção de Deusocultar a verdade joanna

Que é a Verdade?

Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”. Disse-lhe Pilatos: “Que é a verdade?” (João, 18:37).
Decorridos dois mil anos, essa inquirição de Pilatos a Jesus ainda ressoa em nossa consciência.
Que é a verdade? E Ele se calou, talvez porque o legítimo Prefeito da província romana da Judéia não contasse com acervo psíquico-moral para aceitar e compreender as verdades emudecedoras que pudessem brotar dos lábios dúlcidos do Mensageiro Divino.
A verdade de Jesus, naquele tempo, não cabia em nossas almas, e ainda hoje não há espaço para ela. Espíritos de terceira ordem na escala espírita – conforme nos ensina o codificador da Doutrina Espírita Allan Kardec – somos incapazes de aceitar a mensagem de Jesus, e vivê-la em sua plenitude e simplicidade. Talvez pelo fato de ser tão simples, não conseguimos nos ajustar emocionalmente ao seu intrincado valor moral.
Somos criaturas viventes no século 21, atreladas ao falso intelectualismo, que nos afasta sobremaneira do pensamento Crístico do primeiro século.
Jesus personifica a justiça, e nós amamos a injustiça porque andamos pari e passu com seus benefícios efêmeros.
Jesus expressa o amor absoluto, e somos símbolos, estereótipos e desenvolvemos arquétipos das paixões atrofiantes.
Jesus inspira liberdade, e estamos nos atrelando aos velhos conceitos de dominação e subjugação pela matéria e através da mente.
A verdade de Jesus ainda está presa aos lábios dele: ouça quem tiver ouvidos de ouvir.
Que é a verdade? E Jesus mais uma vez contou com os emissários a fim de não violentar nossa mente, um tanto quanto infantil. Aos surdos é preciso gradativamente acostumar-se com o som.
Quando da vinda do Mestre ao Orbe terrestre, contou com João, o Batista, para aplainar o caminho. Não o Seu Caminho , mas o caminho ascensional daqueles que queriam seguir a verdade.
E, mesmo assim, a verdade permanece abafada, conspurcada, camuflada e, por fim, distanciada do pensamento Crístico.
Que é a verdade? Clama a multidão oprimida e massacrada pela descrença e cientificismo do século 19.
As vozes do céu empreendem novos esforços, novas luzes, novos caminhos. Jesus, na sua soberania de Governador Espiritual da Terra, destaca para o trabalho árido e renovador o pedagogo Hippolyte Léon Denizard Rivail, oferecendo a todos que desejarem a mensagem imortalista e consoladora, capaz de libertar as consciências, com as verdades universais.
O codificador Allan Kardec, pseudônimo por ele adotado visando não vincular a Doutrina dos Espíritos nascente a nenhuma personalidade, se vê em momentos angustiantes diante dos caminhos a trilhar. Por onde começar? Pelas conclusões científicas tão discutidas pelos homens da época ou pelas indagações filosóficas tão em evidência no meio cultural? Pensaria ele: seria justo desligar a doutrina dos espíritos do caráter religioso e consolador? Não.
A Doutrina Espírita, renovadora por sua natureza, corporifica-se e estampada na primeira questão de O Livro dos Espíritos a célebre interrogação: Que é Deus?
Desta forma, deixa o legado de um patrimônio universal sobre a verdade, obrigando-nos a todos – cientistas, filósofos, religiosos – a responder tal inquirição, não fugindo à verdade, nunca dantes tão clara e profunda.
Que é a verdade? E o Espirito de Verdade responde: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, sem usar de violência ou precipitação, sem se arvorar em juiz ou defensor, sem constranger ou afastar as criaturas de Deus. A Verdade é! Simplesmente é…

Notas Bibliograficas:
Evangelho de João 18:37
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 1- Rio de Janeiro: Ed FEB, 2007a verdade conduta

A VERDADE SEGUNDO O ESPIRITISMO

A Verdade é relativa?!


Um questionamento comum ao estudioso do Espiritismo é quanto à verdade e sua possível relatividade. Ouvimos sobre o assunto e as opiniões são diversas, alguns acreditando que sim, outros opinando que não. Afinal, a verdade é relativa?
A resposta não é difícil, mas também não é tão simples de ser apresentada. Desde que procuremos em fontes seguras que possam nos esclarecer sobre o interessante assunto e aproveitemos o precioso recurso da reflexão, encontraremos o entendimento mais acertado sobre esse tema.
A verdade tem sido pauta de discussão desde que o homem entendeu-se com ser racional na busca de respostas para compreender a vida e suas manifestações. Filósofos, pensadores, educadores, cientistas, religiosos, humanistas têm procurado descobrir o real sentido do vocábulo verdade na senda intrincada da descoberta do conhecimento universal.
O filósofo Rene Descartes, em seu clássico Discurso do Método1, chegou a elaborar uma metodologia para a busca do conhecimento verdadeiro. Nesse documento, o conhecido filósofo alcunhou a célebre frase: “Penso, logo existo.”
A razão da existência humana é encontrar a verdade. Mas, por cautela, os amigos espirituais já recomendaram na principal obra espírita:
Importa que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado2. […]
Ao desenvolver criteriosamente o conteúdo acerca do caráter da revelação espírita, Kardec disserta: “A característica essencial de qualquer revelação tem que ser a verdade. Revelar um segredo é tornar conhecido um fato; se é falso, já não é um fato e, por consequência, não existe revelação3. […]”
Mais à frente, o Codificador prossegue aprofundando a questão:
O que de novo ensinam aos homens, quer na ordem física, quer na ordem filosófica, são revelações. Se Deus suscita reveladores para as verdades científicas, pode, com mais forte razão, suscitá-los para as verdades morais, que constituem elementos essenciais do progresso. Tais são os filósofos cujas ideias atravessam os séculos4.
Pastorino, em sua reconhecida sabedoria como filósofo do Evangelho, já no Plano Espiritual, nos ensina que
O conhecimento da Verdade liberta o ser humano das ilusões e impulsiona-o ao crescimento espiritual, multiplicando-lhe as motivações em favor da auto-iluminação, graças à qual torna-se mais fácil a ascensão aos páramos celestes5.
O conhecimento da verdade, então, é o destino de toda criatura que anseia pelo entendimento acerca das principais questões da vida, que vem preocupando o homem no decorrer do processo da evolução antropomórfica: de onde vim?; o que estou fazendo na Terra?; e para onde vou depois que partir daqui? São perguntas que as religiões, as ciências e as filosofias ao tentar resolvê-las ainda não lograram êxito. E para as quais o Espiritismo tem as elucidações precisas e satisfatórias ao espírito científico e racional que prepondera em nossa época.
Para acessar essas informações, é imprescindível conhecer os fundamentos básicos do Espiritismo pela leitura e estudo das obras que compõem a Codificação Espírita. Luzes de esclarecimento e bálsamos de consolação são ofertados nesses preciosos livros e em outros complementares, advindos da psicografia de Zilda Gama, Yvonne Pereira, Chico Xavier, Divaldo Franco, entre tantos outros colaboradores do Cristo na evangelização da Humanidade terrena.
*
Em resposta ao questionamento formulado no início desse texto, esclarecemos que a verdade é absoluta. Gradativa é a revelação da verdade e relativa, a nossa capacidade de compreendê-la.
Assim, é natural que, ao encetarmos nossa evolução moral e intelectual, apresentaremos também melhores condições de entender e aceitar a verdade, integrando-nos, em definitivo, aos propósitos divinos que as palavras de Jesus traduzem com propriedade: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”6.
Referências:
1 DESCARTES, René. Discurso do método. Tradução de Enrico Corvisieri. Versão eletrônica. Disponível em: . Acesso em: 9 ago. 2016.
2 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. 93. ed., 2. imp. Brasília: FEB, 2016. q 628.
3 ______. A gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro. 53. ed., 4. imp. Brasília: FEB, 2016. Cap. 1: Caráter da revelação espírita, it. 3
4 ______. ______. it. 6.
5 FRANCO, Divaldo P. Impermanência e imortalidade. Pelo Espírito Carlos Torres Pastorino. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
6 João, 8: 32.sempre luz