Deus criou o Universo. Dentro desse
Universo há vários mundos. Estes mundos são criados gradativamente
juntamente com seus habitantes. Muitos planetas foram criados antes do
nosso planeta Terra. Assim como outros ainda serão criados. Portanto,
outros Espíritos evoluíram antes de nós. Um desses Espíritos é Jesus.
Ele evoluiu em outro planeta antes do nosso ser criado. Quando Ele
estava muito evoluído, Deus o incumbiu de acompanhar o nascimento e
desenvolvimento do planeta Terra.
Nosso planeta teve sua origem há mais ou
menos 4,5 bilhões de anos e tudo era uma massa incandescente não
possibilitando haver vida.
No decorrer de milhões de anos, a massa
incandescente foi esfriando e foram se formando os elementos que existem
hoje em nosso planeta: o ar, a água, as rochas, o solo, as plantas, os
animais e o homem.
A vida apareceu há mais ou menos 3,5
bilhões de anos, portanto, um bilhão de anos após o início da formação
da Terra. Afirma-se que a primeira forma de vida surgiu na água sob
forma de seres minúsculos extremamente simples. Estes foram se tornando
cada vez mais complexos e deram origem às células, depois às plantas e
aos animais invertebrados que habitavam o mar. Mais tarde, a vida se
fixou sobre a terra firme e depois no ar.
É fantástica a marcha de surgimento de
diferentes formas de vida sobre a Terra: microrganismos, plantas,
peixes, répteis, aves, mamíferos.
Ao longo de muito tempo, os seres
sofreram transformações sucessivas, dando origem a várias espécies. Esse
processo chama-se EVOLUÇÃO.
Mas, após os répteis, surgem os animais
horrendos das eras primitivas, os dinossauros. Emmanuel, no livro A
Caminho da Luz disse que a Natureza tornou-se uma grande oficina de
ensaios monstruosos. Os trabalhadores do Cristo analisaram a combinação
prodigiosa dos complexos celulares, cuja formação eles próprios haviam
delineado, então, aperfeiçoaram a máquina celular no limite possível em
face das leis físicas do globo. Foi então que eles desapareceram para
sempre da fauna terrestre.
Os primeiros seres humanos surgiram
sobre a Terra há aproximadamente 3 milhões de anos. Parece muito, mas
não é, se considerarmos que a vida no planeta tem mais de 3 bilhões de
anos.
Nós espíritas concordamos com a teoria
de Charles Darwin, mas ele deteve-se na evolução da forma física e
Kardec deu continuidade mostrando que o corpo evolui conforme a evolução
espiritual através da reencarnação.
De acordo com o Gênesis (o primeiro livro bíblico), o mundo, os animais e
o homem foram criados diretamente por Deus durante uma semana.
Essa descrição é de uns 3 mil anos atrás, época em que o homem não tinha os conhecimentos científicos de hoje.
Atualmente, a narrativa da criação do mundo seria bem diferente. Mas num
ponto ela continuará igual: Deus é o criador de tudo o que existe.
Tudo começa pelo átomo; do átomo
passamos a ser um mineral; do mineral passamos a ser um vegetal; do
vegetal passamos a ser um animal; do animal passamos a seres humanos; e
enfim, de seres humanos passaremos a arcanjos. Por milênios e milênios
de evolução experimentamos graus inferiores até conquistarmos a
inteligência. Entre o irracional e o homem, há longos caminhos a
percorrer.
Não fomos criados todos ao mesmo tempo,
porque Deus cria incessantemente, por isso é natural que encontremos
Espíritos, encarnados e desencarnados em graus de evolução diferentes.
Quando um cachorro, por exemplo, der
sinal de inteligência, não continuará mais aqui na Terra, que não lhe
oferecerá condições; ao desencarnar o Espírito desse cachorro irá para
mundos em começo de evolução. Após cachorro, reencarnará no corpo de um
primata aprendendo a andar de pé, a usar as mãos. Depois reencarnará num
planeta primitivo, cujos moradores são espíritos que moram em cavernas.
E assim, evoluirá com o planeta, assim como ocorreu com nós. Fomos
moradores das cavernas, desencarnamos e aprendemos no plano espiritual
alguma coisa; reencarnamos e voltamos melhor, com mais conhecimento;
desencarnamos e encarnamos várias vezes até sairmos da caverna e nos
tornarmos seres mais evoluídos, buscando cada vez mais o crescimento
espiritual. Nosso planeta já foi um mundo primitivo e está passando de
provas e expiações para regeneração. Enquanto isso, outros mundos estão
sendo criados e com ele passando por todo processo de evolução deles e
dos seres que nele aparecerem.
Cada planeta é habitado por Espíritos com grau evolutivo correspondente ao planeta.
Allan Kardec classifica os planetas em:
1) Primitivos: onde os espíritos realizam suas primeiras encarnações.
2) De provas e de Expiações:
onde predomina o mal, porque há muita ignorância; aí, as pessoas sofrem
as conseqüências dos erros praticados (expiação) ou passa por
experiências, testes, testemunhos (provas). A Terra é um mundo assim.
3) De Regeneração:
neles não há mais a expiação, mas ainda há provas pelas quais o
espírito tem de passar para consolidar as conquistas evolutivas que fez e
desenvolver-se mais. São mundos de transição entre os mundos de
expiação e os que vêm a seguir.
4) Ditosos ou Felizes: nestes mundos predomina o bem, porque seus moradores são espíritos mais evoluídos; há muito bem-estar e progresso geral.
5) Divinos ou Celestes: onde o bem sem qualquer mistura e a felicidade é absoluta, como obra sublime dos seus moradores: os puros espíritos.
Compilação de Rudymara retirados
dos livros “A Gênese” de Kardec; “O Evangelho segundo o Espiritismo”;
“A Caminho da luz” de Emmanuel; “Espiritismo, uma nova era” de Richard
Simonetti.
E v o l u ç ã o
Allan Kardec, em toda a sua obra,
procurou demonstrar que o Espiritismo nada tem a ver com o maravilhoso e
o sobrenatural, e não guarda relação com nenhum tipo de superstição.
Assim, a teoria da evolução no espiritismo está intimamente atrelada à
da ciência. Claro, é preciso reconhecer que, na codificação de Kardec,
está atrelada ao que se sabia de ciência de SUA época, com todas as suas
falhas e preconceitos (e daí advém as críticas de que Kardec era
racista, e tal). Mas, como o próprio Kardec postulou: “Caminhando de par
com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se
novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto
qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se
revelar, ele a aceitará”. Assim, cabe aos espíritas a atualização da
doutrina através de um contínuo estudo.
O diferencial aqui é que, no
espiritismo, toda a explicação da evolução do universo, planetas e seres
se processa de acordo com a ciência, mas possui sua causa em uma
inteligência (ou inteligências), durante todo o processo. Creio que seja
análoga a Teoria do Design inteligente, que é diferente da Teoria do
Criacionismo e do Pastafarianismo.
A Formação da vida na Terra
Acredita-se que a vida na Terra tenha
surgido há cerca de 2 bilhões de anos, e, segundo a teoria que hoje
prevalece (de Oparin e Müller), o primeiro ser vivo surgiu da combinação
de elementos químicos presentes na Terra primitiva.
A fim de romper as moléculas dos gases
simples da atmosfera e reorganizar as partes em moléculas orgânicas, era
preciso energia, abundante na Terra jovem. Existia calor e vapor
d’água. Tempestades violentas eram acompanhadas de relâmpagos que
forneciam energia elétrica. O Sol bombardeava a Terra com partículas de
alta energia e luz ultravioleta. Essas condições foram simuladas em
laboratório, e os cientistas demonstraram que assim se produzem
moléculas orgânicas. Entre elas, estão alguns aminoácidos, os
importantes blocos de construção das proteínas, componentes fundamentais
da matéria viva.
Em seguida, na seqüência que conduziu à
vida, esses compostos foram levados da atmosfera pelas chuvas e
começaram a se concentrar em certas áreas do oceano. Algumas moléculas
orgânicas tendem a se agarrar no oceano primitivo, esses agregados
provavelmente tomaram a forma de gotas, envolvidos por fina película
protetora. Denominam-se esses seres de coacervados. Essas estruturas,
apesar de não serem vivas, têm propriedades osmóticas e podem se unir,
formando outro coacervado mais complexo. Da evolução destes coacervados,
surgem as primeiras formas de vida. Os primeiros seres vivos, segundo
se acredita, eram heterótrofos (buscavam o alimento fora deles),
habitante das águas, unicelular e com um único sentido: o tato.
Emmanuel, através da mediunidade de
Chico Xavier, escreve no livro “A Caminho da Luz” que todo esse processo
admirável não foi obra do acaso, resultado de forças cegas,
inconseqüentes, e sim, a conseqüência de um trabalho bem elaborado dos
Espíritos superiores, responsáveis pelo destino de nosso planeta.
Emmanuel nos informa que Jesus (ele mesmo) e sua falange de engenheiros,
químicos e biólogos siderais estiveram presentes todo o tempo,
acompanhando fase a fase o despertar da vida no planeta. Não podemos
também desconsiderar a presença do princípio inteligente (que poderíamos
chamar de “Deus”) que, como “campo organizador da forma”, deve ter
exercido um papel preponderante no processo de gênese orgânica.
Emmanuel nos diz:
“E quando serenaram os elementos do mundo nascente, quando a luz do Sol
beijava, em silêncio, a beleza melancólica dos continentes e dos mares
primitivos, Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu
pensamento. Viu-se então, descer sobre a Terra, das amplidões dos
espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas que envolveu o imenso
laboratório em repouso. Daí a algum tempo, podia-se observar a
existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam dados
os primeiros passos no caminho da vida organizada.”
Este relato, obviamente que de forma romanceada, sugere elementos da
Panspermia, teoria marginalizada pela ciencia até poucos anos e que
sustenta que o “detonador” da vida na Terra foram elementos provenientes
do espaço (trazidos por cometas, meteoritos e nebulosas).
Nas questões 43, 44 e 45 de “O Livro dos
Espíritos” (de 1857), a Quimiossíntese e a Teoria dos Coacervados, de
Alexander Oparin (de 1936), são prenunciadas pelos Espíritos, com
palavras diferentes, mas com a mesma ideia.
A Evolução Orgânica
Não mais se discute hoje a realidade do
processo evolutivo. A evolução das espécies é um fato inquestionável.
Através de processo múltiplos e fenômenos diversos, os primeiros seres
vivos, unicelulares e simples, foram os precursores de todas as formas
complexas de vida. Mas qual o mecanismo dessa evolução? Duas teorias,
agindo conjuntamente, sem se excluírem, tentam explicar a evolução:
Darwinismo: lançado em 1859, por Charles
Darwin (No livro “A Origem das Espécies”). O Darwinismo se baseia na
seleção natural, ou seja, os seres mais aptos sobrevivem, enquanto os
menos aptos desaparecem.
Mutacionismo: teoria que teve em Hugo de
Vries seu idealizador, baseia-se no conceito de mutação (toda alteração
no patrimônio genético dos seres, que se transmite às espécies
descendentes). Segundo essa teoria o aparecimento de espécies novas
seria o resultado de várias mutações ocorridas nas espécies anteriores.
Como o macaco se tornou homíneo até hoje
é uma incógnita. Nunca encontramos realmente o “elo perdido”, a espécie
biológica que represente esta transição. Já chegamos bem perto, mas
ainda falta “algo”. Tal vácuo dá espaço até para teorias de seres
alienígenas que ficaram responsável por esta transição, com alterações
in vitro e por meio de reprodução controlada inter-espécies (teoria esta
não de todo maluca, se formos pesquisar nas lendas dos povos antigos,
como os sumérios, índigenas e asiáticos).
Mas vejamos o pensamento de Kardec, em
seu tempo, numa ciência ainda fortemente influenciada pelo modelo grego
em que beleza = evolução, vemos no livro “A Gênese”, de Allan Kardec,
cap. 11, a “Hipótese sobre a origem do corpo humano”:
Bem pode dar-se que corpos de macaco
tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos,
forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa
vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao
exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal.
Em vez de se fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria
achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de
ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos
animais, sem deixar de ser homem.
Fique bem entendido que aqui unicamente
se trata de uma hipótese, de modo algum posta como princípio, mas
apresentada apenas para mostrar que a origem do corpo em nada prejudica o
Espírito, que é o ser principal, e que a semelhança do corpo do homem
com o do macaco não implica paridade entre o seu Espírito e o do macaco.
Admitida essa hipótese, pode-se dizer
que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo
habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades,
conservando a forma geral do conjunto. Melhorados os corpos, pela
procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as
árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco
se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu. O
Espírito macaco, que não foi aniquilado, continuou a procriar, para seu
uso, corpos de macaco, do mesmo modo que o fruto da árvore silvestre
reproduz árvores dessa espécie, e o Espírito humano procriou corpos de
homem, variantes do primeiro molde em que ele se meteu. O tronco se
bifurcou: produziu um ramo, que por sua vez se tornou tronco.
O tempo passou, aprendemos coisas como
ecosistema, beleza só não põe mesa, a natureza não dá saltos, jacarés e
ornitorrincos estão muito bem, obrigado, nada se perde, tudo se
transforma, etc. A questão evoluiu no espiritismo pelas mãos de Chico
Xavier e Emmanuel, que nos esclarecem que muitas das transformações que
se verificaram nos seres foram, anteriormente, promovidas em suas
estruturas perispirituais, entre uma existência e outra (ou seja, no
plano espiritual!). Os Espíritos construtores, sob a supervisão de
Jesus, retocavam, em vezes sucessivas, as formas perispiríticas, e estas
alterações criariam o campo magnético para as futuras mutações.
Conta ainda que os seres atuais não
tinham, no princípio da vida, suas formas biológicas totalmente
definidas. Experiências múltiplas, no patrimônio genético dos nossos
antepassados, coordenadas por geneticistas siderais, foram modelando
aquelas formas que deveriam persistir até os tempos atuais. A seleção
natural se incumbiria de fazer desaparecer as formas primitivas inaptas.
Ou seja, uma mistura de Mutacionismo, Design Inteligente e Darwinismo.
Interessante.
Emmanuel volta a dizer:
Extraordinárias experiências foram
realizadas pelos mensageiros do invisível. As pesquisas recentes da
ciência sobre o tipo de Neanderthal, reconhecendo nele uma espécie de
homem bestializado e outras descobertas interessantes da Paleontologia,
quanto ao homem fóssil, são um atestado dos experimentos biológicos a
que procederam os prepostos de Jesus, até fixarem no primata as
características aproximadas do homem futuro. Os séculos correram o seu
velário de experiências penosas sobre a fronte dessa criatura de braços
alongados e de pelos densos, até que um dia as hostes do invisível,
operaram uma definitiva transição no corpo perispiritual pré-existente,
dos homens primitivos, nas regiões siderais e em certos intervalos de
suas reencarnações. Surgem os primeiros selvagens de compleição
melhorada, tendendo à elegância dos tempos do porvir.
A evolução espiritual
Quanto à origem dos Espíritos, quase
nada se sabe. Allan Kardec diz: “Desconhecemos a origem e o modo de
criação dos Espíritos; apenas sabemos que eles são criados simples e
ignorantes, isto é, sem ciência e sem conhecimento, porém perfectíveis e
com igual aptidão para tudo adquirirem e tudo conhecerem. Na opinião de
alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto do
princípio material, se individualiza e elabora, passando pelos diversos
graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e
desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Esse seria, por
assim dizer, o período de incubação. Haveria assim filiação espiritual
do animal para o homem, como há filiação corporal.”
Hoje não resta mais dúvida de que os
Espíritos, em sua longa trajetória, têm percorrido os diversos reinos da
natureza. O pensamento de Léon Denis, de que “a alma dorme na pedra,
sonha na planta, move-se no animal e desperta no homem”, está plenamente
incorporado ao corpo doutrinário do Espiritismo.
André Luiz, no livro “Mecanismos da
Mediunidade” explica que “Temos, hoje, o Espírito por viajante do Cosmo,
respirando em diversas faixas de evolução, condicionados nas suas
percepções, à escala do progresso que já alcançou”. E que tal progresso,
estampado no campo mental de cada alma, vai ser condicionado por duas
variantes: “o tempo de evolução, ou seja, aquilo que a vida já lhe deu, e
o tempo de esforço pessoal na construção do destino, ou seja, aquilo
que ele próprio já deu à vida”.
No livro “No mundo Maior”, André Luiz
completa o seu pensamento: “Não somos criações milagrosas, destinadas ao
adorno de um paraíso de papelão. Somos filhos de Deus e herdeiros dos
séculos, conquistando valores, de experiência em experiência, de milênio
a milênio”.
Assim, no reino mineral, o princípio
espiritual refletiria a sua presença nas manifestações das forças de
atração e coesão com que as moléculas se ajuntam em característicos
sistemas cristalográficos.
No reino vegetal, mostraria maiores aquisições pelo fenômeno de sensibilidade celular.
No reino animal, o princípio inteligente somaria novas aquisições refletidas nos instintos.
No reino hominal, todo esse cabedal de experiências estaria ampliado
pelos novos lastros da concientização, a carregar consigo, raciocínio,
afetividade, responsabilidade e outras tantas condições que caracterizam
esta fase.
_____________________________
Princípio Inteligente
mineral – atração
vegetal – sensação
animal – instinto
hominal – razão
_____________________________
Reino Mineral
Acredita-se que antes de unir-se ao
elemento material primitivo do planeta, (o “protoplasma”, na expressão
de Emmanuel), dando início a vida no orbe, o princípio inteligente
encontrava-se nos cristais, completando seu estágio de individualização
em longuíssimo processo de auto-fixação, ensaiando, aos poucos, os
primeiros movimentos internos de organização e crescimento volumétrico.
Até hoje constitui fato pouco explicado
pela ciência acadêmica, de determinadas substâncias arranjarem-se sob a
forma de cristais perfeitamente arrumados segundo linhas geométricas
definidas, o que não deixa de ser uma organização, ainda que não um
organismo.
“O cristal é quase um ser vivente”,
disse Gabriel Delanne. Naturalmente que não iremos pensar numa
inteligência própria da matéria. Todavia, o cientista Jean Emille Charon
declarou que “o comportamento das partículas interatômicas revela vida
incipiente”.
Reino Vegetal e Animal
Após adquirir a capacidade de aglutinar
os diversos elementos da matéria em sua peregrinação pelos minerais, o
princípio espiritual vai iniciar outra etapa de sua longa carreira
evolutiva. Identifica-se com os vírus, logo a seguir com as bactérias
rudimentares, as algas unicelulares e, sucedendo-as, com as algas
pluricelulares. O princípio inteligente passa então a vivenciar as
experiências nos vegetais mais complexos, melhor estruturados, onde ele
vai adquirir a capacidade de reagir direta ou indiretamente a qualquer
mudança exterior (irritabilidade) e depois a faculdade de sentir, captar
e registrar as alterações do meio que o cerca (sensação) – conquistas
do princípio espiritual em seu percurso pelo reino vegetal.
Mais tarde, assinala-se o ingresso da
“energia pensante”, no reino animal. O princípio inteligente vai
desdobrar-se entre os espongiários, os celenterados, os equinodermos e
crustáceos, anfíbios, répteis, os peixes e as aves, até chegar aos
mamíferos. Neste imenso percurso, o elemento espiritual estará
enriquecendo a sua estrutura energética, aprimorando o seu psiquismo
rudimentar e assimilando os valores múltiplos da organização, da
reprodução, da memória, da auto-preservação, enfim, dos diversos
instintos, preparando-se para a sublime conquista da razão.
Afirma-se que a conquista maior do princípio inteligente em sua passagem pelos animais foi o instinto.
Denomina-se instinto às formas de
comportamento dos organismos que não são adquiridas durante a vida, mas
herdadas. São impulsos naturais involuntários pelo qual os seres
executam certos atos de forma mecânica, sem conhecer o fim ou o porquê
desses atos (como o gato enterrar suas fezes e urina, ou certos pássaros
fazerem seus ninhos de certa forma).
No entanto, em muitos animais,
especialmente nos animais superiores (macaco, cão, gato, cavalo, muar e o
elefante), já identifica-se uma inteligência rudimentar. Além dos atos
instintivos, observa-se, às vezes, atitudes que demandam certo grau de
perspicácia e lucidez. Seria uma forma primitiva de inteligência
relacionada apenas a coisas que importam à auto-preservação do animal.
André Luiz diz que nos animais
superiores observa-se um pensamento descontínuo e fragmentário, a partir
do qual vai desenvolver-se o pensamento contínuo do reino honimal.
_____________________________
Conquistas do Princípio Inteligente
Atração: capacidade de aglutinar os elementos da matéria;
Sensação: faculdade de reagir aos estímulos do meio;
Instinto: atitudes espontâneas, involuntárias, reflexas, características da espécie;
Razão: consciência que o indivíduo tem de si mesmo e do meio que o cerca.
_____________________________
Reino Hominal
Afirma André Luiz que, para alcançar a
idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e
discernimento, o ser automatizado em seus impulsos, no caminho para o
reino angélico, despendeu nada menos que um bilhão e meio de anos.
Com a conquista da razão, aparece o
raciocínio, a lucidez, o livre-arbítrio e o pensamento contínuo. Até
então, o progresso tinha uma orientação centrípeta, ou seja, de fora
para dentro; o ser crescia pela força das coisas, já que não tinha
consciência de sua realidade, nem tampouco liberdade de escolha. Ao
entrar no reino hominal, o princípio inteligente – agora sim, Espírito –
está apto a dirigir a sua vida, a conquistar os seus valores pelo
esforço próprio, a iniciar uma evolução de orientação centrífuga (de
dentro para fora).
Mas a conquista da inteligência é apenas
o primeiro passo que o Espírito vai dar em sua estadia no reino
hominal. Ele deverá agora iniciar-se na valorosa luta para conquistar os
valores superiores da alma: a responsabilidade, a sensibilidade, a
sublimação das emoções, enfim, todos os condicionamentos que permitirão
ao Espírito alçar-se à comunidade dos Seres Angélicos.
Ler em espanhol (por Teresa)
Bibliografia:
Evolução em Dois Mundos – André Luiz/Chico Xavier – Waldo Vieira
No Mundo Maior – Cap. IV – André Luiz/Chico Xavier
Mecanismos da Mediunidade – André Luiz/Chico Xavier
Morte Vida Renascimento – Hernani Guimarães Andrade
Impulsos Criativos da Evolução – Jorge Andréa
A Caminho da Luz – Emmanuel/Chico Xavier
Evolução Anímica – Gabriel Delanne
Biologia – Helena Curtis
Evolução espiritual do homem na perspectiva da doutrina espírita
Espiritismo e evolução
Bernardino da Silva Moreira
Aristóteles (384-322 a.C.) classificava
os animais em duas categorias: inferiores e superiores. Os animais
superiores (aves,peixes, mamíferos) nascem de seus semelhantes, os
inferiores (insetos, crustáceos, moluscos) surgem por geração
espontânea. Mosquitos e sapos brotariam nos pântanos. De matérias em
putrefação apareceriam as larvas.
Na Idade Média, a Bíblia era misturada a
teorias fantasiosas que diziam que da carcaça de um cavalo morto
nasciam vespas, de uma mula geravam vespões e os ratos nasciam do
queijo.
Havia uma receita que dizia: Tome um
vitelo. Mate o animal e enterre-o, deixando somente os chifres fora da
terra. Deixo-o assim durante um mês. Serre depois os chifres e sairão
centenas de abelhas.
O naturalista inglês, Rose, anunciava
eruditamente: “Duvidar que as vespas e abelhas nascem do estrume das
vacas, é duvidar da experiência, da razão e do bom-senso. Mesmo animais
complicados, como ratos, não precisam de pai e mãe. Se alguém tiver
dúvidas, vá ao Egito, e lá verá as quantidades de camundongos que
infestam os campos – nascidos da lama do rio Nilo – para grande
calamidade dos habitantes!”
Em 1668, o italiano Francesco Redi com
dois frascos de vidro, um pedaço de gaze e alguns pedaços de carne
provou o engano da teoria da geração espontânea, mas, infelizmente foi
esquecido.
Na questão 46 de “O Livro dos Espíritos”
a chamada geração espontânea é explicada com a existência do gérmen
primitivo que, em estado latente, espera o momento próprio para
desabrochar, o que convenhamos, reforça as experiências científicas
realizadas pelo embriologista alemão Kaspar Friedrich Wolff em 1759, que
mostrou que em embriões em ovos de galinha não havia nenhuma estrutura
pré-formada, mas sim, massa de matéria viva, o que foi um golpe fatal na
teoria da pré-formação, que dizia que a anatomia estava pré-formada
dentro do óvulo (ou do espermatozóide). Diziam alguns teólogos da douta
Igreja que no ovário de Eva havia 200.000.000 gerações pré-formadas para
posteridade.
O criacionismo que advogou a tese de que
as espécies são fixas, isto é, imutáveis e criadas por um ato especial
da criação, ficou cada vez mais desacreditado pela Ciência que avançava
com os estudos e experiências de Lamarck (1744-1829) e de Charles R.
Darwin (1809-1882).
Em 1864,o químico e biologista francês
Louis Pasteur, reabilita o italiano Francesco Redi, com suas
experiências em frascos com “pescoço de cisne” provando que no ar ou nos
alimentos, não há nenhum “princípio ativo” e conclui que a vida não é
gerada espontaneamente, pois a vida se origina de outro ser vivo
preexistente.
Em 1936, Alexander Oparin propõe que a
partir de gases da atmosfera primitiva formam-se os primeiros compostos
orgânicos que evoluem naturalmente até originarem os primeiros seres
vivos. Anos depois, Oparin diz que as moléculas protéicas existentes na
água se agregam na forma de coacervados (complexos de proteína). Essas
estruturas, apesar de não serem vivas, têm propriedades osmóticas e
podem se unir, formando outro coacervado mais complexo. Da evolução
destes coacervados, surgem as primeiras formas de vida.
Nas questões 43, 44 e 45 de “O Livro dos
Espíritos”, a Quimiossíntese e a teoria dos coacervados de Alexander
Oparin é prenunciada pelos Espíritos superiores, com palavras
diferentes, mas com a mesma idéia. No livro “A Gênese”, no cap. X, item
25, Allan Kardec com a maestria pedagógica de sempre, enriquece as
questões com exemplos esclarecedores.
Hoje são reconhecidos cinco processos
para a dinâmica evolutiva: mutação genética, variação na estrutura e
número de cromossomos, recombinação genética, seleção natural e
isolamento reprodutivo. As mutações e recombinações fornecem material
para a variabilidade de características. A seleção natural elimina os
mutantes inaptos. O isolamento reprodutivo limita a direção evolutiva
criando barreiras de infertilidades entre indivíduos de espécies muito
diferentes.
A evolução do homem é estudada pela
Paleoantropologia, disciplina científica que tem origem no século
passado, com as descobertas de pedra e fósseis e com a Teoria da
Evolução das Espécies apresentada por Charles R. Darwin.
Um dos fatores essenciais para o
desenvolvimento da Paleoantropologia é a demonstração das semelhanças
anatômicas entre o homem e macacos, como gorilas e chimpanzés, feita por
Darwin e discípulos como Thomas Henry Huxley (1825-1895) e Ernest
Haeckel (1834-1919). Surge assim a noção de que ancestrais humanos
teriam formas parecidas com as dos símios. Não há, porém, apenas um “elo
perdido” (um animal a meio caminho entre o homem e o macaco) ancestral
entre homens e macacos, como rapidamente foi popularizado. Os
pesquisadores descobriram muitos fósseis de antigos primatas (ordem de
mamíferos em que se incluem homens e macacos) e sua ordenação em uma
seqüência evolutiva é complexa.
Comentando sobre esta questão, Allan
Kardec no livro “A Gênese”, no cap. XI, item 15, analisa a “Hipótese
sobre a origem do corpo humano”:
“Da semelhança que há nas formas
exteriores entre o corpo do homem e do macaco, concluíram alguns
fisiologistas que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada
aí há de impossível, nem o que, se assim for, afete a dignidade do
homem. Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura
aos primeiros Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que
viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas
necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o
corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o Espírito um
invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da
pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro
se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem.
Fique bem entendido que aqui unicamente
se trata de uma hipótese, de modo algum posta como princípio, mas
apresentada apenas para mostrar que a origem do corpo em nada prejudica o
Espírito, que é o ser principal, e que a semelhança do corpo do homem
com o do macaco não implica paridade entre o seu Espírito e o do
macaco.”
No séc. XX, a teoria darwinista foi
sendo adaptada a partir de descobertas da Genética. Essa nova teoria,
chamada de sintética ou neo darwinista, é a base da moderna Biologia. A
explicação sobre a hereditariedade das características dos indivíduos
deve-se a Gregor Mendel (1822-1884), em 1865, mas sua divulgação só
ocorre no séc. XX. Darwin desconhecia as pesquisas de Mendel. A síntese
das duas teorias foi feita nos anos 30 e 40. Entre os responsáveis pela
fusão estão os matemáticos Jonh Burdon Haldane (1892-1964) e Ronald
Fisher (1890-1962), os biólogos Theodosius Dobzhansky (1900-1975),
Julian Huxley (1887-1975) e Ernest Mayr (1904-). A teoria neo darwinista
diz que mutações e recombinações genéticas causam as variações entre
indivíduos sobre as quais age a seleção natural.
E para concluir, voltaremos ao livro “A Gênese”, cap. 11, item ’16, nas palavras do mestre Allan Kardec:
“Admitida essa hipótese (que corpos de
macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos),
pode-se dizer que, sob a influência e por efeito da atividade
intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou,
embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do
conjunto.melhorados os corpos,pela procriação, se reproduziram nas
mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a
uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à
proporção que o Espírito progrediu. O Espírito macaco, que não foi
aniquilado, continuou a procriar, para seu uso, corpos de macaco, do
mesmo modo que o fruto da árvore silvestre reproduz árvores dessa
espécie, e o Espírito humano procriou corpos de homem, variantes do
primeiro molde em que ele se meteu. O tronco se bifurcou: produziu um
ramo, que por sua vez se tornou tronco.”
Natura non facit saltus!
(Publicado no CORREIO FRATERNO DO ABC, Ano XXX, Nº 319, Agosto de 1997)
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