quarta-feira, 13 de junho de 2018

PARA ONDE CAMINHA A HUMANIDADE?



 

Ainda hoje os historiadores perguntam-se como um império de tão grande magnitude como foi o da era romana que durou mais de 1000 anos, possa ter deixado de existir. Poder absoluto da época, o planeta vivenciou então a sua primeira globalização, já que as fronteiras eram as do próprio império. O idioma latim era amplamente difundido assim como o grego, tornando-se mais fácil as viagens e a comunicação. Após a queda do império romano, foi necessário um largo período de reencarnações dolorosas para que o homem despertasse um pouco mais a sua espiritualidade, permitindo a expansão das artes e ciências já no período compreendido como Renascimento. Posteriormente, o surgimento do Espiritismo codificado por Kardec, o Consolador prometido por Jesus, trouxe novo alento a todos aqueles que buscam o conhecimento. Pelo conhecimento Espírita, sabemos que a queda do império romano foi uma determinação do Alto. Ao atingir os excessos em vícios de todas as naturezas com a consequente desagregação das famílias, abusando ainda do poder que possuía na subjugação de outros povos, tornaram-se necessárias ações corretivas mais contundentes. Assim, por fugir totalmente da programação que havia sido estabelecida mesmo com a insistente ação do Alto para que despertassem, e por tornar-se um peso demasiado oneroso para a evolução do planeta, determinando a fragmentação deste império. Não existe improvisação por parte das esferas siderais que coordenam a evolução do planeta. O livre-arbítrio que temos, é limitado, tanto a nível individual como coletivo, sendo corrigido conforme as circunstâncias, com interferências do plano maior sempre em benefício de nossa evolução intelecto-moral. Vivenciamos hoje situação bastante similar à época romana. O egoísmo atingindo o seu ápice na sociedade atual, com contrastes gritantes com a fome e a miséria de um lado e a opulência e o descaso de outro, entre nações ricas e pobres e mesmo entre indivíduos nestas nações. O modelo econômico, baseado no consumismo desenfreado gradativamente tem demonstrado a sua exaustão. A insatisfação popular não se restringe mais apenas a países do terceiro mundo, como vem acontecendo no grande movimento chamado de “primavera árabe” que removeu ditadores na Tunísia, no Egito, e na Líbia e agora gerando um clima de instabilidade na Síria. Esta frustração tem surgido de forma nítida nos habitantes de grandes cidades da Europa, como aconteceu em Londres recentemente na depredação de carros e lojas, e em Nova Iorque, no movimento popular “ocupem Wall Street”, que se espalha agora por mais de 82 países. Este contraste na riqueza abusiva e a pobreza dos que não têm acesso aos bens de consumo, associado à corrupção e impunidade, junto à incompetência dos governos em encontrar alternativas viáveis para a melhora social, vem criando uma insatisfação popular cada vez mais intensa principalmente pela falta de religiosidade de nossa humanidade. E, os prognósticos para os próximos anos revelam-se de dificuldades ainda maiores para as famílias em geral, em face da crise econômica mundial que vem afetando todos os países. Mas a humanidade tem recebido inúmeras oportunidades de evitar situações estressantes como a atual. O próprio império romano foi criado por Jesus, de modo a facilitar a transformação moral da humanidade. A facilidade de comunicação tinha por objetivo difundir a mensagem redentora do Mestre. Mas, assim como negligenciamos no passado, agora nos vemos em situação similar. Passaram-se dois mil anos desde o recebimento da mensagem renovadora da Boa Nova trazida por Jesus. Mas isto não impediu as duas grandes guerras de caráter mundial, e mesmo depois delas o mundo ainda não conseguiu encontrar a necessária paz e uma vida dentro dos padrões ético-morais. A violência, os vícios e a corrupção alastram-se como um câncer social, trazendo sérias consequências para a sociedade. Como um catalisador negativo, os valores morais são colocados em dúvida, através da televisão, na sua programação muitas vezes imoral, onde a desonestidade e permissividade sexual assumem ares de normalidade, arrastando para condutas infelizes mentes invigilantes. Mas, a Humanidade caminha em passos largos para o seu aprimoramento moral, mesmo entre o caos social apa­rente. Vivenciamos os tempos chegados, e as pessoas de bem devem fortalecer-se na Fé. A humanidade continuará a evo­luir, como tem sido desde os primeiros passos do Homo sapiens, seguindo a sua trajetória redentora conforme pro­gramado por Jesus. Mas nunca foi tão necessário seguir a recomendação do Mestre Galileu: “orai e vigiai”. Como sempre tem ocorrido ao longo dos séculos, os governantes siderais sem improvisar, manterão o equilíbrio do planeta, saneando a sociedade sempre que necessário. Que possamos contri­buir neste processo renovador, dando os primeiros passos, na transformação moral de nós mesmos.

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terça-feira, 8 de maio de 2018

O espirito da verdade e Allan Kardec

Verdade Libertadora

Realizado o estudo do Evangelho no lar de Josef Jackulack, na noite de 5 de junho, em Viena, Áustria, o tema foi:
“Não ponhais a candeia debaixo do alqueire”, capítulo XXIV, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, após o qual a Mentora espiritual escreveu a presente mensagem.

A verdade sempre predomina.


O culto à mentira é dos mais danosos comportamentos a que o indivíduo se submete. Ilusão do ego, logo se dilui ante a linguagem espontânea dos fatos. Responsável por expressiva parte dos sofrimentos humanos, fomenta a calúnia que lhe é manifestação grave e destrutiva – a infâmia, a crueldade…
A maledicência é-lhe filha predileta, por expressar-lhe os conteúdos perturbadores, que a imaginação irrefreada e os sentimentos infelizes dão curso.
Além desses aspectos morais, a mentira não resiste ao transcurso do tempo. Sem alicerce que a sustente, altera a sua forma ante cada evento novo e de tal maneira se modifica, que se desvela. Por ser insustentável, quem se apóia na sua estrutura frágil padece insegurança contínua.
Porque é exata na sua forma de apresentar-se, a verdade é o inimigo normal da mentira. Enquanto a primeira esplende ao sol dos acontecimentos e exterioriza-se sem qualquer exagero, a segunda é maneirosa, prefere a sombra e comunica-se com sordidez. Uma é fruto da realidade; a outra, da fantasia, que não medita nas consequências de que se reveste.
A mentira teme o confronto com a verdade. Aloja-se nas sombras, espraia-se, às escondidas, e encontra, infelizmente, guarida.
A verdade jamais se camufla; surge com força e externa-se com dignidade. Não tem alteração íntima, permanecendo a mesma em todas as épocas. Ninguém consegue ocultá-la, porque, semelhante à luz, irradia-se naturalmente. Nem sempre é aceita, por convidar à responsabilidade. Amiga do discernimento, é a pedra angular da consciência de si mesmo, fator ético-moral da conduta saudável.
Enquanto a mentira viger, a acomodação, o crime afrontoso ou sob disfarce, o abuso do poder e a miséria de todo tipo predominarão na Terra exaltando os fracos, que assim se farão fortes, os covardes, que se tornarão estóicos, os astutos, que triunfarão em detrimento dos sábios, dos nobres e dos bons…
Face a tais logros, que propicia, não obstante efêmeros, os seus famanazes e cultuadores detestam e perseguem a verdade. Não medem esforços para impelir-lhe a propagação, por saberem dos resultados que advirão com o seu estabelecimento entre as criaturas.
São baldas, porém, tão insanas atitudes.
A verdade espera… Seus opositores enfermam, envelhecem e morrem, enquanto ela permanece.
A mentira é de breve existência. Predomina por um pouco, esfuma-se e passa…
(…) Jesus, em proposta admirável, afirmou: Busca a verdade e a verdade te libertará.
Ninguém tem o direito de ocultar a verdade, qual se fosse uma luz que devesse ficar escondida. Onde se encontre, irradia claridade e calor.
O seu conhecimento induz o portador a apresentá-la onde esteja, a divulgá-la sempre. Pelos benefícios que proporciona, estimula à participação, à solidariedade, difundindo-a. (…)

Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Sob a Proteção de Deusocultar a verdade joanna

Que é a Verdade?

Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”. Disse-lhe Pilatos: “Que é a verdade?” (João, 18:37).
Decorridos dois mil anos, essa inquirição de Pilatos a Jesus ainda ressoa em nossa consciência.
Que é a verdade? E Ele se calou, talvez porque o legítimo Prefeito da província romana da Judéia não contasse com acervo psíquico-moral para aceitar e compreender as verdades emudecedoras que pudessem brotar dos lábios dúlcidos do Mensageiro Divino.
A verdade de Jesus, naquele tempo, não cabia em nossas almas, e ainda hoje não há espaço para ela. Espíritos de terceira ordem na escala espírita – conforme nos ensina o codificador da Doutrina Espírita Allan Kardec – somos incapazes de aceitar a mensagem de Jesus, e vivê-la em sua plenitude e simplicidade. Talvez pelo fato de ser tão simples, não conseguimos nos ajustar emocionalmente ao seu intrincado valor moral.
Somos criaturas viventes no século 21, atreladas ao falso intelectualismo, que nos afasta sobremaneira do pensamento Crístico do primeiro século.
Jesus personifica a justiça, e nós amamos a injustiça porque andamos pari e passu com seus benefícios efêmeros.
Jesus expressa o amor absoluto, e somos símbolos, estereótipos e desenvolvemos arquétipos das paixões atrofiantes.
Jesus inspira liberdade, e estamos nos atrelando aos velhos conceitos de dominação e subjugação pela matéria e através da mente.
A verdade de Jesus ainda está presa aos lábios dele: ouça quem tiver ouvidos de ouvir.
Que é a verdade? E Jesus mais uma vez contou com os emissários a fim de não violentar nossa mente, um tanto quanto infantil. Aos surdos é preciso gradativamente acostumar-se com o som.
Quando da vinda do Mestre ao Orbe terrestre, contou com João, o Batista, para aplainar o caminho. Não o Seu Caminho , mas o caminho ascensional daqueles que queriam seguir a verdade.
E, mesmo assim, a verdade permanece abafada, conspurcada, camuflada e, por fim, distanciada do pensamento Crístico.
Que é a verdade? Clama a multidão oprimida e massacrada pela descrença e cientificismo do século 19.
As vozes do céu empreendem novos esforços, novas luzes, novos caminhos. Jesus, na sua soberania de Governador Espiritual da Terra, destaca para o trabalho árido e renovador o pedagogo Hippolyte Léon Denizard Rivail, oferecendo a todos que desejarem a mensagem imortalista e consoladora, capaz de libertar as consciências, com as verdades universais.
O codificador Allan Kardec, pseudônimo por ele adotado visando não vincular a Doutrina dos Espíritos nascente a nenhuma personalidade, se vê em momentos angustiantes diante dos caminhos a trilhar. Por onde começar? Pelas conclusões científicas tão discutidas pelos homens da época ou pelas indagações filosóficas tão em evidência no meio cultural? Pensaria ele: seria justo desligar a doutrina dos espíritos do caráter religioso e consolador? Não.
A Doutrina Espírita, renovadora por sua natureza, corporifica-se e estampada na primeira questão de O Livro dos Espíritos a célebre interrogação: Que é Deus?
Desta forma, deixa o legado de um patrimônio universal sobre a verdade, obrigando-nos a todos – cientistas, filósofos, religiosos – a responder tal inquirição, não fugindo à verdade, nunca dantes tão clara e profunda.
Que é a verdade? E o Espirito de Verdade responde: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, sem usar de violência ou precipitação, sem se arvorar em juiz ou defensor, sem constranger ou afastar as criaturas de Deus. A Verdade é! Simplesmente é…

Notas Bibliograficas:
Evangelho de João 18:37
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 1- Rio de Janeiro: Ed FEB, 2007a verdade conduta

A VERDADE SEGUNDO O ESPIRITISMO

A Verdade é relativa?!


Um questionamento comum ao estudioso do Espiritismo é quanto à verdade e sua possível relatividade. Ouvimos sobre o assunto e as opiniões são diversas, alguns acreditando que sim, outros opinando que não. Afinal, a verdade é relativa?
A resposta não é difícil, mas também não é tão simples de ser apresentada. Desde que procuremos em fontes seguras que possam nos esclarecer sobre o interessante assunto e aproveitemos o precioso recurso da reflexão, encontraremos o entendimento mais acertado sobre esse tema.
A verdade tem sido pauta de discussão desde que o homem entendeu-se com ser racional na busca de respostas para compreender a vida e suas manifestações. Filósofos, pensadores, educadores, cientistas, religiosos, humanistas têm procurado descobrir o real sentido do vocábulo verdade na senda intrincada da descoberta do conhecimento universal.
O filósofo Rene Descartes, em seu clássico Discurso do Método1, chegou a elaborar uma metodologia para a busca do conhecimento verdadeiro. Nesse documento, o conhecido filósofo alcunhou a célebre frase: “Penso, logo existo.”
A razão da existência humana é encontrar a verdade. Mas, por cautela, os amigos espirituais já recomendaram na principal obra espírita:
Importa que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado2. […]
Ao desenvolver criteriosamente o conteúdo acerca do caráter da revelação espírita, Kardec disserta: “A característica essencial de qualquer revelação tem que ser a verdade. Revelar um segredo é tornar conhecido um fato; se é falso, já não é um fato e, por consequência, não existe revelação3. […]”
Mais à frente, o Codificador prossegue aprofundando a questão:
O que de novo ensinam aos homens, quer na ordem física, quer na ordem filosófica, são revelações. Se Deus suscita reveladores para as verdades científicas, pode, com mais forte razão, suscitá-los para as verdades morais, que constituem elementos essenciais do progresso. Tais são os filósofos cujas ideias atravessam os séculos4.
Pastorino, em sua reconhecida sabedoria como filósofo do Evangelho, já no Plano Espiritual, nos ensina que
O conhecimento da Verdade liberta o ser humano das ilusões e impulsiona-o ao crescimento espiritual, multiplicando-lhe as motivações em favor da auto-iluminação, graças à qual torna-se mais fácil a ascensão aos páramos celestes5.
O conhecimento da verdade, então, é o destino de toda criatura que anseia pelo entendimento acerca das principais questões da vida, que vem preocupando o homem no decorrer do processo da evolução antropomórfica: de onde vim?; o que estou fazendo na Terra?; e para onde vou depois que partir daqui? São perguntas que as religiões, as ciências e as filosofias ao tentar resolvê-las ainda não lograram êxito. E para as quais o Espiritismo tem as elucidações precisas e satisfatórias ao espírito científico e racional que prepondera em nossa época.
Para acessar essas informações, é imprescindível conhecer os fundamentos básicos do Espiritismo pela leitura e estudo das obras que compõem a Codificação Espírita. Luzes de esclarecimento e bálsamos de consolação são ofertados nesses preciosos livros e em outros complementares, advindos da psicografia de Zilda Gama, Yvonne Pereira, Chico Xavier, Divaldo Franco, entre tantos outros colaboradores do Cristo na evangelização da Humanidade terrena.
*
Em resposta ao questionamento formulado no início desse texto, esclarecemos que a verdade é absoluta. Gradativa é a revelação da verdade e relativa, a nossa capacidade de compreendê-la.
Assim, é natural que, ao encetarmos nossa evolução moral e intelectual, apresentaremos também melhores condições de entender e aceitar a verdade, integrando-nos, em definitivo, aos propósitos divinos que as palavras de Jesus traduzem com propriedade: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”6.
Referências:
1 DESCARTES, René. Discurso do método. Tradução de Enrico Corvisieri. Versão eletrônica. Disponível em: . Acesso em: 9 ago. 2016.
2 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. 93. ed., 2. imp. Brasília: FEB, 2016. q 628.
3 ______. A gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro. 53. ed., 4. imp. Brasília: FEB, 2016. Cap. 1: Caráter da revelação espírita, it. 3
4 ______. ______. it. 6.
5 FRANCO, Divaldo P. Impermanência e imortalidade. Pelo Espírito Carlos Torres Pastorino. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
6 João, 8: 32.sempre luz

domingo, 4 de março de 2018

O MEDO DE AMAR, SENTIMENTO DE CULPA E PAPA FRANCISCO | DIVALDO FRANCO

A Diferença entre Religião e Religiosidade

A decisão de nos distanciar da religião que cega, oprime e conduz o Homem à ignorância deve prevalecer nos homens em que a razão é desenvolvida. O que não podemos jamais esquecer é que o sentimento de "religiosidade" não deve se afastar da prática na vida do homem, pois se isso acontecer, ele perde a noção de quem é, do que está fazendo aqui e todos os seus valores desaparecem com seus atos, torna-o “des-Humano".

A prática da Religiosidade e da Religião são coisas absolutamente distintas e não devem ser confundidas de forma alguma. A primeira independe da segunda, e a segunda lamentavelmente pode também ser encontrada divorciada da primeira. Religião é sempre instituição, acordo social, edifício teórico, organização hierárquica, atividade política. Religiosidade é o sentimento maior (inato), a fé praticada, a posição mais íntima, a intuição do mistério.
Herculano Pires esclarece que esse sentimento se estrutura na consciência humana no ser em evolução, sendo que a marca de Deus ali está presente na Lei de Adoração, que é o sentimento inato de sua filiação Divina e se manifestará no sentimento religioso, base de todas as experiências religiosas da Humanidade.

Ele diz ainda: “A vivência religiosa, pelo simples fato de ser vivência e não reflexão é inerente ao Homem desde o seu aparecimento no Planeta”. A experiência de Deus que começa no “Fiat” como elemento ontogenético (elemento constitutivo da própria gênese do homem) difere da religiosa, que constituem uma tomada de tentativa de consciência de Deus através de formulações religiosas, rituais, Instituições, sistemas litúrgicos, ordenações dogmáticas.
Reforça ainda, conceitos sobre a Trindade Universal, espírito e matéria elementos constitutivos do Universo e Deus o poder criador, onisciente, controlador e mantenedor, e Suas Leis que regem o equilíbrio universal.

Em seu livro “O espírito e o Tempo” com base no esquema chamado “método cultural” dos antropólogos ingleses, aplicado por John Murphy, com pleno êxito em seus estudos sobre as origens e a história das religiões, Herculano nos deixa um verdadeiro tratado de antropologia espírita. Faz uma viagem pelos “horizontes” percorridos pelas Civilizações desde as eras remotas, retratando com clareza o processo de conscientização do ser em evolução e de sua essência Divina, demonstrando que não estamos sozinhos nesse processo cíclico e Universal.
Herculano com essa obra magnífica, permite entre tantos outros conhecimentos, compreender em profundidade a questão 628 do livro dos Espíritos, que não podemos negligenciar nenhuma religião, pois ela pode contribuir muito com a nossa instrução, se estudarmos o que há de bom nelas, conhecendo o poder de influência que teve em nossos caminhos evolutivos e que persistem até os dias de hoje.

Os cientistas da Religião dizem que no Brasil, o fenômeno de sincretismo religioso em comunhão com três culturas fortemente calcadas na mística fez com que os elementos formais de cada uma das três culturas fundissem em uma interpretação comum do sagrado. Assim como o africano, o indígena possui uma visão bastante espiritualista do mundo.
Ambos enxergam-se imersos num universo vivo, dinâmico de forças espirituais e elementais, diante das quais os ritos e a fé são imprescindíveis mecanismos de ação concreta do homem no mundo. Por conta disso a religiosidade que se desenvolveu aqui é por assim dizer, imune à depreciação do sagrado que o ceticismo enseja. Mais do que em qualquer outro lugar, a palavra de Herculano Pires é válida: O ateísmo é flor de estufa, incapaz de viver fora do laboratório e dos círculos mais alienados da vida natural.

Embora a religiosidade do brasileiro respeite os dogmas e o arcabouço teórico das instituições religiosas este respeito é, por assim dizer, um respeito de conveniência.
Assim que o sacerdote de uma igreja se mostrar ineficiente no consolo espiritual ou nas funções efetivamente místicas de seu rebanho ele será substituído pela benzedeira, pelo pastor, pelo médium ou pela mãe de santo. Se algum destes novos orientadores espirituais mostrarem-se mais eficaz no trato com os arcanos o padre será substituído, ou algo ainda mais estranho, será relegado a uma posição social enquanto a importância espiritual será transferida para o novo intermediário. O indivíduo irá à missa, mas não depositará suas esperanças maiores nela. No momento crucial recorrerá ao novo “representante” das forças celestes.

A grande maioria exerce a sua religiosidade com muito mais força do que a imposição religiosa em si. Basta ver as estatísticas de “fuga dos adeptos das religiões” que cresce dia a dia. As pessoas estão em busca de respostas e de soluções para seus diversos problemas, e se não encontram na religião escolhida, buscam outra que os satisfaça. E olha que tem grupos muito bem preparados para estudar os “desejos mais profundos de seus adeptos” e muitos criaram vários “serviços” para satisfazê-los e não perdê-los para outras denominações religiosas.
Se o espiritismo vem de encontro às respostas de tantas aflições humanas porque será que nosso “público alvo” (como denominamos), anda diminuindo tanto?

Apesar de a mídia ter feito por nós uma propaganda em massa nos últimos anos, a favor dos conceitos espíritas e espiritualistas, por vezes até equivocados, o número de pessoas que buscam esse conhecimento não cresce tanto quanto o número de evangélicos e de igrejas pentecostais. Pior! O movimento espírita tem relatado que diminuiu o número de voluntários e trabalhadores nas Casas espíritas, que não conseguem manter as portas abertas todos os dias em todos os horários da semana com atendimentos diversos. No momento não estão preocupado em identificar quais são as reais necessidades daqueles que batem à sua porta e acabam oferecendo um atendimento padrão (salvo algumas exceções em diversos Estados e até em alguns países), alguns acabam fazendo um verdadeiro dês-serviço à Doutrina espírita.

 Entre os seus adeptos e freqüentadores existem diversos problemas de relacionamento, como em todos os lugares, principalmente nas grandes Instituições representativas do movimento, com isso surgiu a necessidade de sermos “afetivos”, nasceu o termo” alteridade”. Cresce o convite para viver o Evangelho tão bem "pregado" e tão pouco "sentido", é o momento de aliar o conhecimento a prática.Talvez isso aconteça por que os excessos de religiosismo estão sufocando o sentimento natural e espontâneo da religiosidade devido a um grande números de almas ligadas à religião dogmática, estarem reencarnados no Brasil e com tarefas importantes no movimento espírita Brasileiro, segundo informações dos espíritos.

Que desafio!
Com certeza precisamos atentar para essas questões que tem levado o Espiritismo no Brasil a seguir caminhos “religiosos” demais fugindo da proposta de religar o Homem a Deus em seu sentido verdadeiro, e não criarmos mais uma religião que pode perder-se “na letra que mata distante do espírito que vivifica”, como fez o Protestantismo, uma esperança de renovação para a época em que ele surgiu.

No livro “Agonia das Religiões” Herculano diz que o místico vulgar não mergulha em si mesmo para encontrar em Deus a relação com o mundo como fez Descartes, mas pelo contrário, desliga-se do mundo e liga-se isoladamente a Deus. Não é guiado pelo amor à Humanidade, mas pelo amor a si mesmo. A busca solitária de Deus torna-se um ato egocêntrico. Que a concepção espírita vai mais longe e mais fundo, negando ao homem o direito de isolar-se do mundo para buscar Deus. O meio natural de evolução para o homem, para todos os seres é a relação... (Lei de Sociedade).
“... enquanto Buda abandona o mundo para buscar Deus na solidão, Cristo mergulha no mundo para religar os homens à Deus.”

Daí o fato de a migração entre Religiões ser tão comumente aceita no Brasil, enquanto a fidelidade à instituição é sempre primordial na Europa, no Islã, na Ásia oriental. O Brasil está imunizado a guerras religiosas justamente pelo fato de que a religião aqui é algo pouco valorizada, pouco significativa, em face da religiosidade mais universal e mais profunda que se manifesta nesta população.Herculano afirma ainda, que a etiologia da decadência das religiões torna-se palpável, mas o sentimento religioso do Homem não foi aniquilado.

 Hoje muitos dizem que o caminho é a Educação,mas devemos lembrar também que a Educação “leiga” do ensino Laico, frustrou a possibilidade de reelaboração da experiência religiosa pelas novas gerações e determinou a sedimentação interesseira da sua posição de ambivalência no mundo contemporâneo. Como não podia deixar de acontecer, essa posição ambígua, indefinida e contraditória em si mesma, levou a proporções catastróficas a crise das religiões em nossos dias. (palavras de Herculano no livro: Agonia das Religiões- pg. 17).

Kardec bem sabia disso e aborda o tema Educação por diversas vezes em suas obras, colocando-a como fundamental. Encontramos uma Biografia de Kardec, escrita por Zeus Wantuil, no volume II, que mostra claramente o trabalho árduo que Rivail enfrentou em seus 30 anos dedicados à Educação, para romper com a interferência religiosa no campo do conhecimento, os homens se afastaram do sentimento de religiosidade, formando a sociedade sem moral que temos hoje.

Nos trabalhos realizados por Jean Jaques Rousseau " em Emílio" um ensaio pedagógico em forma de romance, vemos a preocupação de tirar o peso da religião Dogmática da Educação, mas sem deixar de trabalhar o sentimento de religiosidade (essência espiritual) da natureza Humana, e viver a Educação Natural, fundamental ao processo de educação e desenvolvimento de valores Humanos. Pestalozzi bebeu desse conhecimento e Rivail também. Precisamos rever nossos conceitos de educação urgente. Seria muito bom se os educadores de hoje tivessem acesso não somente à pedagogia e a didática dos grandes educadores, mas à essência dos seus estudos que levariam fatalmente ao amadurecimento da consciência humana para encaminhar o Homem às conseqüências do conhecimento espiritual, a sua efetiva transformação moral!

Damos o início a uma nova Civilização, a Civilização do 3º Milênio ou a Civilização do Espírito. É o período onde a teoria e a prática estará integrada, o anseio latente de transcendência será preenchido. Herculano diz que é necessário que ele viva em si todo o conhecimento, na consciência e na carne, pois é nessa (na carne) que a relação com o mundo se realiza. Na questão 625 LE, os espíritos deixam um modelo a ser seguido, Seus atos falam por Sí, ele é Jesus.

As Civilizações experimentaram períodos de Sombras e de Luz, e os seres que nela habitaram após percorrerem esse longo caminho, fatalmente encontrarão a “síntese do conhecimento, o caminho para o novo Céu e a nova Terra, lembrando do que disse Jesus:” Os mansos e Pacíficos, herdarão à Terra”, então ela não desaparecerá como acreditam alguns mais assustados diante de tantas versões escatológicas do final dos tempos. Chegará sim o fim da Ignorância para toda a Humanidade e a Era do Espírito virá com a força da Lei do Progresso e nos resta curvar-se à ela.

 “Dia virá, em que todos os pequenos sistemas, acanhados e envelhecidos, fundir-se-ão numa vasta síntese, abrangendo todos os reinos da idéia. Ciências, Filosofias, Religiões, divididas hoje, reunir-se-ão na luz e será então a vida, o esplendor do espírito, o reinado do Conhecimento. Nesse acordo magnífico, as Ciências fornecerão a precisão e o método na ordem dos fatos; às Filosofias, o rigor das suas deduções lógicas; a Poesia, a irradiação das suas luzes e a magia das suas cores; a Religião juntar-lhes-á as qualidades do sentimento e a noção da estética elevada. Assim, realizar-se-á a beleza da força e na unidade do pensamento.
A alma orientar-se-á para os mais altos cimos,mantendo ao mesmo tempo o equilíbrio da relação necessário para regular a marcha paralela e ritmada da inteligência e da consciência na sua ascensão para a conquista do Bem e da Verdade.” – ( “O problema do Ser, do Destino e da Dor” - Leon Denis).

 Que esse período seja muito bem vindo!
Depende de nós contribuir verdadeiramente com a sua chegada. E a lição máxima deixada há mais de 2.000 anos ainda é o caminho para esse período:
“Amai a Deus sobre todas as coisas e ao Próximo como a Sí mesmo”.

 Referências Bibliográficas
(1) KARDEC, Allan -“O Livro dos Espíritos”.
(2) PIRES, Herculano -“O Espírito e o Tempo”.
(3) PIRES, Herculano- “Agonia das Religiões”.
(4) DENIS, Leon - “O problema do Ser, do Destino e da Dor”.
(5) WANTUIL, Zeus – “Biografia de Allan Kardec” (vol.II).


Magali Bischoff (São Paulo/SP)
Magali Bischoff, nascida na cidade de Guarulhos e residente em São Paulo, colabora no Movimento Espírita desde 1992 . Atuou como voluntária na Biblioteca Espírita Humberto de Campos, na Área de Divulgação e no setor administrativo da Área Federativa, trabalho realizado junto as Casas Espíritas coligadas à Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP). Participou dos projetos de divulgação da FEAL, levando ao movimento espírita, todos os trabalhos realizados pela Fundação Espírita André Luiz. A Rede Boa Nova de Rádio, TV Mundo Maior, Editora e Distribuidora Mundo Maior, o site da Fundação e o Clube Amigos da Boa Nova, dessa forma, divulgando a mensagem espírita. Atualmente realiza palestras em Casas Espíritas, colabora no Curso de Aprendizes do Evangelho da Federação Espírita do Estado de São Paulo, escreve artigos para jornais, revistas e sites espíritas, participa também, de diversas listas espíritas do Brasil como divulgadora.
E-mail magalibischoff@gmail.com 
Blog http://cuidedoseumundo.blogspot.com

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Doenças Sob a Visão Espírita,Doenças cármicas e enfermidades

Doenças cármicas são enfermidades trazidas de outras existências como consequência de danos físicos cometido contra qualquer ser vivente ou a si mesmo. O carma físico envolve não apenas carmas de mortes por meios diretos ou indiretos, mas também carmas de ordem sexual, mental ou emocional. Consequentemente estas enfermidades estão presentes no nosso DNA e plasmado nos nossos registros akáshicos que abrangem tudo o que ocorreu, ocorre e ocorrerá com cada um de nós. As informações dos Registros Akáshicos só serão dadas a uma pessoa quando ela estiver predisposta a trabalhar a cura destes padrões kármicos e sua parcela do planeta.
As doenças cármicas poderão se manifestar na atual existência dependendo do grau de reincidência ou do comprometimento da alma no carma envolvido. Tem se observado que na maioria das manifestações das doenças cármicas além do carma envolvido há indícios de obsessões de velhos desafetos que fazem eclodir no físico a manifestação destas enfermidades.
É muito comum mulheres com carmas de sucessivos abortos em outras encarnações serem acometidas por enfermidades no útero na atual existência o que as impedem de se tornarem mães. E quando isso ocorre o espírito escolhido para reencarnar como filho é o feto abortado em outras existência o que passa então a genitora a sofrer na grande maioria dos casos de ataques energéticos de mágoa, rancor ou vingança do espírito rejeitado. Conjuntamente atuam também neste processo carmico influências umbralinas e/ou espíritos obsessores que alimentaram o espírito da mãe de culpa e/ou medo decorrente do ato cometido.
Caso, entretanto, tenha a mãe e o filho em comum acordo pré-reencarnatório escolhido passarem pela experiência da gestação, ela poderá gerar um filho com deficiências físicas que o colocará na dependência dos cuidados da mãe enquanto viverem. Com certeza este filho também carrega um pesado fardo de carma físico a resgatar para escolher purgar suas faltas em uma existência através de uma deficiência física. Tudo está em ressonância no universo dentro dos parâmetros da justiça divina. Geralmente o carma físico envolve atos contra a vida de outros em outras encarnações.
Este carma pode ter sido individual ou coletivo. Um exemplo de carma coletivo é o do participante da inquisição católica que na idade média espalhou o terror pelo mundo, torturando e matando judeus, muçulmanos, bruxas, homossexuais ou quem se atrevesse a pensar diferente. Consequentemente sofrerá por muitas encarnações de problemas e perseguições de toda ordem em nível físico e espiritual até que seu carma seja transmutado.
O carma sexual além da morte por estupro também abrange magias sexuais com o intuito de manipular alguém por meio de práticas ocultas com objetivos pré-determinados. Na grande maioria dos casos o praticante destas magias permanece em freqüência com regiões umbralinas ligadas ao vale do sexo que dividem com o magista o prazer auferido da satisfação sexual com a “pretensa” vitima. Esta frequência poderá se estender por várias encarnações. É muito comum que neste tipo de vinculação e freqüência ocorra a transmissão de doenças venéreas e viróticas que funcionam como um chip das entidade astrais.
O carma mental induz em especial à perseguição mental da pretensa vítima. Desejos de vinganças, ódio, rancor e todo tipo de atrocidades a nível mental são emanadas pelo opressor com o intuito de destruir alguém por algo que se considera injustiçado. Neste caso é muito comum sendo o campo obsessor de forte atuação a nível mental causar inúmeros problemas a vitima como por exemplo, depressão, vazio interior, disfunções físicas e indução ao suicídio. Neste caso o opressor cria energias e formas chamados de Elementais.
Elementais são cargas ou frequências de energia mental e emocional emitida a partir de pensamentos e sentimentos, podendo assumir qualquer forma dependendo da vibração e intenção da fonte criadora do mesmo. Existem muitos elementais negativos formatados há séculos pelas nossas experiências dentro da matrix da manipulação, os quais se encontram arraigados na nossa alma e por conseqüência no nosso DNA. Alguns exemplos: raiva, ódio, inveja, ciúmes, medo, culpa, fanatismo, maldições, entre outros. Um elemental está formado pelas mesmas matérias e substâncias do Universo e por conseqüência pode adquirir vida própria e criar inúmeros prejuízos a vitima. Qualquer uma dessas ondas emitida por alguém para uma vítima, que possua a mesma codificação, poderá ser afetada por estarem vibrando na mesma freqüência ou se possuir inconscientemente esse tipo de elemental com ela estando às mesmas induzidas no mesmo carma mental.
O carma emocional além da morte por motivos passionais também envolve perseguições emocionais a vitima objeto da cobiça o que poderá gerar problemas de toda ordem a nível emocional e físico tanto a vítima quanto ao algoz por sucessivas encarnações. Aqui também entra os elementais que funcionam em nível de sentimentos sendo sua energia propulsora.
Consequentemente seja uma doença cármica de origem físico, mental, emocional ou sexual ela atuará até que o padrão cármico gerador da enfermidade seja transmutado. Para que a enfermidade seja totalmente desvinculada do padrão do DNA e dos registros akáshicos da alma em questão a cura deverá ser estendida a todos os níveis de consciência ou vidas co-relacionadas a vida atual onde a enfermidade foi detectada tendo em vista que quando a doença cármica é desencadeada no corpo físico na atual existência “acorda” todas as vidas co-relacionadas à existência atual que também desenvolveram a mesma doença.
E a frequência destas vidas se mantém ativa na consciência atual recebendo todos os sintomas da doença mesmo que a cura seja aparentemente conquistada na atual encarnação. Quando a doença cármica não é tratada a nível cármico a medicina ortodoxa poderá eliminar apenas a doença na parte física afetada, sendo que a mesma poderá ser ativada a qualquer momento se a causa que deu origem a doença não for tratada.
A doença advém na maioria das vezes da culpa agravada no inconsciente da alma que se sente em débito com o divino. Este mecanismo faz parte da lei cósmica e a todos é estendida. A lei da causa e efeito. Entretanto o carma negativo só se mantém ativo enquanto a alma não escolher o caminho da cura que envolve transmutar os padrões cármicos negativos e perdoar os antigos e atuais desafetos que cruzam mais uma vez a sua linha de destino. Negar este caminho é manter-se preso as frequências de medo e dor e consequentemente se tornar responsável pela própria sorte. Orai e vigiai.

DOENÇAS CÁRMICAS E ENFERMIDADES

A medida certa!

Meus amigos, sabemos que existe para cada ser e cada momento, em todo o Universo, “a medida certa”, cabendo-nos aprender a conhecer as nossas e respeitar as alheias.
Cada criatura tem as suas particularidades, a sua identidade espiritual que a torna única e imortal dentro do que entendemos por Universo.
Fica evidente ainda, que a “medida certa” (equilíbrio) para cada um e cada situação é singular.
Às vezes, nos comparamos a outros e sufocamos o que realmente somos para copiarmos a alguém ou algo, perdendo as oportunidades de desenvolvermos nossa singularidade e fazermos a diferença a que fomos criados.
Cada qual recebeu talentos próprios e de extrema importância, que quando utilizados na “medida certa” agregam imenso valor ao todo. Somos todos Um, unidos pelas teias da vida, lembram-se?
Portanto, não existem talentos superiores ou inferiores. Não existem trabalhos de importância maior ou menor. Quando desenvolvidos e executados na “medida certa” todos são extremamente importantes.
Somos chamados, sem exceção, a compartilhar, como co-criadores, na construção do mundo de Amor, mas quantos dizem SIM? O SIM é a medida certa.
Muitos ainda que se dizem cristãos e até espíritas, se colocam num patamar mais elevado, por pensarem que possuem um “saber” superior a outras seitas, doutrinas e religiões. Puro engano e na verdade uma dose extra de orgulho e falta de humildade, onde a “medida certa”, não está sendo aplicada.
Os grandes filósofos, mestres e sábios, diziam nada saber, pois entendiam que o conhecimento que detinham era insignificante diante de tudo que ainda tinham por aprender. Mas os ignorantes se colocam como profundos sábios, pois não compreendem a dimensão do saber.
“A medida certa” do saber é quando através do conhecimento intelectual adquirido, o absorvemos. E de forma quase espontânea, os colocamos em nossas atitudes de vida. Por isso, meus amigos, ainda temos e teremos muito a prender até que nos elevemos na condição de espíritos relativamente perfeitos.
Continuando nossos pensamentos, como mencionado anteriormente, às vezes que nos anulamos sendo cópia do outro, não estamos utilizando a “medida certa”.
Sei que alguns questionam: como podemos entender esse posicionamento em relação a copiarmos o exemplo de Jesus e de tantas outras personalidades que souberam viver o Amor e trilhar o caminho do Bem?
Iniciemos destacando a diferença entre “copiar” e “seguir o exemplo”. Quando copiamos não há o esforço do entendimento, da construção. Apenas camuflamos o que somos interiormente, utilizando-nos de máscaras para demonstrar o que gostaríamos de ser. Toda cópia, bem sabemos, não possui o valor de um original.
Quando procuramos “seguir os passos” de Jesus, buscamos o entendimento de suas ações e ensinamentos, utilizamos “a medida certa” de nossos precários conhecimentos e nosso grau de desenvolvimento espiritual, para progredirmos moralmente.
Perceberam a diferença?
A medida certa nos faz buscar o verdadeiro saber, que é construído através da lapidação de nossas qualidades e dons, agregando valor ao nosso “eu crístico”.
Sugiro que esta semana, nos dediquemos a encontrar “a medida certa” para nós em cada situação que se apresente.
Com muito carinho,
Em: 29-05-15
Médium: Lúcia (Grupo Mediúnico Maria de Nazaré – CAVILE)
Espírito: Irmão Matheus (Colônia Espiritual Maria de Nazaré)
o presente

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

COMO ACONTECE NOSSA EVOLUÇÃO? – VISÃO ESPÍRITA


Deus criou o Universo. Dentro desse Universo há vários mundos. Estes mundos são criados gradativamente juntamente com seus habitantes. Muitos planetas foram criados antes do nosso planeta Terra. Assim como outros ainda serão criados. Portanto, outros Espíritos evoluíram antes de nós. Um desses Espíritos é Jesus. Ele evoluiu em outro planeta antes do nosso ser criado. Quando Ele estava muito evoluído, Deus o incumbiu de acompanhar o nascimento e desenvolvimento do planeta Terra.
Nosso planeta teve sua origem há mais ou menos 4,5 bilhões de anos e tudo era uma massa incandescente não possibilitando haver vida.
No decorrer de milhões de anos, a massa incandescente foi esfriando e foram se formando os elementos que existem hoje em nosso planeta: o ar, a água, as rochas, o solo, as plantas, os animais e o homem.
A vida apareceu há mais ou menos 3,5 bilhões de anos, portanto, um bilhão de anos após o início da formação da Terra. Afirma-se que a primeira forma de vida surgiu na água sob forma de seres minúsculos extremamente simples. Estes foram se tornando cada vez mais complexos e deram origem às células, depois às plantas e aos animais invertebrados que habitavam o mar. Mais tarde, a vida se fixou sobre a terra firme e depois no ar.
É fantástica a marcha de surgimento de diferentes formas de vida sobre a Terra: microrganismos, plantas, peixes, répteis, aves, mamíferos.
Ao longo de muito tempo, os seres sofreram transformações sucessivas, dando origem a várias espécies. Esse processo chama-se EVOLUÇÃO.
Mas, após os répteis, surgem os animais horrendos das eras primitivas, os dinossauros. Emmanuel, no livro A Caminho da Luz disse que a Natureza tornou-se uma grande oficina de ensaios monstruosos. Os trabalhadores do Cristo analisaram a combinação prodigiosa dos complexos celulares, cuja formação eles próprios haviam delineado, então, aperfeiçoaram a máquina celular no limite possível em face das leis físicas do globo. Foi então que eles desapareceram para sempre da fauna terrestre.
Os primeiros seres humanos surgiram sobre a Terra há aproximadamente 3 milhões de anos. Parece muito, mas não é, se considerarmos que a vida no planeta tem mais de 3 bilhões de anos.
Nós espíritas concordamos com a teoria de Charles Darwin, mas ele deteve-se na evolução da forma física e Kardec deu continuidade mostrando que o corpo evolui conforme a evolução espiritual através da reencarnação.
De acordo com o Gênesis (o primeiro livro bíblico), o mundo, os animais e o homem foram criados diretamente por Deus durante uma semana.
Essa descrição é de uns 3 mil anos atrás, época em que o homem não tinha os conhecimentos científicos de hoje.
Atualmente, a narrativa da criação do mundo seria bem diferente. Mas num ponto ela continuará igual: Deus é o criador de tudo o que existe.
Tudo começa pelo átomo; do átomo passamos a ser um mineral; do mineral passamos a ser um vegetal; do vegetal passamos a ser um animal; do animal passamos a seres humanos; e enfim, de seres humanos passaremos a arcanjos. Por milênios e milênios de evolução experimentamos graus inferiores até conquistarmos a inteligência. Entre o irracional e o homem, há longos caminhos a percorrer.
Não fomos criados todos ao mesmo tempo, porque Deus cria incessantemente, por isso é natural que encontremos Espíritos, encarnados e desencarnados em graus de evolução diferentes.
Quando um cachorro, por exemplo, der sinal de inteligência, não continuará mais aqui na Terra, que não lhe oferecerá condições; ao desencarnar o Espírito desse cachorro irá para mundos em começo de evolução. Após cachorro, reencarnará no corpo de um primata aprendendo a andar de pé, a usar as mãos. Depois reencarnará num planeta primitivo, cujos moradores são espíritos que moram em cavernas. E assim, evoluirá com o planeta, assim como ocorreu com nós. Fomos moradores das cavernas, desencarnamos e aprendemos no plano espiritual alguma coisa; reencarnamos e voltamos melhor, com mais conhecimento; desencarnamos e encarnamos várias vezes até sairmos da caverna e nos tornarmos seres mais evoluídos, buscando cada vez mais o crescimento espiritual. Nosso planeta já foi um mundo primitivo e está passando de provas e expiações para regeneração. Enquanto isso, outros mundos estão sendo criados e com ele passando por todo processo de evolução deles e dos seres que nele aparecerem.

Cada planeta é habitado por Espíritos com grau evolutivo correspondente ao planeta.
Allan Kardec classifica os planetas em:

1) Primitivos: onde os espíritos realizam suas primeiras encarnações.

2) De provas e de Expiações: onde predomina o mal, porque há muita ignorância; aí, as pessoas sofrem as conseqüências dos erros praticados (expiação) ou passa por experiências, testes, testemunhos (provas). A Terra é um mundo assim.

3) De Regeneração: neles não há mais a expiação, mas ainda há provas pelas quais o espírito tem de passar para consolidar as conquistas evolutivas que fez e desenvolver-se mais. São mundos de transição entre os mundos de expiação e os que vêm a seguir.

4) Ditosos ou Felizes: nestes mundos predomina o bem, porque seus moradores são espíritos mais evoluídos; há muito bem-estar e progresso geral.

5) Divinos ou Celestes: onde o bem sem qualquer mistura e a felicidade é absoluta, como obra sublime dos seus moradores: os puros espíritos.

Compilação de Rudymara retirados dos livros “A Gênese” de Kardec; “O Evangelho segundo o Espiritismo”; “A Caminho da luz” de Emmanuel; “Espiritismo, uma nova era” de Richard Simonetti.
recursos

E v o l u ç ã o

Allan Kardec, em toda a sua obra, procurou demonstrar que o Espiritismo nada tem a ver com o maravilhoso e o sobrenatural, e não guarda relação com nenhum tipo de superstição. Assim, a teoria da evolução no espiritismo está intimamente atrelada à da ciência. Claro, é preciso reconhecer que, na codificação de Kardec, está atrelada ao que se sabia de ciência de SUA época, com todas as suas falhas e preconceitos (e daí advém as críticas de que Kardec era racista, e tal). Mas, como o próprio Kardec postulou: “Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará”. Assim, cabe aos espíritas a atualização da doutrina através de um contínuo estudo.
O diferencial aqui é que, no espiritismo, toda a explicação da evolução do universo, planetas e seres se processa de acordo com a ciência, mas possui sua causa em uma inteligência (ou inteligências), durante todo o processo. Creio que seja análoga a Teoria do Design inteligente, que é diferente da Teoria do Criacionismo e do Pastafarianismo.
ponte para o além

A Formação da vida na Terra

Acredita-se que a vida na Terra tenha surgido há cerca de 2 bilhões de anos, e, segundo a teoria que hoje prevalece (de Oparin e Müller), o primeiro ser vivo surgiu da combinação de elementos químicos presentes na Terra primitiva.
A fim de romper as moléculas dos gases simples da atmosfera e reorganizar as partes em moléculas orgânicas, era preciso energia, abundante na Terra jovem. Existia calor e vapor d’água. Tempestades violentas eram acompanhadas de relâmpagos que forneciam energia elétrica. O Sol bombardeava a Terra com partículas de alta energia e luz ultravioleta. Essas condições foram simuladas em laboratório, e os cientistas demonstraram que assim se produzem moléculas orgânicas. Entre elas, estão alguns aminoácidos, os importantes blocos de construção das proteínas, componentes fundamentais da matéria viva.
Em seguida, na seqüência que conduziu à vida, esses compostos foram levados da atmosfera pelas chuvas e começaram a se concentrar em certas áreas do oceano. Algumas moléculas orgânicas tendem a se agarrar no oceano primitivo, esses agregados provavelmente tomaram a forma de gotas, envolvidos por fina película protetora. Denominam-se esses seres de coacervados. Essas estruturas, apesar de não serem vivas, têm propriedades osmóticas e podem se unir, formando outro coacervado mais complexo. Da evolução destes coacervados, surgem as primeiras formas de vida. Os primeiros seres vivos, segundo se acredita, eram heterótrofos (buscavam o alimento fora deles), habitante das águas, unicelular e com um único sentido: o tato.
Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, escreve no livro “A Caminho da Luz” que todo esse processo admirável não foi obra do acaso, resultado de forças cegas, inconseqüentes, e sim, a conseqüência de um trabalho bem elaborado dos Espíritos superiores, responsáveis pelo destino de nosso planeta. Emmanuel nos informa que Jesus (ele mesmo) e sua falange de engenheiros, químicos e biólogos siderais estiveram presentes todo o tempo, acompanhando fase a fase o despertar da vida no planeta. Não podemos também desconsiderar a presença do princípio inteligente (que poderíamos chamar de “Deus”) que, como “campo organizador da forma”, deve ter exercido um papel preponderante no processo de gênese orgânica.
Emmanuel nos diz:
“E quando serenaram os elementos do mundo nascente, quando a luz do Sol beijava, em silêncio, a beleza melancólica dos continentes e dos mares primitivos, Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. Viu-se então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas que envolveu o imenso laboratório em repouso. Daí a algum tempo, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada.”
Este relato, obviamente que de forma romanceada, sugere elementos da Panspermia, teoria marginalizada pela ciencia até poucos anos e que sustenta que o “detonador” da vida na Terra foram elementos provenientes do espaço (trazidos por cometas, meteoritos e nebulosas).
Nas questões 43, 44 e 45 de “O Livro dos Espíritos” (de 1857), a Quimiossíntese e a Teoria dos Coacervados, de Alexander Oparin (de 1936), são prenunciadas pelos Espíritos, com palavras diferentes, mas com a mesma ideia.

A Evolução Orgânica

Não mais se discute hoje a realidade do processo evolutivo. A evolução das espécies é um fato inquestionável. Através de processo múltiplos e fenômenos diversos, os primeiros seres vivos, unicelulares e simples, foram os precursores de todas as formas complexas de vida. Mas qual o mecanismo dessa evolução? Duas teorias, agindo conjuntamente, sem se excluírem, tentam explicar a evolução:
Darwinismo: lançado em 1859, por Charles Darwin (No livro “A Origem das Espécies”). O Darwinismo se baseia na seleção natural, ou seja, os seres mais aptos sobrevivem, enquanto os menos aptos desaparecem.
Mutacionismo: teoria que teve em Hugo de Vries seu idealizador, baseia-se no conceito de mutação (toda alteração no patrimônio genético dos seres, que se transmite às espécies descendentes). Segundo essa teoria o aparecimento de espécies novas seria o resultado de várias mutações ocorridas nas espécies anteriores.
Como o macaco se tornou homíneo até hoje é uma incógnita. Nunca encontramos realmente o “elo perdido”, a espécie biológica que represente esta transição. Já chegamos bem perto, mas ainda falta “algo”. Tal vácuo dá espaço até para teorias de seres alienígenas que ficaram responsável por esta transição, com alterações in vitro e por meio de reprodução controlada inter-espécies (teoria esta não de todo maluca, se formos pesquisar nas lendas dos povos antigos, como os sumérios, índigenas e asiáticos).
Mas vejamos o pensamento de Kardec, em seu tempo, numa ciência ainda fortemente influenciada pelo modelo grego em que beleza = evolução, vemos no livro “A Gênese”, de Allan Kardec, cap. 11, a “Hipótese sobre a origem do corpo humano”:
Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem.
Fique bem entendido que aqui unicamente se trata de uma hipótese, de modo algum posta como princípio, mas apresentada apenas para mostrar que a origem do corpo em nada prejudica o Espírito, que é o ser principal, e que a semelhança do corpo do homem com o do macaco não implica paridade entre o seu Espírito e o do macaco.
Admitida essa hipótese, pode-se dizer que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto. Melhorados os corpos, pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu. O Espírito macaco, que não foi aniquilado, continuou a procriar, para seu uso, corpos de macaco, do mesmo modo que o fruto da árvore silvestre reproduz árvores dessa espécie, e o Espírito humano procriou corpos de homem, variantes do primeiro molde em que ele se meteu. O tronco se bifurcou: produziu um ramo, que por sua vez se tornou tronco.
O tempo passou, aprendemos coisas como ecosistema, beleza só não põe mesa, a natureza não dá saltos, jacarés e ornitorrincos estão muito bem, obrigado, nada se perde, tudo se transforma, etc. A questão evoluiu no espiritismo pelas mãos de Chico Xavier e Emmanuel, que nos esclarecem que muitas das transformações que se verificaram nos seres foram, anteriormente, promovidas em suas estruturas perispirituais, entre uma existência e outra (ou seja, no plano espiritual!). Os Espíritos construtores, sob a supervisão de Jesus, retocavam, em vezes sucessivas, as formas perispiríticas, e estas alterações criariam o campo magnético para as futuras mutações.
Conta ainda que os seres atuais não tinham, no princípio da vida, suas formas biológicas totalmente definidas. Experiências múltiplas, no patrimônio genético dos nossos antepassados, coordenadas por geneticistas siderais, foram modelando aquelas formas que deveriam persistir até os tempos atuais. A seleção natural se incumbiria de fazer desaparecer as formas primitivas inaptas. Ou seja, uma mistura de Mutacionismo, Design Inteligente e Darwinismo. Interessante.
Emmanuel volta a dizer:
Extraordinárias experiências foram realizadas pelos mensageiros do invisível. As pesquisas recentes da ciência sobre o tipo de Neanderthal, reconhecendo nele uma espécie de homem bestializado e outras descobertas interessantes da Paleontologia, quanto ao homem fóssil, são um atestado dos experimentos biológicos a que procederam os prepostos de Jesus, até fixarem no primata as características aproximadas do homem futuro. Os séculos correram o seu velário de experiências penosas sobre a fronte dessa criatura de braços alongados e de pelos densos, até que um dia as hostes do invisível, operaram uma definitiva transição no corpo perispiritual pré-existente, dos homens primitivos, nas regiões siderais e em certos intervalos de suas reencarnações. Surgem os primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo à elegância dos tempos do porvir.
milenios

A evolução espiritual

Quanto à origem dos Espíritos, quase nada se sabe. Allan Kardec diz: “Desconhecemos a origem e o modo de criação dos Espíritos; apenas sabemos que eles são criados simples e ignorantes, isto é, sem ciência e sem conhecimento, porém perfectíveis e com igual aptidão para tudo adquirirem e tudo conhecerem. Na opinião de alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza e elabora, passando pelos diversos graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Esse seria, por assim dizer, o período de incubação. Haveria assim filiação espiritual do animal para o homem, como há filiação corporal.”
Hoje não resta mais dúvida de que os Espíritos, em sua longa trajetória, têm percorrido os diversos reinos da natureza. O pensamento de Léon Denis, de que “a alma dorme na pedra, sonha na planta, move-se no animal e desperta no homem”, está plenamente incorporado ao corpo doutrinário do Espiritismo.
André Luiz, no livro “Mecanismos da Mediunidade” explica que “Temos, hoje, o Espírito por viajante do Cosmo, respirando em diversas faixas de evolução, condicionados nas suas percepções, à escala do progresso que já alcançou”. E que tal progresso, estampado no campo mental de cada alma, vai ser condicionado por duas variantes: “o tempo de evolução, ou seja, aquilo que a vida já lhe deu, e o tempo de esforço pessoal na construção do destino, ou seja, aquilo que ele próprio já deu à vida”.
No livro “No mundo Maior”, André Luiz completa o seu pensamento: “Não somos criações milagrosas, destinadas ao adorno de um paraíso de papelão. Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos, conquistando valores, de experiência em experiência, de milênio a milênio”.
Assim, no reino mineral, o princípio espiritual refletiria a sua presença nas manifestações das forças de atração e coesão com que as moléculas se ajuntam em característicos sistemas cristalográficos.
No reino vegetal, mostraria maiores aquisições pelo fenômeno de sensibilidade celular.
No reino animal, o princípio inteligente somaria novas aquisições refletidas nos instintos.
No reino hominal, todo esse cabedal de experiências estaria ampliado pelos novos lastros da concientização, a carregar consigo, raciocínio, afetividade, responsabilidade e outras tantas condições que caracterizam esta fase.
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Princípio Inteligente
mineral – atração
vegetal – sensação
animal – instinto
hominal – razão
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Reino Mineral

Acredita-se que antes de unir-se ao elemento material primitivo do planeta, (o “protoplasma”, na expressão de Emmanuel), dando início a vida no orbe, o princípio inteligente encontrava-se nos cristais, completando seu estágio de individualização em longuíssimo processo de auto-fixação, ensaiando, aos poucos, os primeiros movimentos internos de organização e crescimento volumétrico.
Até hoje constitui fato pouco explicado pela ciência acadêmica, de determinadas substâncias arranjarem-se sob a forma de cristais perfeitamente arrumados segundo linhas geométricas definidas, o que não deixa de ser uma organização, ainda que não um organismo.
“O cristal é quase um ser vivente”, disse Gabriel Delanne. Naturalmente que não iremos pensar numa inteligência própria da matéria. Todavia, o cientista Jean Emille Charon declarou que “o comportamento das partículas interatômicas revela vida incipiente”.
evolução do homem

Reino Vegetal e Animal

Após adquirir a capacidade de aglutinar os diversos elementos da matéria em sua peregrinação pelos minerais, o princípio espiritual vai iniciar outra etapa de sua longa carreira evolutiva. Identifica-se com os vírus, logo a seguir com as bactérias rudimentares, as algas unicelulares e, sucedendo-as, com as algas pluricelulares. O princípio inteligente passa então a vivenciar as experiências nos vegetais mais complexos, melhor estruturados, onde ele vai adquirir a capacidade de reagir direta ou indiretamente a qualquer mudança exterior (irritabilidade) e depois a faculdade de sentir, captar e registrar as alterações do meio que o cerca (sensação) – conquistas do princípio espiritual em seu percurso pelo reino vegetal.
Mais tarde, assinala-se o ingresso da “energia pensante”, no reino animal. O princípio inteligente vai desdobrar-se entre os espongiários, os celenterados, os equinodermos e crustáceos, anfíbios, répteis, os peixes e as aves, até chegar aos mamíferos. Neste imenso percurso, o elemento espiritual estará enriquecendo a sua estrutura energética, aprimorando o seu psiquismo rudimentar e assimilando os valores múltiplos da organização, da reprodução, da memória, da auto-preservação, enfim, dos diversos instintos, preparando-se para a sublime conquista da razão.
Afirma-se que a conquista maior do princípio inteligente em sua passagem pelos animais foi o instinto.
Denomina-se instinto às formas de comportamento dos organismos que não são adquiridas durante a vida, mas herdadas. São impulsos naturais involuntários pelo qual os seres executam certos atos de forma mecânica, sem conhecer o fim ou o porquê desses atos (como o gato enterrar suas fezes e urina, ou certos pássaros fazerem seus ninhos de certa forma).
No entanto, em muitos animais, especialmente nos animais superiores (macaco, cão, gato, cavalo, muar e o elefante), já identifica-se uma inteligência rudimentar. Além dos atos instintivos, observa-se, às vezes, atitudes que demandam certo grau de perspicácia e lucidez. Seria uma forma primitiva de inteligência relacionada apenas a coisas que importam à auto-preservação do animal.
André Luiz diz que nos animais superiores observa-se um pensamento descontínuo e fragmentário, a partir do qual vai desenvolver-se o pensamento contínuo do reino honimal.
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Conquistas do Princípio Inteligente
Atração: capacidade de aglutinar os elementos da matéria;
Sensação: faculdade de reagir aos estímulos do meio;
Instinto: atitudes espontâneas, involuntárias, reflexas, características da espécie;
Razão: consciência que o indivíduo tem de si mesmo e do meio que o cerca.
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primitivos

Reino Hominal

Afirma André Luiz que, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser automatizado em seus impulsos, no caminho para o reino angélico, despendeu nada menos que um bilhão e meio de anos.
Com a conquista da razão, aparece o raciocínio, a lucidez, o livre-arbítrio e o pensamento contínuo. Até então, o progresso tinha uma orientação centrípeta, ou seja, de fora para dentro; o ser crescia pela força das coisas, já que não tinha consciência de sua realidade, nem tampouco liberdade de escolha. Ao entrar no reino hominal, o princípio inteligente – agora sim, Espírito – está apto a dirigir a sua vida, a conquistar os seus valores pelo esforço próprio, a iniciar uma evolução de orientação centrífuga (de dentro para fora).
Mas a conquista da inteligência é apenas o primeiro passo que o Espírito vai dar em sua estadia no reino hominal. Ele deverá agora iniciar-se na valorosa luta para conquistar os valores superiores da alma: a responsabilidade, a sensibilidade, a sublimação das emoções, enfim, todos os condicionamentos que permitirão ao Espírito alçar-se à comunidade dos Seres Angélicos.
Ler em espanhol (por Teresa)
Bibliografia:
Evolução em Dois Mundos – André Luiz/Chico Xavier – Waldo Vieira
No Mundo Maior – Cap. IV – André Luiz/Chico Xavier
Mecanismos da Mediunidade – André Luiz/Chico Xavier
Morte Vida Renascimento – Hernani Guimarães Andrade
Impulsos Criativos da Evolução – Jorge Andréa
A Caminho da Luz – Emmanuel/Chico Xavier
Evolução Anímica – Gabriel Delanne
Biologia – Helena Curtis
homem de bem

Evolução espiritual do homem na perspectiva da doutrina espírita

Espiritismo e evolução

Bernardino da Silva Moreira

Aristóteles (384-322 a.C.) classificava os animais em duas categorias: inferiores e superiores. Os animais superiores (aves,peixes, mamíferos) nascem de seus semelhantes, os inferiores (insetos, crustáceos, moluscos) surgem por geração espontânea. Mosquitos e sapos brotariam nos pântanos. De matérias em putrefação apareceriam as larvas.
Na Idade Média, a Bíblia era misturada a teorias fantasiosas que diziam que da carcaça de um cavalo morto nasciam vespas, de uma mula geravam vespões e os ratos nasciam do queijo.
Havia uma receita que dizia: Tome um vitelo. Mate o animal e enterre-o, deixando somente os chifres fora da terra. Deixo-o assim durante um mês. Serre depois os chifres e sairão centenas de abelhas.
O naturalista inglês, Rose, anunciava eruditamente: “Duvidar que as vespas e abelhas nascem do estrume das vacas, é duvidar da experiência, da razão e do bom-senso. Mesmo animais complicados, como ratos, não precisam de pai e mãe. Se alguém tiver dúvidas, vá ao Egito, e lá verá as quantidades de camundongos que infestam os campos – nascidos da lama do rio Nilo – para grande calamidade dos habitantes!”
Em 1668, o italiano Francesco Redi com dois frascos de vidro, um pedaço de gaze e alguns pedaços de carne provou o engano da teoria da geração espontânea, mas, infelizmente foi esquecido.
Na questão 46 de “O Livro dos Espíritos” a chamada geração espontânea é explicada com a existência do gérmen primitivo que, em estado latente, espera o momento próprio para desabrochar, o que convenhamos, reforça as experiências científicas realizadas pelo embriologista alemão Kaspar Friedrich Wolff em 1759, que mostrou que em embriões em ovos de galinha não havia nenhuma estrutura pré-formada, mas sim, massa de matéria viva, o que foi um golpe fatal na teoria da pré-formação, que dizia que a anatomia estava pré-formada dentro do óvulo (ou do espermatozóide). Diziam alguns teólogos da douta Igreja que no ovário de Eva havia 200.000.000 gerações pré-formadas para posteridade.
O criacionismo que advogou a tese de que as espécies são fixas, isto é, imutáveis e criadas por um ato especial da criação, ficou cada vez mais desacreditado pela Ciência que avançava com os estudos e experiências de Lamarck (1744-1829) e de Charles R. Darwin (1809-1882).
Em 1864,o químico e biologista francês Louis Pasteur, reabilita o italiano Francesco Redi, com suas experiências em frascos com “pescoço de cisne” provando que no ar ou nos alimentos, não há nenhum “princípio ativo” e conclui que a vida não é gerada espontaneamente, pois a vida se origina de outro ser vivo preexistente.
Em 1936, Alexander Oparin propõe que a partir de gases da atmosfera primitiva formam-se os primeiros compostos orgânicos que evoluem naturalmente até originarem os primeiros seres vivos. Anos depois, Oparin diz que as moléculas protéicas existentes na água se agregam na forma de coacervados (complexos de proteína). Essas estruturas, apesar de não serem vivas, têm propriedades osmóticas e podem se unir, formando outro coacervado mais complexo. Da evolução destes coacervados, surgem as primeiras formas de vida.
Nas questões 43, 44 e 45 de “O Livro dos Espíritos”, a Quimiossíntese e a teoria dos coacervados de Alexander Oparin é prenunciada pelos Espíritos superiores, com palavras diferentes, mas com a mesma idéia. No livro “A Gênese”, no cap. X, item 25, Allan Kardec com a maestria pedagógica de sempre, enriquece as questões com exemplos esclarecedores.
Hoje são reconhecidos cinco processos para a dinâmica evolutiva: mutação genética, variação na estrutura e número de cromossomos, recombinação genética, seleção natural e isolamento reprodutivo. As mutações e recombinações fornecem material para a variabilidade de características. A seleção natural elimina os mutantes inaptos. O isolamento reprodutivo limita a direção evolutiva criando barreiras de infertilidades entre indivíduos de espécies muito diferentes.
A evolução do homem é estudada pela Paleoantropologia, disciplina científica que tem origem no século passado, com as descobertas de pedra e fósseis e com a Teoria da Evolução das Espécies apresentada por Charles R. Darwin.
Um dos fatores essenciais para o desenvolvimento da Paleoantropologia é a demonstração das semelhanças anatômicas entre o homem e macacos, como gorilas e chimpanzés, feita por Darwin e discípulos como Thomas Henry Huxley (1825-1895) e Ernest Haeckel (1834-1919). Surge assim a noção de que ancestrais humanos teriam formas parecidas com as dos símios. Não há, porém, apenas um “elo perdido” (um animal a meio caminho entre o homem e o macaco) ancestral entre homens e macacos, como rapidamente foi popularizado. Os pesquisadores descobriram muitos fósseis de antigos primatas (ordem de mamíferos em que se incluem homens e macacos) e sua ordenação em uma seqüência evolutiva é complexa.
Comentando sobre esta questão, Allan Kardec no livro “A Gênese”, no cap. XI, item 15, analisa a “Hipótese sobre a origem do corpo humano”:
“Da semelhança que há nas formas exteriores entre o corpo do homem e do macaco, concluíram alguns fisiologistas que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada aí há de impossível, nem o que, se assim for, afete a dignidade do homem. Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem.
Fique bem entendido que aqui unicamente se trata de uma hipótese, de modo algum posta como princípio, mas apresentada apenas para mostrar que a origem do corpo em nada prejudica o Espírito, que é o ser principal, e que a semelhança do corpo do homem com o do macaco não implica paridade entre o seu Espírito e o do macaco.”
No séc. XX, a teoria darwinista foi sendo adaptada a partir de descobertas da Genética. Essa nova teoria, chamada de sintética ou neo darwinista, é a base da moderna Biologia. A explicação sobre a hereditariedade das características dos indivíduos deve-se a Gregor Mendel (1822-1884), em 1865, mas sua divulgação só ocorre no séc. XX. Darwin desconhecia as pesquisas de Mendel. A síntese das duas teorias foi feita nos anos 30 e 40. Entre os responsáveis pela fusão estão os matemáticos Jonh Burdon Haldane (1892-1964) e Ronald Fisher (1890-1962), os biólogos Theodosius Dobzhansky (1900-1975), Julian Huxley (1887-1975) e Ernest Mayr (1904-). A teoria neo darwinista diz que mutações e recombinações genéticas causam as variações entre indivíduos sobre as quais age a seleção natural.
E para concluir, voltaremos ao livro “A Gênese”, cap. 11, item ’16, nas palavras do mestre Allan Kardec:
“Admitida essa hipótese (que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos), pode-se dizer que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto.melhorados os corpos,pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu. O Espírito macaco, que não foi aniquilado, continuou a procriar, para seu uso, corpos de macaco, do mesmo modo que o fruto da árvore silvestre reproduz árvores dessa espécie, e o Espírito humano procriou corpos de homem, variantes do primeiro molde em que ele se meteu. O tronco se bifurcou: produziu um ramo, que por sua vez se tornou tronco.”
Natura non facit saltus!
(Publicado no CORREIO FRATERNO DO ABC, Ano XXX, Nº 319, Agosto de 1997)
MUNDO VERDE